– É do Antônio. – Sofia questionou um tanto exasperada pelo semblante que Anita esboçava.

– Sim, ele quer que eu faça o que ele quer e agora. – Disse ela com as mãos tremulas segundo ainda o papel.

– Se vai mesmo obedecer aquele louco, Anita assim ele vai ter certeza que você esta nas mãos dele. – Sofia quis fazer a irmã desistir de tal insanidade.

– Como você mesma disse, o Antônio é louco e ele não tem mais nada a perder, eu não vou ter outa escolha Sofia. – Anita respondeu apavorada, apanhando suas coisas de cima do bidê e saindo em disparada, antes que Sofia tentasse a impedir.

Anita se dirigiu a praça, após mandar uma mensagem para Ben, pressentindo que lhe faltava coragem para tal momento. Ela sentiu se dividindo entre o medo de fraquejar e não conseguir seguir com seus planos e a agonia e raiva por se submeter a Antônio, trazendo sofrimento tanto para ela quanto principalmente para Ben.

– Hei você demorou. – Ben falou quando pressentiu a presença dela, olhando para ela que por sua vez ficou paralisada. – Fiquei preocupado. – Confessou ele notando a menina ainda muda.

– Não precisava, eu só demorei mesmo. – Disse Anita com a voz engasgada.

– Então tá né. – Ben sorria a ela.

– A gente precisa conversar Ben. – Afirmou Anita dando um passe atrás, evitando uma proximidade dos dois.

– Eu sei, mais não vamos falar sobre ontem não, tem nada a ver a gente se desentender por uma coisa tão amena. – Alegou ele, Anita teve a sensação que s eu coração estava se despedaçando aos poucos, já que ela mal conseguia respirar.

– Eu não quero mais. – Proferiu ela, tentando acabar logo com aquele pesadelo que havia se tornado desesperador.

– Como assim? – Do que você está falando. – Ben deu um sorriso confuso como resposta.

– Que eu cansei disso tudo, essa luta pra se livrar de uma coisa que esta dentro da nossa relação. – Falou ela quase sem coragem. – E eu percebi que... – Ela interrompeu a própria fala, entre um suspiro de angustia, que não pode segurar. – Que ficar perto de você, vai sempre me trazer aquele horror todo de volta, na primeira briga que nós tivermos. – Mentiu a garota.

– Se tá... – Ele parecia não ter coragem o suficiente de pronunciar tal frase.

– Acabando tudo, eu não quero mais, não aguento mais, não quero passar o resto da minha vida lembrando desse inferno, eu não quero mais nada que me lembre disso tudo. – Sustentou Anita, não sabendo como encontrar forças para olhar nos olhos de Ben.

– Você não tá falando coisa com coisa Anita. – Disse Ben nervoso e não a compreendendo.

– Mais é a verdade. – Insistiu ela procurando segurar o choro.

– Que verdade, que você não me ama mais, ou que você nunca me amou, que no fundo tudo que você passou se tornou mais forte do que teu sentimento por mim. – Disparou ele nervoso. – Eu não consigo acreditar, você não tá fazendo isso com a gente, não é possível. – Ele se desesperou, fitando Anita que desviou o olhar para uma imagem qualquer atrás dele, enquanto um enorme silêncio comtemplava o ambiente, podendo se ouvir apenas o barulho do balançar das folhas das árvores. – Eu sei que as coisas estão confusas, tensas, mas você sabe que sozinhos a gente não vai conseguir resolver nada, mais juntos a gente. – Argumentou ele, totalmente aflito.

– Não Ben, eu não sei. – Rebateu ela soltando sua mão que o garoto segurava. – Agora me deixa, por favor. - Pediu Anita, não suportando mais.

–Não Anita para olha. – Ben procurou uma forma de argumentar com ela. – Ou melhor, primeiro escuta você mesma, o que você esta dizendo, porque acho que você ainda não entendeu. – Afirmou ele em pleno nervosismo.

– Engano seu . – Retrucou ela abalada, com toda confusão que via nos olhos de Ben, tudo estava sendo muito mais terrível, e as forças que ela havia juntado já não existiam mais.

– Então você acha que dá pra assimilar isso numa boa. - Revoltou-se Ben com a passividade da amada. – Eu não posso negar, que tudo que aconteceu foi pesado, mas isso não justifica o fato de você do nada, virar pra mim e dizer que, simplesmente acabou, não faz sentido, até porque até ontem nós estávamos bem e felizes. – Alegou ele, desconfiando das palavras proferidas pela menina, que tentava se conter ao máximo, por mais que ela já estivesse em seu limite.

– Isso é o que você achava, não eu. – Mentiu, sentindo seus olhos arderem, em lágrimas que teimavam em brotar em seu rosto.

