Aristocratic Moan

Chapter II - Sweet scent


Aristocratic Moan

Chapter II - Sweet scent

Yuu era uma presença comum na luxuosa morada da Condessa. Nos últimos dias, suas visitas tinham um objetivo: Ver como estava o doce Teru, a quem ele se afeiçoara perdidamente.

Tal qual Hizaki, Yuu escondia sua identidade vampiresca sob um vestido caríssimo e o nome de Viscondessa Jasmine You. Sempre que o líder dos outros tinha problemas, costumava, por hábito, despejá-los sobre Jasmine, nem sempre esperando algum conselho ou conforto em retorno.

Daquela vez não era diferente, lá estavam os dois, passeando na praça, longe da agitada arrumação para o baile com o jovem Teru a tiracolo. Nos olhos da população, em geral, eram apenas duas damas de alta classe e seu pequeno protegido tomando um pouco de ar fresco e balbuciando qualquer futilidade a respeito de outras aristocratas, embora a realidade não fosse bem essa.

- Eu não entendo, Jasmine... - Hizaki se lamentava - Ele sempre diz estar apaixonado por uma ou por outra, como ele pode saber que essa é amor verdadeiro e não outra atração ridícula?

- Quem sabe... - Yuu não estava disposto a pensar muito a respeito - Não se preocupe tanto com o Kamijo, ele é grandinho e sabe se virar.

Teru caminhava agarrado à cintura de Jasmine You e não emitia um único som que não fosse o leve barulhinho de seus sapatos batendo contra as pedras do chão. A Condessa mirou-o por alguns segundos, apesar de silencioso, estar ao lado de Jasmine sempre o fazia parecer deveras satisfeito.

- Mudando de assunto... - O loiro parou de caminhar, subitamente - Talvez você devesse levá-lo para casa com você, sua recuperação pode ser mais rápida.

- Eu acho que ele está se recuperando bem. - A Viscondessa sorriu, acarinhando a cabeça do rapazinho - Além disso, eu já fiz esta proposta a ele, e ele negou.

- Huh...?

- Teru disse-me que quer protegê-lo, Hizaki. - Jasmine suspirou - Ele disse-me que quer ter certeza que você vai ficar bem sozinho, depois disso ele virá para minha casa comigo.

- Ele é mesmo um bom menino... - Hizaki sorriu carinhosamente e abaixou-se para arrancar uma ou duas flores delicadas que brotavam timidamente na grama - Queria ouvir a voz dele, mas ele nunca parece disposto a falar comigo.

- Dê tempo ao tempo, Hizaki. - Yuu riu e tocou o ombro de seu colega - Você precisa ter mais paciência! Não somente a respeito de Teru... Cedo ou tarde o Kamijo caí em si. Dê tempo ao tempo, ele precisa amadurecer sozinho.

Hizaki riu baixo e decorou amavelmente as madeixas acastanhadas de seu amigo de sempre com as flores que havia acabado de colher.

- Obrigada, Viscondessa! Eu havia me esquecido do que porque lhe contava todos os meus problemas, mas... Acabo de lembrar.

- Nee, Hizaki... - Jasmine sorriu, desconcertado - Acho que você está interpretando o seu papel bem demais.

~oOo~

A noite caíra rapidamente e o bordel de Kaya, como de costume, se viu repleto de rapazes jovens buscando um bocado de diversão. Aquele emprego podia não ser dos mais dignos, mas conferia à madame e seu jovem esposo dinheiro o bastante para sobreviver.

- Nee, Hora... Fui convidada a um baile. - Kaya comentou, subitamente, no meio da confusão costumeira, servindo bebidas para clientes no balcão - Eu acho que eu vou, mas você não pode me acompanhar.

- Humm... - Ele quase sorriu - Divirta-se.

- Você podia ao menos sentir um pouco de ciúme, Hora. - A mulher balbuciou, manhosa, abraçando-lhe a cabeça, largando temporariamente os clientes - Eu vou com o Senhor Duque, sabe? Você sabe bem a intenção dele ao me convidar.

