Capítulo 14 – Verdades

Segunda, 21 de dezembro.

Erick levantou da cama em torno de 10 horas da manhã, leu as inúmeras mensagens dos amigos no celular, logo eles apareceriam em sua casa para o ajudarem em um assunto particular. Tomou café pensando naquela foto, porque sua mãe guardou tão rapidamente sem mostrar quem estava ali, seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho da campainha, seus amigos tinham acabado de chegar.

- Paul, Ted. – Cumprimentou os garotos, dando espaço para eles entrarem na casa.

— Erick, qual nossa missão do dia? – Falou Paul jogando-se no sofá.

— Não entendi aquela mensagem no WhatsApp. – Ted cruzou os braços observando o amigo. - Com assim descobriu algo do seu pai?

— Ontem na hora que eu entrei no quarto da minha mãe, ela olhava uma foto, assim que me viu guardou rapidamente para que eu não visse nada.

— E o que tem demais uma foto?

— Aí que está! – Exclamou jogando-se também no sofá. - Se não fosse algo relacionado ao meu pai ela me mostraria, mas em vez disso escondeu... Então só pode ser dele, tem uma caixa também que às vezes eu a vejo mexendo, mas nunca me mostrou nada.

— Vamos descobrir o que ela tá escondendo. – Paul levantou rapidamente indo em direção à escada.

— Não acho certo mexer nas coisas da sua mãe Erick. – Repreendeu Ted. – Se ela nunca mostrou para você, deve ter algum motivo.

— Cansei de esperar. – Suspirou Erick cansado. – Já está na hora de conhecer meu pai ou pelo menos saber quem ele é.

— Concordo com você. – Paul voltou novamente para sala. – Você já vai fazer 17 anos, tem o direito de saber quem ele é.

— Eu acho que você deve conversar com ela primeiro. – Ted contrapôs o amigo.

— Ela vai repetir o de sempre. – Erick estava dividido, por um lado queria descobrir o que sua mãe escondia, mas por outro queria respeitar a privacidade dela.

— Deixa de ser chato Ted. Vamos procurar essa caixa. – Paul sugeriu olhando para os dois. – O máximo que pode haver lá são pistas... Você olha o que ela guarda, tenta descobrir alguma coisa sobre seu pai depois você conversa com sua mãe.

— Você tem razão, vamos. – Erick se levantou, seguido pelos amigos, embora Ted achasse errado mexerem nas coisas de Hermione queria ajuda-lo a descobrir a verdade.

Os três entraram no quarto, cada um foi para um canto procurar pela caixa, Erick procurou no closet de Hermione, Paul procurava na cômoda próxima à cama e Ted procurava no banheiro. Depois de alguns minutos procurando, Paul a encontrou embaixo da cama próxima à cômoda, a caixa era pequena prata toda detalhada no estilo princesa para abrir era necessário apertar um botãozinho e levantar um feixe em formato de folha.

Os garotos sentaram-se na cama com a caixa no meio deles, Erick abriu ansioso a procura de algo que pudesse revelar quem era seu pai, mas só encontrou algumas fotos da mãe grávida, algumas ultrassonografias da gravidez tinham também algumas fotos dele bebê e no fundo da caixa estava um colar dourado com uma esmeralda em formato de coração, pegou e observou por alguns minutos aquele colar.

— Não tem nada sobre meu pai. – Suspirou guardando novamente as coisas da mãe na caixa.

— Espera! – Paul puxou a caixa e despejou todos os objetos na cama, bateu algumas vezes até um fundo falso cair. – Às vezes meu pai esconde coisas de mim assim.

— Deixe-me ver logo isso. – Erick puxou a caixa pegando o envelope que estava lá, abriu rapidamente pegando o conteúdo. – São... Papeis em branco. – Ficou inconformado. – Por que minha mãe guardaria papéis em branco?

— Me dá aqui. – Paul pegou alguns dele e observou, em geral, os papeis pareciam envelhecidos, mas não tinham nada escrito. – Deve ter alguma magia, sei lá... Meu pai sempre oculta coisas importantes com magia

— Aparecce. – Falou Erick, mas nada aconteceu. – Aparency. – Tentou novamente e nada.

— Revelium. – Ted conjurou e logo apareceram escritas no papel. - Tinta invisível.

— Ainda bem que temos um gênio entre nós. – Erick sorriu animado pegando os papéis e começando a ler. – “Te amo Hoje e Sempre... H”. São recados românticos, será que minha mãe que mandou isso?

— Pode ser, tem o H em todas. – Observou Paul. – Olha Erick, aqui tem uma foto.

