Arcana Magic Story - A Redenção de Sally Parkers

Capítulo 2 - A agonia de Sally Parkers.


Quando abri os meus olhos percebi que estava com o meu rosto colado com aquele tórax negro daquele primata imenso. Novamente, fui usada como um objeto sexual dele...

Que ódio...

Muitos se lessem a minha Mente, pensariam que contradição é essa?

Antes que encontrá-lo estava indiferente, de súbito, jogo-me aos braços dele como uma cadela no cio e agora só falta vomitar no seu rosto adormecido.

Fico com raiva de mim mesma, de saber que aquele ser maculou o meu corpo e sinto tanto nojo que saio dos braços dele o mais rápido possível e vou nua ao chuveiro.

Desesperada, abro o registro e sou tocada pela água fria e abundante que sai do cano. A água encobre as minhas lágrimas de ser estuprada mais uma vez. O pior que não consigo dizer nada. É como estivesse presa dentro de minha própria mente e corpo.

Bato a minha mão contra o azulejo e choro copiosamente. Eu matei e fui presa por causa um gorila que sou escrava por uma técnica mágica que desconheço. Por algum motivo sádico, durante o sono dele a minha consciência fica parcialmente livre.

Depois do banho, envolve-me com uma toalha enorme e me seco lentamente. Melancólica, saio do banheiro e começo a me vestir com as minhas roupas que eu mesma retirei de uma forma humilhante e submissa.

Consigo parar de chorar e fico irritada. Pego um objeto ou sei lá o que e resolvo quebrar na parede. No último segundo, contenho-me. Pode ser que o barulho desperte o cretino e adeus liberdade provisória.

Então olho para uma pilha de cadernos com as folhas presas numa espécie de mola enorme e longa. Eu fiquei curiosa, pois nunca tinha visto algo assim. Pego alguns cadernos e começo a lê-los.

São escritos em uma língua desconhecida e num tipo de impressão que desconheço. As letras são uniformes e não foram desenhadas, mas postas ali. Uma a uma.

Pego os meus óculos e começo a fazer uma magia que permite ler qualquer escrito em qualquer língua. Não é a primeira vez que faço este tipo de coisa, mas acho que este tipo de informação deve ser muito útil. Os meus instintos bradam sobre isso.

“Efeito Títere: um estudo sobre os efeitos da indução, sugestão e hipnose nos habitantes de Arton.”

Os meus olhos brilharam ao saber que tipo de conhecimento teria contido naquele caderno.

Depois de umas páginas de verborragia acadêmica começa enfim as explicações do que seja o Efeito Títere.

O desconhecimento dos conceitos primários do magnetismo animal nos habitantes deste mundo são peculiares.As técnicas do Dr.Franz Anton Mesmer e suas teorias de fluido universal, a qual está em todas coisas, seria capaz de “invadir” qualquer espécie de animal provocando estado alterados de consciência.

O curioso que diante dessa técnica, no mundo de origem dessa teoria, não ter os efeitos satisfatórios, oposto deste. Arton é um mundo perfeito para utilizar este tipo de experimento.

(...)

Indução consiste em afirmar a cerca de todos, aquilo que foi possível observar em alguns.Ou seja, através de uma amostra definimos uma teoria genérica, incluindo elementos que não faziam parte dessa amostra/estudo. A indução faz parte da generalização, isto é, cria proposições universais a partir de proporções particulares, E, portanto, uma forma de raciocínio pouco crível e sujeito a refutação. Esta operação mental foi desenvolvida por Aristóteles.

Indução é uma técnica muito utilizada por muitos políticos e monarcas neste mundo. Aliada há uma diversidade racial seria possível um eventual conflito racial, político ou religioso a utilização da referida técnica. Percebi que até mesmo, os supostos intelectuais deste mundo são vítimas desta operação mental equivocada...

(...)

Sugestão é a capacidade que um indivíduo tem de controlar outro por meios de utilizações de técnicas psicológicas. Seja pela indução, manipulação e/ou hipnose.

A Sugestão é o estado geral de controle do experimento em questão. Por exemplo, temos a cobaia, Sally Parkers...

