Assim que a porta do elevador abre eu vejo Nina sentada de frente pra bruxa com uma arma na mão e Paolo com Jefferson em um canto atentos à situação.

-Senhor Vivale! - Paolo me chama e joga um maço de cigarros novinho.

-Amo você Paolo! - Falo sorridente para ele. - Me conhece tão bem...

Tiro o lacre, pego um cigarro e acendo. A sensação da fumaça entrando em meu pulmão era maravilhosa. Solto pelo nariz e encaro novamente a bruxa. Sorrio e me aproximo.

-Ela não disse uma palavra desde que chegamos. - Nina fala olhando a mulher velha. - Nem a sedução funciona nela, como alguém não pode se apaixonar por mim? - Nina tinha uma falsa tristeza na voz. - Não acha Jefferson?

Sorrio ao ver o vampiro corar ao ser mencionado. Pego uma cadeira e sento de frente para a bruxa, cruzo as pernas e apoio a mão no joelho com o cigarro entre os dedos.

-Começa a falar! - Digo a ela. - Precisamos de mais informações.

-Já disse o que queriam! - Ela fala e cruza os braços.

Nina levanta e caminha até o bar, serve-se do que parecia ser tequila e se recosta na mesa observando a conversa. Hugo ajeita seus óculos encarando a velha. Trago a fumaça do cigarro lentamente encarando a mulher com os olhos amarelos.

-Você disse os itens. - Expiro a fumaça. - Entretanto... como conseguiremos essas coisas? Sabe o quão difícil será conseguir sangue de um Leviathan?

-Do Leviathan! - Hugo fala me observando.

-Como assim? - Pergunto virando para ele.

-Só existe um Leviathan! - Ele fala e coloca as mãos no bolso.

-Fodeu mais ainda! - Volto a olhar ela. - Somente um para conseguir o sangue, e não é um ser muito dócil sabe... - Lembro quando me bati com ele uma vez.

-É uma criatura odiada até por Yahweh! - Nina fala e termina a bebida, começa a mexer no cabelo. - Não será nada fácil.

-Pois bem! - Falo encarando a bruxa, sorrio e passo a língua nos lábios. - Começa a falar!

-Essa criatura roda os mares da terra! - A bruxa começa a falar. - Não é fácil localiza-la, mas tem como. A arma de um deus da morte será um pouco mais complexo. E o item de um orixá...

Percebo Hugo ficando um pouco nervoso e inquieto, olho-o pelo canto do olho. Apago meu cigarro na mesa e volto a atenção a bruxa.

-É o mais próximo do impossível dos três itens. - Hugo fala encarando ela seriamente.

Nina se aproxima de mim e toma o cigarro que eu estava começando a acender, prende entre os lábios e traga a fumaça.

-Qual seu problema com meus cigarros? - Encaro ela. - Arrume um pra você praga...

Nina solta um beijo pra mim e volta pro canto sorrindo onde fica fumando e olhando Hugo.

-Um Orixá jamais dará seu item sagrado a ninguém. - Ele coloca as mãos nos bolsos e encara o chão pensativo. - Morreremos antes de conseguir isso. Um orixá nos matará.

Hugo começa a andar de um lado para o outro falando sozinho. Algo sobre conversar e convencer o pai dele. Acho que ele disse Ogum, mas não entendi bem.

-Então... - Volto a encarar a bruxa. - Temos que conseguir essas coisas... certo... Quando partiremos?

-Como assim? - Nina pergunta. - Só iremos partir atrás desses trecos e pronto? Quem decidiu isso?

-Eu! - Sorrio pra ela.

-E quem te pôs com essa jurisdição de decidir coisas? - Ela me encarava com uma certa raiva.

-Eu também! - Levanto da cadeira. - Será mais rápido se cada um for atrás de um item. Como faremos a decisão?

-Irei atrás do item do Orixá! - Hugo se pronuncia. - Sou o único daqui ligado a eles. Terei mais chances.

-Então vou atrás do sangue do Leviathan! - Nina fala decidida. - Quem sabe consigo seduzir ele.

-Então fiquei com a arma da morte. - Sorrio e caminho até a janela. - Adorarei ter essa arma comigo. Imagina eu com esse poder...

-Não quero nem imaginar! - Nina fala e revira os olhos enquanto leva o cigarro à boca. - Já basta o seu nível atual de narcisismo e psicopatia, não queremos aumentar isso.

-Não sou narcisista. - Falo olhando para ela. - Apenas me amo muito e gosto em um nível excessivo de mim mesmo. Isso não torna-me narcisista.

Hugo revira os olhos e Jefferson ri baixinho. Sigo andando até a bruxa.

-Alguma dica? - Falo seriamente.

-Deuses da morte se preocupam apenas com suas missões, cuidado com o caminho que vai seguir. - Ela fala e olha para o chão.

-Certo... - Sigo até Paolo. - Partiremos amanhã! Quero resolver umas coisas aqui ainda.

-Sim Senhor Vivale! - Paolo fala atento as minhas palavras.

-O que acha de continuarmos a nossa conversa do passado? - Falo à Paolo.

-Estou ansiosamente no aguardo senhor Vivale. - Ele fala e senta de frente para mim.

-Ok então... - Jogo o cigarro fora e volto minha atenção para Paolo.