Depois de muitos acontecimentos, em Eddon algo parecia entrar nos eixos.

— Senhor Ashitaroth, fico feliz que o senhor tenha vindo!

— O que houve?

— Os dois garotos que o senhor colocou em sono eterno estão com os batimentos cardíacos normais, o sinal apresentado é de consciência!

— Como? Impossível! A não ser... Nowa.

O rei de Eddon saiu correndo até o quarto de sua filha, mas foi impedido por uma forte energia.

“Será que Nowa está acordada? ” – Ashi pensava nisso, mas aí ele a viu. Ela andava até ele, mas sua energia estava alterada.

— Filha! Você está bem?

— Sim. – Mas aquilo não foi de muito consolo, já que estava claro que era uma resposta automática. Ela não estava bem, e seguia caminhando até onde estavam os outros dois. Ashitaroth continuou seguindo sua filha, resolvendo que o melhor era ficar perto dela mesmo.

Enquanto isso, o impasse em Yesshra continuava, mas eles sentem um grande impacto de energia.

Todos se exasperam, mais ainda Kazuia, que estava ali justamente por causa dela, ao menos aparentemente. Todos se perguntam se aquela energia era mesmo pertencente à LunnaNowa, e Kazuia soube responder, ela estava furiosa. Com estas últimas palavras, Kazuia tenta fugir, mas Lugniff mobiliza os guardas para segurá-lo, nocauteando o youko vermelho.

Voltando a Eddon, Ashitaroth tentava, em vão, convencer a pequena dama a não entrar no laboratório, mas falhando miseravelmente.

— Menina teimosa! – Rosnou Ashitaroth.

— Parece você.

— Eu sei, papa. Papa!! Você não deveria estar no Conselho?

— Lanntis mandou prender Kazuia para que ele não atrapalhasse os nossos planos. – Disse Eclipse em tom sério.

— Que planos? – Perguntou Ashitaroth mais exasperado do que antes.

— Você não deveria impedi-la de entrar no laboratório? – Perguntou Eclipse com um meio sorriso.

— Nowa!! – Disse o monarca de Eddon, e saiu correndo onde Nowa tinha correndo.

— Que filho mais atrapalhado que eu tenho...

Já dentro do laboratório, Nowa caminhava até uma esquife presente no local. Ela ia caminhando lentamente até ela quando Ashitaroth chegou.

— Nowa, não mexa aí, senão serei obrigado a te prender! – Disse Ashi já exasperado ao extremo.

— Tente se for capaz! – Desafiou a pequena.

Nowa mantinha Ashitaroth longe de si com uma grande quantidade de energia, mas por estar distraída foi pega por Eclipse e presa em uma redoma de vidro, onde sua energia nada adiantaria. Vários cabos são conectados nesta redoma.

— Me solta agora!!

— Não posso, pequena dama, você irá libertar os outros dois, por enquanto você terá que ficar aí, eu vou chamar Solaris e os demais aqui.

— Papa, não faça isso, não obedeça esse youko imundo! – Ashitaroth sabia que isso era para o bem dela, mas ainda assim estava com o coração em frangalhos. Ela até mesmo ostentava uma pequena e límpida lágrima em seu rosto.

— Vovô Eclipse, por que me prendeu? Também está sob as ordens daquele youko sujo?

— É para o seu próprio bem, meu amor!

— Onde está o Kazuia?

— Preso também, e não foi pelo youko sujo, foi por Lanntis mesmo.

— Mesmo com esta situação, você poderia me fazer um favor?

— Se for para te soltar, não preciso sequer responde-la.

— Não é isso, eu peço, acorde meus irmãos!

— Não posso. Mas fique tranquila, você logo estará dormindo igual a eles.

E pressionando o botão do sono criogênico, Nowa foi adormecendo, batendo no vidro, até que dormiu completamente.

Novamente em Yesshra, Darien andava às voltas pelos calabouços da Confederação. “Aonde será que o colocaram”, ele perguntava a si mesmo. Foi quando ele encontrou quem ele estava procurando: Kazuia. Ele estava acorrentado à parede, seus pulsos sangravam e ele tinha marcas de agressão por todo seu corpo. Com uma raiva fenomenal, o youko vermelho olhou para seu sensei.

— O que o senhor quer? Pretende falar mais alguma coisa como que eu não devesse proteger Nowa?

— Não. Vim para te soltar e te trazer notícias nada boas.

— Desembuche então! Pior que esta situação não fica!

— Infelizmente fica sim. Nowa foi colocada em sono eterno.

Kazuia não sabia como reagir. Ele estava preso em uma paranoia, ele não queria mais viver se sua pequena dama não estivesse por ali. Foi quando Darien constatou o óbvio, o youko vermelho era apaixonado por sua irmã. Ashi aparece no momento seguinte, já recrutando seu filho para eliminar alguns youkos. Enquanto confirmava a incursão, Kazuia, com uma força surpreendente, estourou as algemas que o prendiam. Darien recebe a informação de que por ter um forte vínculo com seu pai, o youko vermelho recebe forças através da lua presente na testa dele para que pudesse se libertar.

É quando uma grande quantidade de energia é desprendida próxima a eles, e Kazuia via um vulto desaparecer, e sentiu a energia da pequena dama perto de si. Acordando de uma espécie de transe, Ashitaroth resume o que tinha acontecido à Nowa e dando a ele o que era preciso ser feito.

— ... Mas ela acordará daqui a 500 anos, enquanto isso você deve cuidar de Aiacos, Kuramma, Riei e Solaris. Deve treiná-los também.

— Deixa eu adivinhar, foi Fate que pediu para você fazer isso, não é mesmo? Treiná-los vai ser fácil, mas e a escola?

— A escola não é importante agora, eles a deixarão, e devem começar o treinamento logo.

— Entendido! – Disse o youko vermelho batendo continência.

Enquanto saíam dali, Darien se perguntava “Por que Ashi obedece a alguém, ele nem obedecia nosso pai, e além do mais, ele não é um rei? ”, e ele voltou para o Reikai, não sem antes se despedir de seu irmão, de onde ele não sairia nos próximos 500 anos. Coincidência ou não, era o tempo necessário para que a pequena dama voltasse.

Enquanto Ashi e Kazuia voltavam para Eddon, o rei daquele lugar sentia que algo o incomodava. Precisava de confirmação, mas ele aguardaria. Ao chegar em seu palácio, o rei Lannkaster mandou um comunicado a todos os reinos (Reikai, Reino Negro, Altozan, Tizeta, Faren e Águia) e à República de Yesshra, informando que por 500 anos eles deveriam cessar todas as negociações políticas, pois deveria ser uma época de paz, não deveria haver conflitos.