- E sei que você irá frustrar as expectativas dele, Kaya.

- Deixe de ser pretensioso, Hora! - ela riu - Vocês são iguais, sabia disso? Sempre acham que sabem o que eu penso.

- Olha só... - Hora bufou, lançando um rápido olhar para a porta - Falando no diabo...

Kaya olhou para a porta e, surpresa, sorriu. Kamijo havia acabado de adentrar o local e já se via alvo de vários olhares surpresos. Não era de seu feitio ir até lá durante a noite.

- Senhor Duque! - Kaya deixou seu posto no balcão nas mãos de hora e se aproximou de seu costumeiro visitante - É bom vê-lo... Outra vez. Não imaginei que eu fosse digna de duas visitas em um único dia.

- Prometo-lhe que é uma visita ligeira. -O duque parecia buscar alguém dentre os presentes - Ninguém a incomodou no dia de hoje? Um rapaz jovem com perguntas inconvenientes?

- Não. - A moça, rindo um pouco, puxou uma cadeira para ele - Sente-se e já conversamos a respeito, certo? Vou pegar um pouco de cerveja para você.

Ela foi para trás do balcão e concentrou-se em encher um copo com a bebida. Repentinamente, Hora enlaçou-lhe a cintura, fazendo-a derramar o liquido no chão que ela havia gastado tantas horas para limpar, mais cedo.

- Hora!

- Ele parece bem interessado, esse Duque. - O rapaz suspirou e mordiscou a orelha de Kaya. Beijou-lhe a nuca e se afastou - Este interesse desaparecerá caso ele descubra tudo. Não se esqueça disso, Kaya. Poucos seriam capazes de te amar como eu amo.

~oOo~

A sala de visitas era o único lugar da morada da condessa onde a mesma raramente estava presente. Apesar dos visitantes freqüentes, eram poucos que exigiam de Hizaki sua hospitalidade. Aquela noite, contudo, uma destas pessoas estava lá, principalmente para agradecer o convite que lhe foi enviado, Juka.

E era uma visita deveras conveniente, pois Juka sempre fora a pessoa que Hizaki enviava para verificar as damas por quem Kamijo dizia se apaixonar. Como era de habito, ambos conversavam durante uma longa partida de xadrez, normalmente sozinhos, embora desta vez Jasmine You e Teru estivessem presentes no cômodo.

- Esta visita não lhe incomoda, incomoda, bela rosa? - Juka iniciou o jogo movendo um peão levemente. - Você parece preocupado, Hizaki... Talvez eu devesse partir, o baile deve estar ocupando todo seu tempo, e ainda assim eu...

- Não! Por favor, Juka! - Hizaki moveu uma peça qualquer, sem pensar muito - Sua visita veio em muito boa hora!

- Não me conte, deixe-me adivinhar... - O rapazinho de cabelos brancos moveu outro peão - Kamijo arranjou uma “amiguinha” e você quer que eu a verifique? Ou quer que a elimine desta vez?

- Embora minha vontade não seja bem essa... - O loiro moveu o mesmo peão, um pouco mais para frente - Verifique-a e nada mais.

- Muito bem então, como quiser, minha rosa. - O rapaz beijou a mão de seu líder e sorriu - Hizaki... Você poderia ter qualquer um, todos estamos aqui para servi-lo... Conte-me, minha rosa, por que justamente o Kamijo?

- É a sua vez. - Hizaki suspirou, observando atentamente o movimento de Juka com seu bispo - Diga-me, alguma informação a respeito daqueles que atacaram Teru e sua família?

- Não, mas... Estou me esforçando bastante. - Após o curto movimento do outro ainda com o mesmo peão, Juka moveu seu bispo um pouco mais, acabou em uma posição perigosa - Todo mundo está. Queremos punir os culpados por tamanho trauma no jovenzinho.

