Apenas uma Foto

Sentimentos Estranhos


—Então sua casa ou a minha? –Lorie disse com um pequeno sorriso, ela parecia um ursinho de pelúcia fofo nesse momento. Eles precisavam começar um pequeno trabalho sobre um livro de literatura e preferiam fazer juntas. Sarah sorriu.

—Pode ser minha casa se não ligar para bagunça meu quarto.

—Você já viu seu armário? Não esperava arrumação em seu quarto vendo aquilo. –Ela riu da comentário da amiga que em tão pouco tempo a conhecia bem o suficiente. –Sua casa seria legal.

—Legal! Vamos.

Escolheram ir caminhando descartando a opção de pegar ônibus, nenhuma delas tinha pressa de chegar na casa. As duas últimas semanas foram longas e cansativas, mas a nova amizade havia florescido e tornava-se cada dia mais especial. Diferente de seus outros amigos, Bastian sentia-se excluído e um pouco ciumento com essa nova amizade, mas estava se acostumando a cada dia mais e começando a gostar da garota também. Tudo estaria perfeito se não fosse suas emoções em negação. Ás vezes, pegava se pensando no sorriso da menina a cada dia mais e, quando tinha o prazer de ver o sorriso, uma parte dela derretia por dento. Quando não havia aula juntas no dia, Sarah podia ver o olhar triste de Lorie andando pelo corredor separado dela e se segurava para não correr e abraçar a menina, e ir para onde ela for. Ela nunca se preocupou com sua sexualidade, o importante para ela era amar e sentir bem com a pessoa, e a cada dia se perguntava se era essa a sensação de estar apaixonada. Sentir tanta falta quando estão longe, querer nunca deixar ir quando está próximo e querer fazer aquela pessoa feliz, mas do que ela própria. Ela tentava bloquear esses pensamentos cada dia mais, mas não funcionava como imaginou.

O longo caminho para sua casa não foi nenhum pouco cansativo, mas cheio de risadas e comentários sobre cada pessoa do colégio. Lorie tinha tendências a imitar as pessoas para exemplificar o que queria dizer e era ruim demais, por isso era engraçado. Sua casa, por sorte, estava vazia. Ela direcionou pelo caminho para seu quarto, abriu a porta dele e entrou.

—Bem vinda ao meu quarto. –Lorie olhava para as fotos espelhadas pelo seu quarto como se tentasse entender o motivo ou padrão. –Como pode ver eu amo fotografia.

—Jura? –Elas riram. – São tantas e tão diferentes.

—Gosto de testar maneiras. As da parede são todas que tiro e não as entendo porque tirei ou porque não ficou como queria. As do varal saíram como eu queria e, principalmente, gosto de ver diariamente. –Enquanto falava Lorie tentava observar cada foto e compreender suas palavras.

—E as emolduradas?

—Cada uma teve um significado diferente, mas elas são, de certa forma, um marco que me fez o que sou hoje. –Lorie a ouviu atentamente e segurou sua curiosidade para perguntar sobre cada uma especificamente.

—Com esse quarto podem te internar por insanidade ou te prender.

—Sim, mas não ligo. Se for nas grades ou amarrada em uma cama onde eu parar eu sei que fiz o que amei e fez da minha vida um pouco com sentido.

—Você realmente ama isso.

—Yeah! –Lorie olhou para ela como se quisesse dizer algo mais, mas algo a impediu e voltou a olhar para todas as imagens.

—Não tem uma imagem sua.

—Bem, sou eu sempre com a câmera.

—Um fantasma, de fato.

—Podemos falar sobre isso a vida toda e eu amaria, mas precisamos fazer um trabalho.

—Estraga prazeres. Medo de eu descobrir a fórmula ou caminho para sua mente? – O olhar da menina é de puro divertimento e curiosidade.

—Você não vai querer saber o que passa pela minha mente.

—Por quê? Alguma paixão secreta? –Ela deveria ter negado, mas ficou quieta. Seu desejo era ser sincera com a menina, mas era cedo demais dizia sua mente.

