Já no dia seguinte, Nowa chamava seu pai do berço, mas não foi ele quem apareceu, e sim seu Angel Neffer. Você, leitor saberá agora: Angel é o nome dos guerreiros que protegem Lunna Nowa mais que tudo. Continuando a história…

— Pequena Dama, infelizmente seu pai não se encontra no castelo, e sim, em Yesshra.

— Onde é isso?

— Onde seu tio Saga mora.

No momento seguinte pediu que chamasse seu irmão, mas o guerreiro também disse que ele não estava presente. Ao pedir, no momento seguinte, por Fogo Negro e Audaz, o Angel o fez imediatamente. Quando Neffer saiu do quarto, Aiacos surge e lhe questiona o porquê tinha pedido pra chamar os dois.

— Azinho, é feio ouvir a conversa dos outros. Mas não tem problema, quero ir até a casa do tio Saga.

— Fazer o quê lá? Dizem que não tem nada lá.

— Se papa vai tanto pra lá, deve ter alguma coisa, e eu quero saber o que é.

— Se você diz…

Assim, Neffer voltou com Fogo Negro e Audaz.

— Mas Nzinha, por que você não pediu pelo Fogo Branco? Gosto mais dele!

— Porque eu quero ele e pronto! - disse ela ao irmão – E obrigado, Neffer. Você já pode se retirar.

Assim que o guerreiro deixou o quarto dos dois, Nowa disparou para o tigre e o lobo…

— É o seguinte, eu quero ir para a cidade do tio Saga!

— O QUÊ? - objetaram os dois em voz alta.

— Isso aí, ela quer ir pra lá, e vocês vão nos ajudar.

Antes que objetassem novamente, os dois olharam nos olhos de Nowa, e obedeceram sem dizer mais nada.

Enquanto isso, na Confederação, a discussão continuava do outro dia mesmo. Hades, Ashitaroth, Kazuia, Saga e Darien trocaram muitas farpas direto, porém os alarmes da empresa começaram a tocar, detectando intrusos. No momento seguinte, um portal era aberto e apareceram Lunna Nowa montada em Fogo Negro e Aiacos em Audaz. Após muitas perguntas do porquê estariam ali, a pequena contou.

— Bem, papa, viemos ver a cidade do tio Saga! Só que quando abri o portal, saímos em uma rua movimentada…

— Pode deixar que eu continuo, Nzinha. Saímos em uma rua movimentada, encontramos o tio Minamino com o Kuramma e uma garota rosa. Foi ele quem nos trouxe aqui.

— Audaz, Fogo Negro, estou extremamente decepcionado com vocês. Estas crianças poderiam ter morrido e ao invés de deixá-las em Eddon, não, as trouxeram para Yesshra! O que eu faço com vocês?

— Mas senhor Kazuia, se não os trouxéssemos, ela disse que ia me explodir, e eu ainda não quero virar lobo picado.

Mesmo com aquela justificativa (que era até bastante plausível), Nowa e Aiacos se aproximaram de seu tio.

— Tio Saga, o senhor é o dono de Yesshra, não? - começou o pequeno Youko.

— Mais ou menos, sou só o presidente daqui. - e nisso ele olha feio para o irmão Hades.

— Então por que todos dizem que a cidade é sua, tio? - perguntou em seguida Aiacos.

— Ah, pequeno Aiacos, isso é bem fácil de explicar. - ao invés de ser respondido pelo Saga, foi respondido pelo Hades, que tinha toda a calma do mundo. Estranhando isso, Aiacos olhou para sua irmã e esta foi até ele.

— O que há pra ver, tio Hades? - pergunta a pequena.

— Tá vendo aquelas duas grandes montanhas? Elas são as maiores por toda Yesshra. Aquela que tem o reflexo azul é chamada de Saga e a outra com reflexo arroxeado é Ashitaroth! - explicou o youko negro.

— Quer dizer que é chamada a cidade de Saga não pelo tio Saga, mas sim pela montanha?

Enquanto Hades explicava a geografia local para os dois pequenos, Ashitaroth agora conversava com Saga, deixando a discussão de lado. O que ele queria era colocar os dois pequenos para estudar naquela cidade, na EME (Escola Monárquica de Eddon), e depois na UME (Universidade Monárquica de Eddon). Enquanto o youko azul claro refutava por causa da idade dos dois, e com isso eles esperariam 50 anos para isso.

Caros leitores, o tempo não passa para os youkos igual aos humanos. 50 anos para eles é o equivalente a 7 anos para nós. Veja, eles são considerados adultos aos 3000 anos, o que significa para nós por volta dos 21 anos do corpo humano… Eles são extremamente longevos.

Após esse momento Discovery Channel, voltamos à história de Nowa, cinquenta anos depois daquele fadado momento (afinal de contas, Ashitaroth mataria este escriba se contasse toda a história que aconteceu nestes cinquenta anos em que ele teve muita, muita dificuldade), Nowa e Aiacos estavam prontos para irem à escola. Estava tudo de acordo com as vontades dos dois.

— Sabe tudo o que você tem que fazer, não é mesmo, Kazuia? - perguntava Ashitaroth repassando as últimas instruções antes de mandar os filhos à escola em Yesshra.

—Sim, papa. Tenho que cuidar de Nowa e Aiacos, além de Solaris, claro. E além disso, tenho que esperar mais instruções vindas de você. - o youko vermelho-escuro dizia aquilo de forma mecânica, porque já estava aborrecido com seu pai repetir a mesma coisa milhares e milhares de vezes.

— O apartamento de vocês fica na 5ª avenida, perto do palácio de Yesshra. Acho que se chama Torre de Babel, este prédio é meu há algum tempo. Mas, como precaução, você vai legar Audaz e Fogo Negro.

— Mas pra quê? - perguntou Kazuia, irritado.

— Yesshra nunca foi um lugar assim tão confiável a ponto de eu deixar meus filhos lá sem proteção.

— Bela proteção. Esses dois só comem e dormem – sussurrou Kazuia.

— O que disse, filho?

— Nada, papa, nada. - Kazuia tinha a voz mortiça. Além de estudar, ele teria que cuidar dos irmãos, e não era tudo isso cuidar deles em meio da escola, ainda mais com sua “reputação” à zelar. Com isso, pegou os dois pequenos pelas mãos e passou com os animais pelo portal, em direção à Yesshra, imediatamente no apartamento citado pelo rei de Eddon.

