Seguindo com o que ocorria em Yesshra, em Eddon, assim que Kuramma recebeu a explicação, todos foram para a sala de jantar, onde Ashitaroth ainda queria convocar a União Dourada. Ashi tinha consigo, enquanto observava a todos, que havia ali um forte pressentimento de que algo faltava, que estava errado, e isso não o deixava. Ellury, preocupado, perguntou como o pai estava, mas uma esquiva foi aplicada, mas não adiantou, o youko de pelagem lilás mais novo já sentiu o que ele sentia.

Depois de alguma coisa mais amena, Nowa foi direto ao assunto.

— Está bem, papa. Estamos aqui reunidos, o que o senhor quer é a União Dourada. O que pode ser feito?

Kazuia olhava incrédulo para a irmã em uma pose tão forte, decidida, diferente da menininha que ele carregava no colo.

— Ainda falta gente...

E depois de algum xilique, o motivo da reunião veio à tona, que era defender-se, citando uma ofensiva que era em cima dos olhos dourados. Nowa decidiu, em um átimo de segundo, ir conversar com Fate, e levou toda sua patota junto. A pequena dizia que se alguém fosse machucar outro alguém, não seria Ashitaroth, muito menos Fate: seria ela. Claro que Fate, ao observar a tudo o que acontecia da Linha Temporal, sabia que a pequena iria atrás dele, e este reclamava muito pela imprevisibilidade dela.

Mal ele tivera tempo de se ajeitar no trono da Linha Temporal e LunnaNowa apontou à frente de onde ele estava.

— Vejo que desta vez veio acompanhada de seus capachos. – Constatou Fate com um sorriso enviesado.

— Não há capachos aqui, tio Fate. São meus irmãos, amigos e primo. Creio que você sabe o que significam laços, certo? – Perguntou a pequena com voz carregada de ironia.

— Claro que sei. Mas amigos ou o que quer que você tenha não obedecem às ordens de seus superiores!

— Eeeeee ponto para o tio Fate! – Disparou Aiacos, divertido.

— De que lado você está mesmo, Aia?

— Pode ser de nenhum dos dois?

— Arrgh... Esquece!! Tio Fate, não vim brigar com o senhor, vim impedir que faça qualquer coisa contra Eddon.

— E por que eu faria algo a Eddon, sendo que é território do seu pai?

— Sei também que o senhor tem grande apreço pelo meu papa, e se tio Saga o atacasse, você se moveria, não?

— Na realidade não, pequena. Não me interesso pelas briguinhas de Ashi e Saga. – E lentamente Fate se aproximou dela – Mas... Não posso garantir que não farei nada CONTRA VOCÊ!! – E Fate tentou atacar a pequena com uma adaga que tinha na bota, mas a mesma desintegrou assim que tocou a barreira dela. E este sequer teve tempo de respirar, pois ataques conjuntos vindos de Ellury, Dimitri, Aiacos, Riei, Kuramma e Solaris por muito pouco não o acertaram em cheio.

— Nowa, você está bem? – Perguntou Ellury ao correr para o lugar logo ao lado de sua irmã.

— Estou sim. Mas estou muito decepcionada!! Tio Fate, o senhor não tem amor à vida, não? – Perguntou a pequena em tom de fúria.

— E o que pretende fazer, pirralha? – Questionou Krysen ao entrar à frente de Fate.

— Saia daí que a conversa não chegou na cozinha!!

— Você não vai encostar em sequer um fio de cabelo do mestre!!

— SAIA AGORA!!!! – E, com um gesto displicente, fez com que o branco voasse longe – Agora você, tio Fate. Não vou lhe matar, mas eu vou te deixar bem, bem mal. – O efeito das palavras vociferadas com a aparência de Nowa – cabelos brancos, caudas brancas e olhos dourados, sua aura tão carregada de poder que com um meneio poderia fazer tudo vir abaixo, fez com que ele sentisse uma ponta de pavor.

— Você não pode me atacar, sou guardião da Linha Temporal! – Respondeu Fate levemente esganiçado.

— Nem que você fosse o rei do mundo inteiro escaparia dessa! Ninguém me ataca e sai inteiro para contar!

— Olha só, a pirralha do Ashitaroth sabe falar grosso!! – No momento seguinte, Nowa junta as mãos em concha e seu poder começa a relampejar, e ela faz uma bola de poder branca. – Espera aí! Este poder... Você manipula a luz!!

— Uma ótima dedução para quem vai receber meu ataque mais fraco agora. LIGHTNING BOLT! – E uma chuva de relâmpagos começa a cair, e uma das descargas acerta Fate por inteiro, o eletrocutando – E não se faça de morto, sua regeneração é tão rápida quanto a minha. Este foi apenas um aviso. Se sabe o que é bom, nunca mais me ataque!

No momento seguinte, a pequena desapareceu, sumiu, levando todos os outros consigo.

“Agora você declarou guerra. Não vou te atacar diretamente, mas vou fazer seus entes queridos sofrerem! ” – Pensou Fate consigo mesmo.

— KRYS!! – Berra Fate.

— Sim, senhor. O que o senhor deseja? Está bem?

— QUERO VINGANÇA!!! Sonde o maior medo da filha de Ashitaroth, quero saber qual é, e quero agora!

— Imediatamente, senhor! – Krysen era um dos poucos youkos que podia “ler” os sentimentos dos outros, e logo pôs-se a tentar.

— O que está esperando? – Fate espumava de raiva. Queria informações para ontem.

— Não consigo lê-la, algo me impede. O máximo que eu consigo chegar é a um vazio, ela não tem medos!

— Mas como uma criança pode não ter sonhos ou medos? Você já foi melhor, Krysen!!

— Esta criança não tem.

Os dois se separaram (mais pelo fato de Krysen ter literalmente fugido de Fate).

Voltando a Eddon, Nowa e os demais já estavam no palácio, Ellury e Dimitri ainda não acreditavam que ela tinha dado uma surra em Fate. Estavam empolgados com a iniciativa da irmã, pedindo para ensinar os golpes, mas ela foi radicalmente contra.

— Só a coreografia que precisa melhorar – disse Aiacos sorrindo – Tava meio ruinzinha!

— Concordo com eles, Nowa, foi incrível! Até hoje eu só tinha visto o Moon Chromatic Beam! – disse Kuramma.

— Tem certeza que vocês querem mais? O Moon Chromatic Beam muito bom, não é necessário mais! – Solaris com certo despeito. Ashi apenas esperava pela resposta de Nowa, e quando a avistou no pátio do Palácio, vai até ela.

— Nowa, querida, já tem sua resposta?

— Sim, papa. Faremos a união, o que eu devo fazer?

— Primeiramente treinar e segundo, deve voltar a Yesshra.

— Com que finalidade?

— Estudar. Você precisa terminar os seus estudos.