Elas jogaram algumas coisas no chão para um melhor conforto na cama e sentaram uma na frente da outra. Elas começaram a discutir sobre o livro e lendo trechos com a suposta voz dos personagens descontraindo o ambiente. Em um momento, ela começou a desenhar em um papel para fugir um pouco do trabalho. Lorie viu e pensou em tacar o livro ou arrancar a folha dela, mas não fez. Ficou ali olhando para ela e todas as fotos no varal atrás dela. Ela parecia tão concentrada, mas ao mesmo tempo pacifica e feliz. A menina sabia exatamente o que fazer. Pegou uma máquina antiga perto dela, ligou, e, antes de chamar atenção, tirou uma foto. O flash tirou Sarah de seu desenho e pegou Lorie com a câmera do seu avô com um sorriso satisfeita.

—Agora tem uma foto sua. –Ela sorriu para esse comentário e pegou a câmera delicadamente da mão da garota e colocou no local de origem. Quando começou a retorna na sua posição, percebeu sua a proximidade com a menina e percebeu o olhar dela sobre ela. Seu coração pulava loucamente em seu peito.

—Deite. –Que? –Apenas deite na cama. –Lorie queria discutir, mas deitou e olhou para sua amiga sentada. O cabelo dela espelhava pelo colchão e óculos meio torto no rosto da menina só deixou tudo imperfeito e perfeito. Sarah estava perdida.

Sarah se arrastou pela cama até estar ao lado da menina antes de deitar. –O que você vê? –Um monte de fotos, Sarah! –Não fiquei no superficial, tente ligar cada uma e encontrar um caminho por elas.

Lorie bufou, mas se concentrou tentando achar algo. Com um tempo, ela começou a montar uma história, ligando momentos com emoções, não era tão aleatório tudo como pensou ser. As fotos na parede ao fundo dava uma perspectiva da loucura da vida, sem sentido e corrida. Lorie sorriu quando percebeu que o varal parecia um zoom de fatos importantes na loucura do dia a dia. Era como se fosse nossas próprias memorias, deixando ao fundo e até deletando fatos não importantes e destacando fatos marcantes. –É incrível! –Ela virou o rosto e seu olhar se prendeu nos castanhos esverdeados brilhantes de Sarah.

Sarah sorriu todo o momento vendo a compreensão de sua amiga de tudo. –Sim, é! – Ficaram assim presas no olhar uma da outra e compreendendo cada uma melhor a cada segundo. Sarah quis beija-la, mas nadar nos olhos mel era mais profundo e íntimo. Lorie quebrou o contanto para deitar sua cabeça no ombro dela e jogou sua mão em cima da barriga da amiga. –Cansada? Precisamos terminar o trabalho. –Eu sei, mas ainda estamos adiantadas. Não dormi quase nada e está tão confortável, apenas um segundo de descanso.

Ela quis argumentar, mas o olhar de Lorie era tão cansado e pacifico, ela não poderia dizer não. Ela se aconchegou na menina e sentiu o braço segurar mais forte ela, uma maneira de Lorie manter ela no local e não tira-la da posição confortável. Seus olhos se fecharam lentamente com o passar dos minutos e foi arrastada para o mundo dos sonhos sem sonhos. Ela já vivia atualmente um, era desnecessário outro.

—Sarahhhh!

Lorie acordou abruptamente e usando sua mão, apoiada no estômago de Sarah, para levantar causando a menina ao seu lado acordar e se encolher de dor. –Meu Deus! Me desculpe. –Sarah tentava lidar com o véu de sonho e a dor ainda não compreendida pelo seu cérebro.

Sua porta se abriu levando as meninas a olharem para ela, e lá estava Bastian. Sarah se arrependeu de ter contado onde estava a chave reserva nesse momento. Sua mão massageava sua barriga para passar mais rápido a dor enquanto sentava descentemente na cama. –O que foi? Se não for um motivo descente vou te bater. –Ele sorriu desconcertado, não esperava sua amiga ter visita nesse momento e principalmente estarem deitadas na mesma cama. Sua mente descartou qualquer coisa maliciosas para situação, elas eram amigas.

