Capítulo 13 – Mudança

Segunda, 21 de dezembro.

Hermione ao saber da noticia pensou que seu mundo iria desmoronar tudo pelo que mais temia estava preste a acontecer, Erick iria conhecer o pai, sentou-se na cadeira sentia seu corpo inteiro tremer, sua cabeça estava latejando. Todos voltaram sua atenção para morena, Gina estava completamente surpresa, Rony disfarçava um sorriso e Sirius continuou a falar alguns assuntos que ela não fez questão de prestar atenção.

Assim que sua ficha caiu, ele não só voltaria como também ela iria trabalhar com ele e cuidar de sua família perfeita, nervosa bateu as duas palmas das mãos na mesa fazendo todos se assustarem, levantou-se rapidamente com as palmas das mãos apoiadas na mesa.

— Eu não irei trabalhar com ele. – Falou diretamente para Sirius.

— Você é a melhor aurora que eu conheço, Harry precisa de você, a filha dele está correndo perigo. – Aquilo foi como um soco no estomago, fechou os olhos tentando se controlar.

— Não me importo! – Exaltou-se saindo do lugar. – Eu não irei trabalhar com ele, muito menos cuidar da família dele, procure outra pessoa.

— Hermione Granger, não é hora para discutirmos assuntos pessoais. – Falou seriamente, todos na sala alternavam o olhar de Sirius para Hermione, ninguém ousava abrir a boca. - Eu sou o ministro, eu decido o que você irá fazer ou não aqui dentro. Lá fora vocês resolvam seus assuntos...

— Eu não irei trabalhar com ele. – Aumentou o tom de voz sem desviar o olhar de Sirius. - Você não vai me obrigar ou perderá sua melhor aurora daqui.

— Saiam todos, por favor, me deixem a sós com a Srta. Granger. – Ordenou Sirius para os outros presentes na sala, em segundos restaram apenas ele e Hermione na sala.

— Você não pode fazer isso comigo Sirius. – Hermione respirou profundamente, pela primeira vez estava desafiando um superior no trabalho. – Eu não posso trabalhar com ele.

— Serão só alguns meses, só até conseguirmos controlar a situação, eu não menti quando falei que você é a melhor que eu conheço. Você conhece o Harry...

— Não, não conheço! – Interrompeu friamente andando até o canto da sala. – Eu pensei que o conhecia, mas me enganei, ele não liga para ninguém, ele é um egoísta...

— Eu não vou permitir você falar assim dele na minha frente! – Irritou-se Sirius defendendo o afilhado. - Não me importa o que aconteceu no passado, vocês precisam superar isso e encontrar Voldemort antes que se inicie uma nova guerra.

— SUPERAR?! – Gritou irritada, sentiu sua garganta arder e seus olhos pinicarem, estava sentindo-se humilhada. - Você não sabe meus motivos, não sabe o que aconteceu no passado.

— Eu incentivei Harry a aceitar a proposta da França, realmente não sei exatamente o que aconteceu entre vocês, mas não pode culpa-lo por tudo. – Suspirou cansado aproximando-se de Hermione. - Já está na hora do Harry conhecer o filho.

— O QUE? – Arregalou os olhos assustada, nunca havia contado nada para Sirius sobre quem era o pai de Erick, só apresentou os dois quando o filho estava com seis anos.

— Eu sei que Harry é o pai do seu filho. – Observou a morena ficar vermelha de raiva, antes que ela abrisse a boca, continuou a falar. – Ele não me falou nada, eu liguei os fatos, não sou bobo Hermione, qualquer um que conheceu vocês jovens saberá que Erick é filho do Harry, ambos são muito parecidos. Você não pode proibir o garoto de conhecer o pai.

— Você não tem o direito de falar nada a respeito do meu filho. – Apontou o dedo para o rosto de Sirius. - NADA!