— Só com uma condição – disse a pequena com um quê de manha no tom de voz.

— Diga, minha pequena chantagista – disse Ashitaroth ao abraçar a filha e apertar suas bochechas

— Me conte, por que você e o tio Saga se odeiam tanto? O tio Hades disse que você era apaixonado por ele. Se me contar, irei para a escola e vou terminar ela inteirinha! Senão, fico te enchendo a sua paciência até você ficar velho.

— Eu não duvidaria – disparou Aiacos com um sorriso travesso no rosto.

— Está bem, eu vou contar, mas apenas a quem fizer parte da União Dourada – você e Ellury!

— Mas papa, eu também sou Kitsune de olhos dourados!

— Mas você vai saber de um ou outro jeito! Mas mesmo assim, entre pela porta escondida – sussurrou o pai dos gêmeos.

— Não é justo! – reclamou Solaris.

— E Nowa já deixou de te contar alguma coisa?

Solaris ficou perplexo com a lógica, mas aceitou. Depois de uma provocação básica de Aiacos, Nowa puxou Ellury e assim, em uma sala particular, Ashitaroth começou a contar a história.

“Passou a mão na testa, afastando a franja azulada enquanto soltava um suspiro cansado. Apoiou os braços cruzados sobre a vassoura, sorrindo ao ver o monte de folhas secas que acabara de juntar...”

— Tio Saga trabalhando? Você fotografou, papa? – perguntou a pequena, rindo.

— Nessa época ele ainda era decente e disciplinado. Posso continuar?

— Claro... – respondeu Nowa mal contendo o riso.

“Era outono e as árvores na propriedade estavam carregadas de folhas amarelas que formavam enormes tapetes no chão. Saga adorava essa época, o lugar possuía uma beleza que sua terra nunca ia ter, o Cocytos nunca seria coberto de folhas que mais pareciam lascas de ouro e bronze, seria sempre branca. A mansão fervilhava de afazeres, o que o aprazia, se sentia útil”.

— Tio Saga sendo útil? Quando? – Se espantou Ellury.

— Ellury!! – Ralhou Ashitaroth.

— Desculpe, pode continuar papa múmia roxa!

— Posso mesmo?

“Mesmo que estivesse vivendo de favor na casa de Ashitaroth, sob a proteção de Hypnos. Sabia que nunca lhe faltaria nada enquanto estivesse com o irmão, mas sentia-se ainda desconfortável, como um peso morto na vida dos irmãos. Foi varrendo as folhas para dentro de um saco de lixo grande, terminando o serviço. Com isso, o pátio estava limpo e ele foi levando o saco para descarta-lo. No meio do caminho estava próximo do estábulo, e curioso, se aproximou. Os belos cavalos de raça eram alimentados e tratados como se valessem ouro”.

— Papa, o tio Saga não era muito esperto, não é? – Perguntou Nowa.

— Ainda não é, mas agora não me interrompa! – Respondeu Ashitaroth quase histérico.

“E valiam mesmo, nunca vira animais tão lindos como aqueles na vida. Esbeltos, elegantes e fortes, exatamente como seu dono. Enrubesceu ao perceber em quem pensava. Alguém o chamava, seu olhar rondou o lugar até achar Hypnos, que escovava o pelo brilhante de um corcel negro. Magnífico, Hypnos percebeu sua admiração pelo animal e riu, pegando em sua mão, o trazendo para mais perto. Segurando sua mão, obrigou-o a acariciar o cavalo, mas tinha receio de tocar nele e sse assustar. Sorriu, estava calmo, pôde sentir a maciez e a tepidez da pele.

Enquanto Saga o acariciava, Hypnos lhe colocou arreios, enquanto o primeiro lhe observava, fascinado.

— Vai montá-lo?

— Eu não, você sabe que eu não ando a cavalo, ele vai. – Respondeu Hypnos apontando para alguém atrás de si, e quando ele se virou para olhar, quase caiu de susto. Ashitaroth se aproximava, colocando a luva de couro negra na mão esquerda, com movimentos graciosos. Lançando um sorriso malicioso para Saga, acompanhado de um olhar perigoso, como os que vinha mostrando a ele, como se o estivesse despindo.

Engoliu em seco. Como sempre o herdeiro dos Lannaster estava lindo, com sua roupa de equitação. Uma camisa branca com alguns botões abertos e sem jaqueta. As calças negras que aderiam-lhe à pele, delineando suas pernas torneadas e o início do cano longo de suas botas.

Seus cabelos arroxeados estavam presos em uma fita de cetim negro. Com uma habilidade incrível, montou o corcel sem que este último se agitasse. Porém o mais impressionante era que os dois, youko e cavalo, pareciam ser um só. Cabisbaixo, deu as costas, pegou o saco de lixo e o jogou sobre os ombros. Pouco depois, ouviu Ashitaroth o chamar, virou-se para olhar, mas logo enrubesceu, baixando os olhos. ‘Droga, ele tinha que sorrir daquele jeito? ’, pensou Saga consigo mesmo”.

— Olha só, o tio Saga tinha um precipício por você, não é, papa Ashi?

— Eu sei, Ellury. – Disse Ashitaroth com um olhar um pouco aéreo, como se, ao mesmo tempo que contasse a história, rememorasse aquela época. Nowa não deixou isso passar.

“No momento seguinte, repentinamente...

— Não quer cavalgar comigo? – Convida Ashitaroth.

— Eu... Eu não sei montar...

Ainda com um sorriso provocante, o jovem youko de pelagem lilás deu um tapinha no traseiro do cavalo, mostrando o lugar. Se era possível, Saga enrubesceu ainda mais. Engasgando levemente, olhou para Hypnos, como quem pede por ajuda. O irmão apenas pegou o saco de sua mão, o levando para longe.

— Aproveite... O passeio vai ser agradável.

Ele gostava de cavalos? Seria sua chance para montar um. Ficou olhando para si, para Ashitaroth... Usava uma calça de bolsos laterais, uma camisa branca velha de algodão e um tênis surrado, parcialmente sujo de terra. Para o jovem Eddono estava tudo bem, este até lhe ofereceu a mão. O jovem youko de pelagem azul clara a aceitou hesitante, sendo puxado de encontro ao que estava montado. Ao chegar perto ele se afastou um pouco, mas o outro riu.

— Segure firme ou vai acabar caindo, Saga!

Saga não sabia onde segurar, e o mais óbvio era segurar em Ashitaroth. A todo momento ele se perguntava por que aquilo estava acontecendo com ele, e no momento seguinte, o Eddono pegou as mãos do Cocytano e as juntou à frente de seu abdômen. Saga manteve o abraço frouxo, mas ainda assim morrendo de vergonha. Para forçar a proximidade, o mais novo empinou o animal e saiu a galope, e ele conseguiu o que queria. Hypnos balançou negativamente a cabeça, inconformado ao ver até onde o ego de Ashitaroth ia. Naquele momento era possível para Saga sentir todo o ser do futuro rei de Eddon, desde a energia em todos os detalhes até o perfume”.

