Apenas Um Sonho

O meu mundo caiu...


Quase escorreguei do muro em que estava apoiada. Meu corpo começou a tremer involuntariamente e o sorriso que eu havia mantido durante toda a noite saíra da minha face, fugira pra um lugar bem longe. Entre as pernas do Finn estava Mary e os dois estavam rindo. Não havia sido a toa que eu os achara. As gargalhadas eram tão altas que qualquer um escutasse aquilo poderia achar que o mundo estava se acabando em uma comédia.

Os dois, aparentemente, estavam sozinhos naquela casa. Tentei desviar o olhar, mais quando eu olhava para baixo eu via aquela grama verde tão distante de mim e ficava com medo de cair, eu tinha medo de altura e foi só olhando para eles que a minha adrenalina, o meu sonho de paixão havia se acabado diante dos meus olhos.

Olhei-os e ele estava beijando-a, o ato era meio voluptuoso, os dois estavam tão próximos... Só então é que me dei conta de que não sabia voltar para casa. Estava perdida no meio de um amontoado de casas que eu nunca vira. Voltei a olhar o beijo. Não me conformei.

Finn deveria me beijar, não ela. Tentei ser forte, mas era impossível. Dizem que você deve ser forte diante das situações que te deixam pra baixo. Você já tentou permanecer forte? Então você sabe como dói. Parei de olhá-los e fui procurar um caminho para voltar para casa.

Enquanto ao me desapoiar do muro eu ralei a minha perna. Doeu um pouco, mas eu continuei caminhando. Fiquei caminhando por três minutos sem ter noção do lugar em que me encontrava. Foi aí que de repente eu vi que estava na última casa da minha rua.

Suspirei.

Caminhei até a minha casa com a cabeça baixa, sem alegria nenhuma. Tentei escutar o som da música, mas eu não o encontrava. Será que já haviam acabado?

Não. Quando eu cheguei lá eles haviam parado a festa e estavam todos me procurando. Como desculpara para aquela “fugidinha” eu disse que não estava passando muito bem e que tinha ido tomar um ar fresco. Sinceramente, depois daquela decepção, eu queria mesmo era acabar com aquela festa.

Uma garota que eu nunca via visto na vida veio para o meu lado e começou a falar que havia um garoto que queria ficar comigo. Eu, óbvio, fiquei feliz, mas se o Finn não fosse o primeiro, não seria ninguém, mesmo sabendo que ele havia beijado a Mary.

Por falar nela, no momento em que eu disse não à garota, Mary entrou pela porta da minha casa com sorriso incrível no rosto e todos foram logo a cercando. Em três minutos todos sabiam que ela havia “pego” o Finn. O que mais aconteceu? Ela virou o centro das atenções na minha festa de quinze anos!

O pior não foi nem isso. O pior foi ela nem ao menos ter me desejado feliz aniversário ou pelo menos ter vindo falar comigo. Tá certo que eu não queria nada disso, mas poxa, a festa era minha!

Dez minutos depois o Finn chegou, distribuindo sorrisos e sinais com os amigos. Ele foi até Mary, falou alguma coisa no ouvido dela e depois se dirigiu a mim. Ele se sentou ao meu lado no sofá e disse:

- A festa está ótima, mas agora nós vamos embora. – Não parecia triste, mas também não parecia muito feliz. Provavelmente ele estava chateado com a informação da notícia, afinal, eu havia enviado uma carta para ele... E havia ficado esperando uma resposta que talvez nunca viesse.

Eu estava decepcionada comigo e também com ele. Não sabia no que aquilo podia resultar, mas decidi ser simpática, fingir que não sabia de nada.

- Ah... Tem certeza? Ainda está cedo... – Disse tentando animá-lo. Que a Mary fosse embora, mas ele podia ficar ali até a hora que quisesse.

- Não dá, nós temos que ir. – Disse com aquele sorriso cativante. – Você sabe como é ... horário, mães – suspiro – garotas – sorriso - Até uma próxima vez, Luna Parks.

- Ah... Então tá bom, até a próxima Finn. – Depositei um beijo no rosto dele e ele retribuiu. Fiz questão de olhar fixamente para Mary, vitoriosa.

