Apolonyx

Entre meio-sangues indefinidos



Da direita para esquerda era Deusa Hemera e Deus Éter – com as mãos entrelaçadas, Deus Tánatos – aproposito, muito bonito.

Em seguida Personificações de Morte em batalhas, segundo a legenda grega. Aliás, o único tipo de letra que eu conseguia ler. Na escola eu tinha até que usar tradutor - um ajudante para ouvir ou ler alguma coisa em inglês. Antes eu pensava que fosse só uma incrível falta de sorte de ter nascido com esse deficit, mas agora posso até entender.

25 deusa + 50 deus + 25 mortal = 75% deusa e 25% mortal.

Que lindo.

Mas voltando ao assunto.

Primeiro vinha Anaplekte (morte rápida, na legenda grego antigo em baixo_ com uma adaga na mão, com Akhlys (nevoa da morte) segurando o seu pulso, Ker (destruição) segurando duas espadas afiadas e Stygere (ódio) estava simplesmente de pé. Todas aladas, asas negras e rostos destorcidos.

Moros (Destino) sem pupilas ou íris, olhos totalmente branco, cego.

Hipnus (Sono), com cabelos e olhos prateados e segurando uma flauta.

Oniro (legião dos sonhos, as mil personificações do sonho), que mais parecia um monte de fantasminhas nus - talvez milhares.

A deusa Momos (deusa do sarcasmo, ironia e escárnio.), com uma mascara meio levantada para exibir seu rosto e um boneco na outra mão simbolizando... (estava meio quebrado essa parte) a loucura.

Oizus (miséria) era um daimon - uma divindade semelhante aos gênios da mitologia árabe) - ou espírito que personificava a angustia, a miséria e a tristeza.

Em seguida as Hespérides, guardadoras dos pomos-de-ouro, deusas primaveris fertilizadoras da natureza - donas do jardim das Hespérides (por isso o nome). Uma grande árvore de pedra atrás, Egle “a radiante”- deusa da luz avermelhada da tarde - estava atrás das outras deusas e sorria energicamente. Erítia a “esplendorosa” - deusa do esplendor da tarde - do lado esquerdo do braço de Egle e parecia tão segura de si que chegava deixar quem via depressiva. E Héspera “a crepuscular” - deusa do crepusculo - que dava um sorriso modesto no outro braço da deusa radiante.

Na legenda, dizia que elas haviam nascido para ajudar Nyx a não se cansar. Hemera trazia o dia junto com as horas, as Hespérides a tarde e Nyx a noite - junto com Selene (deusa Lunar, da Lua).

As próximas reconheci na hora.

As páreas, Cloto, Láquesis, Átropos, todas exatamente iguais. Mas Colo com o fio da vida, uma com uma adaga afiada e outra com uma tesoura.

“Espero que estejam bem.” pensei, me perguntando como Tánatos (Morte) e Hades estariam cuidando de matar todos que tem que morrer.

A próxima era Nêmesis, deusa da vingança, alada e com o rosto que aparentava desejo de vingança.

Ápate (espírito que personificava o engano, dolo e fraude) com as mãos fingindo ter alguma coisa.

Filotes (personificava a amizade, carinho, ternura e até prazer do sexo), sorria e parecia extremamente acolhedora.

Geres (deus ou daimom personificava a velhice), um homem encolhido e enrugado.

Éris (person. a discórdia), com o rosto retorcido de repulsa.

Limos, ou Éton, person. a fome. Era magricelo e tinha um sorriso horroroso.

Ftono (Inveja) é também person. do ciumes. Já tinha enraivecido Atena e Hera. Ele nem mostrava o rosto, oculto pela capa enorme.

Ênio (deusa da carnificina), com um monte de braços e corpos machucados a sua volta.

Lissa (daimon da ira frenética, a fúria (sobre tudo na guerra) e a loucura produzido pela raiva. Nasceu engrenada pelo sangue que verteu de Urano ao ser castrado). Seus olhos estavam fora de órbita e parecia mais do que maluca por poder e vingança.

E por último, Caronte. Sob um capuz e remando um barco. Dizia que carregava os recém-mortos sobre a água dos rios Estinge e Aqueronte.

E no meio, a magnifica estátua de dois metros foi a última que fui ver a legenda – embora soubesse bem quem era.

Nyx.

A mesma mulher do retrato, só que com um capuz escuro, uma coroa de estrelas e uma Papoula na mão. Parecia olhar diretamente nos meus olhos, como se soubesse que uma hora eu ia ficar exatamente naquele lugar e naquele ângulo.

Do lado dela havia metade de outra estátua.

Da cintura para baixo, magra. Usava um vestido liso e bota de camurça, em vez de salto ou sapatilha. Na legenda estava escrito...


Nýchta Nox Pandora.

Uma ótima filha,

grande maga.


1993 ~ 2010


Filha da minha mãe?...

Quer dizer, da Deusa Nyx? E não é uma personificação ou uma deusa? Então ela seria... minha irmã? A mesma garota do retrato do outro quarto, ela morava aqui?

Não. Eu não tinha irmã.

– Dafni?

Virei com tudo, bati testa contra testa.

– Ai!... Beccs, oi.

– Awm, oi. - mas não olhava para mim e sim para metade da estátua de Nýchta. - Gostou do seu “chalé”? He, he.

– Uhum. Muito bonito.

– Ah, e fique tranquila. Só entra aqui quem você deixar e... eu. Como sua guardiã e amiga desde os dez anos.

– Rebecca. - chamei, séria. - Quem é Nýchta.

– Vamos, Dafni! - me puxando pelo braço em direção a sala. - Temos que comer e começar seu treinamento antes da captura da bandeira que é por sinal as... - consultou o relógio, ignorando minha pergunta. - Zeus! Daqui a meia-hora! Você vai ser massacrada. Sério. Principalmente de boca e estômago vazio.

– Rebecca!

Paramos então.

– Quem é Nýchta Nox? Ela tem o mesmo sobrenome que eu Pandora. Bem, não tenho irmã, mas depois de tudo isso não duvido nada.

Silencio.