Eu estava no meu décimo quinto sono, sem sonho, mas eu babava e estava incrivelmente descabelada e espalhada por aquela cama. Eu tinha ficado com vergonha das tartarugas me olharem dormir então as virei para a parede, eu acho desagradável tartarugas aleijadas me olhares dormir desse jeito. Estava um calor escaldante, eu colocava a cabeça debaixo do travesseiro e empurrava com os pés o lençol. Quando um barulho infernal de uma colher batendo na panela se aproximava, ficava cada vez mais barulhenta e irritante. Quando esse barulho entrou no meu quarto.

– Hora de acordar Ashley, temos um dia cheio de trabalho!

Ela voltou para trás e se escondeu atrás da porta que ficou entreaberta, ela sabia que eu jogaria alguma coisa que estava perto de eu, que no caso foi um urso todo golfado de quando Connor era bebê, ele era uma graça...então cresceu (infelizmente)

– Me deixa dormir, eu estou de férias. Caso não saiba elas são feitas para isso, e também para aquelas meninas falsas pararem de me pedir bala do recreio...

– É uma ordem!

Eu tentei voltar a dormir, mas é incrivelmente horrível quando alguém te acorda e você não consegue voltar a dormir – dá vontade de chorar de raiva. Eu peguei a toalha que eu tinha pendurado na porta do quarto e segui para o banheiro que incrivelmente não estava ocupado. Entrei e fui tirando a blusa até perceber que tinha tartarugas olhando para eu, é claro eu não tomei banho com tartarugas me olhando e ainda não é um dos meus planos. As virei, liguei o chuveiro e fugi dos chapiscos de agua gelado, quando eu entrei ainda estava gelado – eu gritei. Então saí do banheiro ainda enrolada na toalha, Ammy me olhava com uma cara de quem tinha adorado me ver sofrer com a água gelada.

– Você vai mesmo sair sem tomar banho? – ela me perguntou.

– Vamos para a praia, e eu estou ajudando esse mundo que esta sofrendo com a falta de água. Esse banho que eu economizei pode ajudar tantas crianças – eu disse fazendo cara de sínica.

🌴

Assim que chegamos a praia eu ainda estava de short e uma blusa cinza gigante escrito “The Beatles my Love”, eu não gosto muito dos Beatles, mas minha melhor amiga Scarlett me deu achando que eu era uma fã depressiva , antissocial e maluca por música antiga. Bom, eu costumo ser antissocial e maluca por musica antiga, mas costuma ser Michael Jackson. Eu sentei-me numa cadeira e abri meu livro que eu já estava acabando o que era uma infelicidade pois eu não sei como aguentarei ficar nesse lugar sem um livro para ler. Connor correu para a água com uma boia ridícula de pato, e Ammy ficou numa lentidão tirando a roupa na minha frente se achando sexy. Ela não é, Ammy sempre foi muito magra chegou uma época que queriam a internar achando que ela estava com anorexia, mas depois que se separou de entupiu de chocolate e engordou uns quilinhos.

– Eu vou entrando na água, eu acho que deveria sair desse seu mundinho - ela disse correndo para a água.

Eu a observei por cima do livro e depois voltei o olhar para ele, eu estava na melhor parte só que eu repetia o mesmo paragrafo várias vezes porque meus pensamentos me atrapalhavam. Quando eu achava que finalmente eu estava em paz, Connor volta da água e fica me rodeando e puxando minha cadeira para que eu resolva entrar na água. Eu tiro o grampo que estava em meu cabelo prendendo o coque e o quebro, uma parte fica afiada o suficiente para eu consegui enfiar na boia dele.

– Você é uma péssima tia – ele vai correndo para os braços da mãe dele já fazendo bico e falando no ouvido dela. Quando ele finalmente chega perto de mim. – Mamãe eu quero que a tia Ashley vá embora e me deixe em paz.

– Pare com isso Ashley, pare de assusta-lo.

Ela virou as costas para cumprimentar talvez uma conhecida dela, quando eu me senti em perfeitas condições para mostrar os dois dedos do meio para ele. A amiga dela era horrível, ela era incrivelmente branquela e aparentava ter cinquenta anos pela pele, ela tinha uma tatuagem perto do bumbum escrito “Me ame”, lamento ver isso acho que eu estou a odiando e quase mandando ela ir embora porque ninguém merece ver aquilo.

– Thomas esta vindo, ele vai trazer as coisas para podermos comer.

Regra número um da praia, pobre ele sempre leva comida para a praia porque ele acha muito caro a comida que vende lá. Aquele menino que eu esbarrei ontem estava na praia, e estava chegando cada vez mais perto (Não pode ser, Jesus eterno!). Ele era Thomas, eu me abaixei me escondendo atrás do livro. Ele chegou e deu um beijo na bochecha da minha irmã e brincou com o Connor. Quando Ammy como sempre abriu a boca:

– Você conhece minha irmã Ashley?

Eu abaixei o livro acenando como um “oizinho”, eu fitei Ammy com raiva que fez cara de inocente- agora eu sei como Connor aprendeu a ser daquele jeito.

– Eu já a conheço, a conheci na praia ontem – ele olhou para a mulher esquisita – ela que é a garota que te falei Zoe.

Elas voltaram para água com Connor, então Thomas sentou na cadeira ao lado e ficou me olhando. Quando eu fui pegar os olhos dele acompanharam a garrafa da mesa até a minha boca.

– Camisa dos Beatles e unhas pretas, típico de garota estranha da cidade- ele comentou.

– Um cara sem camisa, que mora com uma louca que parece ser tia e fica reparando em mim. Problemático ou gay? – eu o respondi.

Eu tirei o livro de frente ao rosto e fiquei o encarando, é estranho ficar encarando um lindo garoto, só que ele é muito irritante.

– Você fica linda com essa camiseta, imagino que fica melhor se biquíni.

– Acho que ficar melhor de boca fechada e sem flertes.

– Não estou flertando com você, é uma garota estranha...

Eu virei os olhos pedindo para Deus paciência porque se ele me dê-se força eu o mataria, eu mordi os lábios inferiores perdendo a paciência quando os vi voltando da água. A tal Zoe parecia falando de eu e Ammy dava curtos olhares para eu e voltava a ouvi-la.