Andando calmamente, Ashi e Kazuia foram até o laboratório da ala norte do palácio. Chegando à porta...

— Papa, o senhor me parece bastante abatido. É por causa de Nowa, não?

— Sim, querido Kazuia. É pela Nowa, mas eu acho que fiz o certo... Pelo menos eu acho! – Ashi havia parado e respondeu enquanto observava Aiacos, Kuramma, Solaris e Riei brincando. Logo, um alarme sonoro altíssimo soou por todo o castelo, e antes que Kazuia pudesse perguntar o que era, Ashi saiu correndo para dentro do laboratório, parando à frente da esquife que continha os outros dois irmãos de Nowa e Aiacos.

— O alarme veio deles, mas estranho! Eles estavam programados para acordar em 500 anos...

— Parece que eles não concordaram com isso.

Kazuia se afastou do esquife. As duas crianças já estavam com o tamanho de Nowa, pois apesar de estarem em sono eterno, isso não os impediu de crescer.

— Por que se afastou, Kazuia?

— Por nada, gostei do roxinho, ele se parece com Nowa. Mas o pretinho aí me lembra Hades, qual será o nome deles?

Mal o youko vermelho tinha feito esta pergunta e apareceram dois nomes na tela do computador à frente do esquife de Nowa.

— Ela está acordada ou dormindo?

— Parece que a lua na testa dela captou a sua pergunta e, mesmo em sono eterno, ela respondeu, vamos ver os nomes: Ellury Minato Hekel e Dimitri Alexei Hades? Isso lá são nomes decentes, Nowa?

— Papa, você tem a noção de que você está falando com alguém que está dormindo, em sono eterno?

— Isso não impede que ela escute. E a resposta está aí, olha só!

E na tela do computador dizia: “Sim, gosto deles”.

—Cale-se, Kazuia, eles vão acordar agora! – Disse Ashi antes que o youko vermelho objetasse alguma coisa. E depois que o monarca de Eddon proferiu aquilo, eles acordaram, abrindo a redoma de vídeo que os continha. Os rostos de Ashitaroth e Kazuia receberam uma lufada de vento frio quando isso aconteceu.

— Muito prazer! – Disseram os dois em uníssono.

— Você de cabelo roxo será chamado de Ellury Minato Hekel, e você de cabelo preto será chamado de Dimitri Alexei Hades, entenderam? Eu sou Ashitaroth e este é Kazuia, sejam bem-vindos! – E o pai de Nowa abaixou para abraçar os outros filhos.

— Que seja... Hey, o meu cabelo é roxo, Dimi?

— Sim, é, e o meu é preto!

— Genética, quem entende, né?

— Você de cabelos vermelhos é irmão de nossa irmã, não é mesmo?

— Sou, venham. Vou escolher roupas para vocês e assim vocês conhecerão os outros dois meninos!

— Ele é nosso irmão ou nosso estilista?

— Eu é que sei?

— Que cores vocês preferem? – Perguntou Kazuia, solícito.

—Vermelho e Dourado – respondeu Ellury.

— Verde e Prateado – respondeu Dimitri.

Com isso, Kazuia os vestiu e os levou até os outros. Estando perto o suficiente, Aiacos veio correndo e abraçou os irmãos.

— Dimitri, Ellury, vocês acordaram!

— Aiacos, seu chato, você acordou primeiro!

— Vocês se conhecem? – Perguntaram Solaris, Kuramma e Riei juntos.

— Claro! – Responderam Aiacos, Ellury e Dimitri ao mesmo tempo, e juntos começaram a rir. Kazuia começou a sorrir também e pensar... “Vai ser interessante ensinar esses seis a lutar”.

E assim os se passaram como a água em um riacho: calmo e sossegado. 490 anos transcorrem tranquilamente, sendo como alguns dias para alguns. Os nossos jovens youkos já haviam completado 600 anos, tendo chegado à adolescência.

— Ellury! Ellury! Onde está você, irmão? – Perguntava Dimitri correndo pelo palácio de Eddon.

— Aqui na torre! – Responde Ellury.

— Qual?

— Torre Sul!

O youko negro corre até a torre indicada por seu irmão, mas não o encontra lá.

— Ellury?

— Sim? – A voz do youko vinha de cima da torre, mas Dimitri simplesmente não via o irmão em parte alguma.

— Cadê você? – Dimitri tentou mais uma vez encontrar Ellury

— Aqui – disse o youko roxo aparecendo no alto do teto de cabeça pra baixo.

— Ah, é aí então que você está? Você não vai vir se despedir de Aiacos?

— E onde ele vai?

— Ellury, por acaso você ouve alguma coisa que não seja “’tá na mesa”?

— Não! Onde ele vai?

— Ele vai pra Águia para cumprir uma missão, só não me pergunte qual!

— Acho que eu não vou, estou muito ocupado!

— Sei, em quê o Grande Youko Ellury está tão ocupado assim? Esperando a hora do jantar ou quem sabe em um meio de escapar dos treinamentos do Kazuia?

— Não é isso Dimitri!

— Então o que é?

— Mas você não ia se despedir do Aiacos?

— Ia, mas... – nem bem Dimitri havia acabado de falar, Ellury já havia voltado para o alto da torre, deixando o irmão com seus pensamentos, e se vendo sem escolha, volta para o saguão do palácio para se encontrar com os demais.

“Não entendo... Meu irmão anda desligado demais e completamente apático, pelo menos desde mencionou o nome de nossa irmã”, pensava Dimitri consigo mesmo, até que foi interrompido por Kuramma. Depois de uma conversa amena, Kazuia chega, onde Aiacos, que também estava ali, reclama por não ter a possibilidade de se despedir de sua irmã. Após um pouco de reclamação, o gêmeo de Nowa foi posto em um portal e levado a Águia.

Depois de algumas divagações, Aiacos encontra Erigor, que o elogia e segue já mostrando toda a cidade para o gêmeo de Nowa, que encolheu os ombros.

Voltando a Eddon, Dimitri pede a Kazuia uma conversa em particular, que cede rapidamente.

— É meu irmão Ellury, desde que você comentou sobre Nowa conosco ele tá estranho, como se a cabeça dele não estivesse aqui?

— Entendo fácil. É um efeito bastante comum em relação a ela. Por que você não conversa com ele? Hoje vocês não têm treinamento e nem escola!

Após essa indicação, Dimitri foi falar com o irmão, e enquanto isso Kazuia arrebanha os demais para fazer algumas tarefas domésticas. Kuramma reclamou e Kazuia ofereceu a ele um treinamento com sua própria irmã, ao qual ele negou veementemente.

Na torre sul do palácio de Eddon, ao falhar miseravelmente em conseguir trazer Ellury para baixo, ele mesmo subiu a torre para conversar com o irmão.

