Apenas Um Sonho

Droga, isso de novo?


Parei por um segundo e tentei buscar nas mais fundas raízes uma boa resposta.

— Wellington... Eu não o amo.

Ele me segurou pelo braço e pude sentir o quão bruto ele era.

— Eu vou resolver isso agora! — falou e uma gota salgada desceu de meus olhos, descendo pelo rosto e finalmente chegando ao chão.

Virei meu corpo para tentar segurá-lo, mas não consegui. Ele já estava a vários metros de mim, e empurrando todos que via pela frente. Corri o máximo que pude, mas a grande roda que já estava se formando não me permitiu passar.

A gritaria foi meu maior desespero. É natural.

Aos poucos fui cavando buracos entre as pessoas e finalmente consegui ver Wellington e ao seu lado Finn, que estava gargalhando como se tudo fosse uma brincadeira. Acontece que, as emoções fortes fluíram no sangue de Wellington que extravasou tudo isso dando um grande soco no inimigo.

— Não mexa com a minha namorada! Nunca! — dizia tentando cessar a dor que o dominava por completo.

Nessa confusão toda, pude ver Luna, mordendo nas barras da camisa branca e desbotada que usava. E também Gerald, que não esboçava nenhuma reação. O sentimento de vergonha tomava-me para si. Numa atitude que pouco pensei, entrei no meio da roda e acabei com tudo, dando um longo e forte beijo em Will, que me segurou e me carregou para longe. Sentei-me no banco e finalmente suspirei aliviada.

— Por que você fez isso Wellington? Não precisava de nada disso, cara. Eu te amo e você tem que acreditar nisso. — falei e dei-lhe outro beijo demorado.

Ele deu de ombros e suspirou.

— Não ta feliz? Eu fui lá e briguei por você! Quer prova de amor maior que esta? Cara, eu quero que você saiba que você é minha, minha — deu foco a esta parte — Tetê. Não é de mais ninguém.

As palavras sumiram e minha saliva secou. “Estava realmente em uma situação ruim. E Gerald? Como deve estar nesse momento?” – pensei.

P.O.V Luna

Nunca senti tanta pena de alguém assim. Eu sei o que é amar, eu sei que dói não ser correspondido. E agora Gerald estava passando pelo mesmo momento que eu. Assim como eu vi Finn beijando outra garota, ele viu Sthefanni beijando outro garoto.

Tentei consolá-lo e decidi falar tudo da minha vida para ele.

— Gerald, não fique assim. Eu já senti tudo o que você sentiu agora. Acredite, não foi a melhor coisa da minha vida, mas passou. Eu não posso escolher tudo. A vida faz as escolhas certas.

Ele revirou os olhos e deu de ombros.

— Você? Sabe pelo que eu to passando? Conta outra Luna... Eu amo a Sthefanni e a vi beijar outro cara... Não tem coisa pior... E você vem aqui na maior cara de pau falando que já sentiu isso? Por favor — afirmou e deu vários socos na parede do refeitório em que estávamos.

— Sim, Gerald — respondeu e pus minha mão em seu ombro direito — Eu vou te contar tudo agora, desde que aceite não contar isso para mais ninguém. — ele fez com a cabeça que “sim” e eu respondi com o mesmo sinal — Eu amo o Finn!

— O quê? — perguntou cuspindo toda a água que estava em sua boca — Como assim?

— É isso mesmo, Gerald. E você lembra no meu aniversário? Bem, ele estava lá. E o pior, com outra garota. E você lembra a hora que eu fui tomar um ar? Mentira! Fui atrás dele e o vi entrelaçado entre as pernas de Mary, e você imagina o que eles estavam fazendo. — suspirei e seus olhos verdes que neste momento estavam arregalados, não pararam de olhar para mim.

— Deve ter sido difícil! Muito difícil. — falou.

— Sim, foi difícil. E vai ser mais difícil ainda quando você entrar para sala de aula e olhar para a Sthefanni e para Wellington, pois vai lembrar-se de tudo o que aconteceu. Esteja preparado caro amigo, só falei, pois é o melhor para você. — Ele concordou — Agora vou falar com a Sthefanni. Até mais.

