– Anita o Ben tá aí. – Afirmou Sofia, chamando a irmã da porta do quarto.

– O que ele quer. – Anita perguntou confusa.

– Ai Anita. – A patricinha suspirou profundamente, tenso pelo jeito pacato de Anita. – O que você acha, ele quer falar com você. – Sofia retrucou nervosa, Anita ficou pensativa parecendo não saber o que fazer. – Anita, “hello”. – Ela gesticulou querendo despertá-la. – O que eu faço deixo ele subir. – Afirmou a garota.

– Você sabe que eu não posso falar com ele. – Anita respondeu aflita.

– É o difícil vai ver explicar isso para o Ben. – Ela questionou agoniada, sabendo que Ben não desistiria de ver Anita tão facilmente.

– Sofia vai e diz pra ele, que eu to dormindo, ou qualquer outra coisa, mente, engana, não sei, mais eu não posso falar com o Ben, não agora. – Disse Anita em suplica.

– Tá eu vou tentar. – Ela acabou concordando ao se sensibilizar com o jeito perdido da irmã. - Mas, você sabe que uma hora vai ter que falar com ele. – Sofia afirmou verdadeira.

– Eu sei, mais não hoje, eu não consigo. – Admitiu Anita com o olhar triste, recostando sua cabeça novamente no travesseiro.

– Olha assim, agora acho que eu entendi. – Falava Pedro mostrando o caderno a Ben, a quem o pequeno pediu uma ajuda com o dever de matemática.

– E nem precisou explicar uma segundo vez, você é um gênio. – Disse Ben com um sorriso orgulhoso.

– É que você é um ótimo professor, até melhor que o meu de matemática. – Elogiou o irmão caçula.

– Ah é muito obrigado. – Bem respondeu sorridente.

– E aí Ben tudo tranquilo. – Sofia abordou ele.

– Tudo eu acho. – Ben acabou desconfiando da aproximação da loira.

– Bom Pedrinho, eu vou ver a Anita tá, qualquer dúvida me chama. – Informou Ben, levantando da cadeira, deixando Sofia atrapalhada sem saber o que fazer.

– Você vai falar com a Anita. – Pronunciou a garota, como forma de ganhar tempo.

– Vou por quê? – Ben rebateu com desdém.

–- Não, sabe que é, ela esta dormindo já, eu acho. – Sofia falou qualquer coisa que parecesse fazer algum sentido.

– Tudo bem, eu vou só dar um oi pra ela. – Alegou ele.

– E que sabe o que é, ela disse que tava com dor de cabeça, acho que resfriada, tomou um remédio e apagou. – Sofia justificou se pondo na frente de Ben para que ele não subisse a escada.

– Sofia qual foi, o que você andou dizendo pra Anita, que agora ela esta me evitando, você não cansa não Sofia. – Ben acabou ficando sem paciência.

– Eu não fiz nada Ben. – A loira procurou se defender, mesmo não podendo falar quem estava pro trás da ausência de Anita.

– Sei, eu finjo que acredito, seja lá o que for, meio que funcionou né, porque pela manhã eu já discuti com ela. – Ele retrucou com ironia.

– Ben não briga com a Sofia, a Anita passou o dia no quarto, e eu viu ela dizendo pra mamãe que tava com dor de cabeça. – Afirmou Pedro em defesa da irmã, usando como prova a conversa que ouviu entre Anita e Vera.

– Ninguém tá brigando cabeça. – Contornou Ben. – Amanhã eu falo com a Anita. – Proferiu ele.

– Boa noite Ben. – Disse Sofia, percebendo que o garoto precisaria que alguém o desejasse. – E Ben, eu não duvido do que você sente pela Anita, e nem duvido do que ela sente por você, e eu espero que você sempre acredite nisso também. – Sofia falou com um olhar enigmático.

– O que você quer com isso. – Disse ele intrigado.

– Que eu não quero atrapalhar ninguém, de verdade. – Respondeu a loira com seriedade abraçando Pedro.

– Pode ser. – Ben falou não muito convencido. – Boa noite. – Desejou ele se retirando pela porta do casarão.

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– Ele já foi. – Perguntou Anita em uma eterna aflição quando Sofia adentrou ao quarto.

– Já, e eu nem preciso te dizer que ele saiu meio arrasado. – A garota não escondeu.

– Ai meu deus. – Proferiu Anita lamentando.

– Você não quer comer nada não, passou o dia enfiada nesse quarto, se quer almoçou, a mamãe fez lasanha pro jantar. – Sofia quis obter uma forma de distrair a garota.

– Não, não quero Sofia, o que eu queria mesmo era dormir pra sempre e esquecer que esse dia existiu. – Anita respondeu com o olhar perdido.

– Tá bom então. – Sofia não insistiu mais.

Anita revirava-se na cama de um lado para o outro, em uma tentativa frustrada de tentar encontrar o sono e dormir um pouco, mas parecia que essa seria um atarefa impossível de ser realizada. Ao pegar o celular numa tentava de verificar que horas eram ela percebeu que havia recebido uma mensagem de Ben.

“Dorme com os anjos, te amo”. – Anita foi lendo as palavras do garoto, e se viu ficando cada vez mais agoniada e medrosa, do que Antônio exigia que ela fizesse.

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Manhã seguinte...

– Anita tava lá em baixo, na caixinha de correio junto, com minhas revistas que eu fui pegar. – Sofia disse entregando um envelope para a irmã.

– Não acredito. – Lamentou Anita imaginando o que poderia ser. – “ Seu tempo está acabando, você sabe o que tem que fazer”. – Ela leu as palavras do papel entrando em desespero novamente.