Já em outra parte de Yesshra, um bilhete é entregue a Krysen. Espantando-se pelo fato de não conhecer ninguém naquele lugar, vendo sua caligrafia o youko de pelagem branca vê que a autora se trata de Nowa, e era um convite.

Querido Krysen.

Venha até a mansão Lannkaster hoje às 9 horas (no horário de Eddon) e às 14 horas no horário de Yesshra.

Agradecida,

Nowa.

– O que é isso, Krysen? – Perguntou Fate já de cara feia.

– Nada, só um bilhete de Nowa me convidando para ir à mansão Lannkaster. Mas senhor Fate, como ela sabe de mim?

– É porque ela é esperta e muito convincente.

– Mas como? – Mas antes que a pergunta de Krysen pudesse ser dada, Fate sumira. Mas no lugar do Guardião do Tempo havia um pequeno gatinho, ornado com um laço de fita, e no ornamento havia um bilhete.

“Entregue à Nowa, ela cuidará bem dele”.

Sem entender, mas fazendo o que lhe havia sido mandado, Krysen se dirigiu à mansão e lá chegou, sendo atendido por um dos criados, que o advertiu que Nowa o esperava.

Enquanto isso, em Eddon, Ashitaroth e Hypnos estavam em paz sem a algazarra de seus filhos, mas ainda faltava algo, o que fez com que o monarca de Eddon fosse até o laboratório para ver os futuros clones.

— Bom dia, coisinhas, como estão hoje?

— Ashi, eles só falam com Nowa, por que ainda insiste?

— É porque sinto a falta deles!

— Então por que não vamos à Confederação e os convocamos para uma “reunião”?

— Olha, seria muito bom mesmo… Mas Nowa pediu que não interferíssemos, e ainda assim fico preocupado.

— Olha, Ashi, não acredito nessa sua preocupação. Não funciona mais. Se não fosse eu a salvá-la de você ou mesmo se não a tivesse levado até Âmbar, você a teria descartado como todos os outros. Então chega dessa ladainha.

— Olha só que perfeito: começou o jogo “Jogue tudo de errado na cara do Ashi”! E eu nem precisei pedir. Sou um péssimo pai, só me interesso por mim mesmo, sou narcisista… Continua, vai, continua, que mais? - Terminou o lilás, sarcástico.

— Olha, se você continuar eu vou criar mesmo esse jogo.

— Que seja, então vamos para Yesshra. Eu quero ver a MINHA filha.

— Ela não é só SUA. - Emendou Hypnos, com uma expressão cômica em seu rosto.

Os irmãos foram discutindo o caminho todo de Eddon até Yesshra, e da divisa até o prédio da Confederação, e lá continuaram discutindo. O assunto perdurou e nenhum dos funcionários se importava mais, porque esses tipos de briga não eram mais alvo de preocupação. Elas sempre ocorriam e não acontecia nada de mais.

— Crianças, não briguem: se matem! E assim deixem a herança pra mim! - E Aiacos gargalhou assim que entrou na sala depois de disparar essa pérola. Ashitaroth, ao ver o filho, não aguentou: correu e o abraçou, e o fez de tal maneira que quase o sufocou.

— Ashi, larga o menino. - Riu Hypnos da reação exacerbada do irmão – Como está, Aia?

— Eu estou bem, mas o que vocês dois estão fazendo em Yesshra?

— Viemos visitar vocês, mas por que sua irmã não está contigo?

— Discordamos de alguma coisa e eu fui para o velho apartamento. Ela me chama quando precisa.

— Entendi. Aiacos, chame Nowa por favor, antes que seu papa aí tenha um enfarto do miocárdio só de saudades dela.

— Sem graça! - Disparou Ashitaroth para o irmão.

— Tenho mais que você. É você que é completamente sem graça. - Alfinetou Hypnos, e antes que a discussão se prolongasse, Aiacos pressionou o braço esquerdo. Só não se ligou que tinha feito com força o suficiente para que Nowa entendesse que era urgentíssimo – e foi o que aconteceu.

Na mansão, enquanto Nowa sentia o chamado do irmão, ela tomava um chá com Krysen.

— Nowa, aconteceu alguma coisa?

— Não, nada de mais, só Aiacos me chamando… O que será que está acontecendo pra ele me chamar com tanta insistência… Mas enfim, você vem comigo?