– Ah e você agora virou o tipo de garota que arrasta uma relação, só por obrigação, ou sei lá por capricho. – Ben revidou com um semblante de ironia. – Respondi Anita. – Pressionou ele, ao fita-la apenas calada em sua frente.

– Eu tentei tá, eu achava que dava pra esquecer esse inferno todo, mais eu não consigo, não enquanto pelo menos, enquanto eu estiver do lado da pessoa que me lembra a tudo isso, só vai me fazer mal. – Disse ela firmemente em sua decisão. – E você é a última pessoa que pode dizer que eu agi de repente, você fez a mesma coisa comigo quando o Antônio te pediu e pior por um motivo sem sentido. – Acusou ela em uma tentativa de desvia-lo de tantos questionamentos.

– Era diferente e não muda de assunto não. – Devolveu ele. – E na verdade eu achava que era o Antônio que te lembrava de tudo isso, não eu, no fundo o culpado vai ser sempre eu. – Ben se ressentiu com ela.

– Eu não estou mudando, você é que tá, não aceitando, eu já acabei também, não tenho mais nada pra te dizer. – Afirmou Anita suplicando que ele concordasse, antes que ela não conseguisse mais segurar aquilo tudo sozinha.

– Não espera. – Pediu ele, a segurando pelo braço. – Eu sei que você vai se arrepender disso, e com calma a gente vai se entender. – Quis garantir ele.

– Ben... – Eu não tenho mais nada pra falar, me deixa. – Falou ela com o pouco de voz engasgada que saia com dificuldade de sua garganta.

– Meu deus. – Ben sentou ao banco da praça que se encontrava perto, tentando juntar as peças daquele quebra cabeça que parecia insolucionável, tamanho era seu estado de espírito, completamente destroçado, pensou em ir atrás de Anita, mas nem pra isso ele encontrou forças naquele momento. Antônio observava o meio-irmão por trás e foi se afastando contente, evitando passar aos olhos de Ben que também talvez nem o percebesse, pois estava totalmente mergulhado em seus pensamentos que eram os piores do mundo naquele momento.

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Anita caminhou devagar, até em casa se quer sentindo suas pernas que a locomoveram até ali. Sua mente não conseguia processar nada do que havia passado em sua conversa com Ben, seu corpo pesava como se ela não conseguisse ficar mais em pé. – O que você faz aqui. – Disse ela ao avistar a figura de um vulto, com roupas pretas, de costas na sala do casarão, que ela pode constatar que era Antônio, sua vontade foi partir para cima do garoto e o estapear até que ele pudesse desintegrar no ar.

– Vim te parabenizar, você foi uma ótima atriz, não posso negar. – Proferiu Antônio virando em direção da garota com um sorriso vitorioso.

– Sai daqui, se alguém te ver aqui vão desconfiar. – Alegou Anita sem forças se quer para falar quem dera para comtemplar a cara satisfeita de Antônio. – E o Ben pode vir atrás de mim. – Afirmou.

– Tá certa. – Riu Antônio. – Mais eu duvido que ele faça isso, o tonto do meu irmãozinho deve estar até agora, tentando se refazer do baque e querendo entender o que houve com todo amor que você dizia sentir por ele. – Pronunciou ele com altivez.

– Dizia não, eu sinto, vou continuar sentindo, não adianta você afastar a gente. – Declarou Anita com raiva. - Agora some daqui, ou juro que eu desisto dessa chantagem ridícula e aí vamos ver quem pode mais Antônio. – Ameaçou ela.

– Tá bom, eu só vim te dar os parabéns mesmo. – Antônio não insistiu. – Mais você não pensa que acabou aqui, a gente ainda tem que ter uma última conversa. – Garantiu o garoto antes de ir embora, deixando Anita sem saber o que fazer jogando-se no sofá aos prantos.

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– Como assim a Anita terminou com você. – Julia ficava perplexa com a informação que Ben lhe contava.

– Se você que esta de fora não entende, imagina eu então. – Ben remoía as palavras e o comportamento da garota em sua cabeça sem achar explicação que fosse plausível.

– Não faz sentido, deve ter alguma coisa errada nisso. – Julia afirmou.

– Ela não te disse nada, alguma coisa que... – Questionou ele não conseguindo esconder que estava desolado. – Ah esquece, sem nem eu consigo entender como você pode saber de alguma coisa. – Disse Ben desapontado.

– Não Ben, a Anita não é assim tem que ter acontecido alguma coisa, e grave não é. - Julia defendeu a amiga, convicta de que tinha algo que não se encaixava. - Se tem certeza que você não fez nada que possa ter desencadeado alguma reação radical dela, por que. – Julia proferiu atônita.

