“Demônios”

Nippon

Sakuya estava pálida. Apesar de todas as Árvores Guardiãs até City Checkpoint terem voltado à vida, ela parecia fraca, cansada. Isso não era um bom sinal, ainda mais após a breve ida de Amaterasu e Issun à Shinshu Fields. As coisas que viram nos céus... As coisas que falaram com eles...

Os seres que eles viram...

“Talvez apenas um, na verdade” Issun disse, estranhamente sério. Não era de sua natureza debater um assunto com tamanha seriedade mas ele sabia que era necessário agora. “Diferente de tudo que já vi antes. Mesmo há 100 anos, acredito que tal aberração jamais foi vista.”

Amaterasu concordou com um latido. Há cem anos atrás, quando viera à Terra pela primeira vez, ela e o guerreiro Izanagi partiram da vila Kamiki em direção à Moon Cave. Aquela batalha marcara o fim dos sacrifícios anuais das jovens mais belas da vila. Marcara também a morte de um Deus. Amaterasu, chamada de Shiranui pelos moradores da vila, morrera na batalha há cem anos envenenada pelo veneno do Demônio de Oito Cabeças Yamata no Orochi e fora homenageada através de uma estátua. Sua morte marcara o início de um período de paz e harmonia apenas para que Orochi fosse liberto mais uma vez. Desta vez, no entanto, havia algo mais. Viram nas nuvens em Shinshu Fields. Um demônio de forma aparentemente humana, sentado em uma poltrona que mais se assemelhava a um trono. O dia estava ensolarado, mas Ammy o vira e Issun também. Não apenas a ele, mas a um outro humano. Este vestia uma longa capa verde e empunhava um cetro que emanava poder, astúcia e magia. Não pareciam pertencer a Nippon, tamanha a diferença existente entre eles e as outras criaturas que Amaterasu enfrentara até então. Mas de onde poderiam ser?

“Os moradores de Kamiki não parecem ter notado qualquer alteração...” Issun comentou, levemente irritado. Saguya assentiu, mais preocupada do que qualquer outra coisa. Amaterasu, por outro lado, sentiu medo. Não por ela, mas por aqueles que buscava proteger. Ignorando aos dois, Ammy adentrou mais uma vez a Árvore Guardiã e não parou de correr enquanto se dirigia mais uma vez à Caverna de Nagi.

As estrelas brilhavam com intensidade neste local sagrado. Tudo estava silencioso, o que inquietava ainda mais à Loba Divina. Havia perturbações no ar, mas ninguém nem nada parecia estar sentindo. Mas ela sentia. Sentia barreiras além da compreensão dos homens terrenos sendo levemente quebradas, sentia turbulências infiltrando-se pouco a pouco neste mundo que ela iluminara eternamente com a luz do Sol. Sentia diferentes tipos de fé surgirem em sua mente, Deuses desconhecidos, seres jamais vistos sendo criados e modelados à imagem de um ser superior. Precisava garantir que a benção de Nagi estava imaculada. Precisava garantir que este local sagrado não fosse ferido jamais.

As flores surgiam com maior frequência conforme ela corria. Marcavam seu caminho, purificavam qualquer mal que pudesse existir ali. Mas o ar pesado permanecia e irritava a Deusa. Que magia obscura era essa que interferia até mesmo com seus pensamentos?

Quando Okami Amaterasu entrou, por fim, na caverna, aproximou-se com cautela da estátua de Izanagi. Tudo continuava quieto, mas alguma coisa a incomodava. A loba branca deu alguns passos e então olhou para a única abertura da caverna, para os céus, observando a constelação de Tachigami se destacar no fundo negro. Por um momento, nada pareceu mudar... Então ela ouviu...

“Seres inferiores... Facilmente controlados... Carcaça...”

“...poder... Tolice acreditar-... Asgardiano...”

Ammy de repente soube.

Correndo o mais rápido que podia, Amaterasu desceu a colina e atravessou o Rio de Estrelas. Issun e Kaguya a entenderiam. Era inesperado, era impossível, mas ela tinha certeza. Sabia.

“A barreira entre os mundos será quebrada...” Ela pensou enquanto atravessava o portal iluminado que a levaria de volta para Kamiki Village “O Deus da Mentira fará isso. E então estabelecerá o Caos!”.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.