Depois de soltar o phaser e levantar as mãos, Leonard McCoy virou-se lentamente. À luz difusa que vinha do lampião no chão, ele viu um outro nausicaano, parado a alguns metros dele, apontando um disruptor. Ele era jovem, grande e forte, com mais de dois metros de altura e o olhava de modo agressivo.

— Saia de perto dele – ordenou o nausicaano.

O médico se afastou alguns passos do ferido, tentando manter a calma.

— Ele está muito ferido – disse McCoy – se não receber cuidados urgentes, com certeza vai morrer.

— E como você sabe disso, humano? – perguntou o nausicaano, mostrando as presas.

— Por que, acredite ou não, eu sou médico – respondeu o doutor.

O sujeito olhou para McCoy desconfiado. Recolheu a arma que ele havia deixado no chão e olhou também para seu companheiro caído. Depois de pensar por alguns instantes, tornou a falar.

— Muito bem – disse – veja o que pode fazer por ele.

— Eu preciso do meu kit médico que está no acampamento – disse McCoy – eu vou buscá-lo e...

O nausicaano pareceu ficar irritado e caminhou alguns passos em direção ao doutor.

— Você acha que eu sou um tolo, humano – perguntou ele – para deixá-lo sair daqui sozinho e se comunicar com alguém para nos entregar?

— Mas sem os equipamentos médicos eu não poderei fazer nada – respondeu o McCoy.

— Nós iremos buscá-los juntos então – respondeu o grandalhão – vá à frente e lembre-se que tenho uma arma apontada para você.

“Como se eu pudesse esquecer”, pensou o médico enquanto caminhava devagar em direção ao seu acampamento.

Assim que eles entraram na clareira onde estava instalado o acampamento, o nausicaano sentiu o cheiro da comida que o doutor estava preparando e olhou por alguns instantes em direção à panela, que estava sobre a mesa. Mas logo voltou a vigiar McCoy atentamente, ficando bem próximo a ele. O doutor pegou seu estojo médico e um cobertor térmico. Quando se preparava para voltar para onde estava o ferido, o sujeito perguntou, indicando o caldeirão:

— O que você estava cozinhando, humano?

— Meu jantar – respondeu o médico.

O nausicaano, sem deixar de vigiar McCoy, foi até a panela, levantou a tampa e cheirou. Neste momento seu estômago emitiu um ronco alto e ele passou a mão pela sua boca, demonstrando que estava faminto.

— Vamos levar a comida também – disse ele.

— À vontade – disse o médico, azedo – faça de conta que a casa é sua.

O grandalhão olhou para a comida, desconfiado.

— Como vou saber se isto não está envenenado? – perguntou.

McCoy o encarou, surpreso com a pergunta. Depois sorriu ironicamente, dizendo:

— Puxa como você é esperto! Descobriu que eu sempre coloco veneno no meu jantar antes de comer!

O nausicaano olhou para ele irritado.

— Não venha com gracinhas, humano! – vociferou ele.

— Pergunta imbecil, resposta idiota... – murmurou McCoy, mais para si mesmo. E levantando o estojo médico que estava na sua mão, perguntou – Podemos ir?

O nausicaano apontou-lhe novamente sua arma.

— Antes, me dê o seu comunicador – disse – com cuidado.

A contragosto, o médico tirou o aparelho do bolso e o entregou.

O gigante jogou-o no chão e pisou com força nele, destruindo-o completamente.

— Agora podemos ir – disse ele, empurrando McCoy de volta pela trilha.