– Oi, eu ai mesmo lá no casarão falar com você. – Disse Ben ao abrir a porta e encarar a imagem de Anita parada.

– É, Ben eu, eu te liguei duas vezes você não atendeu. – Anita respondeu com a cara séria.

– É eu me atrasei lá no colégio, cheguei aqui já era quase meio-dia. – Ele esclareceu- Ah e eu tava no banho eu não vi o celular tocar. – Afirmou ele. – Desculpa, foi mal. – Ele pediu, vindo a se aproximar dela, e lhe dando um beijo. – Anita tá tudo bem. – Questionou ele, ao ver o jeito pasmo da garota.

– Ben, você mandou entregar alguma coisa lá em casa hoje. – Anita foi direto ao assunto, ela não aguentaria mais conviver com aquilo.

– Entregar? – O que Anita. – Ben perguntou, ficando confuso.

– Não é que, então você não deixou nada na caixinha do correio lá de casa. – Ela indagou perturbada. - Bilhete, foto, caixa, nada, nada mesmo. – Disse Anita, vendo que suas palavras nem ao mesmo faziam sentido.

– Não, nada. – Confirmou o garoto, já tenso. – Anita, porque que você tá me perguntou isso. – Ben perguntou, querendo saber o que se passava.

– Então foi ele, meu deus eu sabia que tinha sido ele. – Anita balbuciou com os olhos marejados.

– Ele quem? – Ben repetiu. – Hei, que foi, meu deus, você tá fria, tremendo. – Falou Ben, ao tocar uma mão dela. – Me explica primeiro o que tá acontecendo tá. – Pediu ele a envolvendo em um abraço. - Mais fica calma, seja lá o que for, não precisa disso vai, vou te ajudar a resolver, eu prometo. – Afirmou ele, estampando um sorriso confuso no rosto, devido ao estado da garota.

– Foi o Antônio, foi ele que deixou a caixa então lá em casa, claro que foi ele. – Anita desandou a falar, vendo que nem se quer a proximidade com Ben, estava lhe deixando calma.

– Anita, o Antônio, deixou o que. – Ben entrou em alerta no mesmo momento em que ouviu o nome do garoto. – Senta aqui, se acalma e me fala tudo desde o inicio, se não tá falando nada com nada. – Pediu ele, fazendo Anita sentar-se sobre a cama, com ele sentando de frente para ela.

– Ben eu não sei, mais eu acho que. – Começou a se explicar ela, mal sabendo por onde começar.

– Acha o que. – Perguntou Ben, ouvindo ela atento.

– A Gio, quando pegou as correspondências lá de casa, achou isso aqui, na caixa do correio, junto também, e endereçado a mim. – Comentou Anita, remexendo dentro da bolsa, pegando o bilhete e a foto e mostrando ao namorado.

– Mais o que é isso. – Disse Ben, com receio, encarando o papel e visualizando o que estava escrito. – Que papo é esse de vamos ficar juntos pra sempre, Anita quem mandou isso. – Perguntou Ben, vendo um nervoso se estabelecer nele.

– Eu não sei, não tinha remetente. – Anita murmurou, deixando uma lágrima escorrer pelo rosto. – Mais se não, se não. – Ela parecia querer encontrar coragem para dizer tais palavras. – Foi o Antônio, foi ele Ben. – Disse a garota aos prantos.

– Anita calma, também ninguém garante isso, pode ter sido qualquer idiota. – Ben ainda quis argumentar.

– Ah é, e quem Ben, quem ia perder tempo mandando esse tipo de mensagem pra alguém. – Anita afirmou, sem paciência se levantando.

– Anita, ok. – Ele proferiu, levantando também. – Princesa, pode sim ter sido o Antônio. – Confessou Ben, mas temendo a reação dela com a confidência. – Deus, é a cara dele, escrever esse tipo e coisa, com essas coisas, de maneira enigmática. – Disse ele, também bastante preocupado, mas tentando disfarçar.

– O que ele quer da gente Ben, o que ele quer de mim, da gente, o que ele quis dizer com isso. – Anita raciocinou pensativa.

– Eu não sei, mais seja lá o que for. – Ben disse, indo em direção dela. – Ele não vai fazer nada, tá, Anita, seja lá o que o Antônio queira fazer, o maior prazer dele é te ver assim, com medo, e mais quem garante que não é só jogo dele. – Afirmou ele querendo acalma-la.

– Não sei, mais e dá pra confiar no Antônio, dali pode vir tudo Ben, e quanto mais o tempo passa mais certeza ele tem de que a gente vai continuar juntos. – Anita argumentou. – E mais, ele não vai deixar a gente em paz tão fácil assim. – Disse ela, meio apreensiva, encarando o chão.

– Pode até ser Anita, mais eu não vou entrar no jogo do Antônio, ele pode até ser louco, descontrolado, mais ele vai pensar muito antes de tudo, e esse bilhete aqui, se for mesmo dele, só serve pra gente ficar em alerta. – Ben contrapôs. – Hei, calma, o Antônio não vai fazer nada contra a gente e nem contra ninguém, diferentemente da primeira vez que ele aprontou, dessa vez a gente sabe do que ele é capaz, pelo menos pra alguma coisa aquele horror todo serviu, pra gente ter certeza de que dessa vez o Antônio não vai envenenar nossa história, nada que ele faça possa atingir a gente. – Garantiu ele.

– Ai é que tá, ele já sabe disso, por isso que eu acho que dessa vez, ele vai jogar muito pesado. – Disse ela, olhando para um canto qualquer da parede a sua frente.

– Anita, olha só vamos parar de sofrer, se permitir se perturbar por suposições, certo. – Falou Ben, com um abraço na amada. – Coisa que sem discussão você não esta em condições de fazer agora. – Alegou ele.

– Tá, tem razão, tem possibilidades que soam melhor do que entrar em pânico, por um bilhete, ainda que seja um bilhete que pode ser do Antônio. – Suspirou ela, tentando recuperar a calma.

– Exato, você não pode deixar o Antônio enfiar coisa na tua cabeça, acredita é o dom do Antônio, manipula tudo na volta dele, e ele sempre fez isso, pena que eu nunca percebi que era tão grave, desde a convence o Hernandez de que uma nota baixa no colégio foi por culpa do professor, a sei lá, mentir atrocidades pra acobertar as loucuras dele. – Ben afirmou. – Não deixa ele te desestabilizar. – Pediu Ben.

– Ok, o Antônio já inferniza todo mundo, eu não vou deixar ele tira minha paz não por completou. – Prometeu ela e os dois trocaram um beijo, como forma de espantar a angustia, e uniram-se em um abraço forte.