— Claro que sim. Mas vamos de que maneira?

E assim os dois desapareceram, reaparecendo ao lado de Aiacos, que havia acabado de se desvencilhar de seu pai. Ao ver a pequena, Ashitaroth fez a mesma coisa com a pequena, mas com um agravante que ele não quis soltar. Ao olhar para o lado, Ashitaroth se deparou com Krysen olhando, e disparou…

— E quem é você?

— Esse é o Cris, meu amigo da escola, papa.

— É um prazer conhecer os papas de Nowa. Senhor Hypnos, senhor Ashitaroth… - Disse Krysen ao se curvar para os dois.

– O prazer é nosso – Respondeu Hypnos, com um sorriso.

— Mas por que nos chamou aqui, Aia? - Perguntou Nowa ao irmão de maneira descontraída.

— Fale com o papa, foi ele que pediu!

— E eu tava com saudades suas! Foi o método mais rápido. E não me olhe assim, Lu! - Respondeu rapidamente Ashitaroth ao olhar o irmão com um olhar de desaprovação.

Depois de algumas amenidades, Nowa saiu, pois precisava avisar seus irmãos Kazuia e Kamiya, afinal de contas, o estrago poderia ser enorme. Ficou acordado então, depois de expressas as vontades, que todos fossem juntos jantar e, com tudo combinado, Nowa foi embora com Krysen e Aiacos a tiracolo.

Ao passo que voltou para casa, Kazuia já chegou com um daqueles ataques de pelanca, ao que o irmão rebateu divertidamente. Após explicar aos dois que seus pais vinham jantar, Nowa já conjecturou de pedir ao cozinheiro Pierre fazer uma determinada mousse de chocolate, e saiu andando, deixando o Kazuia gritando para trás.

Ao passo que Krysen ficou pensando na relação dos irmãos, mas Kamia abrandou as coisas, pegou uma sunga de Ellury, deu para o youko branco e seguiram em direção à parte externa da mansão, onde haviam grandes piscinas naturais, próximas à entrada de uma gruta, na orla da praia particular que eles tinham.

A paisagem era paradisíaca e qualquer um que a observasse ficaria maravilhado, assim como Krysen ficou. Todos convidaram os recém-chegados a dar um mergulho, e o youko branco tinha a face enrubescida por causa de estar com tais trajes à frente de todos.

Enquanto Krysen se divertia com os demais, Kamia o ficou observando, tentando lembrar de onde ele o conhecia, até Solaris o interromper e começar a conversar com ele. Amenidades à parte, ficou acordado que Solaris ia conversar com Nowa na cozinha da mansão enquanto Kamia ficou para tomar conta dos demais, entrando na piscina e se divertindo com eles. Antes de sair, Solaris deu uma provocada de leve.

Depois de algum tempo, uma empregada veio chamar os garotos para tomar banho e ir jantar, uma vez que iria ser servido em uma hora. Em uma conversa amena sobre quantos empregados a família tinha, e Krysen disse que não tinha roupa para o jantar. Além disso, na hora em que ele conversava, foi quando Ellury falou dos cabelos brancos e dos olhos verdes de Krysen.

Sem pensar nem meio segundo, Krysen falou de Fate e perto de quando estava terminando a frase, parou e estava completamente enrubescido.

Ele tinha falado demais.

— Nós já sabíamos, não se preocupe. Só não mencione ele perto de Kazuia – Disse Kuramma aproximando-se de Krysen. Enfim, o youko de pelagem branca foi encaminhado ao quarto de hóspedes, para que se aprontasse para o jantar.

Por falar em jantar, este era um verdadeiro evento na casa Lannkaster, já que muitos da família vinham apenas para isto. E aquele dia era especial, Ashitaroth estaria ali. Vendo todos os preparativos necessários para tal acontecimento, Krysen pensou alto.

— E eu que achei que minha vida era difícil!

— Falando sozinho, Krys? - Disse Kazuia com um meio sorriso.

— Senhor Kazuia. É um prazer estar aqui, muito obrigado por ter me convidado! - Krysen reverencia o youko de pelagem vermelha disparando uma frase formal em seguida.