— Contando a mesma historinha de novo, Ashi? – perguntou Hypnos, divertido.

— As crianças pediram – Ashi sorriu para seu conselheiro – Posso continuar?

— Claro. É sempre interessante ver a quantidade de detalhes você consegue lembrar.

Ashi riu e continuou a contar.

“Assim o cavalo foi diminuindo a velocidade, o galope se transformava em um leve trotar. Notando isso, Saga aliviou-se da prisão que se impusera devido a velocidade impressa, e agora, ao estar mais calmo, ele observava o lugar onde estavam. Se tratava de uma floresta fechada, cercada por árvores altsas, era um dos bosques da imensa propriedade Lannkaster.

Saga nunca havia ido àquelas paragens, sabia que estavam bem longe dos estábulos ou da mansão”.

— Ashi, você levou ele para o Bosque Azul? – Perguntou Hypnos.

— Sim. Você sabia, né?

— Claro! Você sempre foi uma peste, imaginei que faria isso.

— Vou continuar, tá?

“Foi quando um chamado repentino e agudo fez com que Ashitaroth estancasse, interrompendo tudo o que estava sendo feito. A voz era familiar e o deixava irritado. Ao virar-se para ver o autor do chamado, viu o autor, contendo esse cabelos e pelagem brancos, e este aproximava-se alegre. Aproximava-se rapidamente em uma das éguas dali.

Ashitaroth corou intensamente, como se o tivesse feito até a raiz dos cabelos, sem coragem de olhar mais para ele. Aproveitando-se da máscara social, o Eddono sorriu polidamente.

— Por que está montado aí, Saga? – Perguntou o visitante indesejado.

— Eu estava ensinando Saga a montar. – Respondeu Ashitaroth, com Saga respondendo acintosamente com a cabeçaa ele. Saga desce do cavalo e, com um discurso mais baixo do que jamais dissera na vida, disse que voltaria a pé, para o desagrado do Eddono”.

— Papa?

— Sim, Nowa?

— Você não gostava do tal Krysen?

— Não muito, ele me irritava profundamente.

— Por quê?

— Ele era mais poderoso que o seu pai! – Respondeu Hypnos, com uma risadinha debochada.

— LU!! – Vociferou Ashitaroth – tinha mesmo que falar isso? Vou continuar.

“O Eddono estava jurando que tentava aguentar aquele garoto, estava havia duas horas sentado naquela varanda tomando chá com ele. Apenas sorria e concordava com ele, mas o que ele mais queria era pular nele e esganá-lo por ter interrompido sua ‘conversa’ com Saga.

Se arrependeu de ter estreitado qualquer relacionamento com ele, ficando até aliviado quando ele fez menção de ir embora, dizendo que tinha outros negócios para resolver. Antes que o eddono pudesse responder alguma coisa, Krysen estendeu a mão enluvada para cumprimentá-lo.

Enfim, quando ele se retirou, em um acesso de raiva, pegou o bule delicado de porcelana e o atirou para longe. Hypnos ficou observando, assustado, o objeto realizar a trajetória que fez no ar e se espatifar no chão. Ashitaroth o olhou com desagrado e saiu daquele lugar.

O irmão mais velho apenas observou a cena e riu, abafando o rosto com a mão direita.

— Está com ciúmes, não é mesmo?

— Claro que não! – Ashi observava possesso.

Enquanto Ashitaroth ficava de mimimi, Hypnos pensava... "Ele não mudou nada em mais de 300 anos, continua sendo o mesmo menino mimado. Lembro bem de quanta manha ele fazia quando seus desejos não eram atendidos”.

A mesma história era contada tanto em Yesshra – Saga contava para seus filhos e para Minos enquanto Ashitaroth contava para LunnaNowa e sua patota. A cada dúvida levantada era uma resposta apropriada, e tinha ficado claro que Ashitaroth tentou seduzir Saga com seus poderes ainda não controlados de Kitsune e conseguiu, mas Saga se sentiu humilhado e até o presente momento ele queria vingança. Hypnos até tentou impedir, porém não conseguiu fazer nada.

Após o término da história, Ashitaroth cobrou de LunnaNowa que ela fosse para escola, e ela disse que iria, afinal, trato era trato. Porém, depois de contar a história, o monarca de Eddon ficou pensativo, e por mais que Nowa o sacudisse, ele não respondia.

— Esquece, pequena Dama. Depois que Ashi fica assim, ele não sai dessa espiral de lembranças por horas, lembrando o que ele aprontava comigo e com o pobre do Saga.

— Mas o maldoso era o tio Saga, porque ele não fazia logo o que o papa múmia roxa queria? Enfim... Ellury, vamos? – Nowa terminou a frase e estendeu a mão para o irmão e ele foi sem pensar nem meio segundo.

“Esses dois...”, pensou Hypnos.

Enquanto isso, na Linha Temporal, Krysen ainda não compreendia como a filha de Ashitaroth não tinha quaisquer medos ou sonhos. O youko branco pensava em voz alta quando Fate chegou, brincando.

— Como? Por quê? – Pensava ele alto.

— Onde e como? – Fate riu ao entrar no quarto do youko branco.

— Descobriu alguma coisa, mestre Fate?

— Sim. Nowa tem três irmãos, não tem?

— Sim, Aiacos, Ellury e Dimitri.

— O primeiro não vive em Eddon, não é?

— Não, vive com Erigor em Águia, mas o por que o interesse repentino nele?

— Estou pensando em uma vinganla contra Nowa, uma que fará ela ter pesadelos por anos a fio.

— Com todo o respeito, mestre Fate, o senhor está brincando com fogo, pelo que eu vi daquela menina, não acho uma boa ideia provocá-la.

— Para de ser medroso, Krysen. – Ao dizer isso, Fate sentou-se ao lado dele – Mas eu sou inteligente, e muito esperto.

— Explique-me por favor, mestre Fate.

— Está bem, Krysen. Em primeiro lugar, vou atiçar o ódio entre Saga e Ashitaroth, depois sequestro o irmão de Nowa, Aiacos e logo em seguida faço parecer que foi Saga, escondendo o moleque na Cidade de Prata. Assim Nowa atacará aquele lugar com todo seu poder. Não é brilhante?

— Desculpe a franqueza, mestre Fate, mas garanto que Nowa não cairia numa dessas.

— Garanto que cairia, sempre achei que Nowa fosse protegida pelos irmãos...

— E não é isso?

— É bem o contrário. Ela os protege. Ela é poderosa e se faz de inocente, percebi isso enquanto ataquei ela ontem. Recebi o ataque conjunto de todos, mas quando me preparei para atacar um deles, ela o defendeu.