— Agora você me conta o que o alto dessa torre tem de tão interessante.

— É só um lugar isolado, apenas isso!

— Ellury, estou preocupado contigo. Desde que o Kazuia mencionou Nowa, você tem vindo aqui e se isolado. Tem certeza que é para causar tanta depressão assim a falta de Nowa?

— Longa história, Dimi, e não estou a fim de conta-la.

— Conta aí, vai, quem sabe eu não consiga ajuda-lo em alguma coisa?

— Se eu contar para você, você me ajuda a convencer o papa múmia roxa a irmos ao laboratório para conversar com ela?

— Ok, eu tento.

— Tudo começou quando eu estava mexendo nas coisas do vovô múmia azul e encontrei algumas fotos para lá de estranhas! Uma delas tinha uma menina, o Kuramma e o Solaris; Em outra, tinha a mesma menina, o Kuramma, o Solaris, o Riei e o Aiaco9s, todos com uniformes de colégio e olhando para a câmera, felizes.

— Ainda não vi onde você quer chegar.

— Estou contando a história, quer saber ou não?

— Tudo bem, continua.

— E junto com essas fotos tinha um livro intitulado Fate, achei o título interessante e abri. Lá eu encontrei vários nomes e na frente de alguns tinha a palavra danger. O nome de Nowa tinha uns cinco danger! Achei interessante e continuei procurando.

— Fuçando!

— Dimi, não interrompe! Aí então, muito curioso, levei tudo para o vovô múmia roxa para perguntar do que se tratava, mas tudo o que ele fez foi passar a mão na minha cabeça e sair chorando enquanto dizia “minha pequena dama”. Puxa, não entendi nada!

— Vai ver ele sente falta da nossa irmã, apenas isso.

— Pode ser, mas eu nem sei se ela é nossa irmã!

Ainda em Eddon, chegamos ao laboratório e encontramos Kazuia. Ashi indagou o porque do filho estar ali, e ele informou que estava com saudades de Nowa.

— ... Se não fosse aquele youko sem qualificação, ela estaria acordada!

— Acalme seus ânimos, Kazuia e não fale assim dele, quer acabar igual a ela?

— Por acaso ela o desafiou?

— Não. Só a existência dela já é um desafio e tanto para muita gente, principalmente para Fate.

— Entendi... Mas papa, quando ela irá acordar?

— Ainda faltam alguns anos para isso... Hey, Kazuia, está me ouvindo?

— Veja, papa, a lua da testa dela está brilhando, será que...

— Pode ser, não custa nada. Tenta!

— Nowa! Você está acordada?

— Sim, Kazu.

Antes que Nowa pudesse falar mais alguma coisa, houve uma forte explosão do lado de fora do palácio de Eddon, e praguejando no caminho de verificar o que houve, Kazuia saiu do laboratório e, chegando à sacada, se depara com seu filho e irmãos lutando contra os Babylons, povo vizinho de Eddon. O youko vermelho escuro então salta da sacada no meio da guerra, a fim de não perder tempo descendo as escadas.

Ao passo em que começou a lutar, encontrou o líder deles.

— Por que nos atacam sem necessidade?

— Não falarei contigo, guarda insolente. Quero falar com seu rei e sua princesa.

— E quem é você?

— Kuronoe.

Quando este último falou seu nome, o tempo pareceu parar, a batalha silenciou e os dois lados pararam por ordens de seus líderes.

— Admito que não temos chance contra o povo de Eddon, mas quero notícias de Nowa e seus irmãos!

— Acho justo, mas por que não veio simplesmente falar conosco ao invés de realizar uma incursão? Não seria menos drástico fazer isso?

— Seria se vocês deixassem claro que não queriam nos receber. – Kazuia ficou bastante surpreso ao ouvir esta informação, e ainda mais a que veio depois – Mandamos inúmeros mensageiros, mas nenhum voltou! Com essa situação, achamos que um ataque preventivo fosse a reação mais acertada.

— Mas nenhum dos seus mensageiros chegou até nós.

— Posso interromper?

— Claro, Ellury, o que houve? – Pergunta Kazuia.

— Quem é essa criança?

— Meu nome é Ellury Minato Hekel, filho de Ashitaroth.

— O quê?? – Perguntou Kuronoe completamente atônito.

— Peça que seus soldados vão à ala oeste do palácio que eles serão bem recebidos. Meu irmão Dimitri os guiará. – Continuou Ellury.

— Certo, pequeno. – E Kuronoe fez o que lhe foi pedido. Enquanto caminhavam lado a lado, Kuramma resolveu puxar assunto.

— Hey, Ellury, percebeu como esse tal de Kuronoe é estranho? – Disse o youko em um poderoso sussurro.

— Sim, mas você também está agindo estranhamente.

Já dentro do palácio, Ellury, Kazuia, Dimitri (que já havia voltado), Riei, Kuramma, Solaris e Ashitaroth esperavam uma explicação por parte de Kuronoe.

— Há alguns anos eu também vivi em Yesshra e estudei na EME, nessa época conheci Nowa e os irmãos dela, principalmente um deles: Kazuia – disse ele apontando para o mais velho dos irmãos – mas por algum motivo sem explicação, eles saíram da escola e nunca mais voltaram. Foi quando eu soube que Nowa era de Eddon.

— Isso era evidente, né, só pela cor de seus cabelos, não?

— Não interrompe ele, Dimitri. Perdão, pode continuar, Kuronoe. – Disse Ashitaroth.

— Sim, alteza, e eu que era de Babylon... – Kuronoe ia continuando quando foi interrompido novamente.

— Isso também está bem na cara, não? Ou melhor, nas costas! – Embora todos tenham caído na risada com o comentário do youko negro, ele tomou outra reprimenda de Ashitaroth.

— Acabei descobrindo que Nowa era a princesa de Eddon e tentei inúmeras vezes mandar mensageiros para contatá-la, mas meus mensageiros nunca voltavam ou se voltavam diziam que o rei não queria minha presença imunda em seu palácio, então fiquei confuso e resolvi realizar uma incursão.

— Impressionante, agora diz a verdade!

— DIMITRI!! – Com essa reprimenda, Ashitaroth mostrou o quanto estava preocupado com aquela história. Com uma pulga atrás da orelha, ele resolveu perguntar.

— E seus mensageiros que voltaram diziam qual era o nome do rei de Eddon?

— Claro, seu nome é Fate, só achei estranho que o pai de Nowa chame-se Ashitaroth, que é o senhor, correto? Pela lógica se Nowa é a princesa de Eddon, o senhor é o rei. Foi o que eu disse ao meu pai!