Resultado? Arrependi-me profundamente. Quando ele juntou-se a ela, rapidamente revidou-me o olhar vitorioso, dando um demorado beijo.

Logo depois todos começaram a sair, alguns já morrendo de sono e eu fui arrumar toda aquela bagunça. Copos pelo jardim, pedaços de bolo na calçada dentre outras coisas mais nojentas... A festa havia acabado e com ela minha felicidade e alegria, só restava mesmo o cansaço.

Embalada pelo sono, fui até o banheiro e tomei um banho demorado, esperava que a água tirasse o meu cansaço e me ajudasse a dormir. Assim que terminei meu banho e me dirigi até a cama, onde alguns tempos depois, pude ver o lindo sol se instalando na minha visão, com feixes de luz - que me causavam certa cegueira - formando um lindo horizonte. Estava satisfeita, abalada, mas regenerada. O resto não importava.

Tudo na vida tem um ponto. Um não, são dois pontos. Um começa a nossa história, o outro termina. As nossas férias também têm dois pontos. Um começou há vários dias atrás, me trouxe emoção, paz, conflito interior, amizade verdadeira, enfim... Senti o que tinha que senti. Mas agora, a reta entre esse ponto e o ponto final ficou mais curta. Enfim, minhas férias acabaram.

*’*

Acordei naquela segunda-feira me sentido diferente. Alguma coisa ia mudar. Alguma coisa tinha que mudar. Levantei mais cedo e tomei um banho. Coloquei uma das roupas novas que havia ganhado no meu aniversário, passei um pouco de maquiagem e sorri, satisfeita com o resultado. Meus cabelos ainda estavam molhados, então peguei o secador e ao mesmo tempo fui mexendo com a escova. O resultado ficou ótimo.

Desci as escadas e fui comer uma pera. Minha mãe estava indo me chamar, mas eu já andava apressada em direção a porta. O seu sorriso já estava quase me atingindo, mas um pensamento veio a minha mente que dizia o seguinte: “com certeza ela estava apenas arrependida do grande vexame na minha festa”. Ela foi se aproximando, me deu um abraço forte e disse:

- Bom dia filha, eu já ia te chamar, vai com Deus. –me largou e se virou, subindo as escadas. Se dependesse dela a minha rotina iria voltar ao normal, mas eu não queria.

Fiquei enrolando demais e me atrasei, queria ficar mais bonita. Não deu tempo de eu ir à casa da Sthefanni pra pegar o ônibus com ela, mas nos encontramos no ônibus e eu aproveitei para desabafar com ela.

-Estou péssima.

Ela rolou os olhos para mim com o olhar sínico de “eu te avisei”. Mesmo assim, não me deu o desprazer de ouvir isso. Apenas me abraçou e pediu para contar o que havia acontecido, pois os boatos que correram não foram suficientes para deixá-la totalmente informada. Suspirei.

-Eu fui muito burra, você estava com a razão. Depois que você saiu, eu bem, é... – um grande solavanco no ônibus fez com que eu me assustasse e uma lágrima se aflorou no meu rosto – eu... fui atrás de Finn.

Ela retirou um lenço da sua mochila e entregou-me. Limpei-me e continuei.

-Foi horrível. Estava entrando em todos os quarteirões naquela noite escura da zona rural.

-Quarteirões – ela me interrompeu – mas nós estamos na zona rural.

Dei um sorriso e me lembrei que ela não morava ali há muito tempo.

-É que você não mora ali há muito tempo como eu. Quarteirões são as entradas das casinhas da zona rural. Esse não é o nome, mas certa vez um morador da região cismou que era e ficou. Agora você já sabe. – comecei a rir e ela mais ainda, e recuperei de algum fundo a alegria.

Ela pediu para que eu continuasse já que estava curiosa e não tínhamos o resto do dia pra isso.

-E bom, andando em meio aos quarteirões – soltei mais uma risadinha – eu ouvi barulhos vindos de uma casa, e fui conferir. – suspirei aliviada e ela ainda pediu por mais – e por fim, subi num muro onde a janela estava aberta, e vi os dois entrelaçados na parede, rindo sem parar, e depois minha visão instalou-se num longo beijo, satisfeita? – terminei a fala e suspirei novamente, para mostrar que era o final definitivo.