— É bem complicado, mestre. O senhor diz que Nowa os protege, mas são eles quem a protegem, poderia me dizer o que o senhor quis dizer com isso? Estou muito confuso.

— Vou te explicar tudo, fique tranquilo.

Voltando a Eddon, já algum tempo depois, Ashitaroth treinava Nowa, esta com toda sua força.

— Não, não mesmo, Nowa! Preste atenção! Seus poderes são maravilhosos, mas não é para maravilhar o adversário, é para exterminá-lo!

Não importava quantas vezes o monarca de Eddon dizia isso para a filha, parecia que ela não queria ouvi-lo. O local onde treinavam era um gigantesco ginásio, criado apenas para isso, apenas os dois estavam lá dentro.

— Mas papa, o senhor vai se ferir!

— Não se preocupe comigo! Apenas ataque.

— Então está bem... Moon Chromatic Beam.

Com a má vontade do poder disparado, Ashitaroth desviou com facilidade. O golpe sequer machucou muito a superfície da arquibancada que acertou.

— Isso não é golpe, Nowa, é má vontade!! Veja como se faz! Star Revolution!!!! – O golpe saiu no formato de várias estrelas cadentes, que foram rapidamente na direção de Nowa, que finalmente teve de se mexer.

— Cristal Wall! – a técnica de defesa absoluta foi criada, o golpe disparado por Ashitaroth voltou contra ele mesmo, e ele recebeu todas as rajadas no peito, sendo arremessado para longe, e a parede onde ele foi cravado ficou cheia de crateras.

— Isso é perfeito, você pode usar a defesa para atacar, mas quando for luta corpo a corpo isso não vai servir! Embora eu ache que você nunca vai precisar, mas enfim... – Ashitaroth puxa sua espada e manda Nowa, apenas com um olhar, a fazer o mesmo.

— O que o senhor pretende, papa?

— Lhe ensinar esgrima.

— Com uma espada de verdade?

— Claro! Aguça seus sentidos. – E no momento seguinte, Ashitaroth atacou a filha, que se defendeu como pôde. Sabia que poderia sofrer qualquer ferimento, já que o pai havia tirado dela sua barreira previamente.

— Você é muito pacífica, Nowa. Tem que aprender a se defender. Enquanto você não der mostras que aprendeu, vai ficar aqui, comigo!

— Não vou mesmo, nem que eu tenha que te machucar, papa. Esse lugar é ruim! – e ela se preparou para atacar – Papa, me perdoe, mas não gosto desse lugar, já estamos aqui há uma semana, então lá vou eu! Splinter Ice!!

Farpas de gelo irromperam da mão da pequena, indo em direção a Ashitaroth, onde ele teve que se defender rapidamente com a espada, e a pressão do golpe fez com que ele fosse empurrado para trás, e logo ele se viu a centímetros da parede.

— Filha, isso é maravilhoso!! Com quem você aprendeu esse golpe? – Perguntou Ashitaroth positivamente surpreso.

— Eu aprendi com...

Enquanto isso, na Linha Temporal, Krysen observava os dois, petrificado. “Se essa menina, que para ele parecia tão pacífica, já está lutando desse jeito, imagina se ela se enfurecer? Ela é um risco para o mestre Fate! ”, pensou o youko branco ao ver a cena por seu Globo Temporal.

— Entendeu, Krys? Por isso queria que você lesse o coração daquela menina, preciso saber a quem ela poderia arriscar a vida para proteger, se são um dos originais – Aiacos, Ellury ou Dimitri, Solaris ou Kazuia, ou mesmo qualquer outro... Sabe?

— Outros? Como assim outros, mestre?

— Sei que ela fez clones de si, fazendo dois meninos e uma menina, e ela tem muita afeição com eles. Quero que você vá e descubra qual deles é o tesouro mais precioso dela.

— Então para isso você quer que eu me infiltre em Yesshra, certo?

— Correto. Eu já te matriculei na Escola Monárquica de Eddon. Você utilizará um nome falso, Cristian. Estará na mesma sala que ela, fique junto dela como cola que gruda madeira. Entendeu?

— Claro!

Passaram-se alguns meses depois do ocorrido. Nowa e os outros estavam matriculados, todos convenientemente na sexta série – pois a pequena e Solaris conseguiram chegar a tal nível depois de um exame de admissão. Ellury e Dimitri estariam em outra sala.

— Está preocupado, Kazu?

— Mais ou menos, pequena dama. Você estará sozinha com Solaris... Se bem que é mais seguro mesmo estar sozinha... – Kazuia disparou a última frase com ironia, para desespero da pequena – E eu vou estar longe de você – E logo a abraçou.

— Deixa disso, Kazu. Não passei os últimos seis meses presa dentro daquele ginásio com o papa a toa, além disso temos como nos comunicar, esqueceu? – Assim que citou o meio de comunicação, Nowa apontou para a própria lua que tinha na testa – além do que o Llury e o Dimi estão na sala ao lado, o Kuramma e o Riei estão em uma sala à frente! O que poderia acontecer comigo?

— Sinceramente não sei. Apenas tenho muito receio, não sei se papa é um gênio ou só um doido varrido.

— Um pouco dos dois, querido irmãozinho.

— Kamia? O que diabos faz aqui?

— Vou estudar na sua classe e proteger – neste momento, ele se interrompeu, abaixou-se e beijou a mão de Nowa – nossa querida princesa a mando de papa Hades.

— Até ele? Vai morar conosco?

— Sim! Ai, irmãozinho, não é demais? Vamos morar juntos de novo! – E Kamia abraçou Kazuia, enquanto este último tinha a cara de quem ia cometer um assassinato. Nowa ria da expressão do irmão.

— Crianças, está na hora de vocês irem, as aulas começam amanhã, já está tudo preparado. Nowa, se acontecer alguma coisa, lembre-se que você pode voltar a qualquer hora para visitar os dois. Kazuia, proteja-a com sua própria vida e creio que isto vale para vocês também Kamia, Ellury e Dimitri. Divirtam-se, obedeçam sua irmã mais nova, Kuramma e Riei já sabem o que fazer e você, querido Aiacos, não se esqueça... – orientava Ashitaroth.

— Já sei, papa: “Uma vez que você entregou sua vida a uma deusa, não há mais volta” – respondeu francamente e olhando diretamente para Nowa, para somente depois voltar-se para Ashitaroth.

— Muito bem, agora vão. Já estão atrasados.

Todos se despediram de Ashitaroth e Hypnos, indo diretamente para Yesshra, onde tudo começaria de novo. Kamia, que viajava ao lado de Nowa e Kazuia, percebeu que seu irmão não tirava a mão da de Nowa. Na hora achou que ela tivesse medo de avião, mas algo o surpreendeu: logo que a aeronave decolou com todos, Kamia viu algo que o deixou intrigado: Nowa foi para o colo de Kazuia e não tirava a boca de seu pescoço.