Já no apartamento, Kazuia apresenta a eles o novo lar, e Nowa, já de jeito melindrado, dispara, sem tirar as luvas…

— Kazuia! É nesse cubículo que vamos morar pelos próximos anos?

— Sim senhorita. - e já acostumado com o jeito dos dois, os puxa para dentro do apartamento.

— Papa Kazuia, por que temos que estudar em Yesshra?

— Porque seu avô quer uma boa educação pra vocês.

— Tá bom, mas por que Audaz e Fogo Negro vieram também?

— Pra te carregar na boca! - respondeu Aiacos de brincadeira.

— Cala a boca, Aiacos! Quem faz isso é o Fogo Branco! - respondeu o pequeno youko vermelho.

— Vem fazer! - desafiou o jovem youko lilás.

— Ah é? MOON CHROMATIC BEAM!

Quando o poder máximo de Solaris foi disparado em direção de Aiacos, Nowa entrou na frente e o pegou facilmente.

— Parem os dois com isso já!

— Sim, nossa Alteza!

— Nowa, o poder! - Kazuia estava desesperado com o fato daquele poder atingir algum lugar por ali. A youko brincava com aquele poder todo como se fosse uma bolinha de praia. Kazuia bronqueou - Nowa, aqui não é o Pandemônio, pare já com isso!

— Tá bom - e o poder de Solaris foi dispersado facilmente, fazendo com que o mais velho suspirasse mais aliviado.

Depois desse episódio de perigo, as amenidades voltaram a ser discutidas, como o tamanho do apartamento. Ao ir para seu quarto, Nowa viu que era uma réplica, em menor escala, de seu próprio quarto no Palácio de Eddon. Quando questionou a Kazuia o que iriam comer, viu que seus irmãos Kuramma e Riei também estavam ali.

Depois de perguntas básicas como "o que fazem aqui" e descobrir que tudo era uma estratégia de Ashitaroth para manter a ela e ao irmão em segurança, do qual ela não comentou absolutamente nada, todos saíram para jantar.

No dia seguinte era o primeiro dia de aula dos mais novos, e Kazuia já preparava o café da manhã de todos, conforme seus gostos. Enquanto preparava tudo conjecturava o quão rápido o tempo passava, o quão rápido todos os jovens ali haviam crescido.

Enquanto ele preparava, os garotos chegaram na cozinha, na pedindo por seu café, mas Nowa não estava entre eles, E Kazuia percebeu isso de primeira.

— Nowa está onde?

— Sua alteza ainda dorme, Kazuia.

— Vocês têm que parar de chamá-la assim, ou todos vamos ter problemas!

— Eu sei, mas vamos chamá-la como? - os garotos pareciam confusos.

— Que tal pelo nome? - Kazuia já praticava um pouquinho de sarcasmo logo cedo.

Logo Nowa apareceu na soleira da porta, totalmente pronta e reclamando de sua roupa, por ser de cor clara e ela queria algo mais parecido com a de Kazuia, que era escura. O mais velho explicou que ainda demoraria para ela poder usar tal cor de roupa.

Enquanto amenidades eram discutidas no apartamento entre eles, na Confederação, os mais velhos discutiam os rumos dos acontecimentos do país... Ou talvez não.

Ashitaroth reclamava de seus filhos estarem longe de casa, e assim a conversa se desenrolava.

— Olhe aqui Hades, obviamente não sou a favor de colocar meus filhos em perigo, mesmo que eu saiba que eles são capazes de ser defender muito bem.

— Já tô cansado de saber a sua opinião, querido irmão, e eu não me importo com ela. Se Saga diz ter um plano, por que não deixá-lo explicar? E que negócio é esse de eles saberem se defender? Eles precisam ser defendidos?

— Então fale logo, coisa azul! - disse Ashitaroth se dirigindo a Saga.

— Em primeiro lugar, não gosto de ser chamado assim, e em segundo o plano é deixar as crianças serem plenamente Yesshrianas, o que fortalecerá os vínculos entre eles e assim eles poderão formar a Tríade.

— Isso é completamente desnecessário, você sabe, Saga.

— Cale essa sua boca, Darien, ninguém te chamou na conversa. - Saga não havia gostado daquela pronta resposta a seu argumento, que ele pensava ser mesmo o melhor.

— Eu concordo com Darien. Acho que é um tanto absurdo tirá-los de Eddon, e pior: alguém já consultou Kazuia, já que seria ele a cuidar de todos? - Poseidon questionava calmamente.

— Óbvio que já. Mas você sabe que Nowa não concorda pelo simples fato de Kazuia ser casado e ter filhos. - Saga respondeu na mesma moeda, mas já irritado por ser sabatinado.

— Mas já? Prova de que é mesmo meu filho, herdou meu charme! - Gabava-se Hades.

Todos ignoraram a piadola do youko negro quando Mino pediu a palavra.

— Acho que se nós dermos ao trabalho dos pequenos e da Pequena Dama, seria no mínimo imprudente. Desculpe, Ashitaroth, a menina é uma versão melhorada de você, porque nas últimas duas semanas, pelo que eu pude acompanhar, todas as ações dela são friamente calculadas. Não acho que ela cairia nessa de "é para o seu bem".

— Outra vez isso não me importa. Guarde seus comentários pra você!

— É cadê a sua educação, Hades? Precisa ser tão grosso com o garoto?

— Novamente cale essa sua boca, Darien, que você ainda não foi chamado na conversa!

— Calem a boca os dois! Se não se entendem, vão procurar outro lugar pra resolverem suas diferenças! - Ashitaroth já estava extremamente aborrecido a esta altura.

A discussão iria longe. Voltando aos mais novos, Kazuia apresentava os pequenos ao diretor da escola. Pouco antes de uma breve apresentação, ele os deixou com o adulto e foi para sua sala, para ter sua aula.

Questionado pelo professor do porquê do atraso, ele acabou falando demais, deixando uma reação abobada no ar por parte dos demais com o simples fato de o filho dele entrar no primeiro ano do fundamental. Ao sentar em seu lugar, Kamia, seu irmão, ao seu lado, dispara com a voz baixa…

— Muito bem, querido irmãozinho. Você fez o que não deveria. Só faltou você dizer que é príncipe do Reino Negro.

— Cala a boca, Kamia.