—Nunca tem um motivo descente e você não me atendia. –Ele fez expressão de cachorro sem dono fazendo-a revirar os olhos. –Ela me deixou. Disse que tudo era muito legal, mas não era o que ela queria resumidamente. –Ele sentou ao lado da amiga com um pouco de tristeza no olhar.

—Você está mais triste pelo fato que a diversão acabou do que qualquer outra coisa. Nós sabemos, se você queria algo realmente sério com ela você teria, pouco tempo depois, ajoelhado e pedido ela em namoro, mas vocês dois são iguais até demais. Você queria se divertir assim como ela, mas você não gostou de ouvir disso dela.

—Eu odeio o quanto você me conhece. –Ele focou Lorie que olhava para a janela. Ele queria falar mais, mas sozinho com sua amiga. –E vocês? Fazendo o que?

—Trabalho, o que mais? –Sarah deu um sorriso amoroso e calmo. Ela se sentia em paz e feliz, foi definitivamente o melhor cochilo dado em tempos. Katherine podia suportar ele por mais um dia maldito.

—Eu acho que tenho que ir. –Lorie disse depois de um tempo. “Não!”

—E o trabalho? -Bastian curioso como sempre.

—A gente está adiantada, por sorte, e também prometi que não estaria em casa tão tarde. Sabe, sou nova por aqui e meus pais não confiam tanto em eu andando sozinha. –Sarah estava preste a comentar algo, mas seu amigo era rápido.

—Posso te levar? Eu estou com minha moto aqui. –Sarah olhou para ele com um olhar questionador. Bastian não era generoso assim sempre, mas descartou outros pensamentos.

—Claro! Pode ser agora?

—Com certeza!

Eles deram um adeus simples e rápido, e saíram de sua casa. Ela ficou ali sozinha com seus pensamentos a loucura. Essa tarde foi um sonho feliz, acabou rápido, mas foi o suficiente para o resto de sua vida mundana. Ela sorriu enquanto se jogava na cama. Se segurou para não suspirar e parecer mais apaixonada do que sentia estar. Ela cansou de negar esse fato, agora teria que lidar com ele.

Seus pais chegaram em algumas horas, mas ela fingiu estar dormindo para não ser importunada por qualquer outra coisa. Por sorte, ela conseguiu dormi rapidamente, mas seu sono foi conturbado. Quando seu despertador tocou, ela levantou lentamente, seu corpo parecia estar três vezes mais pesado. Por um momento ficou pensando e toda paz de ontem á tarde foi substituída por medo. Ela fez suas necessidades e se arrumou o melhor possível, e como sempre pegou a carona pontual de Rick. Ele notou algo errado no momento que seus olhos se cruzaram.

—Você vai ficar sofrendo ou irá em contar o que aconteceu?

—Tão na cara?

—Você é tão expressiva como suas fotos. Agora, conte. Isso será a melhor coisa para você nesse momento, acredite, eu sei.

—Sabe quando acontece algo feliz na sua vida, mas você pensa em tudo por vir e você sente tanto medo porque você quer tudo perfeito e feliz? Você quer algo, mas se não der certo?

—Sim, sei. Viver com medo de um coração partido não irá te levar a lugar nenhum. –Ela compreendeu as palavras, mas isso não acalmou. Ela era terrível em lidar com seus sentimentos. Uma curiosidade surgiu em sua mente.

—Como você sabia que era gay? Quer dizer, eu sei, foi porque você gostava de homens, mas como você sabia de verdade?