Espere aí?! Cobaia?! COBAIA!?! Este macaco filho de uma porca mal parida teve a ousadia de me chamar de cobaia?! É isso que sou para ele? Um experimento? Desgraçado!

... que demonstrou que os habitantes deste mundo podem ser controlados a níveis nunca vistos como no mundo de origem da técnica. Em Arton, os habitantes intelectualmente desenvolvidos são altamente sugestionáveis aos métodos apresentados do Efeito Títere.

Infelizmente, há efeitos colaterais.

No mundo de origem da técnica, os efeitos hipnóticos são duradouros, porém só certos indivíduos são sugestionáveis o bastante para apresentar resultados satisfatórios.

Em Arton, o número de indivíduos é muito maior e a resistência aos poderes de sugestão é menor, todavia, o tempo não é constante como no mundo de origem. Como momentos de lucidez e libertação involuntária do estado de sugestão.

Por tanto, fica a observação experimental da hipnose constante.

Sally fica aterrorizada com a ideia de estar em constante controle do Gorila God. Isso leva a pensamentos assustadores de perda de liberdade a níveis mentais. Temerosa, a Nagah volta a sua leitura.

A Hipnose é, em termos mais descritivos, o procedimento de sugestões reiteradas, repetitivas e exaustivas aplicadas geralmente com um agente indutor com uma voz serena e monotônica. Com o sucesso da sugestão hipnótica provocando um estado de semiconsciência a qual o agente indutor pode estabelecer ‘ordens’ no agente induzido. Estas ‘ordens’ podem alterar a percepção visual e de consciência, sensações de anestesia, alucinações, memórias alteradas, comportamentos bizarros e ataques compulsivos.

No caso de Sally Parkers, o nível de sugestão foi atingindo há padrões nunca vistos na história da moderna psicologia. A paciente em questão pode ter a sua mente completamente reprogramada a partir de sugestões, como dupla personalidade ou controles fisiológicos e orgânicos. Infelizmente, o controle só pode ser mantido devido a um processo constante de indução hipnótico, pois a consciência retorna o estado original em poucas horas.

A Nagah coça o queixo. Como ele pode manter-me no controle por tanto tempo? Não me lembro dele estar na prisão e ordenando alguma coisa. Mesmo que seja previsto, como pude estar no controle dele por tanto tempo?

Segundo este escrito, eu sou a “cobaia” mais propícia e maior capacidade de controle de sugestão. Pode ser que ele já tenha enviado controles pós-hipnóticos e esteja ainda no controle, mesmo n meu estado de “vigília” .

Mas vamos pensar logicamente...

Se ele não quisesse que eu não pensasse ou descobrisse que estou sobre o seu domínio, de certo a minha mente teria um bloqueio de alguma espécie. Logo, o controle deve ser curto à medida que o estado de hipnose é menos resistente no início e fica mais difícil mais tarde. Então a minha mente fica muito mais resistente às incursões sugestionáveis do Gorila.

Como ele faria para manter o seu controle sobre mim, por tanto tempo?

De súbito, uma ideia!

Os meus óculos! É claro!

Eu não preciso deles! Mas tenho um comportamento compulsivo de usá-los. Por quê? Porque são eles que fazem o papel de agente indutor. Um som vibratório próximo ao meu ouvido e imagens repetitivas em minha retina.

Tive uma espécie de convulsão ao pensar em quebrar os meus óculos.

Acho que é a sugestão defesa para manter o controle sobre mim. Foi como uma crise de abstinência. As minhas mãos tremiam, quando segurei os óculos.

Então os joguei contra a parede.

São resistentes, mas depois de uma sessão de marteladas, não sobrou muito do objeto.

O meu olhar é de puro ódio...

O meu corpo queria voltar aquele estado de submissão. Sinto o desejo de ser possuída e dominada por aquele macaco. Uma espécie de possessão demoníaca.

Estou livre... Finalmente.

Eu visto as minhas roupas e saio daquele laboratório como num relâmpago. O meu corpo todo tremia. Nunca tive aquele tipo de sensação antes.