— E você tem toda a razão, Kuronoe. Sou Ashitaroth e agora com sua licença, preciso ir resolver algumas coisas importantes. – E Ashitaroth saiu, cuspia fogo pelas ventas claramente.

— Se ele é o rei, ele não deveria ser mais velho? Ele parece ter a minha idade!

— É coisa de youko. Você não é um, certo? – Perguntou Dimitri.

— Não, não sou. Sou um youkai, e com orgulho! O que você tem contra mim? – Perguntou Kuronoe com uma expressão incrédula no rosto.

— Espada, canhão, dragão, lobo... – ouvindo esta resposta, Kuronoe afiou o olhar, mas Kazuia interveio rapidamente.

— Dimitri, seja educado ao menos uma vez na vida, ele é amigo de Nowa!

— Eu sou educado, ele é que é feio!

— Peço que perdoe meu irmão, ele é bastante protetor em relação à Nowa, mas já que você está aqui, gostaria de ficar até amanhã? Sei que Babylon não é tão perto assim! Então, o que me diz?

— Muito obrigado, adoraria. – Kuronoe respondeu sorrindo.

Enquanto todos trocavam amenidades, Ashitaroth estava já chegando à Linha Temporal. “Quem ele pensa que é para governar Eddon em meu lugar? ” Se perguntava o monarca a todo instante. Ao chegar à frente do trono do palácio...

— Fate, vamos, apareça! Sei que você está aqui, quero falar contigo e quero agora!

Fate aparece simplesmente enquanto Ashi fica pensando na semelhança daquela atitude dele com as que Nowa sempre tomava.

— Em que eu posso te ajudar, Ashi querido?

— Krys? Fate, o que Krys faz aqui com você? E que estória é essa de você impedir mensageiros de Yasha para falar comigo? Eu sou rei de Eddon, e não você!

— Tem certeza disso? – Respondeu Fate com um sorriso sarcástico – Você só está no trono de Eddon porque eu mexi as coisas a seu favor, então não me interrompa mais com coisas desse nível. Krys está comigo porque assim eu quis, como são todas as coisas, não? – E assim Fate terminou, com uma risadinha cínica.

— Então está certo. Voltarei à Eddon e não voltarei a incomodá-lo.

— Faça isso, Ashi.

Era óbvio que Ashitaroth estava borbulhando de raiva por dentro, e enquanto saía da sala do trono da Linha Temporal, pensava consigo mesmo... “Fate, você não perde por esperar, você sempre precisou de mim e sempre vai precisar, e agora você fala que eu sou sua marionete. Bem, eu acho que não, e você vai sentir isso na pele”.

Chegando a Eddon depois da conversa difícil com Fate, Ashitaroth convocou rapidamente o Conselho dos Nove para resolver algumas coisas, e... “... A primeira delas será acordar Nowa, a quem ele teme”. Despachou rapidamente um mensageiro a cada membro do conselho, marcando uma reunião em Yesshra, na Confederação, rapidamente. Encontrando seu filho, dispara...

— Kazuia, venha comigo, temos coisas a resolver, e traga Ellury e Dimitri consigo.

— Sim, papa, mas aonde vamos?

— Yesshra.

— Vamos fazer o quê lá? Estamos todos muito bem aqui!

Depois de algumas horas de viagem, quando Ashitaroth, Kazuia, Ellury e Dimitri chegaram a Yesshra, o quarteto deparou-se com ninguém mais, ninguém menos que Fate.

— Querido Ashi, não me lembro de ter falado para você vir para Yesshra e sim ficar em Eddon. Detesto pessoas que me desobedecem, e você sabe o que acontece com elas, não é mesmo? – Disse ele em tom monocórdio e empolado – E quem são as duas gracinhas com você?

— Como se você não soubesse. Esses são Ellury e Dimitri.

— O senhor está atrapalhando nosso caminho, papa Ashi está indo para a Confederação para poder nos ensinar a sermos pessoas boas e obedientes.

— Então por que não disse logo? Desculpem-me! – E do mesmo jeito que ele apareceu, ele sumiu.

— Ué, como ele fez isso? – Perguntou Dimitri.

— Fazendo. Mas Ellury, que desculpa foi essa?

— A mais esfarrapada que eu achei. Papa, o senhor está atrasado.

— É mesmo. Vamos andando.

Alguns minutos depois, já dentro da sala de reuniões na Confederação, o conselho já estava reunido e esperando por seu líder.

— Desculpem meu atraso, quase fui impedido por Fate.

— O que você quer e quem são esses dois? – Perguntou Quasar à guisa de bom dia.

— Acalme-se, Quasar, bom dia. Quanto à sua primeira pergunta, quero acabar com essa ideia de que todos somos marionetes desse youko desgraçado, e quanto à sua segunda pergunta, esses são Ellury e Dimitri.

— Os irmãos de Nowa, sinceramente achei que eles nunca acordariam. – Disse o velho membro do conselho, com um sorriso amarelo.

— É, mas nós acordamos e queremos nossa irmã acordada. Queremos agora!!

- Eles estão andando muito contigo, Ashi. – Disse Hypnos, aparecendo atrás do irmão, do nada.

— Sei. Bem, a primeira coisa que nós temos de fazer é acordar Nowa, se bem que pela energia que sinto, ela já está acordada, apenas está presa.

— Você está certo, Ashi, mas as vinganças de Fate sempre nos deixam gostos amargos na boca, principalmente o sono eterno.

— Não seja medroso, Saga, todos nós estamos nos arriscando. – Disse Lugniff.

— Eu não pretendo arriscar a vida de ninguém, muito menos a minha. Mas, neste caso temos que arriscar. Com isso, usaremos alguém de quem Fate tem medo.

— E ele tem tanto medo assim de Nowa?

— Sim, ela é algo que ele não pode destruir, nem mesmo se ele quisesse fazê-lo. Isso é um ponto a nosso favor.

— Papa, mas se Nowa não quiser se aliar a você e sim a Fate? O senhor sabe que ela é curiosa e quem lhe disser coisas que não lhe interessem ela irá se aliar!

— Isso é bem verdade, mas eu tenho vocês, Kazuia.

— Me perdoe, papa, mas se Nowa se aliar a Fate, eu a acompanharei, e tenho certeza de que Ellury e Dimitri farão o mesmo.

— Quê?

— É o que o senhor ouviu. Somos os guardiões de Nowa e se ela se aliar ao senhor, por bem, se ela se aliar a outro, mesmo Fate, iremos junto com ela.

Todos ali presentes ficaram abismados com a declaração.

— Vocês estão decidindo o destino de nossa irmã sem ao menos ter perguntado nada a ela e ainda querem que nos juntemos à sua causa. O que nós ganhamos com tudo isso?