- Isso é uma ótima noticia. - Hizaki derrubou violentamente o bispo de seu oponente com o peão - Nee, Juka... Se você fosse uma peça de xadrez, qual escolheria ser?

- O peão. - Ele sorriu galantemente - Para servir e proteger a vossa majestade.

- Eu... Seria o rei. - O loiro conclui, rindo - Fraco, indefeso... Que só sabe mandar e fracassar.

- Não. - O rapaz de cabelos brancos retirou a rainha do tabuleiro e a depositou nas mãos de seu líder - No meu tabuleiro, Hizaki, minha flor, será sempre a imponente rainha... Que pode tudo.

- Juka...

Num repente, Juka levantou-se e passou a caminhar na direção da saída, sob os curiosos olhares de Teru e Yuu.

- Terei uma conversinha com Kamijo agora mesmo, minha rosa... É melhor resolvermos este tipo de probleminha o quanto antes. - Ele apanhou uma rosa do vaso de Hizaki e, após dar-lhe um longo beijo, atirou-a na direção do loiro - Aguardo ansiosamente o nosso próximo encontro, minha rainha. Até mais ver, Teru... Yuu...

Recebeu, em resposta, uma encarada desconfiada por parte de Teru e um aceno desinteressado de Jasmine, e por fim, partiu.

Alguns minutos após sua saída, Hizaki suspirou, encarando a delicada rosa branca que o outro havia lhe entregado.

- O Juka deveria parar de fazer isso. - A “condessa” atirou a flor para trás, com uma expressão incomodada - Realmente... deveria parar de fazer isso.

- Não é essa a sua vontade, Hizaki. - Jasmine You sempre compreendeu o líder melhor que ele mesmo - Você gosta de quando Juka faz isso. Ele faz com que você se sinta uma verdadeira rainha, como a do xadrez. Por que, ao invés de apreciar se sentir como uma, você não se torna uma, Hizaki?

~oOo~

Para os seres da noite e os vagabundos, a noite sempre fora deveras acolhedora. Kamijo comprovava tal fato, agora mais do que nunca. Vendo-se impossibilitado de ter o corpo de Kaya junto ao seu, ele se limitava a observar a lua, oculto pelas sombras noturnas.

Não existia, nunca existiu, em todo universo melhor ouvinte e consoladora que a bela lua de brilho prateado.

- Sua infelicidade amorosa me entedia, Kamijo. - Uma voz, infelizmente familiar, chamou a atenção do duque - Normalmente você estaria desfrutando o tempo ao lado de sua amada, o que te impede desta vez?

- Juka... - Kamijo sorriu - Hizaki mandou investigá-la, certo? Ele vai se desagradar um bocado.

- Não é fácil deixá-lo mais desagradado com esta situação do que ele já está.

- Ela não carrega nenhum titulo de nobreza. É uma cafetã.... - O duque suspirou - E casada, além de tudo!

Juka engasgou com a própria saliva, perplexo e surpreso. Alguém trocaria a delicadeza de Hizaki pelas mãos grosseiras de uma... cafetã pobre?

- Kamijo... Você enlouqueceu de vez?!

~oOo~

Como as horas passaram depressa demais e ninguém fora capaz de perceber, Jasmine You resolvera aceitar o convite da condessa e pernoitar por ali mesmo. Aproveitando tal oportunidade, a viscondessa dispôs-se a colocar Teru na cama.

- Agora... Descanse bem, certo Teru? - Yuu deu-lhe um amável beijinho no rosto - Amanhã, vou ensinar-lhe a jogar xadrez, assim poderemos jogar juntos tal qual Hizaki estava fazendo mais cedo, que tal?

Sua resposta foi um sorriso alegre e um abraço.

- Que bom que aprova a idéia, Teru! - Jasmine riu um pouco - Agora durma, está bem?

- Jasu...

- Diga, querido.

- Jasu... - Teru chamou novamente, timidamente - Promete que você não vai me deixar para trás?

- Não seja tolo, Teru! Eu jamais iria deixá-lo para atrás.