Apresentação:

Hikaru Kato SULU é o Piloto da Enterprise, um dos melhores da Frota Estelar e o terceiro oficial na escala de comando da nave. Apesar de ter nascido em São Francisco, tem uma forte ligação com seus antepassados nipônicos. É grande apreciador de botânica e tem uma personalidade romântica e expansiva. Campeão interplanetário de esgrima, também é conhecedor e colecionador de armas antigas e especialista em artes marciais.

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As ruas de Naha, capital do arquipélago de Okinawa, estavam cheias de turistas que queriam aproveitar o final do verão. As Ilhas Okinawa, conhecidas como o “Havaí do Japão” devido às suas belas praias e pelo clima predominantemente quente haviam se tornado há mais de dois séculos um dos destinos de férias mais procurados daquela região do planeta.

Hikaru Sulu olhava para tudo a sua volta com saudade. Mesmo tendo nascido em São Francisco, quando era criança ele visitara Naha várias vezes com o seu bisavô, Tetsuo Inomata, a quem chamava carinhosamente de Poppy. Ele apresentara ao jovem Sulu todas as maravilhas da terra natal dos antepassados deles e incutira no bisneto o respeito e o amor pelas tradições dos seus ancestrais. Mas depois que Poppy morreu e ele entrara na Frota Estelar, não havia ainda conseguido voltar à ilha.

A U.S.S Enterprise retornara à Terra há pouco tempo, depois de cumprir a sua missão de cinco anos e portanto ele estava em licença temporária, aguardando novas ordens da Frota. Enquanto se instalava no seu apartamento em São Francisco recebeu uma mensagem do seu primo Hiroshi, dizendo que precisava falar com ele pessoalmente o mais rápido possível. Como fazia muitos anos que Sulu não visitava sua terra ancestral, ele achou que era uma boa oportunidade de rever uma parte de sua família, que a muito também não via o “parente americano”.

Eles combinaram se encontrar na Wakasa Kaigan Dori, onde fica uma das praias mais bonitas da ilha, a Naminoue Beacch.

Antes de ir ao local de encontro, Sulu havia passado em uma tradicional casa de leilões no centro histórico de Naha para buscar a pistola japonesa semi-automática Nambu tipo 14, fabricada em 1926, que ele arrematara em um leilão virtual antes de chegar à ilha e que teria um lugar de destaque na sua coleção de armas antigas. Gastara boa parte das suas economias para comprá-la, mas valia à pena.

Esperava há dez minutos, sentado em um banco na área verde da orla da praia, olhando satisfeito para o oceano pacífico, quando viu Hiroshi se aproximar de onde ele estava, acenando. Sulu levantou-se para recebê-lo.

O primo chegou perto dele e se inclinou, no típico modo de cumprimento nipônico.

— Como vai Hikaru-chan? – perguntou Hirochi.

— Feliz e com saúde, Hiroshi-chan – respondeu Sulu, inclinando-se também.

Mas em seguida estendeu a mão direita ao primo, sorrindo.

Hiroshi apertou a mão de Sulu, olhando-o sério.

— Podemos nos sentar, Hikaru? – perguntou ele, parecendo constrangido.

Sulu concordou com um aceno de cabeça, mas mesmo depois que se sentaram Hiroshi permaneceu calado e tenso, como se não soubesse o que dizer.

Intrigado, Sulu resolveu quebrar o gelo.

— Hiroshi, você disse que precisava conversar comigo com urgência. Do que se trata?

O primo olhou para ele e depois de uma ligeira hesitação, perguntou:

— Hikaru, você já ouviu falar das Faiāu Ingusu?

Sulu estranhou a pergunta, mas respondeu.

— Uma vez apenas, há muito tempo. Mas pelo que me lembro eram corridas clandestinas conhecidas como Asas de Fogo, organizadas por grandes apostadores, tanto no Japão quanto na Coréia, disputadas veículos aéreos com motores modificados, quer fossem naves ou motos e que pagavam prêmios milionários aos ganhadores. Mas eram também altamente inseguras e acidentes graves ou fatais aconteciam sempre. Por isso estão proibidas há quase quarenta anos – Sulu olhou para Hiroshi e viu que ele estava bastante nervoso – Mas porque você está perguntando sobre isso?

Ele estreitou os olhos e suspirou profundamente.

— Hikaru – perguntou Hiroshi por sua vez - o que você diria se eu dissesse que eu estou pensando em participar de uma corrida Faiāu Ingusu.

Sulu olhou preocupado para o seu primo.

— Eu diria que é uma péssima idéia – respondeu ele – estas corridas não seguem nenhuma regra, nem esportiva, nem técnica, além de serem ilegais, como eu já disse. E você nunca teve habilidade nem treinamento como piloto.

Hiroshi desviou os olhos de Sulu e passou as mãos pelos cabelos. Depois deu uma risada amarga e disse:

— É por isso que eu gostaria da sua ajuda. Preciso que você pilote para mim.

Por alguns instantes, Sulu achou que Hiroshi estava brincando, mas vendo a expressão do seu rosto, concluiu assustado que ele falava sério.

Profundamente irritado, o oficial da Frota Estelar se levantou, mal olhando para seu primo.

— Pois então não vou poder ajudá-lo, porque eu jamais participaria de uma corrida como essa – disse Sulu – e aconselho seriamente que você também desista desta idéia absurda.

Antes que Hiroshi respondesse, uma voz falou à costas de Sulu:

— É uma pena que pense assim, tenente.

Ao se virar, Sulu se deparou com três homens olhando-os friamente. O que estava mais à frente era idoso, vestia um casaco comprido e trazia as mãos colocadas nos bolsos. Os outros eram jovens, fortes e exibiam discretamente pistolas de plasma.

— Infelizmente não participar da corrida não é mais uma opção, nem para seu primo, nem para você.