Saí do refeitório e logo vi Sthefanni e Will sentados no meu banco. O banco é meu pelo simples fato de eu sentar todos os dias lá no intervalo a mais ou menos dois ou três anos. Já é de costume e todos respeitam, pois ninguém quer ser amigo da “antissocial excêntrica”... Falsos moralistas! Até parece que não tem defeitos.

— Will, será que eu e a Sthefanni podemos conversar? Papo de mulher. — falei e ele saiu.

— O que foi Luna? Veio me criticar? — perguntou a ruiva, que passava a mão entre seus fios de cabelo.

— Claro que não. Vim saber o que aconteceu e te informar de tudo o que aconteceu com Gerald. Mesmo você não se importando, ou não querendo saber, é importante que eu fale isso, até mesmo para desabafar.

Ela sentou-se de forma mais confortável e pediu para que eu começasse o “interrogatório”.

— Primeiro eu quero saber o que foi isso.

Ela suspirou e demorou uns trinta segundos para começar a responder, o que me deixou muito desconfiada.

— Primeiro Luna, quero que você saiba que não vai ter mais gravação. O que aconteceu foi simples: fui pedir a gravação para Finn e Wellington estava escutando tudo. Acontece que eu falei sobre o nosso beijo, e ele ficou muito bravo e começou a briga. Eu tentei separar o mais rápido possível, e só consegui fazer isso dando um longo e demorando beijo no meu namorado.

Achei lógico, porém suspeito.

— E você sabe que Gerald não ficou muito bem depois que isso aconteceu, não é? Ele está muito triste e falei tudo sobre mim para ele, incluindo o amor que eu tenho pelo Finn. — falei e ela ficou boquiaberta.

— Sério? Não precisava ter feito tudo isso. Acho que uma boa conversa com ele resolveria. — respondeu dando um sorrisinho.

Dei um tapa forte na parede que estava atrás de nós, e senti minha mão pulsar de dor.

— O que? Você acha que só uma conversinha basta? Você está completamente errada! Estamos falando de amor! Não é qualquer coisinha, não! Amor, entendeu? Eu faria tudo para ter meu amor nos braços e vê-lo beijando outra garota não foi nem um pouco bom, então quando for falar disso, lembre-se que ele te ama! Ele te ama, cara. Não é qualquer casinho não. Você já teve seu tempo para repensar todas suas atitudes, agora eu quero o meu tempo. Até qualquer hora. — falei e peguei minhas coisas. — Espere por minhas ligações.

E saí. Não tinha destino. Só teria que aguentar mais tempo naquela escola e depois que eu chegasse em casa estaria livre. Livre para pensar, livre para voar, livre para fazer qualquer coisa que eu quisesse.

*’*

— Alô, Luna? Então, é o meu aniversário amanhã e bem, gostaria que você fosse até a minha casa. Meus pais estavam morrendo de vergonha de ter você aqui, pelo que aconteceu, mas bem, eu quero que você venha. E pode trazer sua mãe e seus irmãos, porque vai ter bastante coisa, você vai vir? — a voz de Gerald não parou por um segundo sequer para respirar, em meio a tanta informação.

— Claro Gerald. Pode deixar que eu vou sim e vou levar todo mundo. Conte comigo. — respondi e já fui decidindo que presente comprar.

— Então estarei de esperando amanhã, sete horas da noite, na minha casa. Precisa de convite?

— Não, estou bem. — afirmei e nos despedimos. Por fim, ele desligou.

— Mãe, fomos convidados para uma festa amanhã, na casa de um amigo meu. Vamos? — gritei e fui descendo as escadas.

— Claro filha. Depois eu vou à rua, eu posso comprar um presente para ele. Quem ele é? — respondeu gritando da sala.