— Hermione, eu não estou falando como seu chefe e sim como um amigo que viu vocês crescerem. – Tocou o ombro da morena tentando acalma-la. - Você não pode fugir disso para sempre, chegou a hora de contar a verdade para ele... Você sabe disso.

— Isso não te diz respeito! – Afastou-se bruscamente, por mais que negasse em sua mente, sabia que estava na hora de enfrentar seus medos. - Não se envolva na minha vida pessoal, não te dei liberdade para isso.

— Hermione...

— Esse assunto encerra aqui! – Interrompeu friamente, dando-lhes as costas e saindo da sala, passou rapidamente pelos amigos que a esperavam no corredor, assim que as pessoas a viram passando pelo corredor, voltaram depressa para o trabalho tentando disfarçar a curiosidade.

— Hermione espera! – Gina tentou parar a amiga, mas ela já tinha sumido de vista.

Hermione andou rapidamente até o portal de saída do ministério, precisava sair dali, sentiu-se sufocada naquele ambiente, necessitava de ar em seus pulmões, assim que saiu respirou profundamente várias vezes, não sabia quando começou, mas as lágrimas já banhavam seu rosto, correu sem rumo até se afastar dali. Entrou em um beco, aproximou-se da parede e deixou seu corpo deslizar até chegar ao chão, abraçou os joelhos tentando se controlar, soluços escapavam de sua garganta.

Memórias daquela briga vinham em sua mente, nunca havia se esquecido das palavras dele “Eu não vou perder minha vida por causa de uma noite com você”, colocou as mãos na cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, fechou os olhos e veio novamente Eu quero que você tire essa criança”, um soluço alto subiu por sua garganta, aquela mesma dor em seu peito tinha voltado, seu corpo inteiro tremia. Escutou alguém se aproximando, levantou o rosto e viu Gina junto com o Rony parados próximos a si.

— Oh minha nossa, Hermione. – Gina jogou-se no chão abraçando a amiga. - Acalme-se, por favor.

— Ele... Ele está voltando Gina. – Falou entre soluços, afundou o rosto no ombro da amiga e chorou. – Eu... Não quero que ele tire... meu filho de mim! Não quero! – Falou com a voz abafada pelo choro.

— Ele não vai amiga. – Acariciou os cabelos da morena. - Não deixe que ele acabe com você novamente... Você é uma mulher forte e determinada, é uma mãe maravilhosa! – Falou calmamente nos ouvidos de Hermione, olhou para o ruivo esperando ele falar algo.

— Hermione eu não permitirei que nada aconteça com vocês. – Rony ajoelhou-se perto da amiga, puxou uma de suas mãos apertando-a entre as suas. - Eu prometo que ninguém vai tirar seu filho de você. – Olhou nos olhos dela. - Confia em mim!

Hermione apenas balançou a cabeça, ficou abraçada a amiga até se acalmar, depois de longos minutos o choro diminui, sua respiração estava voltando ao normal, não tinha forças para nada naquele momento, estava vulnerável como em muito tempo não ficava, Rony ajudou ela se levantar e junto com Gina, os três aparataram no apartamento da ruiva. Gina preparou um chá de camomila, obrigou Hermione tomar um banho e deitar na cama, ficou acariciando os cabelos da amiga até ela pegar no sono pelo restante da manhã.

—--------------------- Arte de Amar —---------------------

Paris, França

Segunda, 21 de dezembro.

O dia amanheceu nublado, as nuvens escuras cobriam o céu, assim como o humor de Harry, precisava conversar com Cho, contar sobre o que estava acontecendo, sabia que mais brigas viriam por ai, decidiu levar Sophie para casa da amiga, buscaria a filha só depois do almoço, tempo suficiente para resolver o que precisava. Quando chegou em casa encontrou a esposa com um roupão de seda preto deitada no sofá, assim que ela o viu entrar levantou e caminhou sensualmente até o marido.