— Foi em Hogwarts, olha os detalhes do salão principal, deve ter sido em algum baile, todos estão com roupas de festas. Tem cinco pessoas na foto, minha mãe, tia Gina, tio Rony e tia Luna, essa outra pessoa não reconheço. – Comentou mostrando a foto para os amigos.

— Espera... Eu conheço esse aqui. – Apontou para um moreno. - É Harry Potter, afilhado do meu pai, já vi fotos dele mais novo lá em casa.

— Harry Potter é meu padrinho, mas faz anos que não o vejo. – Comentou Ted.

— Será que eles eram namorados? – Olhou atentamente o rapaz na foto.

— Vocês são parecidos. – Comentou Ted. – Tem os olhos e os cabelos parecidos, será que ele é seu pai?

— Eu... Eu não sei. – Gaguejou arregalando os olhos. Nunca havia pensado na possibilidade. – Minha mãe não me esconderia algo assim... Afinal é Harry Potter, sempre escutamos história dele em Hogwarts.

— Meu pai sempre fala sobre ele, a ultima vez que eu o vi foi... No casamento dele com uma japonesa.

— Cho Chang, meu pai também foi nesse casamento, faz uns oito anos.

— Eu me lembro disso, foi bem noticiado, casamento do ano. – Erick ironizou deitando na cama. – Ele tem uma filha.

— Sophie Potter. Só a conheço por fotos, ele nunca veio para Londres. – Falou Paul.

— Onde ele mora agora? – Erick suspirou pensativo.

— Paris. – Ted observou o amigo. – Você deve conversar com sua mãe, não tire conclusões precipitadas, você não sabe se ele realmente é seu pai.

— Eu sei, acho que vou falar com ela hoje, preciso saber a verdade.

— Erick, não comenta a respeito do Harry, conversa aos poucos com ela, deixa ela se abrir com você. Algo deve ter acontecido para ele ir embora.

— Eu sei... Vou tentar descobrir minha história. – Respirou profundamente, juntando todos os papeis e objetos como antes.

O restante do dia passou devagar, Erick ficou conversando com os amigos até a hora do almoço, depois foram almoçar na casa de Ted, os três não comentaram nada com ninguém. Assim que almoçou foi para casa, pegou o notebook e pesquisou tudo a respeito de Harry Potter, estava muito perto de descobrir a verdade, só precisava esperar sua mãe chegar, estava determinado naquela noite descobrir toda a história.

***

Hermione acordou assustada não se lembrava de ter dormido, olhou ao redor e lembrou-se de tudo que havia acontecido naquele dia, sentiu-se fraca. Nunca deixou fraquejar diante de nenhum desafio, fechou os olhos novamente, Harry chegaria no dia seguinte, sempre soube que um dia reencontraria com ele, mas não esperava que fosse assim sem ela planejar. Não se sentia preparada para encarar a verdade, encontrar com ele reascenderia tudo que ela levou anos para tentar apagar de seu peito.

Levantou da cama foi até o banheiro e lavou o rosto, olhou para o espelho e se assustou, estava péssima parecia ter envelhecido dez anos aquele dia, seus olhos estava inchados, sua maquiagem estava borrada, olhou suas roupas, usava um pijama da Gina, seus cabelos estavam bagunçados, realmente estava acabada.

— Amanhã será um novo dia. – Suspirou fechando os olhos. Não iria fraquejar novamente, não por causa de Harry Potter, prometeu a si mesma.

Depois de se trocar, ajeitou os cabelos, pegou suas coisas e saiu do quarto, não encontrou ninguém em casa, olhou o relógio marcava 15h30min, já era tarde tinha dormido demais, estava com fome, Gina ainda iria demorar a voltar, deixou um bilhete que estava melhor e que iria para casa. Antes de ir passou em uma lanchonete ficou lá por algum tempo, não queria ir embora, Erick não podia vê-la naquele estado, voltou para o parque daquela manhã.

Olhou em volta, como as coisas mudaram em poucas horas, de manhã era uma mulher forte que estava indo trabalhar, agora parecia uma garota frágil voltando para casa assustada. Respirou profundamente sentindo o cheiro amadeirado das árvores, lembrou-se de Hogwarts.

FLASH BLACK

Sábado tinha amanhecido relativamente quente para um dia de outono, decidiram aproveitar o dia então todos se reuniram próximo ao lago, as folhas coloriam o chão. Harry e Hermione estavam namorando há quase quatro meses, estenderam uma toalha e se sentaram, ao lado tinha uma cesta cheia de comida. Harry aproveitou o calor e foi se molhar, desde o torneio tribruxo, uma parte do lago, onde não tinha nenhuma criatura mágica, foi liberada para os alunos aproveitarem o fim de semana.

