Terra

Rocket Racoon se sentiu confortável ao ombro do Motoqueiro. Estirado de bruços, com as patas dianteiras cansadas suspensas sobre o peito do Motoqueiro Fantasma mais ou menos na altura de seus ombros. Suas patas traseiras tentaram se agarrar a jaqueta dele pelas costas, mas estava exausto demais para pensar em tentar tal ato novamente. O cansaço lhe disse para confiar seu equilíbrio ao cabeça de fósforo. Era o que tinha por agora. Com os olhos pesados, viu o Motoqueiro tirar uma das mãos do guidão para alcançar um revolver que estava preso a sua cintura. Rocket reconheceu que era a arma que havia pegado na horda horas mais tarde. Motoqueiro Fantasma mirou com a arma à horda em sua frente. Rocket ainda tentou alerta-lo novamente que esta só possuía uma bala. A arma começou a ficar incandescente, e como metal retorcido começou a se transformar. O cano se alongou e ganhou um bocal extra. Caveiras e tribais começaram a enfeita-la de modo sombrio. Motoqueiro então a disparou, e duas bolas de fogo infernais, os novos projéteis da arma abriram caminho por entre a horda. “Legal...” Pensou o guaxinim, antes de fechar os olhos.

Não dormira por todo o trajeto, trajeto este que durara uns quarenta ou cinquenta minutos. Rocket Racoon estava apenas “descansando os olhos”. Já era tarde da noite, e em algumas horas, logo o sol voltaria a nascer. Na calada da noite, quando o pequeno estava se entregando ao sono, a freada brusca da moto fez com que o pequeno voasse e rolasse no asfalto. Mais do que depressa se pôs em pé e rosnou para a criatura esquelética na moto. O Motoqueiro Fantasma então lhe jogou uma arma que lhe parecia familiar, ao mesmo tempo em que voltara a se tornar Jhonny Blaze.

– Toma – disse Jhonny – Eu a achei caída no chão, eu insisti para o Motoqueiro parar para poder pegá-la... Achei que era sua cara... Tipo... Sei lá, você é alienígena?

Jhonny tinha recuperado instintivamente a arma que Rocket havia perdido. Era do mesmo tamanho que o guaxinim. Era pesada, assim como sua munição, pensou Jhonny. Rocket Racoon a pegou no colo. Abaixou a cabeça, e mostrou as presas quando deu as costas o Jhonny Blaze. Rocket rosnou de novo, e ao meio do ruído emitido por ele balbuciou uma pergunta: “E quanto ao Hulk?”.

– O outro cara... Sabe... O “homem-esqueleto-pegando-fogo-mas-vivo-com-uma-corrente-em-brasa”... Pois é... Ele deu um belo chute naquele traseiro verde e o mandou para longe... Ele não gosta muito das pessoas... Ou do Hulk no caso... – Respondeu Jhonny, com um sorriso amarelo estampado no rosto. – Você está ferido... Fiquei sabendo que... Essas criaturas contaminam os outros... Você foi mordido?

Rocket Racoon rosnou de volta. Virando a cabeça fez um sinal que “não”.

– Ah, entendo... Arranhões apenas não é... Marcas de um dia difícil... Sei como é...

Rocket continuava a mexer em sua arma. Parecia checar se estava tudo em ordem. Era sua melhor amiga naquele mundo de aberrações. Bem, tinha o Motoqueiro junto a ele, mas não havia confiança na criatura esquelética.

Jhonny olhou a sua volta. Estavam ao lado de escombros de um prédio. Metade do pequeno hotel tinha ido abaixo. Era o local perfeito para passarem o resto da noite e descansar. Estavam afastados demais do centro, onde as criaturas estava aglomeradas. Rocket cedeu por um instante e se sentou adentro dos destroços com a arma em seu colo. Jhonny escondeu a moto e sentou ao lado dele, bocejou por um instante. “É melhor dormirmos um pouco – Disse Jhonny se entregando a fadiga – Amanhã daremos um jeito de... Você sabe... Analisar melhor a situação...”. Deixando o sono e a gravidade cuidarem do sutil movimento sonolento de sua cabeça, Jhonny foi forçado a se recompor devido ao barulho a seu lado direito. Rocket estava de pé, e sua arma emitia uma fina e fraca luz azul de dentro do bocal. Estava apontada para Jhonny. O pequeno guaxinim estava afoito. De fora de seu uniforme dos Guardiões da Galáxia podia notar sua respiração acelerada. Parecia assustado e inquieto. Orelhas tão levantadas que pareciam querer tocar o céu.

– O que está fazendo?

– Não confio... – Disse Rocket Racoon – Não confio nesse “outro cara”... Nem fodendo vou dormir sabendo que aquela coisa pode despertar!

Jhonny sorriu e voltou a fechar os olhos.

– Fica tranquilo pequenino... Ele não tá tão a fim de voltar para esse mundo por hora...

O sol começou a esboçar os primeiros raios matinais. Era verão em Nova York. O raio de luz bateu forte nos olhos cerrados de Jhonny, forçando a acordar. Ele tentou se levantar, mas sentiu um sobrepeso em seu colo na qual não estava acostumado. Ainda sentado, olhou para baixo. A pequena bola de pelos estava aconchegante em seu colo, dormia um sono tranquilo. Sua cauda fofa lhe contornava e servia de travesseiro para o pequeno guaxinim. Mesmo dormindo, em uma respiração muito mais tranquila do que se lembrava, a sua arma continuava apontada para o rosto de Jhonny, que sorriu, vendo a determinação do pequeno em não dar o braço a torcer quanto a confiança nele.

– Hey! Você é Jhonny Blaze não é? O cara das motos?

Jhonny se assusta com a voz de tom moderado a sua frente. Ergueu a cabeça com um olhar de investigação. Não avistou ninguém.

– Hey, aqui em cima!

O olhar de Jhonny se direciona para o poste a rua. Dependurado por uma fina tira de teia, o Homem Aranha o observava. Uma de suas pernas estava quebradas. Sua máscara rasgada ao meio. Dava pra ver sua pele esverdeada. O olho exposto era branco e sem vida. O amigo da vizinhança tinha se tornado um deles. Jhonny tentou vagarosamente alcançar seu revolver, de forma a não acordar o senhor temperamental, mas não encontrou sua arma.

– Calma! Não vou te devorar, me alimentei hoje, na verdade, todos nós nos alimentamos. Não vim te machucar. Pelo menos não hoje... Precisamos de sua ajuda!

Asgard

– A que devo tal visita?

– Bem, você tem me incluído tanto em suas orações que não pude deixar de comparecer...

– Ah sim, verdade... Mas olha, pra quem se julga pertencente do poder que diz, tinha uma visão muito mais aterrorizante do Diabo...

– Meça suas palavras Asgardiano... Está falando com uma entidade com poderes além da sua compreensão...

– Se assim fosse, você não viria até meu reino para me pedir um acordo... Não é Mephisto? Além do mais, para aquele que tudo sabe e tudo vê, não seria conveniente saber que eu... Sou apenas familiarizado em Asgard?

– Como seja, “filho de Odin”.