Ao terminar o assunto com o irmão, Kazuia voltou sua atenção à sua aula, que já era o bastante para aquele dia, que estava longe de acabar. Porém, alguns minutos depois de ter falado com o irmão, uma leve batida na porta é sentida e o professor pergunta a alguém sobre quem ela queria ver. Logo foi possível ouvir a voz de Nowa, informando que queria falar com seu irmão, Kazuia. Nowa entra na sala, com todos a observando. Após amenidades, ela entrega uma encomenda enviada por Ashitaroth e foi embora em seguida, prestando uma reverência ao professor.

Mesmo de longe, na Confederação, Ashi observava as ações da filha na EME. De repente, Darien entra pela porta esbravejando alguma coisa sobre Hades que não foi possível compreender. Ashi não prestava a devida atenção ao irmão, mesmo quando este lhe chamou a atenção por uma vez.

— Tá me ouvindo, Ashi? - gritou Darien no momento seguinte.

— Não queria, mas estou. Fala.

— Hades quer uma guerra, ele quer rebaixar Nowa, e depois fazê-la se virar contra Saga, criando uma revolução. Esta menina é muito parecida contigo, ela não se aliaria a alguém tão fácil assim. Tenho cá minhas dúvidas se ela não o explodiria.

— Tenha calma, Darien! Tô te ouvindo, mas preciso que o meu cérebro processe a sua informação!

— Tem certeza que você o usa?

— O QUÊ?

— Nada não.

— Está bem, direi com calma. O plano de Hades é fazer Nowa se virar contra Saga e criar uma guerra.

— Desse plano eu já sabia, por isso eu mandei Kazuia trazer Nowa para Yesshra.

— Você sabia e não fez nada? - perguntou Darien com um tom de voz um pouco esganiçado.

— Simples, eu não vi a necessidade.

Enquanto Darien tentava convencer Ashitaroth a tirar Nowa e os demais de Yesshra, Saga tinha problemas mais urgentes para tratar em sua casa. Se o Rei de Eddon havia tirado sua cria da cidade, era hora de agir. Com um sorriso cínico no rosto, pensava freneticamente que “é lógico que eu comece a executar meu plano imediatamente”. Enquanto pegava um casaco e indo em direção à EME, repassava seu plano mentalmente…

“Meu plano é fácil, é rápido, mentirei para a Pequena Dama sobre seu passado, pois acredito que Ashi nunca tenha contado a ela sobre isso, principalmente sobre aqueles dois que ainda estão no sono criogênico. Vou fazer ela se virar contra o próprio pai, vou gerar uma guerra e tendo uma, serei aliado dela e terei a minha vingança”.

Voltando à Confederação, Ashi e Darien continuavam sua discussão.

— Se você não via nenhuma necessidade, porque me deixou aqui, com o estômago saindo pela boca?

— Você não sabe o quão feliz eu fico quando você fica desse jeito. - disse Ashi com sarcasmo imenso na voz.

Darien conhecia Ashitaroth havia tanto tempo e sabia que mesmo falando que estava feliz ele nunca estaria, porque sabia que Saga temia que contasse algo sobre os Cinco Grandes, ou ainda também sobre as Crianças Adormecidas, os irmãos de Nowa.

— Sério, Darien, não se preocupe, não ligo para que o Hades tenha a dizer, é algo que realmente não me importa.

— Ok, se você diz…

Já na EME, Saga se pergunta onde estaria Nowa, e já é interpelado por ela, sem que ele a reconheça. Trocaram algumas farpas, e como Saga não tinha qualquer paciência com crianças ou qualquer um que resolvesse lhe afrontar... "Que dá insolente, se eu não soubesse que é impossível Ashitaroth voltar a ser criança, eu diria que era ele. Mas espere um momento... Essa arrogância, com a minha lógica... É Nowa". Quando ele se virou, deparou-se com sua sobrinha sorrindo para si.

— Olá, tio Saga!

— Você realmente tem uma memória formidável, pequena! - disse o youko azul claro ao abaixar para ficar na mesma altura dela.

— O que o senhor faz aqui, tio Saga? Veio me levar pra casa?

"É a minha chance!", pensou Saga consigo mesmo.

— Sim, seu pai pediu pra eu vir te buscar.

— Que bom! - Nowa, de tão feliz saltitou e rodopiou no ar. Embora um pouco apreensivo em face de seu plano dar certo, Saga foi levando a pequena do colégio, porém o que ele não contava era que Kazuia, do alto do prédio da UME, observava tudo.

— Por que Saga está tirando Nowa do colégio? - enquanto dizia isso, Kazuia saltou até uma árvore próxima, mesmo que em Yesshra isso fosse proibido. "Tenho que chegar até Nowa".

Seguindo por um caminho mais curto até a Confederação, Kazuia corria o mais rápido possível, precisava avisar seu pai sobre o rapto de sua irmã, e assim ele permaneceu correndo até chegar à sala de Ashitaroth, dentro do prédio.

— Pai! - gritou Kazuia a plenos pulmões assim que recobrou o fôlego.

— Tenha calma senhor Kazuia, o senhor seu pai está em uma reunião. - disse um dos assessores de Ashitaroth.

— Pro inferno essa reunião dele! O que eu tenho a falar com ele é mais importante!

E com esse discurso, Kazuia invade a sala de reuniões do pai.

— O que tá acontecendo aqui, mandei ninguém me incomodar... Kazuia? O que você faz aqui? Cadê Nowa?

— Primeiro lugar, eu estou bem, obrigado. Segundo, Saga levou Nowa.

— O QUÊ? - quase berrou Darien ao ouvir a notícia.

— Isso mesmo, mestre Darien. Nowa foi levada por Saga, e os dois desapareceram depois disso!

— Eu deixei ordens estritas de que ela só poderia sair do colégio contigo ou comigo! - disse um preocupado Ashitaroth.

— Ela não foi tirada pela porta de entrada, Saga abriu um portal e levou ela assim!

— Que merda! Agora rastrear aqueles dois vai ser quase impossível! - disse o rei de Eddon, batendo com tanta força na mesa que a dividiu no meio.

Enquanto isso, no lugar conhecido como Cocytos, um lugar deprimente e frio, Nowa interpelava seu tio pelo motivo de ele tê-la levado até ali.

— Quero lhe contar algumas coisas sobre o seu passado, e você precisava ver, senão eu sei que você não acreditaria.

— Mas que passado eu teria, se eu sou criança?

— Tenha calma. Vou te mostrar tudo.

Várias estalactites no chão decoravam o caminho até começarem a ver esculturas de gelo, e assim chegaram a um palácio. Ele não era tão suntuoso assim, só se confundia com a paisagem.

— Tio Saga, que lugar é esse?