— Não precisa ser tão formal. Você é amigo da pequena Dama, sempre será bem-vindo nesta casa. Venha, o jantar será servido em 15 minutos. - Disse Kazuia, respondendo amigavelmente, andando em direção à sala de jantar.

Krysen, assim que viu o aposento, ficou estupefato. A sala era muito grande, com grandes ornamentos nos cantos e com seis pilares, um em cada canto. Ao centro da sala havia uma mesa muito grande, em madeira-de-lei, com espaço para 30 lugares, que havia sido decorada ricamente com uma toalha branca bordada com fios de ouro. Ao centro da mesa haviam terrinas, pratos e talheres para um jantar de luxo que serviria 30 pessoas facilmente.

Os espaldares das cadeiras eram ricamente trabalhados e facilmente se divisavam do tampo da mesa. Porém, o mais curioso era que em uma das cabeceiras, a cadeira tinha o assento mais alto do que o normal.

E na cabeceira estava Nowa.

Ela vestia um vestido azul-claro e um sapato de salto baixo branco, algo bem simples, mas era bordado ricamente com coraçõezinhos nas mangas e na barra, e era fácil perceber que aquilo tinha sido feito à mão.

— Nowa, você está maravilhosa! - Disparou um Krysen bestificado.

— Obrigada! Desculpe ser rude, mas papa chegará em breve e eu tenho que ver se o Pierri fez a mousse de chocolate para a sobremesa. Você gosta de chocolate, né? - Disparou a pequena.

— Se eu gosto? Eu amo chocolate. - Respondeu o youko de pelagem branca.

— Imaginei. - Replicou a pequena, com um sorriso no rosto.

Logo o jantar começou, e isso foi assim que Ashitaroth chegou. Nowa o esperou na porta e o rei de Eddon e este disparou um gracejo assim que viu a filha. Hypnos disparou, à guisa de tosse, “narcisista”.

— Disse algo, Lu? - Perguntou Ashi com uma das sobrancelhas levantadas.

— Eu? Nada não, só estava observando como Nowa está linda! - Disse o conselheiro de Eddon ao sorrir amarelo sem sequer ficar vermelho.

— Sei... - Respondeu Ashi para finalizar a conversa e esperar pelo convite de Nowa para entrar, o que não tardou a vir.

— Os senhores se lembram do Christian? Ele estuda comigo! - Disparou Nowa com um tremendo sorriso no rosto - Chris, estes são meus papas.

— É um prazer reencontrá-los. Agradeço muito pela minha estadia. - Disse Krysen ao se curvar respeitosamente.

— Educado ao menos ele é. - Disparou Hypnos sarcasticamente.

— Papa Lu! - Ralhou a pequena comicamente - E vamos entrando. O jantar será servido, os outros já estão na sala, esperando vocês, mas quase avançando.

— Filha, antes disso preciso falar contigo. É sobre seus tios e com o menino aqui, como irei falar? - Disse Ashitaroth, preocupado com a privacidade do assunto.

— Não se preocupe, ele é confiável. - Respondeu Nowa serenamente.

— Você confia em todos, Nowa. Isso ainda pode ser a sua ruína.

— Então não fale, se é isso que quer.

Logo em seguida uma serviçal entra no recinto onde os dois estavam para avisar que o jantar estava servido, então Ashitaroth resolveu deixar quieto e ir comer, afinal de contas estava com fome.

O jantar transcorreu tranquilamente, a comida estava deliciosa como sempre. Assim que a sobremesa foi finalizada por todos. Ashitaroth resolveu puxar o assunto que queria conversar com todos, que era de suma importância para o clã Lannkaster.

— Eu poderia ter chamado a todos para irem à Confederação para uma reunião, mas percebi que isso chamaria muita atenção... - Começou Ashi.

— ... Então eu e Ashi resolvemos falar com vocês aqui na mansão mesmo, já que aqui ninguém entra sem ser convidado pelo líder do local, que hoje é Nowa. - Complementou Hypnos.

— Então diga o que o senhor quer nos dizer, papa. - Disse Ellury com um quê de preguiça.

— Primeiramente Andrew, Chronos e Alexia estão bem. Segundo, Fate está quieto demais, Saga também. Creio que eles possam se juntar para fazer algo contra você, pequena Dama.

— Mas por que Fate faria algo contra mim, se nem o servo dele conseguiu? Sei que Fate é poderoso, mas eu sou mais!