— Se eu fosse o senhor, tio Kamia, não ficaria olhando muito – disse Ellury ao ver o quanto Kamia prestava atenção – Isto acontece todos os dias.

— Então quer dizer que Nowa é...

— Sim, e eu também, tio Kamia.

— Fale baixo, Ellury.

— Não se preocupe, todos os outros estão dormindo.

Quando viu Kazuia empurrar a boca de Nowa para mais próximo de seu próprio pescoço, não se conteve em perguntar.

— E ele concorda com isso?

— Claro, tio Kamia. Você já pode ter percebido isso sem me perguntar. Para Nowa isso é uma vergonha, então já que vamos morar juntos, agradeço se não comentar isso.

Após alguma inveja de Kamia em relação a Ellury, enfim o grupo chegou a Yesshra e um motorista já contratado por Ashitaroth. Enquanto se dirigiam ao seu destino, Nowa resolveu questionar.

— Kazu, eu irei treinar aqui também?

— Creio que sim, já que nós vamos para a Mansão Lannkaster.

— Aquela em que o papa múmia roxa viveu junto com os outros? – Questionou Ellury.

— Sim, esta mesma. Só não sei como vocês vão se instalar por lá.

Antes que alguém se manifestasse em preferência de qualquer quarto, Nowa, mostrando um conhecimento invejável do local, disse quem ia ficar com qual., deixando Kazuia à direita de seu quarto e Kamia à esquerda.

— Nowa, desde quando você conhece tão bem a mansão? – Perguntou Kazuia.

— Conhecendo! – Respondeu a pequena, rindo bastante.

Enquanto todos chegavam a seu destino, na Linha Temporal Fate pensava em seu plano e dava as últimas diretrizes para Krysen.

Todos os youkos se instalaram em suas residências com facilidade, assim como o tempo passou da mesma maneira, estando próximo do primeiro dia de aula. Enquanto se dirigiam à loja para comprar o uniforme, e enquanto isso, um pouco mais longe dali Fate dava as últimas instruções para Krysen, que se aproximaria de Nowa.

Chegando pouco antes do grupo, Krysen se senta em um banco da praça em frente e os fica esperando. Para na porta da loja uma limusine negra e de lá todos saltam e entram. Dentro da loja, um dos vendedores os atende.

— Em que posso lhe ajudar?

— Vim comprar uniformes da EME e da UME para meus irmãos e para mim. – Diz Kazuia.

— Qual série estão?

— A maioria na sexta, mas eu e meu irmão no segundo ano de faculdade.

— Bem, para as menininhas – Informou a vendedora apontando para Ellury e Nowa – temos as saias rosa e verde e as camisetas branca e cinza. Para os meninos temos a calça cinza e a camiseta azul.

— Eu não sou menina!! – Protestou Ellury.

— Desculpe, não tive a intenção. – Respondeu a vendedora sem graça.

— Moça, e aquelas ali, são de que série? – Perguntou Nowa, apontando para a saia preta com detalhes dourados e a camiseta cinza com detalhes pretos.

— São da sexta também, mas são reservadas apenas para a família real de Eddon. Eu sinceramente nunca entendi por que eles têm preferência por roupas escuras.

— Ótimo, vamos leva-las.

— Infelizmente não poderei permitir. Como eu disse, são reservadas à família real de Eddon.

— Prazer, sou LunnaNowa Lannkaster. Estes são Ellury, Dimitri, Kazuia, Kamia, Solaris, Aiacos, Kuramma e Riei.

No momento em que a vendedora foi reverenciar o grupo, Kazuia a repreendeu secamente e pediu que apenas embrulhasse o uniforme.

— Nowa, pelo amor dos céus, o que o papa te disse? Pare de nos expor deste jeito! Quer nos matar?

— Pare de ser paranoico, Kazu! Quem irá me atacar, aquele menino ali? – Perguntou Nowa sorrindo.

— Não sei! – Respondeu Kazuia, cruzando os braços.

— Calma, Kazu. Se poupe e me poupe, ninguém nos atacará, não aqui em Yesshra... – Ratificou Nowa em voz baixa com o irmão. No momento seguinte, a pequena resolveu aproximar-se do garoto sentado na praça.

— Oi, o meu nome é Nowa, e o seu?

— Cris... Cris... Christian...

— Prazer, Christian, meu irmão paranoico acha que você pode me machucar... Em que escola você estuda e em que série?

— Vou estudar na EME, sexta série, e você, Nzinha?

— Nzinha? Engraçado, é como meus irmãos me chamam. E o mais interessante é que eu também vou estudar na EME, na sexta série! – No momento seguinte, Kazuia chama a pequena e ela emenda o discurso – Desculpe, tenho que ir, meu irmão está me chamando. Foi um prazer te ver de novo, Krysen! – E ela saiu, saltitante, sem que Krysen percebesse, e ele o fez só algum tempo depois.

“Como ela sabia que era eu? ”, pensou consigo mesmo. Pouco depois disso, andando às cegas pela praça, Krysen trombou com alguém...

E era Nowa. Surpreso, Krysen se manifestou.

— Não era para você estar com os seus irmãos?

— Não, deixa eles lá em casa, me procurando.

— Mas por que você veio pra Yesshra?

— Para estudar!

Enquanto o branco pensava, Nowa continuou...

— E você? O que faz aqui?

— Vim estudar também!

— Na mesma escola e classe que eu, sério mesmo? Se bem que você, mesmo sendo mais velho, parece criança...

— É... Mas meu mestre...

— Você fala do tio Fate? Eu sei que ele te mandou atrás de mim! - E Nowa gargalhou - Que patético! Tio Fate não consegue ser mais previsível, não? Pelo jeito que você me olha, sei exatamente o que você está pensando – Disse Nowa ao ver o jeito que Krysen a olhava – Era previsível que tio Fate viesse, de alguma forma, atrás de mim depois daquele ataque no ano passado.

“Como ela pode saber os planos de mestre Fate? ”, pensou Krysen consigo mesmo.

Depois de algum tempo observando Krysen pensar sem emitir uma palavra...

— Entenda, Krys. Tio Fate nunca faz o trabalho sujo, apenas delega ordens e fica com os resultados e a fama. Agora devo ir ou os outros vão pensar que alguém me sequestrou. Te vejo na escola amanhã!

E deixando-o mudo e boquiaberto, Krys apenas acenou e prometeu a si mesmo que a encontraria no colégio. A pequena pôs-se a caminho da Mensão Lannkaster.