— Muito bem, Ellury, mas não precisa me defender ao ponto de desafiar os mais velhos.

— Quem está aí? – Perguntou Quasar.

— Esta é a voz de Nowa! – Disse Kazuia se virando para ver a pequena Dama entrando.

— Olá, Kazu!

— Nowa, você acordou e se soltou das amarras, fico tão feliz em ver você, você cresceu também, ficou ainda mais bonita.

— Obrigada, Kazu. Hey, vocês dois, não vão falar comigo não? – Terminou perguntando a Ellury e Dimitri.

— É que eu só te viz uma vez e... – Ia dizendo Dimitri quando Ellury interrompeu, correndo em direção dela.

— Nowa, minha irmãzinha querida! – Antes que ele a abraçasse, Solaris o interrompeu.

— Não se aproxime. – Disse em um meio rosnado.

— Calma, Solaris, é o Ellury. É que enfrentamos algumas dificuldades antes de chegarmos aqui.

— Que dificuldades, Nowa?

— Fate – respondeu Solaris em outro meio rosnado.

— E o que aquele youko desqualificado queria?

— Vou contar a vocês tudo, desde o começo – disse Nowa sentando-se no ar, arrancando alguns “ohs” dos presentes.

— Comece, filha. – Disse Ashitaroth, amoroso.

— Eu já estava acordada em Eddon havia alguns meses mas fiquei onde estava, pois via grande movimentação por parte de Fate, mas então uma grande onda de energia fez eu me mexer, e esta onda era de Ellury e Dimitri lutando contra Kuronoe.

— É, ouvimos a sua voz durante a luta, eu só não sabia quem era.

— Sim, eu sei, mas ainda assim achei melhor continuar apenas monitorando os acontecimentos. Foi aí que Fate apareceu no laboratório onde eu estava e tentou desligar os computadores que monitoravam o meu sono.

— Isso foi golpe baixo até mesmo para o Fate, o mais estranho é que eu não percebi ninguém no laboratório, ele deve ter usado algum portal que eu não consigo detectar, aquele youko sem graça e baixo! – Disse Ashitaroth.

— Eles estão falando do Fate, não? – Perguntou Dimitri.

— Tão sim, Dimi, por quê?

— Porque ele não é baixo, é rasteiro! – Rosnou Solaris.

— Eu sei, Sohar, por isso te passei o alarme, e assim Sohar reiniciou meu tubo e aqui estou eu agora. Onde estão Kuramma, Riei e Aiacos?

— Riei e Kuramma estão em Eddon, Aiacos em Águia. Por quê?

— Peço que me contem tudo o que aconteceu nesses 490 anos. Se querem guerra contra alguém, vocês têm que ter um ponto a favor e suponho que este ponto seja eu, né?

— Exato. – Disse Kazuia.

— Essa é a minha filha!! – Disse Ashitaroth com um sorriso de orelha a orelha, e no momento seguinte, pôs-se a contar cada mínimo detalhe que aconteceu enquanto ela esteve ausente. Porém, enquanto os demais do conselho falavam com Nowa, Kazuia percebe que Ellury e Dimitri estavam bastante quietos, como se controlados por alguém. Kazuia tenta tirá-los do transe, sem sucesso. Percebe logo que cada vez que fazia isso a lua na testa de Nowa brilhava cada vez mais forte. “Então ela os controla como controlava Aiacos. Interessante”.

Depois de algum tempo falando sem parar, Ashitaroth termina de contar...

— E é isso, Nowa. Contamos cada coisa que aconteceu neste tempo que você esteve fora, mas ainda acho que isso é totalmente inútil, Fate é forte, e como guardião do tempo pode mudar a história a seu favor! – Disse Eclipse.

— Sei disso, vovô Eclipse, mas eu sou imutável desde pequena, não que eu seja muito maior, mas Fate não pode alterar a linha temporal comigo nela, é impossível.

— Entendo, mas não é arriscado demais jogar todas as nossas cartas, apostando em uma criança? – Darien não conseguia acreditar no que os outros queriam fazer.

— Você tem razão, tio Darien, sou uma criança, mas posso ir falar com o tio Fate e propor alguma coisa que beneficie a ele e a mim, desculpe, a nós.

— Acho que não, eu não deixarei você ir, você sabe o quanto é perigoso, você não poderá ir! – Ellury estava muito preocupado.

— Ellury, não venha dar uma de irmão mais velho, essa é a função do Kazuia. Se quiser, pode vir comigo, mas não ouse me atrapalhar. Isso vale para os outros três. Não me aborreçam com isso que precisam me proteger, sei me virar sozinha. – Nowa pousou enquanto terminava a frase e sumiu em seguida.

— Como ela faz isso? – Perguntou Dimitri coçando a cabeça.

— É a mesma coisa com o portal...

— Ellury, sem explicações científicas, vai? Para onde ela foi, papa? – Perguntou Kazuia.

— Para a Linha Temporal, acho eu. – Respondeu Ashitaroth.

— Onde? – Perguntou Dimitri.

— Tonto, para a linha temporal, falar com o fatiado. – Respondeu Ellury.

— Quem? – Perguntou Dimitri novamente.

— Fate, tem certeza que é meu irmão?

— Claro – com essa resposta todos ficaram com cara de desânimo.

Enquanto todos discutiam, Nowa aparecia na Linha Temporal, caminhando por um lugar escuro e cheio de espelhos, quando sentiu a presença do guardião.

— Olá, tio Fate.

— Seja bem-vinda, Pequena Dama, estava te esperando.

— Estava? Que bom, porque temos o que conversar.

— Eu sei, também sei qual é o assunto.

— O senhor é guardião do tempo ou vidente, tio Fate?

— Um pouco dos dois – disse o guardião ao sorrir. “Realmente ela é uma belezinha, mas uma belezinha de encrenca também, uma belezinha mortal”, pensou consigo mesmo.

— Tio Fate, por que o senhor está controlando a todos, não pode ter o que quer sem controla-los?

— Pergunta difícil essa, Pequena Dama. Um dia eu te respondo.

— Quero a resposta, e quero agora!

— Não, não preciso não. Posso lhe responder quando eu quiser – e dizendo isso virou o báculo em direção a ela, mas para a surpresa do guardião, o báculo não emitiu qualquer luz, nem qualquer reação. Com isso, Nowa aproveita a chance.

— Está certo, mas depois não me diga que eu não te avisei! – Disse Nowa ao desaparecer. Quando vê isso, Fate se desespera.

“Primeiro meu báculo não funciona contra ela, e agora ela usa a minha técnica! ”.

— Espere... Volte.

— Sim? – Perguntou Nowa ao reaparecer.