— Nowa, não se vanglorie por seu poder. Você ainda é uma menina, apesar de tudo. - Preocupou-se Kazuia.

— E o que tem de mais eu ser uma menina, Kazu? Isso facilita muito mais!

— Você não pode usar a presença em qualquer um! - Referiu-se Kazuia a uma das técnicas mais obscuras dos youkos, onde utilizam de seu charme natural para deixar o alvo encantado e fazer tudo o que quer. Se quiserem chamar de “instinto sexy”, leitores, não está muito longe disso.

— Não uso a presença o tempo todo, seria roubado... Mas papa, Kazuia, se tio Fate e tio Saga quiserem alguma coisa contra mim, deixe que eles façam. O mal que eles fizerem contra mim volta pra eles em dobro...

— Continua com as filosofias de Darien... Se combate o fogo com fogo! - Disse Ellury.

— Sim, mas não se combate o mal com o mal! - Exasperou-se Nowa com sua bondade nata.

— Novamente as filosofias de Darien. Isto é bom para os outros, estamos falando de Saga e Fate, Nowa. Não de Ellury e Dimitri, por exemplo! - Disparou Solaris, quieto até então.

— Eu sei disso, Sohar, mas você não pode querer que eu vá caçar Saga e Fate ou ainda que mande algum Angel atrás só porque eles apenas pensam em me atacar! Isso é paranoia, no mínimo, e eu deixo isso pro Kazuia.

— Hey! Sou paranoico, então? - Respondeu um comicamente ofendido Kazuia.

Ninguém ligou para este rompante. Enfim, a reunião era também sobre os outros membros da União Dourada, onde Ashitaroth tentou explanar seus motivos.

— Chris, você vai dormir por aqui? Essa reunião promete ser bastante longa. - Convidou Kuramma, até então quieto.

Enquanto isso, na casa de Saga, ainda na cidade de Yesshra, Minamino observava seu amado e dono da casa dormir.

“Por que será que Saga quer tanto se vingar de Ashitaroth? Ele me contou a estória, mas ainda não entendo o porquê. Claro que ele sempre foi um pirralho mimado, mas achei que Saga o tinha perdoado”, Minamino pensava consigo mesmo até que uma luz se fez presente.

— Pensando, tio Shuuichi? - Perguntou Aiacos ao tio chamando ele pelo nome que assumia enquanto Angel.

— Quem está aí? Ai! Eu detesto como esses portais acabam com a nossa privacidade! - Reclamou o róseo com afetação.

— Sou eu, Aiacos. Vim ver como o tio Saga estava, Nowa mandou um bolo pra vocês dois!

— Nowa é tão amável, ainda não sei porque Saga não gosta dela...

— É uma boa pergunta que eu também não sei a resposta.

— Nowa ainda está em Yesshra, pequeno Aiacos?

— Onde sempre esteve, tio Shuuichi. Na mansão. Por que o senhor não fala com o tio Saga sobre Nowa?

— Posso tentar, mas te peço pra levar Nowa até o “Palace of Yesshra” para conversar com Saga. Assim mostramos que ela tem boa vontade enquanto ele já terá na cabeça as minhas palavras!

— Combinado então, até mais, tio Shuuichi.

E assim Aiacos, do mesmo jeito que chegou se foi, deixando Mino com seus pensamentos.

Enquanto isso na mansão, Ashitaroth continuava com a “reunião”, mas tudo degringolava.

— Papa, se o senhor tomar essa decisão, tudo vai acabar! Sabe que nós youkos somos competitivos, mas até isso é exagero!

— É que você não entendeu. Eu não quero competir. Eu vou ganhar. – Disparou Ashitaroth com um brilho sinistro no olhar.

— Você quer ganhar o quê, papa? Estamos falando de um ataque que Nowa pode sofrer, não de ganhar ou perder! – Disparou Ellury.

— Você não entende... – Disse Ashi, com a voz fraquinha, quando foi brutalmente interrompido por Kuramma.

— Não, Ashi, é você quem não entende! Servimos à Nowa, unicamente a ela, não queremos saber de seus planos mirabolantes para dominar o mundo! Cansei, vou dormir. – E ele foi para o próprio quarto para cumprir a última frase.