Enquanto isso, Ashitaroth discutia obstinadamente com Hades, Darien e Hypnos sobre o que havia acontecido, a respeito do que havia acontecido com Nowa quando ela era muito nova, com 50 anos de idade, sobre a frialdade com o qual ela foi assumindo em sua personalidade e sobre as responsabilidades que ela viria a assumir.

Logo um plano surgia na mente do monarca de Eddon, coagir Fate a fazer algo de ruim e esperar a punição de sua filha para com ele. Após uma leve discussão de Darien e Hypnos a respeito do que Nowa poderia ou não fazer a respeito disto... E depois foram atrás de seus afazeres.

Enquanto isso, na Linha Temporal, Fate bisbilhotava a vida de todos através de um grande espelho, quando Ashi aproximou-se e soprou-lhe a nuca, fazendo-lhe perder a concentração e, com isso, a imagem sumiu do espelho.

— ASHI!! NUNCA MAIS FAÇA ISSO!!

— Pára de ser ranzinza, Fate. Você gostou, ‘tá na cara. – Disse Ashi com um sorriso malandro.

— Nunca. – Fate era a epítome de não dar o braço a torcer.

— Ué, se não gosta, porque anda com um rabo de cavalo alto? Deixasse o cabelo solto e não teria esses problemas. – Insistiu o monarca de Eddon.

— Tirando toda essa pataquada, o que você quer de mim, Ashi?

— Vim conversar contigo sobre Nowa..

— O que tem a lin... Digo, a pestinha da sua filha?

— Ela é tão fria, calculista e abominável quanto dizem?

— Por quê? – Perguntou Fate erguendo uma das sobrancelhas.

— Darien, Hades e Hypnos me disseram que ela é tudo isso, e que é por minha causa! Além do que eu tenho certeza que ela me mataria se tivesse a oportunidade! – Ashi pontuava as palavras regadas a lágrimas.

— Acalme-se, homem. E de onde tirou tanta certeza disso?

— Ela é ou não? – Perguntava o monarca de Eddon esperando pelo pior.

— Pelo amor dos youkos, Ashi, ela é sim, mas igual a todos os outros, e diferente deles, tem um coração de ouro! Mas mudando de assunto, sei que você é um dos poucos youko kitsune que há neste mundo, e que quando chora, chora sangue, mas o que é isso? – Fate se referia ao líquido viscoso que saía da barriga do monarca. Ashi, evasivo como sempre, antes de qualquer coisa disse que não era nada e saiu. Foi quando ele se deu conta que Ashi não era imortal, e que ainda não se recuperara de receber o golpe de Nowa, o “Splinter Ice”.

Algum tempo depois, em Yesshra, Kazuia havia procurado por sua irmã em todos os lugares possíveis, imagináveis e até inimagináveis, começando até a se desesperar, quando o grito da pequena ecoou pelo ar. Correu como se sua própria vida dependesse disso, encontrando após poucos minutos apenas um homem. Perguntando por Nowa, Kazuia foi interpelado pelo homem à sua frente.

— O que faz aqui, Kazuia?

— Onde ela está? Se fez algum mal a ela, eu juro, te estripo aqui mesmo! – Rugiu ameaçadoramente o youko vermelho.

— Tenha calma que eu só vim conversar com ela. Sabe onde ela está? – Perguntou o homem fortuitamente.

— O que o senhor quer de mim, tio Saga? – Perguntou Nowa ao aparecer e reconhecer seu tio.

— Nada de mais, só conversar.

Tio e sobrinha seguiram para a Mansão Lannkaster, e Kazuia só se mexeu depois que os dois estavam bem longe. “Se estou certo, o portal ainda está aberto”, pensou o youko vermelho consigo mesmo. Enquanto isso, a conversa entre Saga e Nowa fluía bem, mas apenas nas aparências.

— O que quer de mim, tio Saga? – Perguntou a pequena ao sentar-se em sua poltrona.

— Duas coisas, apenas. A primeira é que você escolha entre Andrews e Chronos para me entregar, e a segunda que você me entregue a bola Gouki e o Ookami. (Bola Gouki é uma esfera azul metálica que rouba o espírito de youkais e mortais, enquanto que o Ookami é um medalhão possuidor de uma grane energia, capaz de destruir outros mundos facilmente).

— Não quer a espada Kooma também não? – Ironizou a pequena – Você sabe, igual a todos, que ela está perdida! – E Nowa terminou gargalhando insanamente. Deu um tempo e depois continuou.

— Tem certeza que eu vou fazer isso que me obrigas? Está brincando, né?

Saga olhou para a sobrinha com um olhar de rancor puro e emendou em uma resposta gélida.

— Não, não estou. E se não me entregar o que lhe exijo, vou ser obrigado a tomar de você à força.

— Sei, você e que exército? – Respondeu Nowa ameaçadoramente.

— Me respeite, sua pirralha mimada! – Explodiu o youko azul claro, levantando-se e indo em direção a ela, mas no momento seguinte em que ele havia chegado perto de seu pescoço, ela estalou os dedos, e vários guardas apareceram ao redor dos dois, removendo Saga de perto da pequena.

— O que significa isso? Me larguem, quero fazer justiça! LunnaNowa, sua pirralha, você não perde por esperar!! – E a voz do líder executivo de Yesshra foi morrendo ao fundo.

— Estarei esperando, tio Saga. Levem-no daqui! – Terminou Nowa, emendando para os guardas com firmeza.

— Sim, Alteza!

Saga, já fora da Mansão Lannkaster, esbravejava, pois tinha sido jogado no chão como um saco de lixo. Amaldiçoava Nowa o quanto podia e o quanto não podia.

— Quem aquele projeto de youko pensa que é? – Disse Saga para ninguém, mas alguém ouviu e respondeu.

— Saga, o que faz aqui fora desse jeito?

— Hades, aquela sua sobrinha é uma peste, ela acabou de expulsar da mansão!

— Como se ela não fosse sua sobrinha também, Saga. O que você fez pra ela? – Perguntou o youko negro, estreitando os olhos.

— Pedi que me entregasse um dos clones dela e dois dos três tesouros! – Respondeu Saga como se aquilo não fosse nada de mais.

— E você diz “só”. Você tem sorte de ainda estar vivo, Nowa teve compaixão de você. – Respondeu Hades com um sorriso sarcástico.

— E vocês dão muito crédito para aquela pirralha. É Nowa isso, Nowa aquilo...

— Isso é recalque.

— Vocês dois, calem-se agora mesmo. – Hypnos chegou bradando com sua voz, esta ribombando os ouvidos dos dois. O youko azul escuro tinha alguém em seu colo.

— Hades, se você veio falar com nowa entre. Saga, pelo que vi já falou com ela, então vá embora.

A contragosto, Saga entrou em seu carro e foi embora.

Em outra da Linha Temporal, Krysen passeava pela cidade a esmo, com sua mente muito longe dali, pensando em como Nowa o havia descoberto tão facilmente.

