Eu tentei caminhar o mais devagar o possível até a casa de Ammy, mas uma hora eu iria chegar e isso aconteceu, ela estava pendurada no telefone enquanto me fitava. Puta merda é minha mãe. Eu passo pela cozinha praticamente fugindo de ter uma conversa com ela, vamos dizer que Ammy deve ter falado poucas e boas de mim. Ela puxou por trás entregando o telefone na minha mão, eu suspirei e forcei a voz:

– Oi mãe, o que foi?

Sempre é assim, nunca há assunto quando você conversa com um parente pelo telefone principalmente quando é um que fala demais assim como minha mãe.

– Ashley, sua irmã me contou... Eu não quero que você se envolva com as pessoas daí, eles são diferentes de nós e uma hora você vai voltar.

Eu fitei Ammy e mordi a língua antes de falar uma besteira, então desliguei em me despedir. Caminhei até o quarto e bati a porta o mais forte que pude, me joguei na cama de bruços enquanto descontava em eu mesma a grande vontade de bater em Ammy. Desconectei o celular do carregador vendo que já eram cinco horas, puxei a mala com o pé. Nada que tinha naquela bolsa me parecia interessante o suficiente para vestir, eu peguei uma calça larga e uma camisa escrita “Foda-se”. Pela primeira vez sem ser obrigada a fazer isso, soltei meu cabelo o repartindo meio tordo. Calcei meu tênis para andar de skate, coloquei meus brincos de pedras pretas e finalmente abri a porta. Um cheiro de frango assado dançava pelo ar e eu também conseguia sentir o cheiro do perfume de Ammy, caminhei até a cozinha e ela estava ainda tirando o frango do forno. Ela usava um longo vestido com flores azuis e uma sandália prata, o seu cabelo estava preso num coque e estava com um falso sorriso que grudava de orelha á orelha. Eu sente-me á mesa somente esperando que ela termine, eu ainda estava com raiva. Muita raiva. Quando ela se virou com cara de sínica e disse:

– Há problema os Parker’s jantarem conosco?

– Achei que já tinha dito a Thomas que não iria jantar com eles esse ano por minha culpa, na verdade estava começando a achar que sou um problema.

Ela não voltou a responder, logo Zoe e Thomas entraram na cozinha. Thomas usava uma camisa azul e um short claro, já Zoe optara por um curto vestido verde. Thomas sentou-se ao meu lado e me cumprimentou somente com um beijo na bochecha, Zoe simplesmente acenou enquanto Ammy a fitava fortemente. Enfim, quando todos já estavam á mesa Ammy permitiu que começássemos a comer, Zoe como sempre começou o assunto:

– Estou muito grata por Ashley ajudar meu sobrinho, sua irmã é um anjo Ammy...

– Nã-não tem de que – eu disse a interrompendo.

Ficamos um tempo em silencio até Thomas entrelaçar sua mão á minha e Ammy o fitar e bufar de raiva, ela disse apertando os olhos:

– Eu te pedi para não fazer isso, eu sei o quanto isso vai virar uma bagunça e não quero que acabe com Ashley á essa altura do campeonato.

Eu bufei jogando forte o talher no prato, apertei minha cabeça entre as mãos com força arrancando alguns fios, ela passou dos limites. De todos os limites.

– Chega Ammy! Chega! Você está conseguindo, está mesmo. Hoje é o meu pior dia do ano, daqui uma hora vai fazer oito anos que nosso pai morreu e pela primeira vez eu não estou trancada num quarto desejando a morte como você sempre sonhou. Droga! – eu disse enquanto meus olhos enchiam de lágrimas.

O braço de Thomas me laçou por trás me prendendo a um abraço, minhas lágrimas que caiam descontroladamente começaram a descer pelo seu ombro. Ammy abaixou a cabeça na mesa constrangida com a situação enquanto Zoe nos olhava com os olhos arregalados. Eu respirava friamente em seu pescoço sentindo o cheiro de seu perfume, a mão dele deslizava pelo meu cabelo e repousava nas minhas costas.

– Ashley, eu só quero que você não sofra como eu sofri. Minha irmã você é tão querida que eu seria incapaz de te deixar sofrer – ela finalmente disse.

Meu me soltei do abraço, e olhei nos seus olhos amargamente coloquei a mão no rosto e me levantei da mesa em direção à porta dos fundos. Quando senti que Thomas andava atrás de eu comecei a correr cada vez mais rápido tentando me esconder do desastre que acontecera no jantar. Quando finalmente parei e senti sua mão em minhas costas, rapidamente virei me entregando a um abraço.

– Me desculpa, me desculpa... – eu dizia me afogando no abraço.

Ele caminhou comigo até um banco próximo e sentamos, ele me olhava com delicadeza tentando me fazer rir, ele consegue constantemente.

– Você é mais atraente quando chora – ele disse.

– Não me faça rir acabando com meu momento dramático. Eu nunca sou atraente, muito menos quando choro.

Ele puxou outro bilhete do bolso, essa era uma boa mania. Eu sei que as palavras o impediam de dizer então ele escrevia.

– O que é? – eu pergunto.

– Leia!- ele ordena.

“Ashley Cooper,

Nessa tarde quando foi a minha casa eu me encontrava num estado caótico, você com algo que só pode ser de outro mundo conseguiu sim me fazer entender algo. Queria entender como você consegue estar triste e fazer as pessoas felizes, isso vai virar vicio. Você é um viciante mistério incansável – quanto mais se sabe sobre você mais eu procuro -, o que tanto faz para me fazer sentir-me tão imbecil?

Gostaria de saber o que algo há contra nós, você me parece uma boia na piscina; quanto mais eu nato até você mais você me afasta. E como um fogo que me aquece, mas quando chego perto demais começo a me queimar.

Ashley, você me parece a pessoa mais incrível que o sol já clareou. Eu não te considero um romance proibido – mesmo com tudo isso ao nosso redor -, te considero alguém mais que desejável mesmo que um dia o Sol se ponha. Mesmo que eu irei detestar esse dia."

Eu o abraço fortemente quando ele sussurra:

– Esse bilhete vai para nossa caixa?

– Com certeza... – eu afirmo.

Ele vira o meu rosto para o dele e segura minha nuca, lentamente junta seus lábios aos meus. Aquilo só criou uma coisa na minha cabeça: “Eu estou amando Thomas Parker”. Ele aperta minha cintura me levando até seu colo, e como ele diz seu calor era como o fogo.

Ele aperta minha cintura me levando até seu colo, e como ele diz seu calor era como o fogo. Quando ele me soltou e eu voltei para casa um pouco incrédula da situação, mordia os lábios sem parar e dava leves sorrisos para o além. Entrei em casa e sentei á mesa enquanto Ammy lavava a louça, então ela disse sem se virar:

– Você ficou com Thomas? - ela arregalou os olhos. - E como foi?

– Incrível, é estranho e eu sei que é besteira, mas eu acho que gosto dele. Não ria - eu a respondo.

Naquele momento ele havia afogado minhas magoas e tampado minhas feridas, era simplesmente inesquecível.