— Onde você aprendeu a fazer isso?

— Isso o quê?

— Desaparecer, você aprendeu com alguém, não?

— Na realidade, não.

— Ai, eu estrangulo o teu pai!

— Por quê? O que meu papa fez de errado, fora ter me feito e bagunçado a Linha Temporal?

— Nasceu! Não é bem isso, olha, só um guardião tempo desaparece em pleno ar, você não é minha filha, é a filha de Ashitaroth, e se você é filha dele e desaparece assim significa que ou você é uma guardiã do tempo, ou ele pegou algo de mim e colocou em seu DNA.

— Algo como?

— Um fio de cabelo, unha, pelo... Qualquer coisa que contenha o meu DNA.

— Entendo, e tem mais alguém que seja guardião fora aquele menino ali?

— Não, como você o vê?

— Com os olhos...? Oras, vendo, né? Como é o nome dele?

— Krysen.

— Adorei o nome. Quando eu tiver um filho, vai ter esse nome, Krysen. Aiaiai, adorei!! – Disse a pequena ao bater palmas.

— Nowa, você é a criança mais estranha que eu já vi, nunca se abala, não?

— Não, além do que eu gosto do senhor, tio Fate.

— Não sou seu tio!

— Prefere avô?

— Não, não sou nada seu!! – Fate já perdia a compostura.

— Você é Hanntinton, Lannkaster, Kinngmoon, Zillion, NovaStar, WildWing, WildWolf ou outro sobrenome meu?

— Sou um Lannkaster.

— Então é meu parente!

— Não sou mesmo!

— Tá, Kazuia e Ellury estão chegando – disse ela, ao fechar os olhos por alguns segundos.

“Incrível, nem eu consegui identificar as energias, ela sabe quem são, pode ser simplesmente pelo fato de ela os conhecer, mas ela sentiu Krys”, pensou Fate observando a Pequena Dama. E ele estava mais assustado do que antes, se aquilo era possível.

— Não toque nela, seu youko desqualificado! – Mal chegou perto de Nowa, Kazuia chegou disparando.

— Eu já falei para você se acalmar, quanto stress! – Respondeu Fate com um sorriso sarcástico.

— Ha-ha, muito engraçado. Eu estou calmo. Venha, Nowa, aqui não é lugar para pessoas como você. Pode acabar aprendendo algum de ruim com “isto” – emendou Kazuia ao falar com Nowa.

— Kazu, tio Fate não é ruim, apenas um pouquinho egocêntrico. – Respondeu a Pequena Dama, amorosa.

— Ego o quê? – Perguntou Ellury ao coçar a cabeça.

— Ellury, você não foi à escola não? Egocêntrico: Diz-se daquele que refere tudo ao próprio eu, tomado como centro de todo interesse; Personalista. - Explicou Nowa com ares de professora.

— Atualizada ela, não? – Brincou Fate.

— Ah, isso ele é mesmo, egocêntrico e feio.

— Minato... – ralhou Fate.

— Desculpe e não me chame de Minato. – Replicou Ellury –

— Desculpe, tio Fate. Outra hora conversamos, eu tenho que, papa deve estar preocupado. Mas antes de ir, quero lhe fazer uma pergunta. – Dispara LunnaNowa.

— Sou todo ouvidos.

— Qual é o único lugar em que você não possa entrar, bisbilhotar e ouvir a não ser que seja convidado?

— A Confederação. Por que a pergunta?

— Curiosidade. Muito obrigado e até mais, tio Fate!

Após todos saírem e apenas sobrar Fate, o mesmo pensa consigo mesmo... “Menina estranha... Esta é encrenca, com certeza. Ela só irá concordar com os meus métodos se ela ganhar algo com isso, deixou bem claro. E quanto aos outros dois... Isso é preocupante”.

— Mestre Fate, o senhor está bem?

— Sim, Krys, não é necessário preocupar-se comigo.

Enquanto isso, em Yesshra, todos do conselho esperavam ansiosos a volta de LunnaNowa e dos demais.

— Você acha que ela está certa, Ashi?

— Por Deus, ela é só uma criança, ela pode estar certa? – Exasperou-se Saga.

— Ora, não se intrometa, Saga. Ela é uma criança de seiscentos anos.

— Mesmo assim ela é uma criança e deveria ser tratada como tal, não como uma arma ou um trunfo!

— Mas ela foi feita para isso, Saga. Além disso, o que você entende de crianças?

— Não entendo nada, mas sei que quando ela começou a falar conosco ela mudou a cor dos olhos, escutem o que eu estou dizendo, esta menina é uma ameaça à nossa raça.

— Que exagero! Também não é necessário chamar a guarda nacional só por causa dela. Você adora um melodrama, não? – Disparou Lugniff.

— Concordo com o Lugniff, não é para tanto. A menina é poderosa, é ameaçadora, ainda assim é uma gracinha e só uma criança!!

— Chega! Se ninguém além de mim vê como ameaça a monstrinha do Ashitaroth, resolverei este assunto por mim mesmo e me retiro do Conselho! – Saga, muito irritado, bate a porta e deixa a sala.

— Nossa, ele leva isso a sério mesmo, não? – Perguntou retorica e divertidamente Hypnos.

— De certa forma, Lu, ele tem razão. Se você perceber, Nowa tem muito de Ashi e quando ele nasceu aconteceu a mesma coisa.

— Eu sei disso, papa Eclipse, mas não achei que chegaria a tanto, já que a menina, acima de tudo, nunca faria mal a nenhum de nós.

— É exatamente este o medo de Saga, se esta menina tem tanto poder, fugir de “nosso” controle causaria grandes problemas.

— É isto que o senhor acha, vovô Eclipse? – Disse a pequena surgindo na sala.

— Nowa! Não a vi chegar! – Disse Eclipse com um sorriso amarelo.

— Não desconverse, vovô. É isso o que você acha? Se for isso, acredite, só serei problema para os que se opuserem a mim. – Disse a pequena engrossando um pouco o tom no final do discurso.

— Nowa, acalme-se! – Disparou Kazuia.

Uma forte onda de energia foi liberada e Nowa mudou a cor de seus cabelos e cauda de roxo para branco, tornando seus olhos dourados. Todos na sala, com a exceção de Kazuia, se afastaram. Solaris, Ellury e Dimitri também estavam na Confederação, mas não moveram um músculo. Mas tão logo começou, terminou.

— O que foi isso? – Perguntaram-se os membros restantes do Conselho.

— A energia de Nowa – respondeu Hades, surgindo rapidamente no local.

— Nowa, você não deve fazer isso! Você pode machucar alguém ou mesmo a si mesma! – Disse Kazuia ao abaixar-se ao lado da pequena.