— Tudo bem então. Eu não vou te falar quem é, só vou falar que é um bom amigo. Eu quero que vocês se surpreendam. — na verdade só não falei quem era, pois minha mãe não gosta de pessoas muito ricas, ou melhor, tem inveja, e como eu já havia falado de Gerald e de como ele era rico, decidi deixar como surpresa.

— Está bem, eu vou comprar então um cartão. Nada melhor e claro que ele vai gostar. — falou.

Ela só queria ir até lá, na verdade, para encher a barriga.

*’*

O relógio já marcava dezessete horas e cinqüenta minutos, quando tomei meu banho e fui me arrumar para festa de Gerald. Coloquei uma blusa rosa, com a escrita “Dreams”, uma calça jeans apertada escura, um casaco branco e claro, meu velho e desbotado all star preto.

Minha mãe estava vestindo um vestido longo branco, com estampa florida e saltos cinza. Nós duas passamos uma maquiagem clara e simples, pois seria algo simples.

Rowley estava usando uma calça preta e uma blusa preta de manga comprida, com a escrita “What now?”. Estávamos todos prontos quando o relógio já estava apontando ás dezenove horas, e ficamos aproximadamente dez minutos á espera do ônibus.

Quando chegamos, vi que a decoração tinha sido mudada por completo. A pintura estava mais natural, os móveis haviam sido mudados. Tudo havia sido mudado, inclusive a cor do uniforme do mordomo: agora eram azuis. No interior desse mini-palácio, vi uma grande faixa escrita “Happy B-Day Gerald” e outra do lado escrita “We Love you”. A primeira significa “Feliz aniversário Gerald” e a segunda “Nós amamos você”. Fiquei encantada e desejei muito ser rica. Desejei um dia ser dona de tudo ali.

— Vocês chegaram! — disse Gerald e eu fui lhe dar os parabéns.

— Parabéns! Muitos anos de vida! Não soube o que comprar, então comprei um cartão. — falei e ele agradeceu. Abraçamos-nos e logo depois minha mãe e Rowley fizeram o mesmo. — venham, estão todos aqui.

Nós o seguimos e vimos uma grande sala com uma mesa enorme, cheia de pessoas bem vestidas, além de alguns alunos e suas famílias. Na ponta da grande mesa, estavam Sra. Johnson que acenou e Sr. George que saiu rapidamente, seguido do mordomo.

P.O.V Gino

Entendi rapidamente o sinal do Sr. George. Ele queria conversar novamente sobre aquela menina.

— Gino! Porque essa menina veio? E ainda acompanhada de sua mãe e de seu irmão? — perguntou-me e eu tentei acalmá-lo.

— Calma Sr. George. Gerald Certamente deve ter chamado-a sem sua permissão. Fique calmo e não faça nada para que desconfiem de você, porque senão pode piorar ainda mais. Apenas fique calmo, e não faça nada de mais.

— Mas eu não sei se vou me segurar. É muito difícil ver isso e ficar parado. Ponha-se no meu lugar. O que você faria?

Olhei para o lado e vi Sra. Johnson escutando a conversa.

— Do que vocês estão falando? E o que é isso de ponha-se no meu lugar? Falem... O que está acontecendo? Há tempos isso tem acontecido aqui em casa e eu nunca estou sabendo da situação, mas agora desenrolem esse rolo de segredos, pois estou me matando de curiosidade.

Revirei os olhos para Sr. George que respondeu:

— Nada. Eu só entornei molho na minha calça e passei vergonha. Gino falou para que eu ficasse calmo e eu falei para ele se imaginar no meu lugar. Você sabe, eu vivo de aparência. Já pensou se falam por aí que eu sou desengonçado e deixo molho entornar na minha própria calça? Seria um desastre enorme, não acha?

Ela me olhou desconfiada e perguntou:

— É isso mesmo Gino?

— Claro Sra. Johnson. — respondi e ela deu de ombros.

— Então tudo bem. Vou voltar para lá para não deixar os convidados sozinhos, mas fiquem atentos. Eu sempre estarei aqui, escutando conversa e ainda vou descobrir tudo o que está acontecendo.