—Eu acho que sempre soube, mas precisei realmente querer beijar outro homem muito para ter minha confirmação de fato. Acho que cada um tem sua maneira de se descobrir e depende de quem você é e como lida com a sociedade a sua volta. O que está passando pela sua cabeça louca, Sarah? –Ela olhou para ele com uma careta, ela não queria expor seus sentimentos agora, ela queria confiar. –Sabe que nunca te julgaria assim como não me julgou.

—Eu...Nada não apenas curiosidade. –Ela mentiu e odiou isso. –Nati levantou essa questão a alguns dias, acho que é relacionado ao amigo dela.

—Hum! –Ele percebeu o desvio de assunto. –Dany me contou e ela acha que Nati pode gostar dele. Paixão é maravilhoso, mas coração partido é cruel. Nunca sendo pessimista, é claro.

—Imagina! Só querendo preparar todos para a dor do futuro.

—O que posso dizer? Meus dois últimos relacionamentos acabaram com EU levando um pé na bunda. Fiquei insensível. –Ela riu alto. Isso definitivamente era mentira. –Eu sei que não quer falar sobre o que está sentido. Eu não sou besta. Eu tenho essa necessidade de querer te proteger, mas nunca se esqueça que eu sempre estarei aqui independente de tudo.

—Obrigada. –Sua voz nunca saiu tão aliviada. Ela não sabia como seria com sua amiga no futuro, mas sabia que com Rick ou, até mesmo, Dany, tudo ficaria menos complicado. Seu melhor amigo era uma futura complicação, mas ela não queria pensar nisso agora.

Quando chegou na escola e se preparou para sair do carro, Rick despenteou seu cabelo deixando suas mexas azuis em mais destaque. Seu cabelo era o filhinho dele. Ela caminhou em direção ao seu armário, pegou suas coisas e esperou. Achou estanho a demora, mas logo viu o vislumbre do óculos nerd da sua amiga. Ela sorriu para ela como sempre fazia e, quando chegou perto, ficou tímida como se quisesse abraçar, mas sua confiança havia desaparecido. Sarah movimentou para mudar isso, mas o sinal tocou e esse era o triste dia de aula diferente. Lorie sorriu tristemente. –Até logo, pelo jeito. –A menina caminhou para sua sala, deixando-a com o coração apertado como sempre. Ela estava perdida a ferrada a cada segundo mais.

Trocas de aulas e mais trocas o intervalo tão longínquo, mas finalmente ele chegou. Ela caminhou até a mesa e encontrou uma cena diferente. Bastian sentado na mesa conversando com Lorie. Ela fez uma careta interna. –Não seja ciumenta! –Dany surrou perto do seu ouvido. Ficou arrepiada com a respiração quente da menina na área sensível do seu pescoço. Ela virou querendo ficar irritada, mas Dany piscou para ela de uma forma tão calma, a impossibilitando.

—Eu não estou com ciúmes, eu só o conheço e sei que tem algo mais nisso.

—Certamente existe, mas só o tempo dirá. Você já tem muita coisa na sua cabeça para pensar, então pare de acrescentar. –Sarah olhou para ela com olhar nervoso e Dany franziu a testa em desconfiança. Ela podia explorar e tentar arrancar algo de sua amiga, mas não era o momento certo, muito menos o local. –Por que essa cara? Suas primas são difíceis, mas nem tanto e só é um final de semana. –Ela podia ver alivio no rosto da outra garota. Péssimo dia para ser uma pessoa legal.

—Um final de semana para fingir ser uma família grande e feliz.

—Não é fingir, é deixar de lado tudo e olhar para as coisas boas apenas.

—Você não conhece minha família. Se não sair sangue ou tiro, já estamos no lucro. –As duas riram e caminharam para a mesa.

Rick apareceu logo comentando sobre um futuro projeto de um baile e das ideias babacas que os outros tiveram. Bastian até entrou na conversa depois de tempos sem fazer isso. Lorie parecia mais feliz hoje e todos pareciam estar menos segregados como sempre. Sarah gostou disso, seus amigos juntos e rindo. Ela quis tirar uma foto, mas preferiu usar uma câmera diferente hoje, sua mente.