— Está bem, Kazu. Não faço mais. – Respondeu Nowa com um sorriso, recebendo outro em troca do youko vermelho escuro.

— Como ele faz isso? – Perguntou Quasar aos sussurros.

— Ele é o único que consegue fazer isso, e ela o controla também. Mas o que me preocupa são os outros dois. – Disparou Lugniff do mesmo jeito.

— Por que diz isso, Lugniff? Kazuia é o único que a controla, o que tem os outros dois?

— Repare, Quasar. Eles só por acaso não falaram, não se moveram ou mesmo não liberaram energia como ela.

— É verdade. Mas o que isso tem a ver?

— Pense, mesmo que isso não seja o seu forte: a menina os controla totalmente, principalmente o roxinho parecido com ela. E se ele é parecido com ela, pode ser um problema para nós!

— Isso é bem verdade, agora entendo porque Saga não queria a menina aqui.

— Observe, apenas. Nowa, querida, pode vir até aqui, por favor? – Lugniff mudou do tom de sussurro para o de voz alta.

— Claro, tio Lugniff! – E ela foi saltitando.

— Me conte o que você e Fate conversaram, por favor?

— Ele me disse que ele não pode entrar, ouvir ou bisbilhotar dentro da Confederação, a não ser que seja convidado! – Disse ela, contente.

— Muito bem, você foi muito útil. Seus irmãos, onde estão? – Seguiu Lugniff com um sorriso no rosto.

— Ellury, Dimitri, venham aqui! – Pediu Nowa com um tom terno.

— Sim, Nowa. – Responderam os dois em uníssono.

— Vocês também fizeram um bom trabalho, estou muito feliz, muito obrigado. – Disse Lugniff, mantendo o sorriso no rosto.

— Agradecemos – disseram os dois, ainda em uníssono, curvando-se levemente e saindo de perto dos anciãos. Os dois pediram permissão para Nowa e saíram de vez.

— Pode ir brincar com eles, Nowa. Kazuia vai legar vocês no parque de diversões.

— EBA!!! – Disse Nowa correndo e se jogando no colo de Kazuia.

— O que eu te falei, Quasar? Eles são submissos a ela. Não sei até quando, mas agora são! – Disse Lugniff de volta ao sussurro.

— Entendo, mas ainda não vi o problema.

— Tem certeza que você é o meu irmão? Se nós fizermos algo que a chateie eles vão nos matar sem sequer piscar! Ela os controla a ponto de fazer qualquer coisa por ela, até se matarem, por exemplo!

— Entendi, entendi, fica calmo!!

Enquanto discussões entre os membros do Conselho explodiam em todos os cantos da sala, Kazuia, Solaris, Nowa, Ellury e Dimitri iam embora, deixando a Confederação.

— Você vai levar mesmo a gente no parque de diversões? – Perguntou Ellury a Kazuia, esperançoso.

— Claro, Ellury, por que a pergunta?

— Achei que fosse só invenção daquele pó de múmia para tirar a gente dali, para eles continuarem a falar mal de Nowa!

— De certa forma você está certo, mas temos uma pessoa a nosso favor!

— E quem é?

— Papa Ashi, acho eu, né – disse Kazuia com um sorriso amarelo.

Enquanto Kazuia levava os outros para o passeio, Nowa ficou para trás. Resolveu voltar à Confederação para tirar a prova de algo que a incomodava. Claro que a discussão entre eles seguia firma e forte, até uma votação foi aberta para saberem se a posição deles como grupo era concisa: se Nowa era ou não uma ameaça. Depois de uma votação tumultuada, o Conselho optou por ajudar Nowa no que fosse necessário, mas ainda restava uma questão aberta: Saga e toda aquela reação preponderante, que parou todos ali presentes por alguns instantes.

— Ótimo, o Conselho decidiu ajudar Nowa em tudo o que for possível, a única coisa que me preocupa é o Saga, ele é capaz de qualquer coisa para conseguir seu intento, receio que ele pratique das suas. – Disparou Tigueu a todos.

— Algo como, tio Tigueu? – Perguntou Nowa, surgindo ao lado do ancião.

Tigueu se assustou, Nowa não dava avisos quanto aos seus teleportes.

— Ainda não tenho ideia, mas sei que ele poderia fazer qualquer coisa para concretizar seus objetivos.

— Eu também, tio Tigueu. Se ele sequer tentar fazer alguma coisa contra mim, eu juro que ele vai se arrepender de ter nascido. Isso vale também para qualquer um que está nesta sala – disse a pequena fazendo um amplo movimento com as mãos, com uma feição bastante séria.

— Nowa, eu estava te procurando, por que não nos acompanhou?

— Kazuia, já tô indo!! – Sorriu Nowa, correndo em direção ao irmão.

Após alguns cochichos sobre a mudança de humor de Nowa, saímos da Confederação e passamos à casa do já comentado Saga. Em sua residência, o Lannkaster já havia chegado, com milhares de pensamentos em sua mente sobre o favorecimento do Conselho em relação à filha de Ashitaroth. Mino, contente por ele ter chegado, pergunta de longe se ele já estava ali, sendo respondido de maneira grosseira pelo youko azul claro.

— Desculpe a grosseria, Mino. É que o Conselho me deixou furioso!

— Eles deram razão à Nowa, não é mesmo?

— E como você sabe? – Perguntou o dono da casa, surpreso.

— Aioria acabou de chegar contando sobre Nowa ter acordado e Louis tinha vindo com ele. Podemos discutir isso no jantar, o que acha?

— E o Shaka veio? O que tem para o jantar?

— Infelizmente não. Ele fez a escolha dele, trabalhando para o seu irmão. E para a janta temos Lasagna aos Quatro Queijos.

— É, eu sei. Eu ainda não superei isso. E maravilha! Adoro Lasagna.

— Caramba, Saga, não te entendo. Você vive reclamando disso! Deixa o Shaka em paz, ele tem o direito de escolher onde vai trabalhar, não?

— Ter ele tem, não significa que eu vá concordar com isso.

— Boa noite, papa.

— Aioria, Louis, Kobalt! Há quanto tempo! Senti a falta de vocês. O que me contam de novo?

— Fora a sua cara de brabo, quase nada, papa. Você sabe que o tio Ashitaroth não é nada amigável conosco, além do que a nossa única função não nos deixa ficar dentro do palácio de Eddon – Aioria explicou com uma feição enfastiada, como se tivesse feito aquilo milhares de vezes.

— Você reclama demais, irmão. Comigo, o tio Ashi não é de todo ruim, até gosto dele. – Disse Louis de maneira leve.

— Para mim é indiferente. – Kobalt disparou seco.