— Aqui é o Cocytos, é para onde são enviados todos os youkos ou youkais mortos em batalha, e normalmente há um guardião aqui...

Mal Saga falou e o guardião apareceu em meio a uma luz bastante brilhante, ostentando um báculo que parecia muito com uma grande chave.

— Quem sois vós? - pergunta o ser à frente da dupla.

— Revela teu nome que revelaremos os nossos.

“Este não é o antigo guardião, quem é esse que eu nunca vi?”, pensou Saga consigo mesmo.

— Sou Fate, guardião da linha do tempo e do Cocytos, e você, pequena, deve ser... - por um momento o guardião estacou ao sentir a energia de Nowa. “Eu não acredito, ela não pode ser uma Youko… Céus! Ela é uma Youko e pelo jeito, pelo cheiro… Ela é uma Kitsune?” pensava a todo momento Fate. Então, após pigarrear um pouco… - você é filha de Ashitaroth!

— Isso mesmo, sou Lunna Nowa!

Saga assistia a tudo calado, ainda tinha dúvidas sobre seu plano ser bem sucedido. “Meu plano tem que funcionar… Nowa tem de ser minha aliada!”, pensava o youko azul claro a todo momento.

— E quem é este contigo, Pequena Dama?

— Este é meu tio Saga, irmão do meu pai! - respondeu a pequena alegremente.

— Saga, irmão mais velho de Ashitaroth. Compreendo. Venha Pequena Dama, este lugar ainda não é para você. Vamos, lhe levarei de volta à casa, onde seu irmão lhe espera. - Fate olhava para Saga com um olhar de reprovação – E com o senhor falarei mais tarde, quando ela estiver em casa.

Fate abre um portal, acompanhando Nowa em direção ao apartamento em Yesshra, deixando Saga sozinho e com muita raiva de ter deixado aquilo acontecer. “É provável que eu não tenha mais uma oportunidade como essa”, pensava o youko azul. E ele reagia a modo de quebrar muitas estalactites ao redor ao bater o pé no chão. O guardião deixava Nowa em casa enquanto isso.

Kazuia estava deitado em sua cama, maldizendo sua falha, terrivelmente preocupado com a pequena quando escuta um barulho na sala, e pensando ser Kuramma ou Riei fazendo alguma coisa, vê um homem segurando Nowa em seus braços.

— É, acho que ela cansou com as duas viagens.

— Quem é você? De onde você trouxe Nowa? Você a machucou? - Kazuia estava nervoso ao ver sua pequena aparentemente desmaiada no colo daquele desconhecido.

— Calma, uma resposta por vez. Meu nome é Fate, sou guardião do Tempo e de Cocytos. Se acalme, não precisa jogar estas bolas de energia em mim. Trouxe ela do Cocytos, onde ela foi levada por Saga e não, não a machuquei. Ela só está cansada e está apenas dormindo. E você também deveria ir dormir, está um caco.

Fate entrega Nowa nos braços de Kazuia e some pelo mesmo portal que veio.

— Ah… Obrigado! - disse Kazuia, apatetado com toda aquela informação que recebeu, suas bolas de energia haviam sido dissipadas pela falta de atenção a elas.

Dentro do portal, a caminho da Linha do Tempo, Fate se perguntava se aquele era o filho de Ashitaroth, e ele passava por uma sensação de dèja vú. Depois que se lembrou, lembrou-se de Ennkil, um dos Cinco Grandes… Mas seria sério que Kazuia poderia ser um deles? Não havia como saber sem perguntar para Ashitaroth.

Enquanto isso, em Eddon, Ashitaroth andava de um lado para outro preocupado e sem notícias de Kazuia. “Não é que ele seja incapaz… Mas meus irmãos são muito para ele, eu deveria ter dado a responsabilidade para alguém mais velho”, pensava o monarca quando Solaris entra na sala do trono de maneira afobada.

— Sohar? O que foi? Notícias de Nowa?

— Sim, vovô! Nowa foi entregue ao Kazu por um homem chamado Fate, ele se diz Guardião do Tempo e do Cocytos. Ela tá bem, mas tá cansada, pelo menos foi o que o papa Kazuia pediu pra eu te avisar!

— Obrigado, Sohar, fiquei mais aliviado. - e realmente Ashitaroth respirou fundo quando recebeu aquela notícia.

— Está bem, vovô, mas o senhor… - Solaris começa e se interrompe, como se estivesse com medo de dizer algo que fosse ofensivo.

— Fale, menino. O que foi?

— Sabe… Ah… Nada, não.

— Solaris, eu sei que quando você começa com esse “nada não” é porque você quer me dizer algo, não é?

— Sabe, vovô Ashi, se o senhor estava tão preocupado com a Nowa, por que o senhor não foi atrás do tio Saga, porque não é à toa que o senhor tem esse computador grande aí atrás onde mostra um pontinho azul intitulado Saga, se você sabia onde ele estava, por que não foi atrás? - Ashitaroth ficou surpreso com o poder de observação do neto. Mas, respirando fundo, respondeu…

— Difícil te explicar, Solaris. Digamos que eu não podia, apenas isso.

— Se o senhor diz, eu acredito, agora eu tenho que ir.

Deixando Ashitaroth com seus pensamentos, Solaris se põe a caminho de Yesshra, com seus próprios. “Se vovô Ashi diz que não podia ir atrás de Nowa e papa também não, então cabe a mim a proteção dela. Vou ver amanhã se me transferem para a sala dela pra ficar por perto”. Chegando em casa…

— Cheguei!!

— Que bom que você chegou! - disse Nowa com cara de sono e de camisola.

— O que você tá fazendo acordada tão tarde, Nowa?

— Te esperando, precisamos conversar!

— Já estou por aqui, amanhã a gente conversa, tá?

— Ah, Sohar, eu não sou assim tão criança! Temos praticamente a mesma idade, então para de querer mandar em mim, entendeu, seu chato? - finalizou Nowa mostrando a língua.

— Sua mal-educada, tem sorte por ser filha do vovô, porque senão eu ia te dar uma surra, além do que eu não bato em menina, e você é uma youko!!

— E o que tem eu ser youko?

— Nada, é que você é menina, e eu não bato em meninas, é covardia!

— E se eu bater em você? - perguntou Nowa ao estalar as juntas dos dedos ameaçadoramente.

— Aí sim vai ser covardia! - disse Kuramma de maneira divertida.