— Nossa, o manchado estressou legal agora! E como não, né? – Solaris disparou divertidamente.

— Solaris, se tiver algo para dizer, diga a todos. Caso contrário, fique em silêncio. – Ashi disparou irritado.

— Papa, pela enésima vez... – Nowa começou com a mão no rosto, denotando controlar seu temperamento para não explodir – Eu não vou atacar ninguém, só porque o senhor fez mal para esta pessoa, esta pessoa não fez nada contra MIM!

— Você não está sendo razoável, Nowa...

Enquanto isso, Aiacos chegou ao local, e por isso, a reunião foi interrompida para que todos descansassem. Ashitaroth e Hypnos decidiram voltar para Eddon por meio de portal, não querendo ficar na mansão.

— Pronto, fale. – Disparou Nowa friamente.

— Que jeito de tratar o seu querido irmão!

— Não enche, Aia. O que o Mino disse?

— Disse que vai te esperar amanhã no Palace of Yesshra às 10 horas para conversar com o Saga.

— Obrigada, Aia!

— É, mas a informação tem um preço. – Disse o outro youko com um olhar safado.

— O que você quer dessa vez? Se o papa souber...

— Ah! É tudo “se o papa souber”! Que coisa! Quero apenas que você fique comigo essa noite, em meu apartamento, eu sinto a sua falta!

— Tudo bem, vou atender esse pedido. Vou deixar um bilhete pro Kazu, senão é capaz de ele mandar a guarda imperial de Tizeta me procurar!

— Só anda logo!

Depois de algumas reclamações, os dois enfim partiram e foram para o apartamento de Aiacos. Lá ocorreu uma discussão a respeito de ciúmes de Ellury e de Solaris. A discussão durou cerca de meia hora, e depois os dois foram dormir. Aiacos pensou em uma desculpa para dar ao colégio e Nowa mostrou que poderia controlar a temperatura do próprio corpo – o que daria a desculpa com álibi de ela estar doente.

No dia seguinte, Nowa estava um pouco pálida, ela não estava bem, e era fácil saber que ela não tinha se alimentado, como Kitsune ela tinha de ter para si um pouco de sangue, mas ela desconversou e eles voltaram para a mansão, e assim eles interpretariam que Nowa estava doente.

Os dois foram em direção à entrada da mansão, onde todos os esperavam, mas Kazuia caiu no teatro facilmente, disse que ela não seria levada para lugar algum, tampouco Aiacos. Os dois ficariam sozinhos em casa após os restantes terem ido.

Com Aiacos reclamando muito, os dois teleportaram-se da mansão Lannkaster em direção ao Palace of Yesshra, para reunirem-se com seu tio Saga.

Enquanto isso, na casa de Saga, este andava de um lado para o outro enquanto Minamino o observava. A ansiedade era gigante, e quando Mino tinha um pensamento divertindo-se com a angústia do parceiro, Nowa e Aiacos chegaram. Ela, sorridente; Ele enjoado, quase verde por causa da viagem.

— Se queria falar comigo, não poderia ao menos ter chegado na hora certa?

— Mas eu cheguei meia hora mais cedo, seu doido! – Respondeu Nowa a Saga.

— Isso não vem mais ao caso, o que quer falar comigo? – Todos perceberam que Saga não olhava para Nowa de jeito algum. Isto deixava a pequena Dama levemente irritada. Ele seguiu em respostas secas enquanto “conversava” com ela, e até uma resposta atravessada deu para Minamino, sequer lembrando de Aiacos.

A discussão ainda seguia no âmbito pessoal.

— Eu vim para conversar, achei que este seria o melhor jeito de resolver as coisas! – Neste momento, Nowa começa a flutuar, e após ficar sentada em pleno ar, continuou – Melhor que ficar criando caso, este é o estilo do papa, não o meu!

Saga observou a pequena flutuando à sua frente e viu que ela falava a verdade. Para fugir daquilo, disse precisar ir à Confederação e que voltaria em uma hora. Deixou Minamino e Aiacos no palácio e, após Nowa pedir para ir junto, ele decidiu que a levaria consigo.

Os dois foram à Confederação em uma limusine negra, e ao encostar à frente do prédio. O porteiro achou estranho, mas decidiu não se meter na vida de seus patrões, afinal de contas, seu trabalho não era esse. Enquanto Nowa cumprimentava a todos alegremente e Saga indiferente a todos, o último ficou intrigado.