Acho que é a sensação de liberdade.

No caminho encontro com aquela “puxa-saco” da Harumi.

– Senhora, fiz o que mandou. Queimei tudo. – diz aquela criatura como seu focinho canídeo.

– Muito bem. Agora convoque uma reunião no auditório do grêmio da Serpente. Vamos esclarecer algumas coisas por aqui. – digo taxativa.

– R-Reunião?! Por quê? – pergunta temerosa.

– Não interessa! Faça o que estou mandando! – grito com raiva.

A criatura corre em direção do alojamento e vou direto a enfermaria, pois tive um pensamento realmente aterrador...

– Bem senhorita Parkers... O seu corpo não foi violentado ou sequer teve qualquer rompimento do seu hímen. – diz a médica de plantão.

– Então doutora? Eu não fui violentada? – pergunto boquiaberta.

– Não. Eu fiz vários exames. E constatei que não teve qualquer relação sexual em toda a sua Vida. Estou surpresa, pois muitas meninas de sua idade já tiveram este tipo de “relacionamento” com outros rapazes.

Aquele macaco maldito! O que estava fazendo com a porra da minha cabeça?!

– Espero que possamos fazer mais exames, pois eu estou preocupada com uma alteração hormonal que é indicada no seu sangue, mas fora isso. Está saudável. – decreta a médica olhando os meus exames.

– Obrigada, doutora. – e saio como um raio da clínica médica da Academia Arcana.

O que aconteceu? São os meus pensamentos mais pulsantes, enquanto serpenteio pelos jardins da instituição. Recebo cumprimentos de diversos alunos e até notas de agradecimentos. Fico lisonjeada, mas o que desejo é me concentrar no que vou dizer quando chegar ao auditório do grêmio da serpente.

Coisa que não demora muito.

Sou recebida por Harumi e conduzida ao púlpito no palco.

Advinha que estava na primeira fila comendo uma maçã?

– Gorila God... – balbucio com raiva.

O Macaco sorri e olha para mim com um sorriso debochado nos lábios.

Respiro fundo e começo a reunião. Afinal, isso estava previsto quando eu voltasse de minha prisão.

Retiro os papeis de minha jaqueta e arrumo no púlpito.

– Saudações a todos os membros do grêmio da serpente! Como devem ter percebido. Estou de volta. – eu ajeito o meu cabelo, não por estar incomodando, mas por nervosismo mesmo. Sei que estavam procurando uma substituta no caso que a minha vaga de líder ficasse ausente.

Respiro fundo e continuo.

– A minha prisão foi uma conduta social para satisfazer a nossa sociedade que todos devem respeitar a Vida acima de tudo. Nada mais ridículo. Afinal, nós sabemos que tudo é uma mentira. Ninguém está preocupado com coisa alguma, só o medo de terem os seus amigos, parentes e filhos trocados por criaturas odiosas que os matariam sem hesitar. Estou sendo uma espécie de estímulo à prática de extermínio de Doppelgangers. – digo de uma vez e peço um copo de água para a minha aduladora de plantão.

Depois de beber o meu líquido, continuo o meu discurso.

– Nós, o grêmio da serpente, somos considerados potenciais criminosos e, às vezes, somos induzidos a acreditar nisso... – digo a palavra “induzido” por pura provocação. Ninguém é obrigado à coisa nenhuma neste mundo. Somos livres. Tanto de corpo, quanto de mente. Ninguém pode determinar o que é certo ou errado em nossas Vidas. Pois somos nós que fazemos as nossas escolhas. Se quisermos destruir Arton, será uma escolha nossa e não por uma “sugestão” alienígena. – outra provocação.

Observo o Gorila. O macaco fica impassível.

– Por este conceito de liberdade que estou aqui. Além da festa de comemoração de minha despedida de minha ausência por causa de minha prisão e por motivos pessoais. Comunico a todos a minha renuncia da liderança do grêmio da serpente. Obrigada. – e saio do púlpito.

Todos ficam chocados, exceto o Gorila God que começa a comer algumas bananas...