Não se mete, Kuramma!— berrou Solaris que já estava irritado. Kazuia chegou naquele momento atulhado de sacolas de supermercado, passando pelos dois e indo falar com Nowa.

— Como está se sentindo, hein, meu amor?

AMOR????— gritaram Kuramma e Solaris, junto com Aiacos e Riei que tinham acabado de chegar.

— E o que tem de errado chamar ela assim?

— Mas papa, você é casado!! Se você passar a chama-la assim, Lúmen vai ficar muito brava!

O estrago já estava feito. Kazuia olhava para o filho com uma feição bastante irritada, e Nowa olhava para o irmão com uma feição triste.

— Ora, cala a boca, Solaris! Você é muito linguarudo.

— Você é casado, Kazu?

— Sim, mas podemos conversar sobre mais tarde?

— Está bem, Kazu. – Nowa se virou no momento seguinte e desapareceu em pleno ar.

— Onde ela foi? – perguntou Kuramma estupefato.

— Pra Eddon, e eu vou ter problemas em breve! Quer ver só? 3, 2, 1...

Tão logo o youko vermelho termina de contar, um mensageiro de Ashitaroth aparece na porta do apartamento onde eles estavam.

— Senhor Kazuia, o senhor seu pai lhe chama!

Kazuia virou-se para os demais...

— O que eu falei? – e em seguida acompanhou o mensageiro até Eddon. Enquanto se encaminhava para lá, pensava consigo mesmo... “Estou encrencado. Se Nowa apareceu lá com a carinha triste que ela saiu daqui, papa vai falar bastante e eu não estou a fim de ouvir”.

Enquanto isso, em Eddon, Ashitaroth se espantava com o fato de Nowa conseguir se transportar daquele jeito.

— Parece triste. O que aconteceu? Kazuia lhe fez algo?

— Não exatamente, papa. Não quero que o chame aqui!

— Tarde demais. Ele já está a caminho. Mas o que houve pra você ficar tão triste assim?

— Kazuia é casado, não é mesmo? Então por que o senhor o colocou longe da família dele para cuidar de mim?

— Foi ele quem quis assim, não eu! Assim que você nasceu, ele veio pra cá e se pôs à minha disposição. Sei que ele é casado e que sua mulher se chama Lúmen. Ela está grávida, acho que de gêmeos.

— E o senhor ainda pergunta, papa? Você o colocou longe da família, isso é errado! O senhor está sendo maldoso com o Kazu! E se não tirar ele de Yesshra agora mesmo, eu mesma vou fazer isso!

Ashitaroth tentou replicar com a informação de que não tinha sido a vontade dele enquanto rei, e enquanto isso, Kazuia chegava a Eddon. Enquanto corria em direção aos aposentos de Ashitaroth, pensava...

“Nowa, por que você não entende que eu quero sempre estar ao seu lado, por isso desisti da minha família por você?”

Eles teriam que conversar. E depressa. Enquanto isso, a conversa acalorada entre os dois seguia.

— Mas Nowa, eu não posso tirá-lo de Yesshra!

— E por que não? Não tem escolas em Faren?

— Até tem, mas não é esse o ponto!

— Então qual é o maldito ponto, papa? Sou eu? O problema sou eu?

— Acalme-se, Nowa. Não é nada disso!

À medida em que a pequena ia ficando irritada com todo aquele cenário que ocorria, seus olhos saíam do arroxeado para o dourado, e seus cabelos iam perdendo a cor, tornando-se brancos. Neste exato momento Kazuia chega aos aposentos de Ashitaroth, onde Nowa pede a ele por privacidade. O pai dos dois dá esse direito, saindo do lugar e deixando os dois a sós.

— Olhe, Nowa, eu até posso ser casado, mas ela é uma youkai e eu um youko. Além do mais, eu não gosto dela!

— E o que tem de mais ela ser uma youkai? E se não gosta dela, por que casou?

— Tem um probleminha quanto a isso, sou um kitsune. Casei porque o pai dela me forçou...

— Ninguém força a família real, Kazu. Você foi fraco. Mas o que é um Kitsune?

— É uma longa estória.

— Quero ouvi-la! – Nowa sentou-se no trono de Eddon, disposta a aprender mais do que não sabia.

“Apenas 50 anos de idade e é tão paciente. Dá até vergonha de mim mesmo”, pensou Kazuia.

— Há milhões de anos havia uma tribo de youkos que se denominavam Kitsunes ou Anjos. Eles tinham um grande poder e eram belíssimos. Porém, por trás dessa aparente perfeição eles tinham um defeito. Eram adeptos do canibalismo, comiam outros youkais, não se importando com o sexo ou idade.

— Credo, e o que mais? – perguntou a pequena enojada, mas curiosa acima de tudo.

— Esses Kitsunes entraram em guerra com outra tribo de youkos, os que dominavam rochas. Não sei o nome de todos, mas o líder chamava-se Lugniff.

— O tio Lugniff? – perguntou Nowa espantada.

- Ele mesmo. Os Kitsunes foram massacrados e deles sobraram muito poucos, os que sobreviveram voltaram para a terra deles e a protegeram com barreiras mágicas, assim eles poderiam se recuperar e procriar. Porém, há um detalhe: todas as fêmeas haviam sido mortas na guerra. Com isso, o líder dos Kitsunes, Elipse, resolveu que criaria youkos com todo o poder dos Kitsunes, mas sem a esse defeito. Foram criados vários youkos assim, mas o único que satisfez a Elipse foi seu filho, Enipse.

— Esse lugar é o PSI? Porque esses são os nomes dos nossos antepassados!

— Isso mesmo. Eles são Kitsunes como nós. Os Youkos Kitsunes são os Lannkaster e os Kinngmoon, enquanto os que são apenas youkos são os Hanntinton e os Zillion. Os Kitsunes têm algumas características especiais que os distinguem do restante.

— Quais?

— Olhos dourados, cabelos arroxeados ou brancos e a maior característica é a cauda dupla.

— Quer dizer então que eu sou uma Kitsune?

— Sim e eu também. É aí que reside o problema, porque em certas noites do ano eu fico com um apetite incontrolável, e eu tenho muito medo de comer Lúmen e os bebês.

— Mas eu não tenho isso, e esse não me parece um bom motivo...

— Não sei, mas talvez você não tenha porque é nova demais ainda... E como assim não é um bom motivo?

— Não é, oras! Se você gosta dela, transforma ela em uma carniçal ou mesmo em uma cainita, e puf, problema resolvido!

— Nunca faria isso a ela, Nowa. E este não é o problema.

