Arquivos da Frota Estelar 3 - Dr. McCoy
Um Paciente Inesperado
Depois de soltar o phaser e levantar as mãos, Leonard McCoy virou-se lentamente. À luz difusa que vinha do lampião no chão, ele viu um outro nausicaano, parado a alguns metros dele, apontando um disruptor. Ele era jovem, grande e forte, com mais de dois metros de altura e o olhava de modo agressivo.
— Saia de perto dele – ordenou o nausicaano.
O médico se afastou alguns passos do ferido, tentando manter a calma.
— Ele está muito ferido – disse McCoy – se não receber cuidados urgentes, com certeza vai morrer.
— E como você sabe disso, humano? – perguntou o nausicaano, mostrando as presas.
— Por que, acredite ou não, eu sou médico – respondeu o doutor.
O sujeito olhou para McCoy desconfiado. Recolheu a arma que ele havia deixado no chão e olhou também para seu companheiro caído. Depois de pensar por alguns instantes, tornou a falar.
— Muito bem – disse – veja o que pode fazer por ele.
— Eu preciso do meu kit médico que está no acampamento – disse McCoy – eu vou buscá-lo e...
O nausicaano pareceu ficar irritado e caminhou alguns passos em direção ao doutor.
— Você acha que eu sou um tolo, humano – perguntou ele – para deixá-lo sair daqui sozinho e se comunicar com alguém para nos entregar?
— Mas sem os equipamentos médicos eu não poderei fazer nada – respondeu o McCoy.
— Nós iremos buscá-los juntos então – respondeu o grandalhão – vá à frente e lembre-se que tenho uma arma apontada para você.
“Como se eu pudesse esquecer”, pensou o médico enquanto caminhava devagar em direção ao seu acampamento.
Assim que eles entraram na clareira onde estava instalado o acampamento, o nausicaano sentiu o cheiro da comida que o doutor estava preparando e olhou por alguns instantes em direção à panela, que estava sobre a mesa. Mas logo voltou a vigiar McCoy atentamente, ficando bem próximo a ele. O doutor pegou seu estojo médico e um cobertor térmico. Quando se preparava para voltar para onde estava o ferido, o sujeito perguntou, indicando o caldeirão:
— O que você estava cozinhando, humano?
— Meu jantar – respondeu o médico.
O nausicaano, sem deixar de vigiar McCoy, foi até a panela, levantou a tampa e cheirou. Neste momento seu estômago emitiu um ronco alto e ele passou a mão pela sua boca, demonstrando que estava faminto.
— Vamos levar a comida também – disse ele.
— À vontade – disse o médico, azedo – faça de conta que a casa é sua.
O grandalhão olhou para a comida, desconfiado.
— Como vou saber se isto não está envenenado? – perguntou.
McCoy o encarou, surpreso com a pergunta. Depois sorriu ironicamente, dizendo:
— Puxa como você é esperto! Descobriu que eu sempre coloco veneno no meu jantar antes de comer!
O nausicaano olhou para ele irritado.
— Não venha com gracinhas, humano! – vociferou ele.
— Pergunta imbecil, resposta idiota... – murmurou McCoy, mais para si mesmo. E levantando o estojo médico que estava na sua mão, perguntou – Podemos ir?
O nausicaano apontou-lhe novamente sua arma.
— Antes, me dê o seu comunicador – disse – com cuidado.
A contragosto, o médico tirou o aparelho do bolso e o entregou.
O gigante jogou-o no chão e pisou com força nele, destruindo-o completamente.
— Agora podemos ir – disse ele, empurrando McCoy de volta pela trilha.
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