— Nossa você está tão tenso, querido. – Cho passou as mãos pelos ombros largos dele.

— Precisamos conversar Cho. – Virou encarando a mulher na sua frente.

— Vamos subir para mim te fazer uma massagem. – Piscou maliciosa abrindo o roupão mostrando o corpo despido para ele. – Faz tempo que nos não...

— Com você perdeu a graça. – Soltou o ar irritado, Cho era uma mulher muito bonita, tinha um corpo atraente, mas ele não queria confundir a relação com o sexo novamente, virou-se afastando dela. – Vá vestir uma roupa, precisamos conversar seriamente.

— Sobre o que? – Resmungou fechando o roupão. “Você me paga Potter” pensou com raiva, sentindo-se humilhada. – Quero saber agora.

— Nos últimos dias aconteceram algumas coisas que colocaram a Sophie em perigo, por esse motivo o ministro me transferiu. – Omitiu grande parte da história, não precisava criar mais motivos para discussão. – Amanhã nós vamos para Londres.

— Vamos ficar quantos dias lá?

— Iremos nos mudar para lá. – Respirou profundamente ainda não tinha se acostumado com a ideia da mudança. – Precisamos arrumar as malas, viajaremos amanhã de manhã...

— Como?! – Gritou a japonesa brava. – Eu não vou viajar para lugar nenhum, entendeu nenhum.

— Você não é nenhuma criança Chang, sairemos em menos de 24 horas. – Irritou-se com a teimosia da mulher. – Isso não é um pedido.

— Para você é ótimo não é mesmo, Potter? – Ironizou. – Irá encontrar a Sangue-ruim novamente.— Cuspiu as palavras amargamente.

— Você não sabe o que está falando. – Passou as mãos pelos cabelos tentando se acalmar, não sabia se estava mais irritado por ser verdade ou por ela ter chamado Hermione daquele jeito.

— Tudo que você mais queria. – Virou-se para ele. – Um motivo para você voltar e ela não te rejeitar. – Gritou apontando o dedo na cara dele. – Eu não permitirei que uma vagabu...

— Cala boca! – Apertou o braço dela fortemente. – Eu não admito que você fale assim dela. – Soltou-a bruscamente no sofá.

— EU FALO COMO QUISER. – Gritou colocando a mão na marca avermelhada do braço. – Eu farei da sua vida um inferno em Londres, Potter. – Tacou um jarro de vidro na direção dele, saindo da sala indo em direção ao quarto.

Harry assim que viu a japonesa bater a porta decidiu sair de casa, não conseguia ficar ali mais nenhum segundo. As imagens de Sophie com os olhos marejados naquela manhã vieram em sua mente, antes de saírem de casa conversou com a filha, explicando que no outro dia iriam se mudar para outro país, por mais difícil que fosse não poderia voltar atrás, estava fazendo isso por sua filha.

Decidiu passar a manhã resolvendo o que precisava para viagem, almoçou e foi buscar Sophie na casa da amiga, chegou lá e a encontrou com os olhos vermelhos, acabara de se despedir de sua melhor amiga. Assim que se aproximou ela foi direto para seus braços e chorou em seu colo, despediu-se dos pais da menina e caminhou com ela em seus braços até uma praça.

— O que foi princesa? – Perguntou se sentando com ela em um banco na praça.

— Temos mesmo que ir papai? – Levantou os olhos e encarou o pai. - Eu não quero ir, quero ficar aqui com minhas amigas, minha escola... Lá eu não vou ter isso.

— Eu sei que é difícil o que está acontecendo com a gente, um dia você irá entender os motivos. – Acariciou os cabelos da menina, doía seu coração ver sua filha chorando. – Londres é legal, morei muitos anos lá, quando eu tinha sua idade eu ia a vários lugares...

— Verdade? – Fungou passando as mãos nos olhos, parando aos poucos de chorar. – Você cresceu lá?