— Rony, você me paga. – Gritou Gina correndo atrás do irmão, que a derrubou no meio das folhas.

— Mi, que tal entrarmos um pouco? – Harry correu molhando, deitando-se ao lado da morena.

— Não obrigado. – Hermione levantou o óculo escuro e encarou o namorado. - Esse sol está uma delicia.

— Você que está uma delicia com essa roupa. – Sussurrou no ouvido dela que vestia um top preto e short branco curto, passou o corpo por cima dela, prendendo-a em seus braços..

— Ai, você está gelado. – Resmungou fazendo uma careta sentiu seus pêlos arrepiarem com a aproximação da pele gelada dele. – Você não está nada mal nessa bermuda molhada.

— Você nem sabe o que eu queria fazer com você agora. – Mordiscou levemente o pescoço da namorada.

— Então me mostra. – Sussurrou no ouvido dele sentindo seu corpo reagir, as coisas estavam começando a esquentar entre eles...

FIM DO FLASH BLACK

— Hoje você tirou o dia para me perseguir Potter. – Resmungou balançando a cabeça para afastar as lembranças, ficou no parque até o sol começar a desaparecer do céu.

Assim que chegou em casa viu o filho cochilando no sofá da sala, abaixou em frente ao sofá, acariciando levemente o rosto dele, observou os traços do filho, cada dia que passa ele fica mais parecido com o pai.

— Eu te amo filho. – Sussurrou passando o dedo no contorno do rosto dele. - Nunca se esqueça disso. – Depositou um beijo na testa dele e se levantou.

— Eu também te amo mãe. – Abriu os olhos, acordou sentindo os carinhos dela minutos atrás. Sentou-se no sofá e observou a mãe que desviava o olhar do dele. - Aconteceu alguma coisa?

— Não... – Sorriu disfarçando os olhos marejados. – Apenas lembrei algo do passado, sem importância.

— Sobre meu pai? – Levantou-se e caminhou até ficar de frente a mulher.

— Não... Quer dizer, sim. – Ficou embaraçada com a situação. - Não vem ao caso, esquece esse assunto vamos preparar o jantar, estou com fome.

— Não muda de assunto mãe. – Cruzou os braços observando Hermione ficar corada. Não iria desistir agora, precisava descobrir a verdade. - Eu estive pensando muito nos últimos dias e decidi que quero conhecer meu pai.

— Como?! – Exaltou-se surpresa.

— Já está na hora, eu quero conhecer meu pai. Já faz quase 17 anos que eu espero você me...

— Isso não vai acontecer! – Falou Hermione seriamente sentindo suas mãos tremerem.

— Se você não me falar quem é... Eu vou descobrir sozinho e ir atrás dele. – Desafiou Erick.

— Eu não vou permitir!

— É meu direito. Você não tem nada com isso! – Falou irritado.

— O QUE?! – Gritou Hermione nervosa, as coisas já estavam saindo de seu controle novamente naquele dia. - Eu sou sua mãe, sei o que é melhor para você!

— Se soubesse... Não esconderia a verdade de mim! – Gritou apontando o dedo para ela. - Eu quero saber quem é meu PAI. Eu não tenho culpa se ele saiu da sua vida.

— Você não sabe o que aconteceu Erick!

— É POR CAUSA DE VOCÊ QUE EU NUNCA CONHECI MEU PAI! – Gritou nervoso. – VOCÊ O DEIXOU IR EMBO...

— NUNCA MAIS REPITA ISSO! – Levantou a mão acertando um tapa no rosto dele. – Ele foi embora porque é um covarde que não te quis, ELE NUNCA TE QUIS. – Quando percebeu o que tinha falado e percebeu as marcas avermelhadas de seus dedos no rosto do filho, arregalou os olhos tampando a boca com as mãos, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, nunca havia batido no filho. - Erick, eu...

— Não precisa falar nada. Vou sair, não precisa me esperar hoje a noite. – Falou friamente indo em direção à porta.

— Erick... – Tentou segurar o filho, mas ele se afastou rapidamente, saindo de casa. – Erick! – Desesperou-se vendo o filho correr para longe. - Me perdoa. – Sussurrou para si observando o filho sumir de vista.

Hermione abraçou os próprios braços enquanto soluços escapavam de sua garganta, apoiou-se na porta e deixou seu corpo cair, seu coração estava despedaçado, lágrimas banhavam seu rosto, nunca imaginou contar a verdade para o filho assim no meio de uma discussão, pela primeira vez na vida as coisas fugiram de seu controle, ela não sabia o que fazer.