Caminhamos em silencio funéreo, passando pelo campo aonde temos aulas de montaria, próximo aos estábulos, até Arena de Duelos, pois Yui estava presa em seus pensamentos, com certeza estava assustada com o que acabou de ouvir da minha boca, da mesma forma em que eu me encontrava na noite anterior, já eu estava com a minha cabeça no Templo Ryuuk e... Em Telus?! Enquanto Daichi não ousou mencionar nenhuma palavra, sem dúvidas estava com medo de falar conosco já que estávamos com caras de espanto.

Chegamos à grande arena. Um monumento colossal, assim como o instituto, a sua arquitetura lembra muito as grandes construções romanas dos humanos, constituído por mármore e com arcos em suas janelas que chamam a atenção quando vistos do lado de fora, por dentro havia arquibancadas em volta da área de batalha e o altar onde se encontram os juízes em competições.

O professor Astal já havia dado inicio a aula quando chegamos.

– Estão atrasados – murmurou aborrecido com o nosso descaso.

E Nos desculpamos.

– Tudo bem, formem duplas, por favor.

Daichi me convidou para ser a sua dupla, como era de costume, sempre ficamos em duplas nas aulas de duelo, pois ele sempre me desafia para as lutas já que me considera como um adversário a altura da sua força e eu, claro, sempre aceito porque jamais fugi de uma boa luta. Enquanto Seth formou dupla com Jonny, Yui estava sentada na arquibancada, pois que não gosta das aulas de lutas, e Andy... Ah, Andy! Ele está aqui! Estava sumido durante o intervalo todo que até pensei que tivesse voltado para casa por alguma razão.

Depois que todas as duplas foram formadas o professor prosseguiu com a aula.

– Invoquem suas Shinku’s.

O que são as Shinkus? Shinku é a magia em sua forma real, tocável e que pode interagir com o meio, ou seja, a energia materializada em armas. Cada mago possui uma Shinku diferente e selada em uma das partes do corpo. As Shinku’s são a representação da força física do mago, enquanto a mana representa a força espiritual, e o mago necessita das duas forças para que possa estar em equilíbrio com si mesmo.

Então, os alunos obedeceram ao comando do mestre. Me Preparei para invocar a minha Shinku à medida que Daichi fazia o mesmo. Um circulo mágico azul turquesa surgiu sob meus pés, levei a minha mão direita ao encontro da mão esquerda, onde a minha Shinku está selada em uma marca com símbolos arcanos, no peito da minha mão, e invoquei a Rugido, uma katana de bainha azul safira e com uma lamina fina e prateada com oscilações azuladas e imagens de Dragões Guardiões gravados em sua face cortante, e que recebeu este nome porque emite barulhos semelhantes a rugidos estridentes ao ser manobrada.

Daichi fez o mesmo, do seu peito invocou Tyrfing, uma das Sete Espadas dos Heróis. Ele não possui uma Shinku fixa, pois a sua magia é um arsenal de Shinkus. Graças a sua magia O Cavaleiro ele pode invocar diversas armas, principalmente espadas, mas Daichi foi além dos limites do seu poder e conseguiu invocar as Sete Espadas dos Heróis que são as armas dos Lendários Heróis de Edryn, sendo consideradas partes da série de Shikus mais poderosas do reino, assim como as dos filhos dos dragões, como a Rugido, são elas: Tyrfing, a mais poderosa, Thuan Thien, Naegling, Worochi, Harpe, Shi Shen Li e Flamígera.

Tyrfing é a espada que foi forjada pelo polvo élfico e pode controlar as chamas azuis, por isso ela é a sua favorita, com ela Daichi ganha vantagens sobre mim. Entretanto, não pretendo perder.

– Hajime! – gritou o sensei para anunciar o inicio dos duelos.

Todos os alunos começaram suas lutas, cada dupla em um espaço da arena.

– Já aviso logo: Não pretendo perder, Daichi – alertei.

– Faço das suas palavras minhas também, Sephyron – respondeu com um sorriso maléfico e começamos o duelo.

Como sempre batemos de frente, sem rodeios, nossas investidas se cruzavam e a batalha estava empatada. Envolvi a Rugido em chamas e o meu corpo também formando uma áurea azulada. Afinal, Tyrfing pode ser resistente contra as minhas chamas azuis, mas o corpo de Daichi não é. Em algum momento, o meu corpo tocaria o dele e abriria uma brecha para mim.

No entanto, nossos corpos não estavam se encontrando, apenas Tyrfing e Rugido se tocavam. Enquanto isso todas as outras batalhas já haviam terminado, os vencedores e perdedores haviam sido determinados, restando apenas nós dois em combate, e todos os olhares estavam voltados para nós.

– Owari! – disse Astal marcando o fim do duelo – Empate.

– Só porque eu estava ganhando... – sussurrou Daichi fazendo biquinho.

Fingi uma tosse irônica e ele entendeu a indireta e sorriu de canto.

Novamente o sinal alerta sobre o fim de mais um período, as aulas haviam acabado por hoje. Finalmente, casa! Onde está Yui? Quero que ela vá comigo.

Procurei por ela por toda a arena, mas meus olhos não encontraram os seus.

Deve estar no pátio!

Cheguei ao pátio e procurei pelos vários rostos aquele que meus olhos desejavam encontrar, mas novamente eles foram decepcionados. Contudo, pude ver outras faces familiares que poderiam me dizer onde Yui estaria.

– Daichi, Seth, Andy!

– Yo, Li! –respondeu Seth enquanto Daichi acenava e fui ao seu encontro.

– Sabem onde a Yui pode estar?

Os garotos se entreolharam e a expressão destes mudou. Logo percebi que algo havia acontecido.

– Onde ela está? – insisti, porém desta vez minha voz soou mais séria. Minha expressão havia mudado, estava preocupada e a minha ansiedade era notável.

– Olha, Li... Não sabemos – respondeu Seth.

– Ela saiu sem se despedir e foi em direção ao Centro, parecia ir para casa – interrompeu Daichi.

– E, Li... – murmurou Andy.

Andy respirou fundo e procurou por meus olhos, hesitou, mas depois de um longo suspiro continuou.

– Ela estava chorando.

Depois de escutar aquelas palavras não pude controlar meus impulsos e corri o mais rápido que pude em direção ao Centro de Trust. Ainda consegui ouvir suplicas dos meninos como, por exemplo, Espera! e Vamos com você vindos por trás das minhas costas, mas não desacelerei meus passos, pois só conseguia pensar em encontrar aquela que jamais chora, mas que agora permitiu que pequenos cristais cintilantes escorregassem de seus pequenos rubis, abraçá-la fortemente e enxugar as suas lágrimas. Eu não poderia parar de correr até achar ela, preciso descobrir o que houve e tentar saber o que fez o belo sorriso de Yui desaparecer de sua face, tenho que ajudá-la. Pois mesmo que eu não possa salva-lá de tudo, mesmo que eu não possa transformar todos os sonhos dela em realidade, eu, sempre, sempre farei de tudo para curar as suas tristezas. Yui, porque choras?