— Sim, eu adorava a cidade. – Sorriu vendo a filha parar de chorar. – Lá tem uma roda gigante que dá para ver a cidade toda.

— Sério? – Seus olhos brilharam imaginando. – Você vai me levar lá?

— Claro que sim, minha princesa. – Beijou a testa da filha, passando os dedos no rosto dela para secar as lágrimas que escorreram. - Você vai conhecer muita gente legal e quando você quiser ver a Lisa, nós podemos conversar com os pais dela para ela passar as férias lá com a gente.

— Jura papai? – Arregalou os olhos verdes olhando para o pai que concordou.

— Eu já descumpri alguma promessa que eu fiz para você? – Perguntou e ela negou. – Mas tem uma condição...

— Qual? – Perguntou curiosa.

— Você colocar um lindo sorriso no rosto. – Falou fazendo cócegas na filha que começou a gargalhar.

— Ok papai. – Falou sorrindo abertamente. – Eu te amo. – Beijou a bochecha do pai.

— Eu também te amo. – Suspirou encarando aqueles olhos parecidos com os seus, o sorriso dela acalmou seu coração, tudo que precisava estava ali em seus braços.

— Quero tomar sorvete! – Sorriu apontando para o sorveteiro, correu até ele e pegou um picolé de chocolate e Harry pegou um de limão. Depois voltaram a se sentar no banco, enquanto tomava o sorvete Sophie estava pensativa e Harry estava distraído. - Papai? – Chamou depois de alguns minutos em silêncio.

— Oi? - Voltou sua atenção para filha.

— Eu vou conhecer muitas pessoas em Londres? – Perguntou com a boca toda suja de sorvete.

— Vai sim, lá tem os Weasley’s, os Black’s que são pessoas muito legais. – Sorriu recordando dos amigos. - Os Weasley’s são como uma família, eles me trataram como um filho enquanto eu estudava em Hogwarts, o Sirius é o meu padrinho e ele tem um filho chamado Paul. Tem também o Lupin e a Tonks eles têm um filho chamado Teddy, meu afilhado. Você não deve se lembrar do tio Rony e da tia Luna quando eles vieram você era bem pequenininha, a Hermi... – Parou de falar, não queria que a filha soubesse de nada a respeito dela por enquanto.

— Quem? – Perguntou sem entender o ultimo nome.

— Ninguém. Chegando lá você irá conhecer todo mundo. – Falou com uma repentina mudança de humor. - Agora termina isso para irmos embora, precisamos arrumar suas malas.

— Tudo bem. – Voltou sua atenção para o sorvete terminando de toma-lo.

Harry e Sophie antes de irem para casa, passaram no shopping e compraram alguns itens para viagem, só chegaram em casa a noite, Harry ajudou a filha a arrumar suas malas, queria evitar ao máxima a presença de Cho, depois de prontas as malas dela foi até seu escritório arrumar os documentos e itens pessoais importantes que iria levar.

Depois do jantar com Sophie, colocou a menina na cama como fazia todas as noites, sentou-se na beira da cama, não demorou muito e ela dormiu, parecia um anjo, passou os dedos em seu rosto, a imagem de Erick veio em sua mente, lembrou-se dele com sete anos estava no parque jogando Basketball no dia de seu aniversário, deu um sorriso triste “Espero que um dia me perdoe Erick.” Falou Harry em pensamento.

Ficou mais alguns minutos olhando a filha dormir, em poucas horas voltaria para Londres, caminhou até o quarto e ao entrar notou Cho deitada de costas para a porta, suspirou aliviado melhor assim, foi até o closet e notou as enormes malas arrumadas da japonesa, precisava arrumar as suas, conjurou algumas malas, distribuiu suas roupas em duas malas, colocou os sapatos em outra e itens pessoais na quarta mala, quando terminou de arrumar suas coisas foi se deitar no quarto de hospedes, precisava descasar para o longo dia que teria pela frente.