Continuei o meu caminho para a escola pelas ruas de Trust, uma das cidades principais do reino de Edryn e o meu lar. O dia estava bonito, como costuma ser a manhã quente de verão, os três sóis iluminavam o céu azul safira, as flores perfumavam o ar com o seu cheiro doce e os pássaros encantavam os meus ouvidos com seus cantos. Entretanto, a minha mente estava em outro lugar e longe daquele ambiente tipicamente de verão, pois não conseguia tirar da minha cabeça aquela voz tenebrosa e falha que sussurrou em minha orelha na noite anterior.

Aquilo aconteceu mesmo, não foi apenas fruto da minha imaginação. Porém, eu posso confiar naquilo que escutei? Se sim, o que eu poderia fazer afinal de contas?

- Droga... – Sussurrei para mim mesma enquanto balançava a cabeça para afastar aqueles pensamentos tenebrosos e desanimadores e acordei para a realidade.

Mal havia percebido que já estava no portão principal do instituto, então, o atravessei e caminhei para o pátio a procura de algum rosto familiar, mas não havia ninguém conhecido.

Será que cheguei mais do que o de costume e o pessoal ainda está a caminho?

De repente senti braços entrelaçando a minha cintura e um rosto macio tocar minhas costas. Então, me virei para procurar os olhos do dono daquelas bochechas macias e fofinhas que me tocaram por trás.

Ah, era ela!

- Yui! – exclamei e a abracei girando.

- Onee-chan! – Respondeu após se recuperar do giro e massageou as suas bochechas. – Estava com saudades!

- Uh, verdade? Eu não senti sua falta.

- Li-chan! Você é muito má, poxa – Resmungou e socou o meu braço esquerdo. Então, ri de sua expressão brava. Ela ficava uma gracinha quando estava nervosa e eu adorava provocá-la.

Yui é como uma irmã mais nova para mim, pois posso considerá-la como a minha melhor amiga e aparentemente somos um pouco parecidas, exceto pelo fato de que é ela bem mais baixa do que eu, o que a deixa frustrada. Ela possui cabelos prateados como as Luas Gêmeas, lisos e curtos na altura do seu queixo, sua pele é macia e delicada, e seus olhos são de um tom intenso de carmim como sangue, porém brilhantes como pequenas estrelas. Sua magia é conhecida como Chamas de Sangue. Um pouco diferente de mim, tenho cabelos albinos como neve assim como a minha pele, e meus olhos azuis como duas safiras, diz a minha mãe.

- HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEY!!!!!! – Um grito estridente cortou o ar.

Daichi. Apenas o Daichi poderia gritar daquela maneira, como era de costume. Sim, era ele mesmo.

- Bom dia, Daichi – cumprimentou Yui após coçar os ouvidos.

- Bom dia – cumprimentei.

- Muito bom dia! – Respondeu com um belo sorriso branco estampado no rosto.

Daichi era um velho amigo e que me recebeu de braços abertos depois da minha chegada em Trust. Ele é um garoto bonito, de corpo bem formado e pele branca, cabelos negros e levemente ondulados, e seus belíssimos olhos bicolores, um vermelho e o outro dourado, que encantavam as garotas da escola. Ele fazia sucesso com as meninas, mas era reservado e se dedicava aos seus amigos os quais chamava de irmãos. Usa a magia conhecida como O Cavaleiro que possibilita o conjurador o uso de diversas armas.

- Ohayoo... – murmurou Seth que acabará de chegar e ainda estava muito sonolento, o que é muito comum para ele.

Se existe alguém que consegue ser mais preguiçoso e dorminhoco do que eu, este alguém é o Seth.

Assim como o Daichi, Seth é um amigo antigo e que também foi muito receptivo e gentil durante a minha chegada na região. É um jovem calmo e bastante dorminhoco, porém é um poderoso mago, a sua magia é chamada de Invocação Sombria a qual permite que o portador invoque criaturas vindas de Morai para ajudá-lo em combate e ainda usa a energia mágica do submundo. Possui um corpo esbelto e com algumas formas, um belo rapaz moreno. Também tem um ótimo potencial para lidar com criaturas místicas.

- Olá pessoal – Cumprimentou Andy que chegou logo após de Seth e ao lado de Jonny que ignorou os cumprimentos e se colocou ao lado de Yui.

Andy é uma amizade recente, não conheço muito bem a sua personalidade, mas parece ser uma boa pessoa. Ele é estrangeiro, vindo da Cidade Nishino, a cidade natal dos sacerdotes, arqueiros e monges, e uma das cidades principais do reino de Edryn, assim como Trust. Sua magia é o Sacerdote Divino que utiliza uma magia diretamente ligada com o poder divino dos deuses e funciona como um útil suporte em batalhas. Além disso, dispõem de asas de anjo, somente os mais poderosos sacerdotes possuem tal habilidade, que são casos extremamente raros. O seu rosto angelical e pálido, seu cabelo loiro platinado, macio e ondulado, seus olhos azul turquesa como as águas do Mar Fukai são suas características mais marcantes.

Enquanto Jonny possui uma personalidade complicada e rebelde, e muito vezes ele é visto com um mau caráter, mas nunca o desprezei pelo seu modo de agir, até então jamais tive problemas com isso. A sua magia é denominada Manipulador de Eletricidade e o permite controlar correntes elétricas de diferentes maneiras, mas ele não procura evoluir seus conhecimentos sobre a sua magia. Na verdade, ele não se preocupa com seus estudos. Ele possui um corpo franzino e extremamente pálido, seus cabelos repicados possuem um tom castanho claro, e seus olhos são amarelados como mel.

O sinal toca e múrmuros de desanimo foram ouvidos no pátio da escola. A partir de agora, desde as 8h da manhã até as 16h da tarde, estaremos confinados em salas de aula.

- Nee, devemos ir – Disse Yui com uma voz desanimada.

- Ér – Assenti – Qual é a nossa primeira aula?

- História das Divindades – respondeu Daichi.

- Viluy? – Perguntei um pouco desalenta.

Eu sempre gostei de estudar e aprimorar meus conhecimentos sobre a magia e o nosso mundo, mas, com certeza, nunca me interessei pelas histórias dos deuses, pois para mim não passam de hipocrisia, e a senhorita Viluy adorava idolatrar os Deuses, sem contar o fato de que nós duas não nos dávamos bem, sempre discutíamos sobre quem eram os verdadeiros deuses, Dragões VS Deuses, e, claro, ela sempre me colocava para fora de sala quando a situação ficava critica.

- Não acredito que temos aula da raposa logo pela manhã – fiz biquinho.

Raposa? Ér, raposa. A senhorita Viluy é um Kitsune, uma bela mulher de cabelos longos que chegavam até a sua cintura muito bem curvada, com um par de orelhas de raposa da montanha na cabeça e sete caudas no final da sua coluna, e para evitar palavras de baixo calão procuro chamá-la de raposa quando estou chateada, já que ela odeia esse apelido.

- Li, por favor, tente se controlar pelo menos hoje ou você vai ser prejudicada no final do ano – Disse Seth com um tom preocupado.

Assenti.

- Ah, deixa ela! Pelo menos perdemos um horário – disse Jonny com um sorriso maldoso.

- Prometo ficar tranquila.

Ouvimos o segundo toque, nos apressamos para chegar à sala e evitar o atrasado. Para minha sorte e dos meus amigos, conseguimos desta vez e evitamos uma bronca da rapos... Professora Viluy.