— Você é sempre tão alegre assim? Sempre cumprimenta a todos quando os vê? – Perguntou o youko de pelagem azul-clara com o azedume de costume.

— É a primeira vez que eu venho na Confederação pela porta da frente, eu tenho que cumprimentar as pessoas, afinal de contas eu fui educada assim! – E a pequena Dama sorriu ao responder. Saga ainda não a entendia.

— Eu tenho uma reunião daqui a pouco, você quer vir comigo ou esperar?

— Posso ir com o senhor, tio Saga? – A pequena respondeu pegando na mão do tio, que ruborizou.

— Basta que fique em silêncio. – Saga foi explicando a pauta da reunião enquanto andava em direção à sala com Nowa ao lado.

— ... E eu pretendo fechar o negócio com essa empresa, acho que você vai aprender bastante. – Saga estava menos azedo, ele gostava muito falar de seu trabalho.

— Vou adorar aprender! – Nowa respondeu sorrindo, o que fez com que Saga sorrisse junto com ela. Ainda sem entende-la, ele começava a gostar da sobrinha.

Chegando à sala de reuniões, Saga era esperado por seus investidores. Ao passo que o líder da reunião chegou, todos se levantaram.

— Peço perdão pelo atraso. Comecemos a reunião. – Informou Saga, sério. Os investidores não se importaram de esperar.

— Sua filha? – Perguntou um dos investidores – É um prazer conhece-la, a senhorita é muito bonita.

— Não, não. – Respondeu Saga ao rir – Ela é minha sobrinha, filha do meu irmão mais novo.

Todos sabiam o nome dele e já entenderam, e Nowa se apresentou, agradecendo o elogio.

Saga conseguiu concretizar o que pretendia, comprou algumas ações a mais no processo, mas Nowa estava intrigada. Seu tio lançava olhares sorridentes para ela e ela não entendia.

—Tio Saga, fiz alguma coisa que te desagradou? Alguma coisa errada? O senhor não parava de olhar pra mim na reunião!

— Não, fique tranquila. – Respondeu Saga com uma risada leve – Normalmente crianças não se interessam por reuniões de negócios, achei muito interessante. Você é realmente muito parecida com o seu papa.

— Isso é bom ou ruim? Mas conversas a parte, é melhor irmos para a sua casa, o Aia deve estar achando que o senhor me matou, esquartejou e jogou o que sobrou no riu Armageddon! – A pequena disparou rindo.

Saga também riu com a afirmação, e com uma conversa amena, Nowa contou que Hades não gostava de Saga, já que Ashitaroth achava o traseiro do irmão bonito.

Quando chegaram ao Yesshra’s Palace, a conversa entre os dois já seguia animada, e quando chegaram próximos de Minamino e de Aiacos, o irmão da pequena já perguntou pelo óbvio.

— Vocês demoraram! Achei que tinha acontecido alguma coisa. – Disparou Aiacos.

— Pode ver, Aiacos. Ela está inteirinha. – Saga e Nowa riram da constatação.

— O que ele quis dizer com isso, Nzinha?

— Não seeeeeeeei.... – Respondeu a pequena se fazendo de boba.

— Bom, Nowa, vamos ter a nossa pequena conversa. Tudo começa quando um homem gosta de uma mulher, e... – Saga ia continuando até que foi interrompido pela pequena.

— Tio Saga! Não é essa conversa que viemos ter! – A menina estava mais vermelha que um pimentão – Quero conversar apenas sobre essa estória de ataque, vingança e, principalmente, a minha morte!

— Ah, essa... Acontece é que eu não gosto muito do seu papa e Fate me contou que... – Mais uma vez, enquanto Saga contava os motivos, Nowa o interrompeu.

— O que Fate tem a ver nesta estória?

— Se a senhorita deixar eu contar, eu o faria – Respondeu Saga mais uma vez azedo.

Nowa fez um gesto que era para ele continuar, e assim ele o fez.

— Continuando, Fate me disse que seu papa, com a ajuda da filhinha dele, iam atacar o meu reino e iam me matar!

— O senhor tem um reino? – Perguntou Aiacos.

— Todos nós temos! O meu se chama Cidade de Prata.