-Nossa, sinto muito por você. – sussurrou, pois nessa altura todos já estavam querendo inspecionar nossa conversa.

Depois de longos segundos em que o silêncio dominou, ela finalmente me contou como fora o final das suas férias e eu também contei como havia sido o meu. Depois que o assunto acabou eu passei a notar a paisagem e Sthefanni me olhou um pouco diferente.

- Você tá se ajeitando bem melhor Luna. Isso tem um por quê? – Ela deu um risinho e eu sorri também.

- Você sabe muito bem o motivo. – É claro que ela sabia, mas então eu resolvi dar uma cutucada. – E o Gerald, como vai?

Ela sorriu encabulada. Eu havia sido maldosa ao fazer isso com ela, mas agora que a gente já havia se esclarecido e eu era obrigada a perguntar.

- Eu não sei, - me respondeu timidamente, - pergunta pra ele.

- Tá bom Sthefanni. – Então todos começaram a levantar e nós esperamos aquele aglomerado de pessoas sair impacientes. Por que quando o ônibus chega ao ponto dos estudantes todo mundo se levanta ao mesmo tempo?

Quando finalmente entramos na escola, ainda era cedo e ficamos sem nada para fazer por aproximadamente uma hora, e gastamos todo esse tempo jogando conversa fora.

Já estávamos impaciente quando a aula começou. De longe pude ver todos os meus colegas caminhando na minha direção, ou seja, onde as salas ficam. Dessa vez não houve má recepção, não havia maus comentários, muito pelo contrário, alguns até vieram falar comigo.

Reparei em cada um dos alunos e vi que nem todos estavam, mas também haviam entrado alguns alunos novos. Virei a minha cabeça mais um pouco e focalizei o casal do momento. Finn estava lá com a Mary. Ela distribuindo beijos na bochecha dele e ele sorrindo.

Gerald chegou e cumprimentou Sthefanni. Era perceptível o que estava acontecendo entre eles. Eu olhei para ele dando um sorriso e bochecha dele ficou bem corada. Enquanto a professora não chegava, ele ficou ali conversando com a gente. Até que finalmente a Srta. Karl apareceu fechando a porta num ato brusco.

Nossas professoras continuavam as mesmas com exceção da Srta. Louise. Ela estava diferente e também se diferenciava muita das outras, a gente podia notar apenas pela postura.

A aula começou e a Srta. Karl, que nos dava aula de música, levou-nos para a sala de artes musicais, o que é obvio. Ela dançava no meio da sala em meio a tapetes de cor verde, com texturas vintage. Ela sim era animada, sabia estimular os alunos, no entanto tinha um péssimo gosto musical e usava roupas bizarras.

A segunda foi com a Srta. Yuna, nossa professora de história. Acho que o sonho dela era ter sido historiadora em vez de professora, já que se animava toda durante as aulas. Emocionava-se com as histórias que contava sobre os dinossauros e a possível existência de dragões no período cenozóico.

Depois de ficar com muito sono, tive que passar a terceira aula inteira me esforçando para fazer aquele amontoado de números e letras entrar na minha cabeça. A terceira aula era com a Srta. Miley, que dava aula de matemática. Ninguém a suportava, pois ela só falava de números imagináveis.

Cansada daquela tortura, quando o sinal tocou fui a primeira a levantar e sair da sala. Sthefanni veio logo atrás e nós fomos passear, até que, entre as voltas que damos, identificamos um grupinho formado pelos novos alunos e fomos lá nos enturmar com eles.

Como para mim, a primeira impressão é a que fica, comecei a fazer notas mentais descrevendo cada um dos novatos. Esse é um dos meus melhores hobbies. Isso pode ser sem sentido, ou sem noção, mas eu de fato adoro.

A única garota do grupinho era Selena, ela era morena possuía incríveis olhos azuis. Adorava cantar em sua maioria Pop e Rock e falava com todos normalmente. Usava rubis e diamantes além de vários enfeites do mundo da moda. Seu maior sonho era ser uma diva.

Um dos garotos era Andrew, era loiro e possuía os olhos castanho-escuros. Adorava uma boa festa e sabia animar os amigos. Era o mais animado da sala, mas também usava e abusava de roupas que vamos considerar ridículas.