— Você sempre sabe de tudo, fique tranquila. — falou Sr. George e ela saiu da sala onde estávamos.

— Então, Sr. George, só aja normalmente, como se nada houvesse acontecido. Ninguém vai perceber que você entornou molho na calça. – falei piscando o olho esquerdo, pois sabia que a Sra. Johnson ainda estava ouvindo toda a conversa.

— Ok, qualquer coisa eu troco a calça, tenho outras limpas. Mas enfim, vamos voltar? — perguntou e eu fiz que “sim” com a cabeça.

P.O.V Luna

Sentei-me próximo aos pais de Gerald, pois meu lugar estava reservado ali. Minha mãe não aprovou a ideia rapidamente, pois “estava com vergonha de se sentar ao lado de pessoas ricas enquanto ela é pobre e não está vestida adequadamente para uma festa daquele padrão”, mas logo foi se acostumando, e com muita dificuldade se sentou ali.

Pude perceber pelos olhares que não estava tudo correndo perfeitamente bem, então tentei pensar em algo para descontrair o ambiente e deixar a conversa mais natural. Porém, minha tem tentativa falhou e quem tomou a iniciativa foi a Sra. Johnson.

— E então, como vocês estão?

Minha mãe virou o rosto e só então respondeu.

— Vamos bem, Senhora?

— Sra. Johnson. Mas pode me chamar só de Johnson. — respondeu a mãe de Gerald que arrumava o botão da linda blusa enquanto falava.

— Vamos bem, Sra. Johnson... Ou melhor... Johnson. Nossa família vive em uma crise financeira desde que meu marido morreu, mas temos sobrevivido bem e nunca passamos fome. Tenho gêmeos e outros dois filhos. — falou e virou-se novamente para a mesa.

— Nossa, que família linda você tem. Esses gêmeos são lindos... E esse rapaz é um delírio. Aposto que faz sucesso entre as garotinhas, não é? — perguntou e Rowley gargalhou.

— Na verdade, Sra. Johnson, eu já vou ter um filhinho. — respondeu e ela ficou um pouco boquiaberta.

— Mas que coisa boa! Espero que possamos conhecer. Eu e George, não é querido?

Ele virou-se para nós, suspirou e respondeu:

— É claro que veremos! Parabéns, seja feliz.

Depois que ele disse isso, o jantar foi servido e não foi pronunciado mais nada naquela parte da mesa, mas o importante é que Gerald estava feliz e tentando esquecer tudo o que aconteceu entre ele e Sthefanni.

A festa acabou e o mordomo nos levou até a nossa casa. Quando abrimos o portão amarelo, minha mãe começou a procurar todo tipo de mala que tínhamos em casa.

— O que você está fazendo Jéssica? — perguntei e ela ignorou. — Mãe, o que você está fazendo? — perguntei novamente e ela ignorou. — MÃE! O que você está fazendo?

— Não quero reclamações, aliás, não aceito reclamações. Nós vamos nos mudar dessa cidade. Estamos correndo perigo de vida ou morte!

— O quê? Senta no sofá e me explica tudo, por favor. — falei.

— Não! Não temos tempo. Nós vamos sair da cidade hoje, e é isso. Não tem um motivo, uma razão, somente que estamos correndo perigo de vida ou morte... Anda, ajuda a arrumar as malas.

— Não vou ajudar! Quero um bom motivo antes. Não vou aceitar isso assim, sem uma explicação decente. Vou me sentar no sofá e ficar. Daqui eu não saio e ninguém me tira.

— Pois se sente no sofá e espere alguém chegar aqui. Com certeza vai ser a polícia te levando para um orfanato. Aí vai ser muito pior, acredite. Só estou falando isso para seu próprio bem. Não precisa ajudar, mas não atrapalhe e me obedeça.

Não entendi nada sobre a decisão da minha mãe. Talvez ela esteja somente ficando maluca, ou talvez isso tenha um motivo e eu descobrirei, por bem ou por mal.