— Gostei muito do nome, mas eu achei que Yesshra fosse o seu reino e não essa cidade de ouro! – Respondeu Aiacos, se enganando com o nome.

— Se chama Cidade de Prata. Você doou todos os seus neurônios para Nowa ou o que?

— Doei nada! Estão todos aqui!

— Então os use e pare de me aborrecer! – Respondeu Saga irritado.

— Aia?

— Sim, amor?

— Comporte-se. Continue, tio Saga, por favor.

No momento seguinte, Saga continuou tentando contar a história, com Aiacos fazendo pouco do tio a cada frase. Foi quando ele concluiu, resumidamente, que Fate estava tentando jogar Ashitaroth contra Saga, mas por causa de uma desavença do passado ele resolveu ir à frente com a vingança.

— ... E agora eu sei como! – Concluiu.

— Como assim, tio Saga?

— É simples, Nowa. Até eu que não sou das mentes mais brilhantes entendi. Ele quer te usar, você tem que parar de acreditar tanto nas pessoas!

Saga olhou feio para Aiacos depois daquela frase.

Antes que continuassem, Nowa se despediu de todos e resolveu ir embora, antes que Kazuia mandasse um time de busca contra assassinato e morte. No momento seguinte ao falar, a pequena flutuou até a bochecha do tio e lhe plantou um beijo na bochecha, sumindo em seguida.

— Olha só, você está vermelho e aéreo, Saga! – Brincou Minamino. – Gostou dela?

— Ela é interessante.

— E muito perigosa, sabia que ela é uma kitsune?

— Tu tá de sacanagem com a minha cara, né? Ela, kitsune? Ela nem cheira a sangue!

— Eu tô avisando, Saga. Tome cuidado.

Enquanto isso, na Mansão Lannkaster, Nowa e Aiacos correram para o quarto para se prostrarem lá, antes que Kazuia chegasse. Conseguiram por muito pouco, faltava apenas cinco minutos para que o youko de pelagem vermelho-escura chegasse. Mantendo a pantomima, Aiacos faz uma pergunta pertinente.

— ... Me esqueci completamente... Faz quanto tempo você não come?

— Você tá todo engraçadinho hoje. Se você não parar com essas gracinhas, eu vou te deixar doente de verdade! E você não merece a resposta. – Respondeu Nowa irritada.

Quando Kazuia chegou, viu que Nowa continuava a arder em febre, resolveu chamar o médico.

Este, ao chegar, viu a “situação” dos dois e lhe deu uma bronca, pois segundo seu diagnóstico eles estavam febris, desnutridos e desidratados. Com isso, o teatro estava armado. Depois que o médico foi embora, e Kamia ter chegado do nada, foi cogitado que eles fossem levados para Eddon, e com isso Aiacos ficou possesso, negando ir para o castelo do pai.

— Está bem – Consentiu Kazuia – Vamos ver. Se vocês não melhorarem até amanhã de manhã cedo, com ou sem protesto nós vamos para Eddon, estamos entendidos?

E Todos, com a exceção de Solaris, saíram do quarto. O youko vermelho começou com as perguntas difíceis, ele sabia que ambos estavam com a temperatura alterada porque Nowa o tinha feito. Depois de alguma discussão, Aiacos tenta acertar uma bola de energia em Solaris, errando feio.

Depois de algumas discussões e um cenário cômico por algumas horas, finalmente todos vão dormir... E mais uma vez Nowa não respondeu a pergunta que lhe foi feita.

No dia seguinte Kazuia madrugou na porta do quarto dos gêmeos e lhes deu termômetros, preocupado com a saúde destes. Ao ver que estavam bem pediu a eles que se arrumassem para ir ao colégio. Com a chegada de Kamia, as coisas ficaram mais agitadas, porém uma coisa que intrigou Kazuia foi como Dimitri apareceu sem ser notado por ninguém, nem pelos sensitivos. “Assim que eu ver papa Ashi vou falar com ele sobre isso”, pensou consigo mesmo.

A pedido do irmão mais velho, todos foram, deixando Kazuia e Nowa sozinhos no quarto dos gêmeos.

— Muito bem, Nowa. Quero que me conte a verdade, o que você foi fazer na linha temporal? O que está tramando? E, principalmente, por que não confiou em mim a ponto de aumentar sua temperatura e de Aiacos só para me enganar?