O outro garoto era Wellington, moreno dos olhos azuis, que já fizera amizade com o Gerald e adorava debater com o mesmo. Ele era legal e aparentemente também havia gostado de Sthefanni. Não queria nem ver no que aquilo podia resultar.

A conversa deles era um tanto quanto estranha. Nunca havia visto alguém falar sobre cérebro.

-Vocês não tem cérebro nenhum, isso é só para garotas. – argumentava Selena, num gesto calmo e delicado, enquanto Andrew e Wellington riam da amiga.

-Até parece Selena, olha as minhas notas! – exclamou Wellington que carinhosamente apelidei Will.

-Você parece ser bem inteligente, Will. – afirmei esboçando um sorriso – igual a minha amiga Sthefanni. Vocês seriam ótimos amigos. – pisquei um olhos disfarçadamente das Sthefanni que esbarrou seu cotovelo no meu braço.

Ele sorriu e respondeu-me:

-É mesmo é? Legal saber. E Will? Não entendi. – ele disse a última frase pausadamente, fazendo parecer que realmente não entendeu.

-É que todo Wellington que eu conheço eu apelido assim, espero que não se ofenda. – ele fez um sinal de negativo para mim e sorriu.

Por fim o sinal bateu e nós fomos para o quarto período, a aula era de biologia com a Srta. Lizz e pelo jeito as coisas seriam diferentes na sua aula.

- Bem pessoal, agora vai ser diferente. Semestre passado vocês estavam acostumados com a revisão geral sobre ciências, mas agora as coisas vão ficar mais difíceis e vocês deverão se acostumar.

Ela explicou os novos conteúdos que nós veríamos até o final do ano letivo. A Srta. Lizz sabia ser legal, mas também sabia ser muito exigente, tanto que na avaliação semestral do ano passado eu só consegui tirar um boa nota com a ajuda de Sthefanni.

A última aula foi destinada a um passeio pela escola. Haviam modificado algumas coisas como adaptações para alunos com deficiências físicas, novas salas e etc. Haviam também pintado a escola. Antes era um amarelo desbotado e agora estava verde esmeralda. Havia alguns desenhos de alunos estudando, ideais para os primeiros anos de estudo, por fim também algumas pinturas lúdicas e nova administração.

Haviam substituído as mesas e as cadeiras. A escola estava impecável e agora era só nós, os alunos, contribuirmos para que continue assim.

Como sempre, depois das férias eles colocaram todos os alunos no pátio e tivemos que escutar um grande discurso do diretor e dos funcionários. Todos tinham uma boa aparência, exceto uma mulher toda de preto que havia me assustado.

Quando o último sinal tocou, todos foram embora. Quando cheguei em casa, minha mãe estava preparando um lanche para nós, mas o “nós” dela incluía ela e os gêmeos. Subi para o meu quarto e fui ler um livro.

Não satisfeita, me senti incomodada. Parecia que faltava eu fazer alguma coisa, alguma coisa para eu me libertar. Então cantei. Cantei algumas canções que vieram a minha cabeça e então minha mãe abriu a porta.

- Era você Luna? – Corei repentinamente, não esperava que minha mãe abrisse a porta daquela maneira.

- Era sim. – Disse, ela fechou a porta e eu a ouvi descendo as escadas.

*’*

A noite foi chegando devagar e o sono também. Desde ai não estava me lembrando de mais nada, apenas via passar num espelho um homem, que tenho alguma lembrança na mente. Ele estava suado e com um mulher, que não esboçava nenhuma reação.

As imagens se transformaram em raios e eu acordei gritando com minha mãe do lado, olhando desesperadamente para mim.

-O que aconteceu, filha? Algum pesadelo, o quê? - entregou-me um copo de água com açúcar – Pelo fato de você ser sonâmbula não te acordei. Você está gritando há alguns minutos sem parar. Os gêmeos até acordaram e é capaz até que alguém nesses quarteirões também. Tudo bem, mesmo?

-Tá bem sim mãe, acho que tive um pesadelo, ou melhor, um sonho que não consegui decifrar, mas nada em que pudesse me aterrorizar. Talvez os gritos naquele triste sonho sejam na verdade os meus na realidade. Desculpe, pode voltar a dormir.