“Sei que ela é esperta e perspicaz, mas chegar ao ponto de me reconhecer... Talvez... Tudo o que eu consegui ler dela foi amor... Droga! ” – Ao pensar nisso, o youko branco bateu sua mão contra a janela.

— Uma moeda por seus pensamentos, Krysen. – Chegou Fate silenciosamente, como sempre.

— As aulas começam amanhã, mestre.

— Não mude de assunto. Você falou com a pequena Dama, não? O que sentiu? – Perguntou o guardião no clímax do que esperava.

— Por incrível que pareça ser, só senti amor.

— Como? A pessoa mais vil, triste, de coração inóspito e calculista e você sentiu amor? Você está ficando velho, Krysen. Faça de novo! – Dito isso, Fate desapareceu.

“Se eu sobreviver até lá”, pensou o youko branco consigo mesmo.

Já no dia seguinte, Kazuia corria alucinado pela casa, já pronto para ir à escola, mas nenhum dos outros que moravam ali estavam, principalmente Nowa.

— Nowa, anda logo, você vai nos atrasar! – Guinchou Kazuia.

— Já vou, só estou prendendo o meu cabelo!

Kazuia achou aquilo estranho, mas sentou-se à poltrona e pôs-se a esperar. Claro, com tudo pronto, bastava apenas os outros se arrumarem para que eles fossem ao colégio. Depois de todos os imprevistos e atrasos, finalmente os Lannkaster chegaram ao complexo estudantil formado pela EME e pela UME.

— Anda logo Llury, estamos atrasados! – Gritava Dimitri ao correr. Solaris e Nowa vinham logo atrás, com Kuramma e Riei em seu encalço. Já nos corredores do prédio onde ficavam as salas de aula de cada um, em cada sala quando chegaram aconteceu uma coisa.

Na classe de Kuramma e Riei, não houve nada de mais, correndo tudo bem. Na classe de Ellury e Dimitri, as meninas causaram uma grande comoção pela apresentação dos dois, por causa que os dois eram belos. Já na classe de LunnaNowa e de Solaris, o processo demorou um pouco mais, porque além deles dois havia um terceiro a ser apresentado.

— Alunos, esta é LunnaNowa, este é Solaris e este é Cristian. Espero que os ajudem a se adaptar e sejam seus amigos. LunnaNowa, sua mesa é ali, Solaris ao lado dela e Cristian, atrás de Solaris.

Após isso, os três foram em direção às suas mesas. Solaris arrancou suspiros das meninas, e Nowa, dos meninos. Cristian passou incógnito, como ele mesmo queria que fosse. A aula transcorreu tranquilamente para todos os membros da família real, e finalmente chegou o intervalo, ou para os pequenos, a hora do recreio.

Todos se encontravam novamente, Kazuia e Kamia os observavam do outro lado da cerca, até serem autorizados a se juntarem a seus irmãos.

— Hey, menina, podemos nos sentar com vocês? – Perguntaram três meninas aleatórias.

— Claro, pode vir! – Respondeu Nowa, animada, ignorando a cara feia de todos os outros. Após o momento apresentação, Krys chegou, e Nowa pediu que ele se aproximasse também, apresentando as meninas. Depois de uma discussão amena e engraçada, que envolvia um questionamento de Solaris a Kuramma se ele havia se achado no lixo.

Após esta cena, percebemos o passar do tempo, pois a semana passou tão rápido que nossos amigos sequer perceberam. Quando se deram conta, já era final de semana.

Enquanto as crianças se esforçavam estudando, Ashitaroth passou a semana inteira ansioso e nervoso em Eddon, queria saber muito como tinha sido a semana de seus filhos.

— Hypnos, por favor, vamos até Yesshra, estou morrendo de curiosidade para saber como Nowa está!

— Pare de bancar o coruja, Ashi! Ou tá querendo alguma coisa dela?

— Para de ficar pensando que eu só quero o meu bem, Hypnos! Claro que na maioria do tempo eu penso que eu sou melhor que a maioria e que todos deveriam me venerar, mas isso não vem ao caso!

— Sei...

No momento seguinte, uma carta para Hypnos, vinda de Nowa. Ashi ficou em polvorosa, mas foi sumariamente ignorado pelo entregador.

— Diga, diga, o que diz aí? – Perguntou Ashitaroth, ansioso.

— Diz que você é muito curioso! – E Hypnos riu. Diante da cara feia de Ashi, ele continua – Brincadeira. Diz que ela vem nos visitar no final do mês. E comporte-se, você é o rei de Eddon, oras! – Hypnos emendou ao ver que seu irmão estava saltitando de felicidade.

Enquanto isso, Fate observava a tudo da Linha Temporal, pensando em tudo o que acontecia naquele momento, achando incrível que Ashitaroth tinha mandado sua prole para Yesshra. Enquanto pensava nisso, Nowa apareceu.

—Pensando em que, tio Fate?

— Nowa? – Perguntou o guardião surpreso ao ver a menina ali.

— Queria que você me ensinasse algumas coisas, meus irmãos são tão ingênuos quanto eu e não vão saber…

— E o que te faz pensar que eu saberia algo assim?

— Você estudou na EME e isso me faz pensar que tinha alguns amigos, não?

Tentando despistar o rumo da conversa, Fate usa uma frase chavão pedindo que ela fosse apenas ela mesma.

— Claro… - Nowa foi saindo, e no momento seguinte ela foi parada pelo guardião novamente.

— Você veio aqui só pra me perguntar sobre amigos?

— Obrigado, eu quase ia esquecendo…! Por que mandou Krysen atrás de mim? Achei que tínhamos um acordo!

— E temos, você… - Fate ia continuando a explicação mas foi interrompido.

— Shiu! As paredes têm ouvidos, tio Fate. Meu papa se aproxima. Lembre-se, temos um acordo, se você cumprir a sua parte, eu vou cumprir a minha. - E no momento seguinte, ela desapareceu.

Pouquíssimo tempo depois Ashi apareceu, já tendo seus ataques a respeito de Nowa, informando que ela iria para Eddon e que ele não deveria aparecer.

Enquanto isso, na Confederação, na sala de Hades, seu anfitrião e seus irmãos Darien e Saga estavam reunidos. Depois de algumas discussões bobas, finalmente a pergunta que não queria calar foi feita.

– Reuni vocês aqui porque sei que Saga – E Hades apontou para o irmão – Quer vingança contra Ashi e Nowa, mas não irá executá-la sozinho, não? – Hades mostrava uma expressão blasé, e Saga olhou furiosamente para o irmão.

– Tá certo. – Respondeu de má vontade.

– E com quem tá mancomunado? – Perguntou Darien somente para alfinetar.

– Fate.