— E então, depois dessa estória toda, qual é o problema?

— Você é muito nova, um dia eu te falo.

Antes que Nowa pudesse objetar, Kazuia pega a irmã pela mão e a leva de volta para Yesshra. Enquanto isso, Ashitaroth pensava consigo mesmo.

“Por que será que Kazuia tem esse medo todo? Admito que ele é muito mais Kitsune que o irmão, mas ele é vermelho, não arroxeado ou branco...”

Antes que pudesse se antecipar, outro youko apareceu.

— Falando sozinho, Ast?

Waaaaaaaaaaahhhh!!!!! Papa!! Que droga, você sempre me assusta quando aparece desse jeito! E eu me chamo Ashitaroth, não Astaroth, ouviu?

— Que seja. O que você tava dizendo?

— Eu dizia que Nowa é tão Kitsune quanto eu e também que Kazuia não deveria ter desenvolvido a Fome.

— Desta parte eu sei, mas quero saber como Kazuia é Kitsune, ele é vermelho!

— Deixa que eu te explico, papa. – e assim Ashitaroth explicava a seu pai a respeito de Kazuia.

Enquanto isso, já em Yesshra e em sua cama, Nowa pensava em algo para o fato de Kazuia ser casado. O youko vermelho ficou mais algum tempo acordado, pensando na vida.

“Estranho... Não achei que ela aceitaria tão bem quanto aceitou... O que será que aconteceu?”

Ainda em Yesshra, na casa de Saga, o dono da residência estava completamente furioso, enquanto Mino tentava acalmá-lo.

— Como aquele sei-lá-o-quê teve a coragem de me enfrentar?

— Calma, Saga, olha a pressão!

— Cala a boca, mino, não preciso de mais problemas. Você bem que poderia me ajudar, não é?

— Ok, o que você quer que eu saiba? – perguntou Minamino prontamente. O youko rosa tinha vantagens em conseguir informações, pois era bastante bonito e a grande maioria o confundia com uma menina.

— Quero que vá falar com Darien a respeito desse tal de Faite!

— Não era Fate? Mas o Darien? – perguntou Mino em um muxoxo – “Preferia mil vezes falar com meu querido Hades”, pensou o mesmo enquanto ouvia.

— Ele é o mais velho entre nós e fora isso é que ele conhece bastante bem o Cocytos, o certo é falar com ele.

— E por que não com o Hades? O Darien me dá arrepios, ele não é lá muito legal...

— Pode ser, apenas consiga a informação que desejo. – dito isso, Saga levantou-se e saiu, deixando Minamino sozinho. Este já sabia muito bem com quem falar, pegou seu casaco e dirigiu-se à Confederação. “Já é quase de manhã e tio Ashi deve estar na sala dele”, pensou o youko cor-de-rosa.

No apartamento de Nowa e os demais, Kazuia tem problemas para dormir. Ele acorda no susto com o despertador, se embola com o cobertor e cai no chão. Já ali ele chuta o despertador que voa longe, e perguntava a si mesmo se já tinha amanhecido. Levantando-se do chão, reclamou que não tinha dormido nada, e que tinha que acordar os demais. Com as roupas de quando dormiu, Kazuia foi batendo às portas de todos, e quando chega à porta do quarto de Nowa, encontra a cama sem desfazer. Vira-se para trás, encontra Aiacos e pergunta.

— Aiacos, onde está sua irmã?

— Há? Ela não está no quarto?

— Idiota, se estivesse eu não precisaria perguntar! – Kazuia já logo se vira para o outro lado e continua – Fogo Negro, Fogo Branco, Audaz, venham aqui, agora!

Logo os três apareceram rapidamente curvando-se para o guardião de Nowa.

— Onde Nowa está?

— Se eu disser que não faço ideia, o senhor vai ficar muito bravo? – balbuciou Fogo Negro.

— Eu sei! – disse Riei.

— Tá, onde ela foi?

— Ela saiu lá pelas cinco e meia da manhã e pediu que eu entregasse isso a você. Ela e Solaris foram juntos!

— E o que você estava fazendo acordado a uma hora dessas? – perguntou Kuramma.

— Isso não vem ao caso, agora me dá isso aqui! – ordenou Kazuia de maneira afobada para ler o que dizia o bilhete de Nowa.

“Querido Kazu, não se estresse. Volto daqui a uma semana, Sohar está comigo, se bem que eu até tentei deixa-lo, mas não teve jeito. Beijinho, Nowa.”

— Aqui não diz pra onde ela foi! – Kazuia virava e revirava o papel, e nenhuma dica de onde ela tinha ido.

— Por que você não liga para o papa Ashi? Ele deve saber onde a Nzinha foi.

— Boa ideia, aí eu aproveito e ofereço a minha cabeça em uma bandeja de prata pra ele também, né? – disparou o youko vermelho cheio de sarcasmo.

— Não seja tão dramático assim, irmãozinho! – disse Kamia aparecendo.

— Kami? O que você faz aqui? Onde está Hades?

— Oi, pequeno Kuramma. Ah, Kazuia, o papa Ashi te mandou um recado.

— Olá, Kami!

Vendo a intimidade entre Kuramma e Kazuia, Aiacos e Riei puxaram o mais novo para a cozinha.

— Cadê o recado? E por que ele não telefonou?

— Os telefones são grampeados, pelo menos os de Yesshra são! Até porque ele achou mais seguro assim.

— Tudo bem, então. Qual é o maldito recado?

— Aqui, quer que eu leia?

— Por favor.

“Kazuia, você tem 24 horas para me encontrar em Eddon.”

— O que isso quer dizer?

— E eu é que sei? Bem, já vou indo, não quero chegar tarde na escola. Tenha um bom dia, irmãozinho! – com um leve aceno, Kamia foi embora.

Enquanto os irmãos conversavam, Kuramma era inquirido por seus irmãos pelo fato de ter sido o único a quem Kamia havia cumprimentado. A cena toda transcorria de maneira cômica, e a discussão parou quando Kazuia chegou atarantado. Nenhum dos outros teve coragem de perguntar a ele o que houve, visível era o transtorno do youko vermelho-escuro.

Já em Yesshra, na Confederação, Minamino encontrara Ashitaroth, mas já estava possesso pelo fato de ter ficado esperando. Assim que um funcionário disse que ele poderia entrar e ele o fez, e quando entrou ficou pasmo com uma surpresa nada agradável. Na sala do rei de Eddon estavam Darien, Hades e outros dois a quem ele não reconheceu, e um deles estava sentado à cadeira de Ashitaroth, em seu lugar. Perguntando-se o porquê daquilo estar acontecendo, ele recebeu a pergunta do monarca diretamente.