– Não, não que eu saiba, que eu me recorde, ontem nós tivemos uma discussão por conta de uma bobagem, mas não que isso fosse motivo pra isso, a esse ponto. – Exclamou ele.

– É então aí é que se não entende mais nada, porque ela saiu daqui ontem dizendo que queria chegar cedo em casa pra vocês conversarem. – Contou ela. – Não estou compreendendo mais nada. – Confessou à morena, não conseguindo entender o que se passava com a amiga.

– A Anita tem ficado nervosa, às vezes distante, depois que começou a receber as tais correspondências anônimas mesmo, mais outro dia ela até disse que não tava mais recebendo as cartas, eu fiquei meio receoso que fosse mentira dela, mais também isso não justifica nada. – Ben desabafou. – Você não sabe de alguma coisa, será que é por causa das tais cartas. – Perguntou ele, suplicando que Julia soubesse de alguma coisa.

– Não eu não sei Ben, a Anita não comentou mais comigo, na certa ela não recebeu mesmo mais nenhum bilhete daqueles. – Julia omitiu as confissões de Anita, pois havia prometido que não contaria a Ben e no momento nem ela mesma entendia o que podia estar acontecendo.

– Tá bom então, o jeito é eu esperar a Anita colocar as ideais dela em ordem pra gente poder conversar, se é que isso vai acontecer, ela estava muito estranha. – Afirmou ele suspirando de uma forma profunda. – E nem pra aula ela veio, na certa pra eu não a perturbar, em busca de algo que faça algum sentido. – Falou Ben em misto de decepção e tristeza.

– É bom vai ver ela também precisa pensar no que ela fez, vai ver ela pensa com calma e percebe que o que fez, não tem nexo e volta atrás. – Julia procurou dar esperanças a ele.

– Poder ser, bom eu vou pra aula, preciso realmente focar minha cabeça em algo que não seja essas loucura toda. – Explicou Ben atordoado.

– Vai lá. – Julia esboçou um sorriso confuso.

– Obrigada de qualquer forma. – Agradeceu ele.

– Imagina. – Julia respondeu ficando com a mesma sensação que Ben, de que a atitude da amiga era no mínimo descabida.

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Sofia chegava da escola após o fim de suas aulas, ainda cumprindo o castigo que Vera havia a imposto pela história da explosão em seu casamento com Ronaldo, quando entrou pelo quarto e encontrou Anita sentada a sua cama, com a cabeça apoiada aos joelhos, parecendo completamente fora de órbita.

– Anita. – Chamou a loira com a voz serena.

– Que é Sofia. – A garota a encarou querendo disfarçar a manhã péssima que ela passou, se dividindo em fitar as paredes do quarto sem se quer absorver qualquer coisa.

– Nossa não é por nada não, mais você tá acabada. – Sofia afirmou percebendo o rosto cansado da irmã.

– E o que te interessa. – Anita rebateu com mau humor.

– Nada talvez, mais você já ouviu falar em maquiagem, quer chorar? Chora, mais disfarça depois. – Afirmou a patricinha atirando a bolsa sobre a cama.

– E você acha que esse é meu maior problema. – Anita sorriu irônica.

– Não, claro que não, pelo visto você fez o que o doente do Antônio de pediu. – Sofia constatou, era a única explicação para o jeito da irmã.

– Eu não tinha outra escolha, não no momento. – Anita alegou entristecida.

– Não, mais eu espero que você arrume outra, porque ninguém merece Anita, depois de tudo que aquele louco te fez, você ainda deixar ele vencer assim. – Sofia se viu com raiva.

– Pensei que pra você não era nada. – Ela disparou.

– Nada, é uma palavra muito forte Anita. – Afirmou a garota. – Mais o que você vai fazer agora né, porque o Ben não vai se afastar assim, ele vai querer entender o que houve Anita. – Falou a loirinha sendo verdadeira.

– Eu sei. – Concordou Anita. – Aliás, eu sei mais que isso, só tem um jeito pra que eu possa me livrar do Antônio eu tenho que descobrir o que ele quer de mim, o que ele tá armando. – Previu ela.

– Mais como, Anita esse cara é perigoso. – Sofia ficou em alerta.

– Perigoso é eu ficar aqui parada, enquanto o Antônio tenta destruir mais uma vez a minha vida. – Contrapôs Anita com revoltada pela situação. – Mais eu não vou deixar. – Garantiu ela. – E você não vai falar nada do que você sabe pra ninguém, entendeu. – Anita obrigou a loira a prometer que ficaria de boca calada.

– Eu não vou falar, mas já vou avisando acho que você pode estar se metendo em algum perigo. – Disse Sofia afoita com os devaneios de Anita.

– Faz o que eu te pedi, que já vai ser de grande ajuda. – Anita afirmou séria, deixando o quarto.