As Sete Ameaças

Parte II: O Reencontro – Companheiros de guerra.


— Não... posso... mais... cor... rer – ofegou Saulo.

— Então eu te carrego no braço, mas precisamos continuar.

— Não... vou... ser carre... gado... por uma.... mulher.

— Então vai morrer de cansaço, por que eu não vou parar.

— Natasha... por favor!

Ela se virou com raiva.

— Meu nome é Ananya!

Ela também estava ofegante e molhada de suor e seu cabelo ruivo estava assanhado como um ninho.

— Você não... parece bem.

— Eu também estou cansada, Saulo, mas preciso chegar lá o mais rápido possível!

— Onde?

— Em casa! Meus amigos... eles precisam de mim!

Ele sentou apoiado em uma árvore e a encarou.

— O que aconteceu, Nat?

— Meu nome é Ananya.

— Por que isso de repente?

— Por que eu recuperei minha memória.

— De verdade?

— Sim.

— Então o mistério está solucionado?

— Sim – disse ela sorrindo.

— E quem é Yukiko Chô, afinal?

Ana ficou vermelha repentinamente sem nenhum motivo aparente. Olhou para o lado e deu um sorriso nostálgico.

— Meu melhor amigo da infância. E tenho outros cinco amigos além dele, e eles precisam de mim, por isso precisamos ir logo!

— Nat...

— Ananya.

— Ananya, não podemos continuar nesse ritmo. Não temos cavalos e eu estou simplesmente exausto. Também estamos sem comida e água e está ficando realmente frio.

— Estou acostumada a passar frio.

— Mas eu não!

Então os dois começaram a ouvir cascos de cavalos agitados e se entreolharam.

— Precisamos sair daqui.

— Correndo? Sem chance! Cavalos são mais rápidos.

— Então como vamos escapar?

— Levante as mãos e abaixe a cabeça, não podemos deixar que a reconheçam. Pode deixar que eu falo.

Ana fez o que o amigo pediu e logo viu as patas dos cavalos passarem e pareciam que não iam parar, até alguém gritar.

— Ei! Parem!

E então os cavalos voltaram, embora ninguém tenha descido.

— Saulo – disse o homem de voz grossa que tinha pedido para pararem.

— Imad.

— Você conhece ele? – perguntou outro com uma autoridade palpável na voz.

— Sim, ele também é do Exército de Libertação. Seu nome é Saulo Pinheiro.

— E essa ao lado do seu amigo?

Ana sentiu todos os olhos sobre ela e se segurou para não avançar sobre os cavaleiros.

— O nome dela é Natasha...

— Ananya – sussurrou baixinho.

— O que? – perguntou uma voz feminina.

— Disse que o nome dela é Natasha.

— Mas a garota disse outra coisa.

Ana conseguiu escutar o barulho de um baque e os passos se aproximando. Cerrou os dentes quando viu os sapatos delicados em seu campo de visão e então pôde ver a garota de abaixando para olhá-la.

Mas não era uma garota qualquer. Aquela pele morena com cabelos negros sedosos, olhos alertas e castanhos e sorriso tímido: era Sophie.

Ana olhou para cima e encarou a amiga.

— Sophie!

— Ana!

As duas se abraçaram, Ana controlando para não apertar demais e Sophie apertando tanto quanto conseguia.

Olhou para as pessoas dos cavalos. Não conhecia três deles, mas o outro era claramente Clyde e ele sorria. Também desceu do cavalo, mas não deu abraços.

— Que bom ver você novamente Ana.

— Vocês se conhecem? – perguntou Saulo confuso.

— Sim – falou Anya animada – Eles são meus amigos que lhe falei há pouco.

— Eles são os Sete – disse Imad – Ou pelo menos três deles.

— Você faz parte dos Sete? – falou Saulo boquiaberto.

— Sim, era o que estava tentando explicar.

Ouviram um relincho à distância.

— Têm mais pessoas com vocês?

— Sim – falou Clyde preocupado – Nos perseguindo, precisamos ir.

— Vem Ana – falou Sophie – Suba no meu cavalo.

— E você vem comigo Saulo – falou Imad parecendo feliz com a ideia.

O outro subiu no cavalo e apertou firme na cintura de Imad. Os outros também o fizeram e começaram a cavalgar com o máximo de velocidade que conseguiam.