Descemos deslizando pela grama no barranco abaixo da murada e caímos já entre alguns prédios. Hugo olha de um lado para o outro.

—Para onde agora? - Pergunto a ele enquanto olho os demônios saltando da murada. - Melhor pensar rápido. - recarrego a arma.

Hugo segue correndo em uma direção, vou atrás. Ele era muito mas lento que eu, mas se eu usar minha velocidade Caimita vou me perder dele. Hugo segue em linha reta por uma rua direta, observo as pessoas nos encarando. Eramos dois homens negros correndo, parecia chamar uma atenção negativa ali.

-Por aqui! - Hugo vira a direita e sigo ele.

Atrás de mim tem uma estatua no topo de uma coluna, parecia uma anja, sorrio e sigo correndo. Os demônios dobram a rua e atiram contra nós. Um tiro atravessa meu ombro.

—Lá se vai mais uma roupa... - Olho o ferimento e vejo cicatrizar.

Subimos correndo uma ladeira, paro de vez e dou dois tiros para trás, um deles acerta no peito de um dos demônios, faltam três.

-Hugo! - Paro e olho ele. - Vá na frente! Alcanço você!

-Pra chegar no carro é só subir essa rua direto! - Ele fala para mim e segue correndo.

Encaro os demônios subindo. Usando toda minha velocidade eu corro na direção deles. Esquivo do soco de um, seguro sua mão dou um gancho em seu cotovelo quebrando o osso de seu braço. Ele grita e cai.

O segundo atira em minha cabeça, me abaixo na hora, coloco minha pistola embaixo de seu queixo e atiro, a bala atravessa sua mandíbula e sai pelo topo de sua cabeça. Seu corpo tomba para trás e rola ladeira abaixo espalhando sangue e miolos. Eu sinto meu coração acelerar, a adrenalina e a excitação em um nível tão elevado que poderia ter um orgasmo ali mesmo.

O terceiro atira em minhas costas, sinto a bala penetrar meu pulmão e sair pelo meu peito. Sorriu e caminho até ele. O servo de Lúcifer atira novamente, minha roupa manchando de sangue, ele então continua disparando e furando meu corpo até que o som dos disparos é convertido em 'clicks' secos.

-Acabou a munição? - Disparo em sua direção e seguro seu rosto na mão direita, com uma rasteira derrubo-o e caio por cima de sua barriga, sentado acima dele.

Começo a apertar meus dedos com extrema força ao redor de seu rosto, minhas garras perfurando a carne do hospedeiro. Ele gritava e percebo que irá abandonar o envolucro então pressiono com mais força ainda antes que pudesse sair do corpo, sua cabeça se rompe e meus dedos pressionam o seu cérebro, os miolos por entre meus dedos e sujando a manga de minha camisa.

Olho o que quebrei o braço deixando o hospedeiro, uma fumaça negra saindo de sua boca. Reviro os olhos e sigo caminhando ladeira acima. Pego o maço de cigarros no bolso da calça, percebo que está vazio.

-Sério isso? Nem fumar posso mais? - Guardo a pistola na barra da calça e subo resmungando em direção ao Taboão.

Ouço o som dos policiais descendo devido os disparos, uso toda minha velocidade para passar por eles, subo no telhado das lojas ali e sigo correndo em direção ao carro. Hugo acabou de chegar, ele ainda abria a porta do carro quando paro atrás dele.

-Você é lerdo demais... - Falo sorrindo.

-Matou seu desejo sanguinário? - Ele fala com ironia enquanto senta no banco de trás.

-Quero um pouco mais! - Vejo que Paolo e Jefferson já saíram dali com Nina e a bruxa. Então entro empurrando Hugo.

-Vou com você. Chega pra lá! - Empurro-o e sorrio. - Algum de vocês tem cigarro? - Pergunto aos ghouls que continuam calados olhando para frente. - Qual a graça de servos assim?

-Você não consegue calar essa maldita boca? -Hugo passa a mão no rosto. - Diẹninu mi¹.

-Você acabou de me xingar em Iorubá? - Olho ele seriamente.

-Calado! - Hugo olha para frente. - Para o Hotel, sem chamar a atenção.

O ghoul da partida no carro e segue seu caminho, observo a agonia e movimentação no local, vários policiais chegando. Uma viatura então para na nossa frente. O nosso motorista para o carro e observo o policial vindo até nós.

-Baixem os vidros! - Ele já se aproxima apontando seu fuzil, os outros 3 atrás nos encarando com armas na mão.

-Mais seres para matar! - Engatilho a pistola.

-Deixe comigo! - Hugo baixa minha arma com a mão. - Boa noite policial.

O homem para ao nosso lado. Hugo olha-o nos olhos. O olhar do policial fica vidrado do nada, ele encarava Hugo, mas parecia não ver nada.

-Limpo! - Ele vira-se e volta para a viatura. - Vamos continuar procurando.

-Depois eu que sou assustador! - Falo encarando ele. Sempre me surpreendo quando ele usa seu domínio mental nos humanos. Parecia muito invasivo, nem eu que geralmente despedaço eles sou tão invasivo.

-Vou ignorar seu comentário. - Hugo pega seu celular e começa a discar.

Em alguns segundos uma voz surge do outro lado da linha, uma mulher, parecia sua secretária.

-Cancele minhas reuniões de amanhã, por favor! - Hugo falava cordialmente.

A moça assente e desliga. Recosto no banco e passo o dedo pelo furo na camisa. Fico calado brincando com o buraco da bala.

-Você sabe que é impossível conseguir um dos itens né? - Hugo fala guardando o celular.

-Qual deles? - Olho-o.

-O item do Orixá. - Ele fala seriamente. - Explico melhor chegando lá.

Confirmo com a cabeça e permaneço calado observando o caminho de volta para o hotel.

¹Meu deus (Iorubá)