Ao Pôr do Sol

Uma Noite Quase Perfeita


A noite se aproximava, eu ficava sentada ao sofá batendo os pés como Dorothy para voltar para casa, minha agonia era tanta que por várias vezes eu engoli seco. Eu não estava nervosa por sair com Thomas, nem era um “encontro” de verdade, na verdade era bem longe disso e não digo que não queria que fosse pois sou a única pessoa entre os meus amigos que nunca teve um encontro de verdade. Vamos se dizer que as pessoas que sou “legais” gostavam de eu somente como amiga e nada mais que isso, e meu cupido é traficante ele só manda droga. Mas não estou muito ansiosa para isso, na verdade eu nunca fui de me importar muito com esse tipo de coisas.

Marcava exatamente sete horas quando eu ouvi a irritante buzina do carro de Zoe, eu levantei-me e despedir-me de Ammy e Connor que assistiam desenhos no carro, e saí arrumando o vestido que estava me pinicando sem contar o cabelo que estava pela primeira vez solto, eu nunca fui de usar cabelo solto principalmente quando molhado que eu não consigo deixa-lo encostando nas costas, dá agonia. Ela estava numa gigante caminhonete e com um óculos que parecia gigante e redondo na cabeça, eu não queria a ver usando aquilo. Eu entrei e bati bem devagar a porta com medo dela brigar comigo se batesse muito forte, no carro dela tinha vários Cd’s de bandas que eu nunca ouvi o nome do estilo reggae, ela não tem cara de quem gosta de reggae, ela tem cara e quem não sabe nem o que é musica mas vamos fingir que sabe. Eu coloquei o cinto e ela finalmente eu partia, o restaurante que era parou não era longe e eu acho que ela foi me buscar de carro somente para eu não sujar meus chiques sapatos, se eu os usasse, claro. Desci do carro e consegui ver que Thomas estava sentado numa mesa em que estava perto da portaria que era coberta de conchas e prendedores- de-sonhos me parecia um lugar perfeito para me lembrar daqui uns quinze anos na besteira que farei nessa noite.

Eu entrei e fui caminhando em lentos passos até a mesa como se fosse desistir, quando finalmente cheguei em Thomas que me recebeu com um leve beijo ao canto do pescoço. A mãe de Thomas era tão magra que eu estava com medo de confundi-la com o palito de dentes, ela usava óculos até a ponta do nariz afilado e tinha fundos olhos que me pareciam castanho claro, sua boca não era carnuda só que ela os mordia a cada dez segundos. O pai dele já era bem robusto e tinha cabelos grisalhos e uma cara de quem passou a adolescência inteira andando na praia para lá e para cá, assim como seu filho. Não nego, ele tinha cara de mongo e chifrudo. A mãe dele me olhou de cima á baixo e parou seus olhos exatamente em meus tênis, já o pai dele me estendeu a mão e depois tentou me puxar para um beijo na bochecha. Então finalmente sentamos.

– Você esta linda Ashley, obrigado por vir – Thomas disse entrelaçando suas mão á minha por cima da mesa.

– O prazer é meu, fico feliz por conhecer as pessoas que criaram essa obra de arte – eu digo tentando desviar da fitada da mãe dele, me senti ridícula por dizer aquilo.

– Nos chame de Oscar e Sienna, somos família agora não é? Então senhorita Cooper, espero que já esteja preparada para uma vida totalmente nova com uma família construída. Assim como eu estava na sua idade, é passado de geração em geração.

– Não acho que eu deveria casar agora, Sienna. Estou somente do começo de minha vida, mal terminei os estudos e quero muito cursar música e não pretendo atrapalhar a vida de Thomas assim.

Thomas levantou o olhar para o alto sabendo no que aquilo daria, então ele com um estralo de dedos chamou o garçom, que estava encostado a mesa e já trouxe com ele uma bandeja de lagostas, eu nunca comi nem muito menos vi lagostas em minha vida inteira. Meu estomago virou, eu deslizei sobre a cadeira tentando esconder que estava morrendo de nojo daquilo, já Oscar estava quase pulando por cima daquela bandeja. Quando o garçom a colocou encima da mesa e abriu, todos se serviram e eu só observava, pareciam ter gosto por aquilo e eu só tinha uma vontade gigante de salvar a pobre lagosta.

– Não vai comer Ashley? – Thomas perguntou.

– Eu sou vegetariana, nunca comi um pobre bichinho em toda minha vida.

O que era uma completa mentira, eu acho que ele percebeu isso. Eu sou completamente obcecada por bacon e o que eu mais odeio nessa vida é brócolis, acho tudo que é tipo de criação perfeita, mas acho que brócolis poderia servir só para ficar lá na terra de enfeite. Eu virei a cabeça para fora podendo ver o imenso mar e o céu que estava lindo naquela noite, quando vi Noah subindo as escadas do restaurante, isso é um agora estou ferrada mesmo. Ele soltou um sorriso ao me ver, e continuou subindo as escadas agora numa velocidade maior ao meu encontro, quando Thomas colocou seu braço em minha volta e eu voltei um olhar de raiva para ele, ele estava exagerando. Quando Noah chegou à mesa, Sienna fez uma cara de espanto ao ver ele e eu puxei a cadeira que estava sobrando para ele sentar.

– Ashley, não esperava te ver aqui e que estava namorando Thomas Parker, desde quando?

Sienna soltou os talheres e começou a me fitar cada vez mais irritada, então soltou um leve sorriso maléfico dando a entender que por dentro ela dizia “Agora é treta!”.

– Desde que me lembro por uma pessoa que descobriu o que é felicidade, naquele dia que nos reencontramos eu estava sendo besta e estava brigada com ele.

Sienna franziu o cenho e voltou a comer, Noah levantou-se e saiu da mesa quando uma garota de longe o chamou, ela não poderia ser ficante de Noah eu não acredito. Thomas levantou-se e me puxou pelos braços, eu me levantei e percebi que os olhos de Sienna novamente voltaram aos meus tênis. Thomas continuou me puxando para os fundos do restaurante, a noite estava com uma leve brisa fria e dava para ouvir as ondas se quebrarem na beira da praia, tinha uma pequena varanda e um banco encostado à parede onde Thomas sentou-se.

– Você explicou bem para Noah, até pensei sentia aquilo de verdade.

– Isso é ridículo, e Noah é um idiota que vive fazendo perguntas idiotas e tal.

Ele levantou-se e segurou em minha nuca e seus olhos grudaram em meus lábios, eu dei um passo para trás o empurrando então Sienna abriu a porta e parecia que já estava indo embora pois carregava sua bolsa, ela abraçou Thomas por trás e acenou para mim.

– Espero te ver novamente Ashley Cooper.

Quando ela finalmente foi embora Thomas se desculpou se afastando de eu, e novamente sentou-se no banco eu sentei-me ao seu lado e ele colocou a mão em minha perna.

– Obrigado por hoje, foi uma ótima amiga.

– Isso me custou muito, espero que tenha valido a pena para você!

Ele tirou um papel do bolso que ficava no peito de sua camisa e me entregou, era um ingresso daquele show de rock que Holly tanto falava.

– Não precisa Thomas!

– Aceite por favor, é sexta-feira á noite e eu faço questão de te buscar e te levar para casa quando acabar.