Achei que minha mãe numa situação dessas iria me dar chineladas e não um copo de água com açúcar. Acho que a proeza de esquecer a festa de quinze anos da filha gera algo, não é Dona Jéssica? Sorri, pensando nessa afirmação e voltei a dormir.

*’*

No dia seguinte, acordei sufocada pela coberta e com o cabelo nas alturas. Tomei um banho e me arrumei o mais rápido possível. Felizmente consegui caminhar até a casa da Sthefanni, onde ficamos esperando o ônibus e enquanto conversávamos sobre os últimos acontecimentos.

- Luna, o que eu tenho pra te dizer não é algo tão bom. – Ela parecia mais triste do que andava ultimamente.

- O que foi Sthefanni? – Perguntei curiosa.

- O meu câncer na medula está pior e parece que ele está se estralando. Na cidade o estoque de transplante esgotou, então vou ter que esperar na fila. Há, porém, poucas chances de eu passar na frente. Depois que eu saí daquela sala, eu fiquei um pouco mais abatida...

- E agora? – Perguntei um pouco preocupada.

- Agora vou ter que lutar contra o câncer. – Eu peguei na mão dela e ela reformulou a frase. – Melhor, nós teremos e vamos conseguir.

Entramos no ônibus de mãos dadas e os comentários surgiram rapidamente nos cantos. Sentamos nos últimos bancos e ficamos sorrindo por minutos no ônibus, não por atitudes lindas de uma garota que têm câncer e decide lutar com o apoio da melhor amiga, e sim como meninas totalmente loucas que mostravam as “canjicas” uma para outra sem motivo algum, e o pior é que estávamos apenas interpretando, e não jogando o famoso jogo do siso.

Ouvimos risadas por todos os lados, e vimos aparecer no ônibus a figura de um loirinho de óculos que chamamos de Gerald.

Ela olhava para todos os lados e dizia: “Estão rindo do que? Só porque nunca usei esse ônibus lixo, não quer dizer que estou pobre”.

As risadas só aumentaram e levantei-me da poltrona e ajudei-o:

-Estão rindo do que? Vão cuidar da vida de vocês. Deixe a vida dele em paz, se ele quiser vir no ônibus o problema é dele, intrometidos.

Sthefanni não parou de gargalhar por um minuto sequer, e as risadas cederam lugar ao silêncio que se estabilizou até chegarmos a escola.

Acontece que, as pouquíssimas pessoas que estavam no ônibus eram as únicas que estavam na escola naquele nevado dia de inverno.

Ficamos paradas por horas, tentando buscar a solução do grande tédio que se firmou. Gerald porém, aproveitou da situação para conversar e muito com Sthefanni.

P.O.V Gerald

Aqueles lindos olhos e a cachoeira de cabeleira ruiva daquela garota mexiam com meu coração, que nunca amou ninguém.

Sabia que a aula não iria acontecer, e aproveitei para conhecer melhor Sthefanni no tempo vago. Aproximei-me dela e sorri. Ela em contrapartida não esboçou nenhuma reação.

Dei um leve assobio para Luna que captou a mensagem e logo arrumou uma desculpa para sair de perto de nós.

-Olá Sthefanni, como vai? - sentei-me ao seu lado e olhei incessantemente para ela.

-Vou bem, Gerald, e você? – respondeu-me afastando-se um pouco.

-Eu... bem... É... Eu gostaria de dizer que... hm...

-Pode falar Gerald, eu não mordo. – ela interrompeu-me sorrindo e prossegui.

-Eu me interessei em você e bem... eu gostaria de saber... se bem... você se interessou em mim?

Eu como não tenho experiência com garotas, só consegui dizer isso. Ela não se manifestou, apenas rolou os olhos para o outro lado e eu fiz o mesmo. A imagem de Wellington, conhecido meu, foi logo crescendo e instalando-se da minha visão. Como queria fazer sinal para ele que estava tentando conquistar a ruiva ao meu lado, aproximei meus lábios aos dela, puxei sua cabeça a minha e senti um forte empurrão. Olhei para frente e vi a mesma imagem, porém em tamanho normal, com olhos arregalados e expressão raivosa.

-O que você está fazendo com a minha namorada?