Nowa ficou estarrecida. Kazuia sabia de tudo, pontuou os pontos principais da execução de seu plano, embora não soubesse o intuito. Mantendo-se fria para não se entregar, Nowa respondeu.

— Fui conversar com Fate, ele me disse que tio Saga queria falar comigo. Falei com o tio Saga e ele é muito parecido com o papa Lu. Não te falei nada porque sabia que você ia fazer um escândalo, tipo... “Você não deveria”... - Nowa ia começando com uma cômica imitação do irmão quando foi interrompida pelo mesmo.

— Mas Nowa, quero protegê-la!

— Me proteger do quê? Do tio Fate? Do tio Saga? De mim mesma? Não venha com essa, Kazu. Eu fui conversar com eles, logo vai acontecer alguma coisa - posso sentir no ar! E eu não pretendo perder ninguém, nem mesmo o mais medíocre guarda por um erro meu, seu ou mesmo do papa.

Kazuia estava embasbacado. Não sabia daquela faceta da personalidade da pequena Dama.

— Está bem, Nowa, te compreendo. Mas por favor, da próxima vez me avise, por favor.

— Sim!

Kazuia abaixou-se e pegou Nowa no colo, não deixando de notar o quanto ela estava mais leve. Indo para a cozinha, o lugar estava um pandemônio, com pedaços e restos de comida para todos os cantos. Antes que Kazuia pudesse tomar alguma ação para poder resolver a contenda, Nowa se colocou no meio da guerra de comida formada sem ser atingida por quaisquer “projéteis” disparados e, com uma voz de comando impressionante, fez com que tudo ali parasse imediatamente.

— Já estamos atrasados e, para variar eu quero chegar na hora. Arrumem tudo pra antes de ontem e vamos!

Aiacos a acompanhou ao descer da mesa, e dez minutos depois já estava tudo limpo, e por uma margem mínima, todos conseguiram chegar rapidamente ao colégio na hora de começarem as aulas.

Depois destas - tempo que transcorreu pacificamente, chegou o horário do treinamento dos gêmeos que seria no ginásio, e o tutor era ninguém menos que Fate.

— Estão atrasados!

— Desculpe, tio Fate. Riei queria vir, mas como o senhor proibiu que trouxéssemos outros...

— Deixe pra lá. Estão vendo o paredão ali à frente?

— Sim, sensei!

— Subam nele cem vezes cada um. Depois, terão de dar cem voltas no ginásio e por fim estudaremos as artes marciais, seguidas de esgrima. Fui claro?

— Mestre Fate, não sou mosca pra ficar subindo em parede, não!

— Bobeira. Você vai fazer o que eu to mandando!

O treinamento foi andando, Solaris chega no meio do processo e vê Aiacos e Nowa no chão. Chegou próximo a Fate e...

— O senhor não vai separá-los?

— Pra quê?

— Eles podem se matar!!! - O desespero era notável na voz do youko de pelagem vermelha.

— Não seja como o seu pai, eles estão bem.

Enquanto isso, no treinamento, Nowa estava por cima de Aiacos, o prendendo com as pernas e quase o matando de rir.

— Anda, desiste.

— Eu não desisto nunca!

E a onda de cosquinhas aumentou.

— Vamos, desista!

— Nowa, solte seu irmão. Aiacos, quando está perdendo em uma “luta”, é melhor se render, melhor sair vivo em uma batalha para voltar e lutar novamente! - Fate resolveu parar a luta porque aquilo já não era um combate, era uma brincadeira entre irmãos.

— Mas onde fica o orgulho? - Solaris era muito orgulhoso, afinal, a pergunta cabia.

— Você prefere o orgulho ou a vida? - E Fate provou seu argumento com a pergunta retórica.

— Nowa, Aia, vamos. Papa pediu pra eu acompanhar vocês até em casa.

— Pra quê? Você tem a mesma idade que a gente! - Reclamou Aiacos.

— Eu tenho mais juízo! - E uma discussão infantil se seguiu, envolvendo, onde o príncipe irmão de Nowa foi se enfurecendo gradualmente até explodir, sair andando até a limusine e entrando nela, para saírem daquele lugar, seguindo o caminho até a Mansão Lannkaster.