Eu tirava a última mala do carro enquanto Connor puxava minha blusa pedindo para entrar no mar, eu estava perdendo a paciência com ele porque ele ficou a viagem inteira colocando dinossauros na minha cabeça. Eu estava quase pedindo para ele se ir e se afogar, por favor.

– Aqui é onde você vai passar suas férias, Ashley – Ammy disse parada na frente da casa.

Eu joguei meu skate no chão e fui com ele até ela que estava na frente de casa refletindo como seria aquelas férias, ela me chamou para passar as férias com ela pois tinha acabado de terminar o casamento e precisava trabalhar para poder quitar a casa, sem que ficasse toda hora olhando Connor que até que poderia ser chato mas ele estava realmente morrendo de saudades do pai dele.

– Seja bem-vinda ao lar, coloque suas no quarto que esta desocupado. Espero que não fique incomodada com as coisas de artesanato que tem lá, fico feliz que vai ficar conosco irmãzinha.

– Meu nome é Ashley, e eu só vou passar dois meses aqui e não vou morar.

Eu abri a porta da frente que dava na sala, a sala da casa de Ammy era incrivelmente estranha. Tinha enfeites de tartarugas feitos de conchas de praia, e milhares de flores também feitas de conchas, tinha teias de aranha no teto e algumas moscas enroscadas nelas também, eu não imaginava que casas de praia eram daquele jeito. O quarto que ela tinha me concedido era pior ainda, tinha milhares de peças de tartarugas de conchas sem pernas e algumas sem cabeça, eu não iria conseguir dormir naquele quarto, mas tenho certeza que será melhor do que dormir com Connor e seus dinossauros dos infernos.

– Ammy, eu vou precisar mesmo ficar com essas tartarugas? Sério, isso é muito estranho.

– Pensamento positivo, essas férias vão ser perfeitas!

Eu ignorei o que ela disse, deixei minhas coisas debaixo da cama e fui para a sala ver mais de perto as coisas estranhas que Ammy montava, tenho certeza que tinha mais tartarugas só que Connor quebrou. Em uma tartaruga grande que ficava na estante eu consegui ver que tinha algo atrás, era um quadro do papai rodeado de conchas em formato de corações. Papai tinha morrido quando eu tinha oito anos, nessa mesma época no ano. Por esse mesmo motivo que ela me convenceu de vir para cá, quando eu ainda tinha oito anos rasguei todas as fotos dele que tinham pela casa e fiz todos prometerem que jamais guardariam nenhuma foto dele.

– Você disse que não existia mais nenhuma foto dele – eu disse me aproximando dela – você é estupida – eu joguei o quadro no chão.

Eu peguei meu skate e sai enxugando as lagrimas que já se escorriam em meu rosto.

– Ashley, ninguém anda de skate na praia.

Eu novamente a ignorei, coloquei o fone de ouvido e fui andando por aquelas ruas na beira das praias, tinha milhares de lugares que faziam a mesma coisa que minha irmã. Então eu não estava trancada em somente uma casa com milhares de falsas tartarugas aleijadas, eu estava trancada em uma cidade cheia de pessoas estranhas que adoram tartarugas de conchas. Para piorar minha situação a praia estava cheia, então a rua também estava cheia de idiotas bronzeados que estão se achando os “Ken’s” . Então um idiota retardado parou bem na minha frente, para melhorar minha situação se eu parasse naquele momento levaria o tombo do ano, e não pega bem uma garota cair no meio de homens sem camisa, eles não iriam pensar: “Essa garota caiu do céu para mim” eu naquele momento estaria: “Que praga é essa que subiu dos infernos?”.

– Saí da frente! – Eu gritei.

Assim que ele virou para ver quem era a louca que estava gritando eu esbarrei com ele, fazendo com que as tartarugas dele caíssem no chão e também ficassem aleijadas. Mas mais importante que as tartarugas era que eu tinha caído em cima de um estranho e estragado o trabalho dele. A noticia boa é que ele era um tremendo lindo, e que eu tinha caído em cima de um garoto no meio da praia andando de skate e nem conheço ele, isso ficou confuso.

– Obrigado por estragar o trabalho que fiquei a noite inteira fazendo – ele disse me empurrando de cima dele.

– Eu mandei você sair da frente, caso você é surdo a culpa não é minha.

Eu me levantei limpando minha roupa que além de estar quase rasgada por culpa do Connor agora também estava suja por culpa do lindo retardado que eu quase atropelei.

– Você não é daqui, as pessoas daqui costumam surfar e não andar de skate – ele ficou parado pensando- Você é Ashley Cooper, irmã de Ammy Clark que agora virou Cooper.

– Saco, além de estar aqui. O povo e fofoqueiro e sabe da minha vida, que legal! Agora eu preciso ir, não fica no meu caminho.

Eu resolvi voltar para a casa de Ammy, pois já estava escurecendo e se dá para atropelar quando ainda é dia imagina de noite. Assim que eu cheguei vi ela na varanda de trás montando mais tartarugas, ainda não estou afim de me desculpar então fui para o “meu” quarto me trancar e ter um pouco da minha doce vida antissocial. Deite-me na cama e estiquei meu braço para debaixo da cama procurando meu Mp3, eu não achei e quando não se acha uma coisa pode ter certeza que esta com Connor, regra número três de ser tia dele. Andei até a varanda onde Ammy ainda montava tartarugas.

– Viu Connor?

– Ele disse que ia ao banheiro – ela respondeu sem olhar para mim.

Andei até o banheiro, terceira porta a esquerda, Connor estava virado para a privada com a porta aberta.

– Connor, ninguém te quer ver fazendo xixi.

– Eu não estou fazendo xixi.

Eu entrei no banheiro, ele estava segurando meu fone que estava preso no meu Mp3, então ele soltou o fone e meu Mp3 caiu dentro da privada com mil e cem musicas maravilhosas que eu demorei o ano inteiro para baixar. Eu suspirei sem poder acreditar no que ele tinha feito então eu surtei:

– Connor eu te dou três segundos para correr antes que eu resolva atacar essa privada na sua cabeça, sem querer.

Eu corri atrás dele que foi para trás de Ammy que continuava na calma fazendo suas tartarugas, eu peguei o chinelo que estava no chão provavelmente era dele mesmo.

– Mamãe eu juro que foi sem querer – ele dizia já chorando.

– Sem querer você afogou meu Mp3 com fone e tudo na minha frente, não foi?

– Foi, sem querer.

– Sem querer agora eu vou jogar esse chinelo na sua cabeça e ela vai voar fora então o mundo se verá livre de Connor Clark – eu dei uma risada de vilã assustando ele.

Ammy virou-se e o pegou no colo o aninhando como se ele fosse um inocente, é claro que ela não tem culpa de ter essa praga, mas o que custa ela deixar eu jogar o chinelo nele? Eu não acho nada demais...

– Não brigue com essa pobre criança, com certeza foi sem querer. Eu vou ver se consigo secar com o secador e prometo que nunca mais Connor vai mexer nas suas coisas.

Eu e ele entramos novamente para casa, ele entrou com cara de santo, mas assim que saímos da frente da mãe dele ele mostrou a língua e o dedo do meio.

– Não há problema seu filho da putinha, amanhã eu te mato.