– Só falta dizer que o plano é sequestrar Aiacos e Andrew e os esconder na Cidade de Prata, para que Nowa a ataque! – Ironizou Lanntis aparecendo de repente.

– É isso mesmo. – Respondeu Saga, causando espanto aos irmãos presentes. “Saga enlouqueceu de vez?”, pensou Hades.

– Isso é loucura, Saga! Você não vai ter sucesso, porque Nowa tem uma coisa que você não tem! – Disparou Lanntis, desta vez sério.

– E o que é? Posso saber? – Perguntou Saga já irritado.

– Claro! CARISMA! CA-RIS-MA! – Disparou Lanntis para atingir Saga.

– Então engula esse carisma! – E Saga saiu batendo os pés, batendo a porta assim que saiu, causando um estrondo no andar de Hades.

Depois de alguma discussão pela valentia de Lanntis em jogar na cara de Saga que ele era odiado por todos, era hora de deixar Nowa sabendo, ele mesmo se prontificou em fazer um relatório pessoalmente, sem contar a ninguém.

Ao chegar na Mansão Lannkaster, Lanntis se identificou para o segurança e pediu para falar com a pequena Dama. Ao entrar após ser autorizado. Nowa aguardava o tio na porta da frente da mansão. Após toda uma observação silenciosa pelo fato de ela ter crescido bastante, e questionando se os irmãos dela estavam em casa – levando em consideração o que Darien tinha pedido.

Quando foram para a biblioteca, Lanntis contou à pequena Dama a respeito de Saga e Fate, e enquanto isso se maravilhava com a quantidade de livros. Quando finalmente contou a respeito do plano e do que aquilo poderia causar, e o que poderia causar também a Ashitaroth.

— Tio Saga está precisando arranjar algo mais útil pra fazer. Eu já sabia desse plano há muito tempo, tio Lanntis. Meu informante já me passou as informações necessárias.

O youko descolorido olhou para a sobrinha como se esta fosse alienígena.

— E por que não fez nada?

— Desnecessário, tio Lanntis. Tio Saga é bem previsível quando quer! Espero que ele faça isso nas férias, porque estou começando a gostar da escola…

Quanto mais pensava naquilo, mais Lanntis não acreditava no que Nowa dizia. “Que informante é esse que ela tem?” - Se perguntava ele.

— Se acalme, tio Lanntis. Uma hora eu te conto quem é meu informante. Quero que você não faça nada, ao menos por enquanto. Só peço que avise ao tio Hades e ao tio Darien que eu vou seguir com o programado e que eles sigam com o deles, como foi combinado.

— Sem perguntas, não é mesmo? Vou avisá-los quando eu for a Eddon, no fim do mês.

— Vamos fazer melhor, eu vou até o Galuhara* e aí conversaremos, combinado?

— Claro, Alteza!

— TIO LANNTIS!! Sabe que eu não gosto de ser chamada de Alteza, né? - Respondeu a pequena rindo.

— Eu sei… - Respondeu Lanntis rindo também – Agora eu tenho que ir, estou atrasado e sabe que seu tio detesta atrasos.

Depois disso, Nowa acompanhou o tio até a porta, e quando este estava a uma distância segura, Kazuia apareceu, desconfiado como sempre. Questionou o que Lanntis queria, e a pequena explicou ao irmão o que aconteceu na conversa que ocorreu entre os dois.

— Mas Nowa, isso pode te machucar, te magoar, atrapalhar seus planos!

— Kazuia, alguém já te disse que você é paranoico?

— EU? - Perguntou o vermelho histérico.

Para que vocês não fiquem perdidos, leitores, o Galuhara é o palácio de Lanntis, ele se localiza ao sul do palácio de Eddon – sim, o Galuhara faz parte da cidade de Eddon, mas é mais próximo de sua periferia – isso é, se existe periferia em Eddon.

Enquanto isso, nos jardins da mansão Lannkaster, já esperavam por Nowa Ellury, Dimitri, Solaris, Aiacos, Kuramma e Riei. A pequena informou a toos que no fim do mês todos iam a Eddon. Todos começaram a objetar o que Nowa chamou de “algo para diverti-los”.

— Mas se nós nos prepararmos para atacar a Cidade de Platina, não vamos estar contra o juramento? - Perguntou Solaris.

— É Cidade de Prata, Solaris. E sim, vamos. Mas como em toda regra há uma exceção, não precisamos atacar todos ao mesmo tempo, por termos sido forçados a isso!

– Tudo bem, mas que raios é esse juramento que eu não me lembro de ter feito? - Perguntou o youko negro com uma feição de dúvida enorme.

— E você realmente não fez. Os únicos que fizeram foram Nowa, Kuramma e Riei. – explicou Kazuia.

— E por que eles fizeram e nós não? – Perguntou Ellury.

— Foi porque Nowa é herdeira dos Lannkaster, Kuramma dos Hanntinton e Riei dos Zillion. Mais eu explico depois do almoço, pode ser? – Concluiu o youko de pelagem vermelho escura.

Todos concordaram, uma vez que o almoço naquela mansão era motivo de festa para todo mundo, mesmo que ninguém ficasse quieto. Após a refeição, Ellury cobrou e foi atendido por Kazuia, mas Nowa pediu a palavra, explicando a todos o que havia com aquele juramento.

Todos ali ouviram de Nowa que o juramento consistia em os youkos não se matarem, uma vez que por si só, os youkos eram competitivos demais, então seu ancestral Tabris criou este juramento para que houvesse convivência em comunidade, criou também leis, para que houvesse ordem. Mas havia um porém, o juramento era feito apenas pelos herdeiros de cada família.

Todos souberam ali que Kazuia também havia feito o juramento por ser herdeiro dos Kinngmoon. Ali, era a hora derradeira: era a hora de fazer o juramento para o herdeiro dos Lannkaster, Nowa no caso.

Aiacos e Dimitri resolveram não fazer – por que, embora os dois fossem leais à Pequena Dama, o primeiro não gostava de aglomerações e o segundo não gostava de violência... Os demais iam fazer enquanto Aiacos sumia por um portal, mas no momento seguinte Hades surgiu falando que era algo para a vida inteira, que eles deveriam pensar melhor.

Depois de um momento de explicação sobre os herdeiros – Nowa sendo herdeira de Ashitaroth, Hypnos e Darien, Kazuia sendo herdeiro de Hades, Riei de Poseidon e Kuramma de Saga. Enquanto a explicação acontecia (e os pequenos recebiam um nó em sua cabeça), Aiacos chegava até seu antigo apartamento.

“Não gosto de deixar a Nzinha sozinha, mas não resisto a um pedido dela. Não entendi muito bem o plano, mas se ela diz que vai dar certo, eu acredito”, pensava o youko de pelagem roxo escura enquanto recostava-se em um sofá e adormecia.