Uma hora mais tarde Hikaru Sulu e seu primo Hiroshi estavam sentados no sofá da sala de estar de um apartamento luxuoso no Hotel Mercure Okinawa, em Naha, encarando o homem idoso que sorria para eles de modo complacente. Os dois guarda-costas dele estavam posicionados próximos, atentos a tudo. Eles haviam tirado o comunicador e o mini-phaser do oficial da Frota.

— Deixe eu me apresentar, senhor Sulu – disse ele – eu me chamo Daichi Yoshida e sou um dos principais promotores da corrida da qual você vai participar.

— Como eu já disse, não irei participar de corrida nenhuma – falou Sulu.

O Sr. Yoshida continuou a sorrir e olhou para um dos homens dele.

— Eu vou tomar um chá cavalheiros – disse ele – gostariam de me acompanhar?

A um sinal dele, o segurança empurrou para perto de onde eles estavam sentados um carrinho contendo um grande bule de chá e uma bandeja contendo um bom sortimento de bolos, biscoitos e geleias.

Depois de se servir de uma xícara da bebida e pegar um biscoito recheado com a ponta dos dedos, Yashida disse calmamente:

— Vou esclarecer as coisas para você, tenente. O Sr. Hiroshi, que está sentado a seu lado, deve à minha organização uma grande soma de créditos, os quais, infelizmente para ele, não conseguiria jamais pagar. Nós o trouxemos para uma conversa e procuramos, como homens civilizados que somos, achar uma solução para o nosso problema. Sinto dizer que a situação não terminaria bem para ele, mas afortunadamente, o Sr. Hiroshi nos apresentou uma saída.

Yoshida bebeu um pouco de chá e mordiscou o biscoito antes de continuar.

— Ele sabia dos meus interesses nas apostas da corrida Faiāu Ingusu e se dispôs a conseguir que um dos melhores pilotos da Frota Estelar conduzisse o meu veículo, nos dando chances reais de vitória. Eu confesso que fiquei muito animado, porque não tenho tido muita sorte na disputa nos últimos anos.

Sulu olhou triste e decepcionado para o seu primo, que mantinha os olhos abaixados, sem conseguir encará-lo.

— Enfim, minha proposta é a seguinte – continuou Yoshida – você disputa a corrida e quando vencer, as dívidas no seu primo vão estar automaticamente quitadas. Eu até deixo vocês ficarem com prêmio do vencedor, porque eu vou ganhar cem vezes mais com as apostas. Porém se você não quiser mesmo participar, as coisas vão com certeza vão se complicar muito para o Sr. Hiroshi, pois nós teríamos de retomar aquela conversa que havíamos iniciado com ele.

Hiroshi ficou mortalmente pálido e engoliu em seco, olhando assustado para Sulu.

Depois de ver a reação do seu primo e pensar um pouco, o oficial da Frota moveu o corpo no sofá para ficar mais perto de Yoshida e poder olhá-lo de frente.

— Qual a garantia que eu tenho de que você vai cumprir sua parte no trato? – perguntou ele.

— Ora tenente! – respondeu Yoshida se tivesse sido ofendido – este é um acordo de cavalheiros, que eu jamais pensaria em não respeitar.

— Existe outra questão – disse Sulu – você só conseguirá ter lucro se seu veículo ganhar a corrida. E se eu não conseguir?

O Sr. Yoshida parou no ar a xícara que estava levando à boca e a devolveu de volta ao pires, cruzando as mãos sobre o colo. Seu olhar estava sombrio.

— Neste caso senhor Sulu – disse ele, esboçando um sorriso agressivo – eu ficaria muito aborrecido. E isso não seria bom para ninguém.