Naquele ano a corrida seria realizada em Khamaky, uma ilha deserta do arquipélago. Quinze pilotos participariam da prova, cada um com sua equipe de apoio, sendo que seis pilotos seriam alienígenas. Todos os veículos que eles usariam eram completamente diferentes uns dos outros, tanto em projeto quanto em tipo de propulsão.

Sulu pilotaria uma pequena nave de fuselagem alongada e cockpit individual, que lembrava vagamente os aviões de caça do final do século XXI, porém com quatro asas móveis em configuração de xis, e uma turbina acoplada em cada asa. O Sr. Yoshida a chamava de X-Wing.

Naquele momento Sulu estava fazendo os ajustes finais nos motores da nave, auxiliado pelos mecânicos da equipe de Yoshida e pelo seu primo Hiroshi. Ele havia feito um vôo de teste na própria ilha no dia anterior, assim como todos os outros pilotos. Descobriu que a nave era muito simples de operar e havia se adaptado rapidamente aos controles.

Agora, enquanto calibrava as turbinas, aproveitou para observar alguns dos seus concorrentes, suas naves e equipes.

Ele observou inicialmente dois coreanos, que coincidentemente pilotariam motos aéreas com motores modificadas, muito parecidas entre si, com exceção das cores. E que pelo jeito que os dois se olhavam, eles odiavam-se mutuamente. Um chinês corpulento estava ajustando um veículo que parecia um grande charuto com asas curtas e um assento baixo e dois joysticks no final da fuselagem. Havia também outro, que parecia ser americano, com cara de poucos amigos, que todos chamavam simplesmente de BW e que tinha o maior “staff” entre os pilotos, com vários mecânicos e até um engenheiro. Ele pilotaria uma nave estreita e compacta, toda pintada de negro, diferente de tudo o que Sulu conhecia, com grandes asas largas e recortadas que a faziam parecer um grande morcego. Notou também um jovem inglês, que usava um par de óculos redondos e que pilotaria um tipo de moto aérea com um motor largo e um chassi muito estreito, com apenas dois apoios para os pés e um pequeno guidão. Olhando de longe ela se parecia mais com uma vassoura do que qualquer outra coisa.

Entre os alienígenas, havia dois órions, um nausicaano, uma andoriana e até um klingon, com suas equipes de apoio, que pilotariam pequenas naves típicas dos seus mundos, ligeiramente modificadas. Porém quem mais chamou a atenção de Sulu foi um piloto que parecia humano, mas era uma criança de dez ou doze anos e que estava sozinho, acabando de ajustar sua nave, o veículo mais estranho que o oficial da Frota já vira.

A nave do garoto era constituída por pequeno cockpit achatado e descoberto, ligado apenas por cabos a duas grandes turbinas que ficam logo à frente dele, que por sua vez estavam interligadas entre si por circuitos magnéticos. Quando em funcionamento as turbinas podiam ser controladas separadamente pelo piloto através de duas alavancas, o que possibilitava manobras muito rápidas e arriscadas. Sulu pensou sorrindo que o projeto lembrava um pouco uma biga romana (1) puxada por dois cavalos. Quando viu o menino pilotá-la nos treinamentos, ficou impressionado com a sua habilidade.

— Você conhece este garoto? – perguntou Sulu a Hiroshi.

— Sei que ele veio de um planeta no Quadrante Beta chamado Tatooine, onde ele e sua mãe são escravos de um vendedor de sucata Toydariano chamado Watto – respondeu ele – O nome dele é Anakin Skywalker.

— E é comum eles deixarem crianças participaram da corrida? – perguntou novamente Sulu, observando Anakin continuar a ajustar a sua nave.

Hiroshi ficou sério e respondeu mostrando tensão na voz.

— No caso dele, sim – disse – você está olhando para o bi-campeão da prova. Ele é seu principal adversário.

Referência do Capítulo:

(1) Uma biga é um carro de combate de duas rodas, puxado por dois cavalos e guiada por um único condutor que viajava em pé, as vezes acompanhado por um lanceiro ou arqueiro. Foi usada na antiguidade, mais especificamente durante as idades do Bronze e do Ferro. Mas elas logo se tornaram obsoletas para uso militar e passaram a ser utilizadas apenas nas corridas do Circo Romano e continuaram populares em Constantinopla até ao século VI.