As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas
Capítulo 20
Assim que a porta do elevador abre eu vejo Nina sentada de frente pra bruxa com uma arma na mão e Paolo com Jefferson em um canto atentos à situação.
-Senhor Vivale! - Paolo me chama e joga um maço de cigarros novinho.
-Amo você Paolo! - Falo sorridente para ele. - Me conhece tão bem...
Tiro o lacre, pego um cigarro e acendo. A sensação da fumaça entrando em meu pulmão era maravilhosa. Solto pelo nariz e encaro novamente a bruxa. Sorrio e me aproximo.
-Ela não disse uma palavra desde que chegamos. - Nina fala olhando a mulher velha. - Nem a sedução funciona nela, como alguém não pode se apaixonar por mim? - Nina tinha uma falsa tristeza na voz. - Não acha Jefferson?
Sorrio ao ver o vampiro corar ao ser mencionado. Pego uma cadeira e sento de frente para a bruxa, cruzo as pernas e apoio a mão no joelho com o cigarro entre os dedos.
-Começa a falar! - Digo a ela. - Precisamos de mais informações.
-Já disse o que queriam! - Ela fala e cruza os braços.
Nina levanta e caminha até o bar, serve-se do que parecia ser tequila e se recosta na mesa observando a conversa. Hugo ajeita seus óculos encarando a velha. Trago a fumaça do cigarro lentamente encarando a mulher com os olhos amarelos.
-Você disse os itens. - Expiro a fumaça. - Entretanto... como conseguiremos essas coisas? Sabe o quão difícil será conseguir sangue de um Leviathan?
-Do Leviathan! - Hugo fala me observando.
-Como assim? - Pergunto virando para ele.
-Só existe um Leviathan! - Ele fala e coloca as mãos no bolso.
-Fodeu mais ainda! - Volto a olhar ela. - Somente um para conseguir o sangue, e não é um ser muito dócil sabe... - Lembro quando me bati com ele uma vez.
-É uma criatura odiada até por Yahweh! - Nina fala e termina a bebida, começa a mexer no cabelo. - Não será nada fácil.
-Pois bem! - Falo encarando a bruxa, sorrio e passo a língua nos lábios. - Começa a falar!
-Essa criatura roda os mares da terra! - A bruxa começa a falar. - Não é fácil localiza-la, mas tem como. A arma de um deus da morte será um pouco mais complexo. E o item de um orixá...
Percebo Hugo ficando um pouco nervoso e inquieto, olho-o pelo canto do olho. Apago meu cigarro na mesa e volto a atenção a bruxa.
-É o mais próximo do impossível dos três itens. - Hugo fala encarando ela seriamente.
Nina se aproxima de mim e toma o cigarro que eu estava começando a acender, prende entre os lábios e traga a fumaça.
-Qual seu problema com meus cigarros? - Encaro ela. - Arrume um pra você praga...
Nina solta um beijo pra mim e volta pro canto sorrindo onde fica fumando e olhando Hugo.
-Um Orixá jamais dará seu item sagrado a ninguém. - Ele coloca as mãos nos bolsos e encara o chão pensativo. - Morreremos antes de conseguir isso. Um orixá nos matará.
Hugo começa a andar de um lado para o outro falando sozinho. Algo sobre conversar e convencer o pai dele. Acho que ele disse Ogum, mas não entendi bem.
-Então... - Volto a encarar a bruxa. - Temos que conseguir essas coisas... certo... Quando partiremos?
-Como assim? - Nina pergunta. - Só iremos partir atrás desses trecos e pronto? Quem decidiu isso?
-Eu! - Sorrio pra ela.
-E quem te pôs com essa jurisdição de decidir coisas? - Ela me encarava com uma certa raiva.
-Eu também! - Levanto da cadeira. - Será mais rápido se cada um for atrás de um item. Como faremos a decisão?
-Irei atrás do item do Orixá! - Hugo se pronuncia. - Sou o único daqui ligado a eles. Terei mais chances.
-Então vou atrás do sangue do Leviathan! - Nina fala decidida. - Quem sabe consigo seduzir ele.
-Então fiquei com a arma da morte. - Sorrio e caminho até a janela. - Adorarei ter essa arma comigo. Imagina eu com esse poder...
-Não quero nem imaginar! - Nina fala e revira os olhos enquanto leva o cigarro à boca. - Já basta o seu nível atual de narcisismo e psicopatia, não queremos aumentar isso.
-Não sou narcisista. - Falo olhando para ela. - Apenas me amo muito e gosto em um nível excessivo de mim mesmo. Isso não torna-me narcisista.
Hugo revira os olhos e Jefferson ri baixinho. Sigo andando até a bruxa.
-Alguma dica? - Falo seriamente.
-Deuses da morte se preocupam apenas com suas missões, cuidado com o caminho que vai seguir. - Ela fala e olha para o chão.
-Certo... - Sigo até Paolo. - Partiremos amanhã! Quero resolver umas coisas aqui ainda.
-Sim Senhor Vivale! - Paolo fala atento as minhas palavras.
-O que acha de continuarmos a nossa conversa do passado? - Falo à Paolo.
-Estou ansiosamente no aguardo senhor Vivale. - Ele fala e senta de frente para mim.
-Ok então... - Jogo o cigarro fora e volto minha atenção para Paolo.
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