*’*

Saímos de casa ás sete da manhã e chegamos até uma pequena cidadezinha, com casinhas antigas e várias igrejas espalhadas. Minha mãe tem uma casinha lá, muito suja e muito antiga. Levamos três dias para limpá-la e quando terminamos descansamos por uma semana.

A semana foi para eu colocar os sentimentos e pensamentos no lugar. Decidi que Sthefanni ainda seria minha melhor amiga eternamente. Que Gerald seria meu melhor amigo eternamente. E também que eu não quero mais saber de amor, porque afinal, o que é o amor? É sofrer por uma pessoa que mal conversa com você e ainda beija outra na sua frente? Decidi que amar não é mais para mim. Meu tempo passou e meu amor também. Não irei ficar pensando vinte e quatro horas no Finn, pois ele não vale os olhos verdes que tem. Decidi ser a mais antissocial da escola novamente: estaria respirando novos ares da mesma forma. Enfim, fiz uma mudança completa no meu jeito de ser e de pensar. Agora eu já não sou a menininha que se machuca com tudo. Simplesmente isso.

— Filha, você vai estudar na escola aqui ao lado. Como a cidade é pequena, vão ter pouquíssimos alunos, mas aprenda: ter poucos amigos verdadeiros é melhor que ter muitos amigos falsos. — falou e eu concordei.

Na verdade, ela não tinha moral nenhuma para falar isso, afinal, ela nunca sequer me deu um conselho e agora que pagar de boa mãe para mim? Não colou e não vai colar. Mas, o que estava mais pegando no meu pé nessa frase, o que estava mais me atormentando era o pensamento de que já era domingo e que no dia seguinte eu teria aula. Droga, mal saí de uma e já estou em outra? O jeito era acreditar que sim.

Deitei-me e pensei em tudo que vou vier nessa nova fase da minha vida. Sei que vai ser muito difícil, e o momento mais fácil que eu passar, também será difícil. Resumindo, minha vida seria um lixo completo mais uma vez, agora numa nova cidade, com novas pessoas, novas paisagens, novos sentimentos e novos pensamentos.

Pensei também em tudo que passei sendo amiga de Sthefanni e de Gerald e o quanto eles fizeram com que a minha vida ficasse melhor. Serei grato por eles toda a minha vida e espero reencontrá-los em breve. Meus olhos se fecharam e a escuridão instalou-se.

*’*

Acordei, tomei um banho e coloquei a roupa de sempre: uma blusa branca super básica, uma calça jeans preta, um all star rosa e uma jaqueta de couro falso, era típico. A única mudança dessa vez era o colar que ganhei e Sthefanni na minha festa de quinze anos. Ele tem um grande significado para mim: dar-me sorte para encontrar outra amiga tão boa quando ela.

Dei alguns passos e não demorei para chegar A escola era velha e estava caindo aos pedaços: várias telhas armazenadas em alguns cantos e uma poeira que não acabava. Achei que ia pegar alguma doença naquele ambiente, mas logo me acostumei.

Os professores são chatos como sempre e já passaram muitos deveres para mim: disseram que eu tinha que refazer a minha nota já no final do bimestre, por isso eu tinha que fazer tantas atividades. Mas isso não era o pior. O pior era levar uma ocorrência já no primeiro dia de aula por discutir com uma menina muito metida da minha sala. Ela falou que eu não cheirava bem, e meu sangue ferveu a ponto de eu dar um tapa bem forte e estalado na cara dela. Ela, como já era de se esperar, chamou a diretora.

De resto, estava tudo bem. Isso mesmo: estava. Enquanto eu estava carregando alguns livros e cadernos que peguei emprestado para a solução dos deveres, dei uma grande topada com um garoto, e o pior: ele não quis me ajudar.

— Ei garoto, não olha por onde anda não? Tá cego? — falei e ele se virou.

— Não sou não e quem é você?

— Sou a Luna, e agora me ajude aqui.

Ele se abaixou e começou a me ajudar com os livros. Olhei para seu rosto e pensei ter visto um anjo. Os olhos eram azuis e o cabelo era loiro. Droga, isso de novo?