Saí da sala de aula, para o corredor principal, ao lado de Yui, seguida por Seth e Daichi, e Jonny logo atrás dos dois, enquanto Andy... Bem, não sabíamos a onde ele estava.

– Cadê o Andy? – perguntou Seth enquanto o procurava ao seu redor.

– Ele sumiu – respondeu Jonny – De novo...

– O Andy está um pouco diferente nos últimos dias – falei.

– Hai – assentiu Yui

– Ele deve estar passando por algum momento difícil – disse Daichi tentando encontrar algum motivo para o estranho comportamento de Andy nos últimos tempos.

Etto... Será que o Andy está passando por algo complicado de superar? Atualmente ele está com um comportamento completamente diferente, solitário, sempre procura ficar longe dos amigos e colegas da turma, some, assim, do nada, sem nenhuma explicação, não conversa como antes e está até mesmo... Sombrio. Mas ele nunca agiu desta forma em tempos difíceis, sempre procurou ser gentil com todos, em todos os momentos estava sorrindo e ele sempre procurava um ponto positivo para animar a si e aos outros. Então, qual o real motivo para ele mudar radicalmente?

– Mudando de assunto... Nunca imaginei que estaríamos vivendo sobre um dos generais de Balished – disse Seth tentando quebrar o clima gélido que havia dominado o corredor depois que falamos daquele assunto.

– O que? Você não sabia disso, Seth? Mas como... Você não conhece a história? – a voz de Daichi saiu com um tom de indignação e decepção.

–Bem... É.

– Não presta atenção nas aulas?

– E precisa prestar atenção nas aulas pra saber disso? – intrometeu-se Jonny.

– Não, eu não sei nada do assunto.

Ainda pude ouvir os sermões de Daichi dizendo para Seth parar de voar em seus pensamentos durante as aulas e prestar atenção nos conteúdos aplicados em sala, e algumas risadas irônicas de Jonny enquanto Yui me puxava para fora do corredor em direção ao pátio.

– O que houve? – questionou.

Fiz uma cara de quem não sabia do que ela estava falando.

– Você está distraída e eu quero saber o que aconteceu – completou.

Uh, ela percebeu. Ela tinha razão, pois eu realmente estava distraída, só conseguia pensar no que aconteceu no Templo Ryuuk e em tentar encontrar alguma solução, tentativas vãs.

– Está tudo bem. Não é nada muito importante – disse tentando disfarçar a grande mentira que havia acabado de contar.

– Sephyron, diga-me.

– Você me chamaria de louca se eu contasse.

– Vamos, diga. Eu prometo que não irei te chamar de louca.

– Então, está dizendo que acreditaria se eu contasse que ouvi vozes no Templo Ryuuk ontem à noite?

– Esquizofrênica.

– Mas o qu... Você prometeu... Ah, não é loucura! Eu ouvi mesmo alguém falar comigo depois minha oração.

Ela me fitava um tanto assustada com a minha reação, mas logo voltou ao seu estado sério, por um momento pensei que estava acreditando em minhas palavras.

– Tudo bem. Vamos supor que eu acredito no que você está me dizendo – começou – Então, o que essas vozes te diziam?

– Eu não ouvi muita coisa porque a comunicação estava falhando, a voz soava falha, como em uma interferência de rádio, entende? Mas... Era um pedido. Um pedido de socorro.

A sua expressão continuava a mesma.

– Ela me falava algo sobre... – por um momento a minha voz hesitou por medo de que ela não estivesse acreditando em mim – Os Renegados terem capturado os dragões.

De repente sua face mudou, o seu medo era evidente e pude ver uma gota de suor cair de sua testa que estava franzida.

– Eu sei que é loucu...

– Se isso for verdade –interrompeu – Se isso for realmente verdade, significa que... –hesitou e engoliu em seco.

– É apenas uma questão de tempo até que os generais quebrem os selos das cidades principais e estejam livres – completei.

– O que mais você ouviu?

- Acho que...

Espera. Acho que foi só iss... Não. Tem mais. Eu ouvi algo mais sobre...

– Telus!

– EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI! – gritou Daichi quebrando a minha concentração.

Ele estava vindo ao nosso encontro.

– O sinal tocou, não ouviram?

Bem, eu realmente não ouvi nada, estava concentrada tentando lembrar sobre... Telus. Percebi que Yui havia balançado a cabeça para afastar os maus pensamentos.

– Nossa, que caras feias e assustadas! – completou Daichi

– Obrigada – respondi e ele abriu um sorriso no canto da boca.

– Vamos! A aula de Duelo já vai começar.

Eu assenti e seguimos o seu comando, em silêncio, presos em pensamentos profundos, Yui parecia preocupada, e fomos para a arena de duelos.