— Achei que você ficaria em Eddon por mais alguns anos junto daqueles novos pestinhas! – Disse Saga.

— Se refere aos senhores Ellury e Dimitri?

— Eles não são seus senhores! – Esbravejou Saga.

— Acalme-se Saga. Venha jantar.

— Já estou indo, Mino. – Disse ao youko cor de rosa, e aos demais... – Conversaremos durante o jantar então, eu já disse, você é tão príncipe quanto eles, sou o filho de um rei, sou um rei! Entende o raciocínio, Kobalt?

— Entender seu raciocínio até entendo, mas não concordo, papa. Você não é rei, é presidente, então não manda em ninguém, nem mesmo no papa Mino. Se você diz que hierarquia é importante, você deveria abaixar a cabeça e acatar as ordens do tio Ashi. Ele sim é rei e manda em seu reino!

Instintivamente Aioria Minamino e Louis se afastaram dois e Kobalt continuava com seu olhar indiferente, enquanto Saga apresentou um semblante furioso enorme.

— Você me deve respeito, moleque! Vem me dizer que eu sou menos que o meu irmão mais novo? Fizeram lavagem cerebral em você em Eddon? Colocaram você contra mim! Ashi vai morrer por causa disso!

— Chega de melodrama, papa. Você não vai fazer nada contra o tio Ashi, afinal de contas, o senhor tem que prestar reverência ao seu rei, ao seu suserano. Em segundo lugar, não me enfiaram nada na cabeça, porque, ao contrário dos meus irmãos, eu tenho uma coisinha chamada cérebro – e os demais apresentaram semblantes furiosos também – e tenho quase certeza de que o senhor tem mania de perseguição. Cansei daqui, vou para casa! – Disse isso e despediu-se dos demais, voltando para Eddon em seguida.

Após esta cena, Louis murmura com seu irmão...

— Eu, hein? Nem quero estar por perto quando papa explodir!

- Concordo em parte com Kobalt, papa realmente tem mania de perseguição! – Aioria sussurrou de volta.

Enquanto isso, no parque de diversões, Nowa e os outros ainda se divertiam. A jovem Lannkaster chama Solaris para ir na roda-gigante com ela, enquanto o jovem youko vermelho-claro, de certa forma abobado, ia com ela. Kazuia provocou Ellury após o mesmo ter um acesso de ciúmes leve, e ainda assim Dimitri aproveitou para brincar com o irmão roxo.

— Você não deveria pensar que Nowa é uma graça. Se alguém além de mim ouvisse você pensando nisso, você estaria encrencado, Llury!

— Só você é bisbilhoteiro a este nível, Dimi!

— Acho que tem mais alguém... – respondeu Dimitri, olhando para a outra pessoa que olhava para Ellury com um sorriso no olhar: a própria Nowa. Sequer foi necessário que o youko roxo perguntasse quem era. “Agora eu tô ferrado”, pensou ele.

— Não tá não, Llury. Você me acha mesmo uma gracinha, é? Que fofo! – E a pequena apertou as bochechas de Ellury no momento seguinte.

— Não sou fofo! E já pensou, aliás, já pensaram que ler os pensamentos dos outros é falta de educação? Vocês já contaram para alguém que vocês fazem isso?

— Ainda não... Bom, tenho que ir, Lluryzinho, cuida bem dele, Dimi! Não deixa ele fazer qualquer besteira! Se você cuidar direitinho dele, te dou um presente, tudo bem?

— Tudo por Nowa! – Disse Dimitri em posição de sentido. Ao ver esta cena, Solaris ri com vontade, gargalha mesmo.

— Nowa, você não presta! – Disse Solaris chorando de rir.

— Eeeeeeu? Eu sou uma santa! Só fui gentil com ele!

— E é claro que você sabe que Ellury tem um precipício por você, não é mesmo? Se papa descobrir isso, vai fazer a vida de Ellury um inferno, sabe bem que papa é extremamente ciumento! – Disparou Solaris, preocupado.

— Eu sei, mas não há com que se preocupar, Ellury é prudente. – Terminando a frase, Nowa dá um beijo em seu sobrinho.

— Adorei! O que eu fiz para ganhar esse prêmio?

— Se preocupou comigo. Te adoro, Sohar, você é um grande amigo!

— Só um amigo? – Perguntou ele com a voz baixa, mas seus pensamentos foram tão altos que Kazuia ouviu do outro lado da fila.

— SOLARIS!!! – Gritou o youko vermelho escuro.

— Opa... Acho que pensei alto demais! – Pensou Solaris ao rir consigo mesmo. Claro que sabia que os demais estavam rindo.

Kuramma e Riei, apenas espectadores daquela cena, fizeram a única coisa que eles podiam: rir. “Finalmente a família está toda reunida”, pensou Fate ao observar tudo do alto de uma torre. Ele observava tudo o que acontecia com Lunna Nowa do alto de uma torre que havia próximo ao parque. Ele estava ansioso, queria ver o que poderia acontecer.

— Mas mestre Fate, o senhor já não sabe o que vai acontecer?

— Sei, mas Nowa é sempre tão imprevisível que quase sempre acaba com as minhas previsões! – E desapareceu, deixando um atônito Krysen para trás.

Voltando à casa de Saga, o clima estava bastante tenso depois da discussão que houve entre Kobalt e o dono da casa. E, para a surpresa de ninguém, Saga culpava Ashi pela situação que tinha passado havia pouco. “Ele sempre faz isso, sempre se mete onde não é chamado, isso me deixa doido da vida! ”, pensava o youko azul claro.

— Papa, o senhor está bem?

— Sim, Aioria. Com raiva, mas bem.

— Kobalt não deveria ter dito aquilo ao senhor, ele não tem o direito!

— É o que eu penso, Aioria.

Minamino, que apenas observava a cena, não podia se manifestar, mesmo que ele discordasse de Saga, estando a favor de Kobalt. Assim, o meio youko cor-de-rosa retirou-se para seu quarto, precisava chegar a Eddon o quanto antes possível. “Mas como posso desviar a atenção de Saga?... ”, pensou consigo mesmo. Enquanto isso, Saga e Louis discutiam algo que o youko azul claro queria fazer para se livrar de Ashitaroth e de LunnaNowa, cogitando guardiões, o Conselho, relacionamentos dos mais chegados a ela. As conjecturas iam a todos os pontos, a conversa era longa e os detalhes eram explorados à exaustão.

Minamino, com seu costume de ouvir atrás das portas, ouviu tudo o que Saga conversava com os filhos, e todos os planos que ele fazia, todas as informações que ele arregimentava. Foi quando ele decidiu partir para a Confederação – mas lembrou-se que àquele horário, ele já tinha ido embora. Era hora de ir para Eddon.