"Como assim? Acordou? Eu...eu estava dormindo?" perguntei sem entender nada

"Sim, eu e o seu tio procuramos você por todo o lado até acharmos você aqui!"

"Mas o que você faz aqui?"

"E isso lá são modos de falar com a senhorita Tereza"

A professora riu

Eu mereço, o chato do meu tio dando em cima da chata da minha professora de ciências. Eu necessitava parar aquilo.

"Então professora, o que lhe trás a esta linda e maravilhosa residencia, com pessoas tão maravilhosas como o meu querido titio..."

"Está bom né Serketeros, já deu né moleque!"

"Onde esta a elegância, titiozinho" disse com um sorriso de lado no rosto.

A professora que não era besta nem nada( não tão idiota, mas isso não significa que eu achava ela inteligente) viu que a coisa ia ficar feia e disse:

"Ah...O seu texto! Sabe aquele teste final?"

"Ah, sim.'O que você sabe e o que acha das estrelas".

"Sim, este mesmo"

"E o que tem ele?"

"Bem, eu acho que você foi muito irônico e você tirou um zero. Então vim aqui aplicar outro teste em você"

"Aqui?"

"Se 'aqui' você está se referindo a casa do seu tio, sim. Mas você pode ir para a escola amanhã, só que o texto só será re-aplicado daqui duas semanas, pois servira também de teste de admissão para os novos alunos, mas com isso você teria de perder suas ferias, e você nunca havia as pegado antes e... "

Eu abri minha mão e vi que ali não havia nada. Poderia eu ter só sonhado...Eu não queria que tudo aquilo fosse só um sonho, mas também não queria que eu tivesse conhecido tanta gente legal(tirando o Bob) e agora nunca mais poder ver ninguém. Eu estava péssimo e sabia que aventura melhor que aquela não passaria de novo em toda a minha vida. Eu nem estava ouvindo mais a professora, perdido em meus pensamentos, apenas a interrompi e disse:

"Amanhã eu estarei na escola para fazer o seu texto e mesmo que tiver ônibus para voltar para cá eu não irei voltar. Vou continuar la ate as aulas começarem novamente. Tudo bem para você tio?"

"Você já falou o que vai fazer...Você não esta nem um pouco preocupado com a minha opinião" pela primeira vez na minha vida meu tio me compreendeu e sorrio para mim. Eu estava mais feliz que pinto no lixo(só que claro, eu não iria demonstrar) eu sorri de volta e fiz um sinal com a cabeça e subi para o meu quarto arrumar as malas.

Quando eu acabei de arrumar as malas estava morto deitei na cama do jeito q estava e dormi. Só me lembro de ter perdido a hora e de chegar no ponto de ônibus atrasado.

A escola estava vazia(como em todas os anos nas ferias), entrei correndo no alojamento(para ser mais exato no meu quarto), joguei as malas no chão. E então percebi que havia sinal de ter duas pessoas no quarto, me lembrei então dos novo alunos citados pela professora.

Não havia mudando completamente nada no quarto(para minha "sorte"), marcas de mofos nas paredes, causados pelos inúmeros buracos do quarto(me lembrei da época de chuva que eu acordava todo molhado), paredes "brancas" com a tintura toda lascada, cheio de rachaduras nas paredes, e buracos no piso do chão. As camas de madeiras, beliches, quebradas, com colchões tao velhos e finos q pareciam um papelão, (pareciam ser 'usados' de 'banheiro' pelos cachorros). Realmente era degradante olhar aquilo e lembrar do palácio de Arthur com todas aqueles paredes de mármore negro, e todos aqueles estofados tão macios e prateados....e..E lindos iguais os cabelos longos de Angela, nossa como eu queria saber como Angela estivera agora, saber se ela pensava em mim. Ou se aquilo fosse só um sonho...Sera que ela havia sonhado comigo também? Não, não foi um sonho, eu a vi, eu falei com ela, ela puxou meu braço inúmeras vezes, ela ria de minhas idiotices, eu beijei aquela boca linda, tão pequena e delicada, daquele vermelho rubro que ela tinha...Por que ela não estava do meu lado agora? Por que as coisas tem que ser assim?

Deitei na cama e fiquei olhando para cima, a parte de cima da minha beliche caia as madeiras e a minha cama estava ficando meia afundada...

"Bom, só ficar me lamentando não vai trazer ela de volta, vou arrumar isso aqui para ver se me distraio"disse comigo mesmo, levantando da cama.

Tirei todas as cochas de camas e a cortinas e coloquei para lavar numa maquina la fora. Peguei madeira e pregos e arrumei a minha cama e tirei a parte da madeira quebrada. Fui na sala onde ficava as coisas que deveriam ser usadas para limpar os quartos e a escola(coisa que não acontecia), e tirei a facha de 'não ultrapasse' e peguei alguns produtos de limpeza, cochas, cortinas, estofados e mais cortinas. Coloquei as cortinas e limpei o quarto e arrumei tudo que estava quebrado. Então peguei algumas das cortinas enchi de estofados e fiz colchões novos(acredite, para você pode não significar nada, mas mudar de um papelão para um colchãozinho mixuruca vale muito a pena), como sou uma pessoa muito bondosa, fiz colchões para o pessoal do meu alojamento. Assim não teria como me culpar por nada e eu já fazia amizade(coisa que eu mais precisava no momento). Por fim, coloquei todas as roupas em gavetas(coisa que eu não tinha muita), e coloquei as fachas de 'não ultrapasse' em cruz na porta com a ajuda dos pregos(não era uma mansão, mas ficou muito bom)

Já era de noite e eu tomei meu banho, pois já estava ficando frio(e o chuveiro continuava queimado), me troquei e fui dar uma volta la fora. As estrelas já haviam aparecido, fiquei a noite toda olhando para elas e lembrando de tudo que havia sonhado, como eu queria que eles estivessem ali conversando comigo agora e quando percebi já era umas 2 horas da tarde do outro dia.

Sim, dormi no mato, olhando as estrelas, não me importava nem um pouco. Como já estava tarde, resolvi ir no refeitório, porque estava com fome. Chegando la, as mulheres se assustaram..

"Que foi?"

"Na-nada...hihi... É que a hora da comida já acabou.." disse a funcionaria que havia se assustado

"Mas eu ainda não comi, estou com fome"

"Mas já passou da hora" disse uma velha gorda, que parecia um sapo gigante, grotesco.

Balancei a cabeça pros lados e ergui a sobrancelha, virei os olhos e falei:

"Olha aqui, não é só pelo fato de eu ter chegado depois que eu não posso comer, alias, meu tio paga isso aqui, e eu acho...."