Mas Alucard ainda não havia desaparecido.

Ele já estava tão consumido, sua humanidade já estava tão desgastada que quando a flecha da tortura o acertou.

Sem lugar para que sua alma pudesse ir, não tinha lugar para si no Hades, seu corpo esquecido em meio as terras da Inglaterra.

Passaram-se séculos, porém o destino foi amigo de Alucard.

Como seu corpo estava esquecido em meio aos destroços de Oxford, cidade situada ao Norte de Londres.

Preso ao corpo, amaldiçoado a apodrecer junto de sua antiga carcaça que já eram ossos fracos com o Milênio que Alucard havia perdido. Sem contato algum com os humanos, onde seu corpo foi totalmente isolado e enterrado em solo protegido o tempo lhe deixou louco e ainda mais... Terrível, porém, ainda inofensivo por ser apenas um espírito vingativo sem ter para onde locomover-se.

Durante todos os Séculos desde a morte de Alucard, Aragorn e o desaparecimento do Santo dos Assassinos, o Clã que mais se fortaleceu e tornou-se potência foi o Clã Antigo do Leste, baseando seus poderes na magia antiga sempre eram mais poderosos do que o de seus inimigos, treinados para matar sem se arriscar, visando primeiramente o lucro e como administrar o poder, tornando-se assim o lado mais forte entre todos os quatro Clãs, assim estabeleceram-se na Capital Inglesa, ponto mais forte entre todos os quatro Clãs.

Entre todos os Quatro Clãs, devemos pensar que todos se desfizeram com rebeldes e afins sobrando apenas seus remanescentes das famílias diretas, foram estas, os Oxford's do Norte em Oxford, os Barker's do Sul da cidade de Southampton, os Reagan's do Oeste da cidade de Bristol e os Riley's do Leste da Capital Londres.

Todos os Clãs tinham suas características únicas e seus melhores Guerreiros e nas ramificações alheias, das famílias desviadas... Sempre tinham alguns destaques, dentre estes destacava-se o filho de Benjamin Oxford e Elizabeth Riley. Um jovem notório cuja infância foi ver a morte do próprio amigo em suas mãos e em seguida se vingar com o sangue frio, matando a pauladas outro amigo... Longa infância pelo poder, Gael finalmente conseguiu se estabelecer na Grande Inglaterra, sem se importar com os amigos, familiares ou sequer relacionamentos, o jovem garoto que achou um Livro de Magia Negra com o título de "Príncipe de Sangue", magia antiga baseada em sacrifícios de Sangue puro ou até mesmo impuro, magias que poderiam ser feitas através do próprio Sangue ou de outras pessoas.

Gael tornou-se forte, poderoso e conhecido, o Clã Oxford enviou um mensageiro para este Jovem, com seus trinta anos Gael já executava todos os feitiços do Livro sem hesitar, mas muito lhe custou, como a vida de seus pais e a sua esperança em reviver seu amigo, tornando-se recluso e totalmente focado no poder, o Bruxo não via outro caminho se não o de tornar-se cada vez mais e mais forte, induzido a entrar no Clã Oxford, ele assim o fez, sendo um híbrido do Clã, sem uma linhagem direta, alguns o olhavam torto, mas o líder do Clã Oxford tinha Gael como uma Arma Secreta, Gael apegava-se aos poucos pelo líder do Clã, Robert Puckell, mas também um Oxford, decidido somente para governar, no ano de 1896 tornou-se o Prefeito de Oxford, tomando quase todo o poder da cidade para si, as coisas iam do bom ao perfeito para o Clã Norte, com a ajuda de Gael e a influência de Robert, não só líder do Clã como Prefeito da cidade, a família crescia e se fortalecia.

Um dia, Gael caminhava sobre o Cemitério de Oxford procurando um corpo para testar sua Necromancia, mas algo o cativava, uma voz, havia um túmulo... Provavelmente de um herói da cidade, talhado em Ouro como uma pequena casinha, suas duas portas eram de prata e não havia cadeado algum mas somente duas maçanetas, uma escadaria com um gramado mal cortado.

Curioso, o Mago de Sangue abriu a porta e assim que o fez viu um homem em frente ao túmulo, este também reluzido em Ouro, porém era fácil sentir a magia que circundava o lugar, como se o protegesse de um mal... Ou guardasse algo mal.

— Quem é você?

O homem que tinha apenas roupas velhas e uma pá em mão se virou com os olhos negros e um sorriso calmo, as portas de Prata se fecharam em um estrondo alto.

— Eu sou Alucard, o Rei dos Assassinos.

Gael já tinha escutado sobre Alucard várias vezes e até lido sobre seus feitos mas realmente ouvir de um Coveiro que mais parecia morto do que vivo, isso sim era novo.

— O que faz profanando este túmulo Coveiro, peço que se retire agora.

O Mago já olhava nos olhos totalmente negros do Coveiro sem esperar resposta, seus punhos cerrados, as Runas sobre todo o Torso por debaixo de seu corpo com toda a certeza lhe protegeriam de um ataque e Gael já pensava em alguma forma de sair dali, mas antes que pensasse muito, o Coveiro respondeu com o sorriso ainda vivo no rosto, as veias se estendiam pelo seu rosto, ele parecia descascar aos poucos.

— Quanto tempo eu não tenho mãos e pernas. — Ele estalava dedo por dedo enquanto se olhava, mas finalmente fitou Gael — Você. — O indicador do corpo possuído foi na direção de Gael.

O Mago abriu as mãos e estendeu na direção do receptáculo de Alucard antes que ele tentasse qualquer coisa proferindo em bom Latim.

— Seque o Sangue.

Os olhos de Gael tornaram-se vermelhos e toda a corrente sanguínea do corpo do Coveiro se dissecava aos poucos, o Coração dele parou de bater, Gael tossiu forte, aquela magia era poderosa, mas ele precisava gastar o mais forte para selar Alucard ali novamente.

O Corpo caiu inerte no chão, mas um vulto vermelho saiu gritante e na direção de Gael, o Mago pulou para o lado e o espírito bateu contra a porta, com o Selo enfraquecido e sem muita energia ou... Sangue, ele não teria muitas chances, novamente o Espírito deu outra investida, sem sucesso de um desvio... Os olhos de Gael ainda eram vermelhos e ele de joelhos com os punhos cerrados contra o chão deu um último sussurro.

— O que é você...

Por fim, os olhos se tornaram negros e ele levantou-se com calma, levemente olhou para os próprios trajes e disse dando de ombros até as portas.

— Eu sou Alucard, o demônio dos assassinos.