— Mino, a que devo esta visita tão urgente?

— Eu vim falar com Ashitaroth!

— Eu sou Ashitaroth!

— Não mesmo! Ashi é roxo e não branco! – com essa frase, Minamino fez todos caírem na gargalhada dentro da sala, com a exceção do próprio.

— Mino, fica em paz. Sou eu, e esta é a minha cor, só assim que Fate me reconheceria.

— Fate?

— Sim, Fate. Guardião do Tempo. Você deve ser Suuichi Minos Kuramma Minamino, o príncipe de Tizeta, exilado em Yesshra desde que o restante da família real sucumbiu. – Fate aproveitou para esbanjar conhecimento sobre Minos, e este ficou inquieto.

— Você sabe mais de mim do que eu mesmo. Isso não é justo, eu gostaria de saber mais sobre você!

— Não seja grosseiro, Mino. Fate está aqui para os ajudar.

— Desculpe, não quis soar grosseiro.

— Certo. Agora pode continuar, Ashi.

— Ok. Você me disse que se Nowa matasse alguém, ela estaria alterando a Linha do Tempo, bem, na realidade eu acho que é bem difícil Nowa querer matar alguém só para começar, ela é um bebê muito pacífico e no máximo ela colocaria seus adversários em sono eterno.

— Mesmo assim, Ashi, se ela fizer isso, você sabe que ela deveria ir para o sono eterno, é energia demais para alguém tão pequeno quanto ela!

— Guenta aí, Berenice, para o trem que eu quero descer. Não entendi nada!! – disse Mino.

— Nowa foi para Faren matar a esposa de Kazuia.

— Ela enlouqueceu! Com autorização de quem?

— Ele a deu ontem, isto foi deixado em cima de minha cama hoje pela manhã.

— Uma pedra azul?

— Este pingente era o que Kazuia carregava, era o símbolo de casamento entre ele e Lúmen.

— Isto tá ficando pior a cada momento que passa!

— Por isso chamamos Fate aqui. – interpelou Hades na conversa entre Minos e Ashitaroth.

— O que você está me dizendo, Ashi?? Ela é bem sua filha, não?

— Ah, cale essa sua boca! Mas sim, estamos com problemas. Fate nos contou antes que você chegasse. O pior de tudo é que Solaris está com ela!

— E o que isso tem a ver?

— Acorda, Mino! Se Solaris fizer o serviço, teremos mais problemas do que o cabelo de Darien!

— Meu cabelo não é grande. Só volumoso!

Kazuia foi atropelando a reunião, e logo foi interpelado por Ashi.

— Kazuia! Quem te deixou entrar?

— Por quê? A reunião é particular?

— Meio óbvio, não? Mas não mude de assunto, o que você faz aqui?

— Vim te avisar que estou indo para Faren.

— Qual motivo?

— Pare com a palhaçada, Hades. Sei que você sabe do que se trata. E péra aí... – disse ele se virando para o Guardião do Tempo – você é Fate, o cara que devolveu Nowa em casa outro dia!

— Isso mesmo. Relaxa, você já sabia que Nowa faria isso, porque senão você não deixaria seu pingente com ela. O único que já tinha ido em Faren era Solaris, por isso ela o levou. Correto? Santos deuses, porque todo Kitsune tem a mania de tirar o corpo fora?

— É bem óbvio que eu dei o pingente pra ela, não é, Hades?

— Eu não falo disso, quero que sua mulher se exploda, desde quando você é Kitsune?

— Ah, Hades, vá dizer que nunca percebeu?

— Não mesmo. O Kamia não é.

Em face do fato levantado, Darien, Hades e Minamino viraram-se todos ao mesmo tempo para Ashitaroth e questionaram...

— Explique-se.

— Não o culpem. Ele é inocente, eu só nasci assim. Agora que já falei demais, estou indo para Faren.

— Mas... Mas...

— Desembucha, Mino!

— O Saga quer saber quem é o Fate, ele ainda não engoliu o que foi feito a ele no último encontro deles!

— Ah, mande o para o quinto dos infernos!

— Sem grosserias, Hades. Fale apenas que ninguém aqui sabiam de nada sobre ele, e que você está pesquisando sobre ele.

— Grande ideia! Obrigado. – disse Mino saltitando, deixando todos com uma cara de “what the fuck”.

Enquanto tudo isso acontecia, andando pelas ruas da capital de Faren, duas crianças estavam sozinhas, mas ninguém se atrevia chegar perto delas. Se havia alguma coisa de errado era difícil saber, mas o povo acreditava no que queria, então dissuadir as pessoas de qualquer pensamento ruim seria difícil.

—Sohar, onde é a casa de Lúmen?

— É por aqui, tenho certeza de ser aqui!! – mal Solaris acabou de falar e uma mulher apareceu: longos cabelos louros e olhos verdes tais quais os do youko vermelho se aproximou dos dois.

— Precisam de ajuda, pequenos? Parecem perdidos.

— E estamos, graças aos deuses que a senhora está aqui! Gostaríamos de saber onde é a casa de Lúmen.

Eu sou Lúmen! O que vocês querem comigo?

Não foi necessário perguntar se Lúmen estava grávida, pois era visível. Os dois ficaram olhando um tempo, até que Solaris resolveu quebrar o silêncio.

— Quem é o pai? – Solaris sentia uma ponta de ciúmes do futuro filho de Lúmen, pois ele mesmo não tinha mãe.

— O nome dele é Kazuia, ele morra em Eddon, muito longe daqui. Ele é meu marido e está cuidando da pirralha da irmãzinha dele! Ele me disse que ela precisa de proteção por ser a futura rainha, mas vocês não querem saber disso, não é mesmo?

Foi quando Nowa começou a chorar brandamente. Lúmen não deixou passar isso despercebido.

— Ué, pequenina, por que choras?

— Não se preocupe. Mas seu marido não vem visita-la?

— De vez em quando, mas ultimamente ele não têm aparecido por causa da menina, me disseram que ela é uma aberração, pois não existem meninas youko.

Solaris crispou seus punhos, pronto para agir, mas Nowa fez que não com a cabeça, Não queria mais confusões, ainda mais com a esposa de Kazuia.

— A senhora já viu a menina? – perguntou Nowa, tentando desviar o assunto para outro tópico.

— Não e nem quero, ela roubou o meu marido! Mas eu não posso culpa-la, o principal culpado é o pai dele, que se diz rei mas nunca veio aqui ou me conheceu!

Quando Lúmen percebeu um pingente em volta do pescoço de Nowa, aparentemente muito parecido com o de Kazuia, seus olhos arregalaram.

— Você não deveria julgar os outros assim!

— De onde vocês são? Tenho a vaga impressão de que eu já vi o pingente que vocês carregam com Kazuia!

— Claro, somos de Eddon!

— E o que crianças tão pequenas fazem tão longe da casa de vocês?

— Bem, eu vim... – mal Nowa ia se apresentar quando Kazuia apareceu ao longe, assustando Lúmen.

— Nowa! Solaris! Afastem-se dela!

— Kazuia! – surpreenderam-se os dois.

— Kazuia, o que você está fazendo aqui? E como você conhece essas crianças?

— Esta é LunnaNowa, a princesa de Eddon, Lúmen. Este é Solaris, Lorde de Faren! – o youko vermelho ocultou o fato de ele ser seu filho intencionalmente. Sabia que esta informação a mais só pioraria as coisas.

— Então essa é a menina youko?

— Sim, sou eu! A senhora não deveria me julgar pela minha raça, mas sim pelo que sou!

Kazuia abaixou-se para pegar Nowa no colo, sussurrou em seu ouvido...

— Você não pode matá-la, meu amor, ela está esperando meus filhos!

— Eu não ia matá-la.

— Então o que você ia fazer?

— Colocá-la em sono eterno!

— E eu preocupado com você fazendo alguma coisa de ruim! Vá em frente. Só não a faça sofrer, ainda tenho muita consideração por ela.

— Papa!

— O que?

— Nowa vai matá-la?

Ao ouvir aquilo de Solaris, Lúmen saiu correndo em pleno desespero, entrando em um beco escuro para fugir de sua caçadora. Os olhos de Nowa mudaram para dourado e seu cabelo ficou quase todo branco...

— Meus deuses! Kazuia, você enlouqueceu?

— Não, Lúmen. A criança é mais importante que você. Eu já decidi, você vai ter lindos sonhos, por muito tempo.

Enquanto a cena transcorria, no topo de um prédio próximo três seres assistiam a tudo o que acontecia.

— Não acredito que você não vá impedi-la!

— Não e nem pretendo. Se o próprio Kazuia quer isso, será o melhor pra ela. Não haverá mais sofrimento com a ausência dele!

— Mas... Eu não consigo ver isso!

— Você pode e vai ver, Aiacos. Você é o pilar de sustentação de Nowa, Solaris já está bastante abalado.

— Mas Fate, nós somos só crianças!

— Vocês são o futuro.

— Kazuia, por favor, eu não quero morrer! – enquanto isso, no chão, Lúmen implorava por sua vida.

— Tia Lúmen, a senhora não irá morrer, apenas irá dormir, eu lhe prometo! E quando os bebês nascerem, a senhora será acordada!

— Promete, pequena?

— Claro! – disse Nowa, sorrindo.

— Falsa – sussurrou Solaris no ouvido de Nowa, que foi puxado pela mão.

— Sunny Blast Power! Pronto, está acaba... – ela ia terminar de falar quando foi interrompida, caindo desacordada.

— E agora, o que faço? – perguntou Kazuia para si mesmo.

— Eu o ajudo.

— O que vocês fazem aqui? – disse o youko vermelho a todos os presentes – Fate, Kuramma, Riei e Aiacos.

— Isso não é importante, leve Nowa para casa que eu me encarrego de Lúmen.

— Não! Vocês levem Nowa para Eddon, eu levarei Lúmen para o Cocytos.

“Nowa, você foi mais corajosa que eu. Mas seus problemas só estão começando”, pensou Fate com um sorriso bastante enigmático no rosto, abrindo um portal para o Cocytos com Kazuia. Os demais levaram Nowa para Eddon.

— Espero que ela acorde logo!

— Eu também, onde será que ela aprendeu aquele golpe?

Todos gritaram com o youko vermelho pelo fato de ele se importar mais com um golpe do que com ela. Chegando em Eddon, ela foi posta em sua cama e ali ela ficou. Passou-se uma semana e ela não havia acordado; Ashitaroth começava a ponderar se deveria ou não cortar a cabeça de Kazuia, e este tinha problemas piores. Ele já estava ficando em palpos de aranha para os outros pequenos, que sempre pediam explicações pelo desaparecimento de Nowa.

Enquanto ele ficava em paranoia, um bilhete foi posto em baixo de sua porta. Estranhando o fato, ele pegou e o bilhete dizia o seguinte...

“Senhor Kazuia, está sendo convocado pelo grande conselho para apresentar-se à Confederação às 13 horas de hoje”.

— Mas que diabos! Meninos, fiquem aqui, tenho de ir à Confederação.

— Pra quê mesmo? – perguntou um dos pequenos.

— Também não sei, mas saberei antes que eu pense a respeito.

Pouco tempo depois, Kazuia já estava na Confederação, no horário marcado. Estava bastante tenso, odiava esperar. Foi quando ele foi levado ao salão, havia um júri constituído, e ele se assustou.

— O que está acontecendo?

— Você será julgado. – respondeu Lugniff.

— E do que eu tô sendo acusado?

— Matar uma criança youko. – respondeu Quasar.

— Que criança? Eu não matei ninguém!

— A filha de Ashitaroth – respondeu Tigueu.

— Você será preso por crime contra a sociedade de Eddon! – disparou Darien.

— Tenho várias objeções, primeira, Nowa não está morta, ela é uma Youko, e youkos não morrem tão fácil! Segundo, ela é uma Kitsune, o que significa que ela é imortal!

— Detalhes. – disse Eclipse.

— Então sou inocente de qualquer acusação!

— Impossível. – disse Fate.

— Você não faz parte do conselho, é um simples guardião, não tem direito de estar aqui!

— Silêncio! – disparou Lanntis.

— Nem pensar. Não vou ficar em silêncio até eu receber algumas explicações boas o suficiente para o que está acontecendo. O Conselho dos Nove deveria ser justo e está faltando gente neste conselho. Lanntis, Lugniff, Quasar, Tigueu, Darien, Hades, Eclipse, Enipse e Ashitaroth. Este é o Conselho dos Nove que eu conheço, mas nem Enipse e tampouco Ashitaroth estão aqui!