Ao Pôr do Sol

Um Romance com Thomate


Eu entrei no quarto e me joguei na cama ainda encantada – esse é o ruim de estar apaixonada, fica parecendo uma retardada -, quando volta a minha mente de que dia é hoje. Sento-me na cama, fecho os olhos e entrelaço os dedos. Diferente dos outros natais, uma alegria dançava dentro do meu coração, eu sentia a roca risada do meu pai soando pelo quarto e todas as vezes que ele me colocou em seu colo e me abraçava dizendo que eu era seu maior presente. A amargura começa a entrar no meu coração, eu balanço a cabeça para esquecer quando pego o celular e vejo que há uma nova mensagem.

Thomate: Ashley, eu queria saber se você quer sair amanhã assim que o sol nascer. Eu quero te mostrar algumas coisas. Topa?

AshCuspi: Como conseguiu meu número? Eu quero, mas não sou muito fã de surpresas então aonde vamos?

Thomate: É segredo como descobri e onde iremos também, amanhã ás sete horas. Não conte a Ammy. Boa noite AshCuspi, você me ama?

AshCuspi: Vou pensar no seu caso, boa noite Thomate.

Eu desliguei o celular e deitei-me tentando imaginar aonde seria, já pensei em milhares de lugares, mas nenhum me parece real o suficiente – na verdade nada que aconteceu hoje me pareceu real. Vire-me para a parede grudando o meu corpo na parede gelada para aliviar um pouco do calor, aos poucos os olhos foram se pregando. Na manhã seguinte eu levantei cinco horas, eu sempre que estava ansiosa acordava cedo. Isso sempre me deixou muito infeliz. Eu deslizei pela cama, peguei meu celular e caminhei até o banheiro, Thomas ainda não estava acordado. Despi-me e entrei no chuveiro, com aquela água gelada que ainda não me acostumei – isso explica o fato que estou evitando tomar banho -, desliguei o chuveiro. Estiquei a mão pegando a toalha e me sacando, vesti a roupa que deixei em cima do vaso sanitário e saí do banheiro com o cabelo já preso. Sim, eu sei que estraga o cabelo só que não sou o tipo de garota que se importa muito com isso. Olho pela janela e percebo que já há gente acordada na casa de Zoe. Pego meu skate e vou até lá, bato indelicadamente na porta. Logo Thomas abre.

– Ashley, imaginava que dormia até tarde como típico de garota revoltada da cidade.

– Hahaha – eu rio sarcasticamente. – Eu sei que você me ama – digo piscando.

Ele volta a entrar por alguns segundos e logo saí com um skate nas mãos, eu dou uma leve risada – só pode ser brincadeira que ele vai tentar isso, Thomas não leva jeito algum. Ele colocou a mão envolta da minha cintura e deu um leve beijo na minha testa, quando finalmente assumiu:

– Quero que me ensine, você manda bem deve ser uma ótima professora...

– Eu ensino bem mesmo, devo admitir – suspiro deixando um ar de mistério – mas você deve ser um péssimo aluno e skatista.

Nos rimos um pouco, caminhamos até o carro de mãos dadas e só nos separamos para entrar no carro. Assim que entramos ele me fitou um pouco, do mesmo jeito que aconteceu na segunda vez que o vi na praia, logo deu partida. O sol fervente me deixava cruzando os dedos torcendo para ser uma praia, até estacionarmos lá. Era uma praia, cheia de vadias e caras sem camisa suados e tentando olhar atreves de biquínis que pareciam mais a folha de Eva – que Deus me perdoe. Ele estacionou meio tordo e deu uma leve risada.

– Esse é o meu lugar, cheio de...

Eu esmurrei o ombro dele, que ficou murmurando enquanto acariciava o próprio braço tentando amenizar a dor. Descemos do carro, eu me recuso a ficar nessa praia. As pessoas me olham como se eu fosse uma alienígena, todos me olham assim, mas não precisa exagerar. Um cenário cheio de flertes e caras pervertidos. O que eu mais odeio no mundo.

– Vamos embora Thomate, agora – eu ordeno voltando para o carro.

Ele dá a volta e abre a porta segurando a minha mão, ele faz uma cara de quem está quase chorando para que eu desça. Eu odeio quando as pessoas fazem isso, é sério, eu seu vacinada contra esse tipo de birra – sou tia de Connor Stephen Clarck.

– Vamos Ashley, você nem sabe da vida dessas pessoas e não pode julgar as pessoas pela a aparência. Eu te achava uma retardada.

Eu o encaro um pouco e volto a fechar a porta. Ele volta a abrir um pouco mais irritado.

– Por bem ou por mal?

– O mal é mais interessante.

Ele me puxa do carro me jogando nas suas costas praticamente de ponta cabeça e escorregando, eu tentava me soltar dando fortes murros nas costas dele, mas ele não desistia até chegar ao mar onde me jogou na água. Eu rapidamente me levantei jogando água na cara dele, que logo jogou de volta. Quando ele me puxou pela mão fazendo-me aproximar dele, colocou a mão na minha nuca e levemente me beijou e depois sussurrou no meu ouvido:

– Tem murros fortes.

– Não me deixe chutar suas bolas – eu o respondo.

Quando ele virou e grudou os olhos na bunda de uma das vadias que passava no mar, eu ligeiramente levantei o joelho que forte bateu nas bolas dele. Sorrio descaradamente enquanto aprecio ele se torcendo de dor. Ele me empurra na água e aperta minha cabeça, e quando finalmente me levanta segurando pela cintura:

– Já te disse que é uma filha da puta?

– Já te disse que te amo? – eu deixo escapar.

No momento minhas bochechas coraram de vergonha, ele paralisou ao ouvir minhas palavras. Os olhos dele desceram dos meus olhos até minha boca que a encarou no momento até aos poucos ir encostando. Bem, isso era para ser o beijo do século se... Ally não aparecesse nos separando e abraçando rapidamente.

– Ashley? Thomas? Não sabia que tinham feito às pazes – ela diz nos apertando cada vez mais.

– Pois é... – Thomas a responde.

Eu mordo os lábios virando os olhos para cima pedindo por misericórdia que alguém tirasse minhas forças para eu não bater nela, mas para ser sincera até que fiquei feliz por acabar com meu clima de vergonha. Até de longe ver Dylan tentando apertar os seis de Holly que vem caminhando com ele.

– Cara você está pegando Ashley Cooper – Dylan diz se aproximando.

Thomas se recusa a responder ou até mesmo a levar em consideração as besteiras de Dylan, Holly me encara de cima á baixo – eu estava começando a achar que ela aprendeu isso com a mãe de Thomas.

– Na praia as pessoas usam biquíni Ashley. Deveria tentar ser uma pessoa normal, uma mulher.

Eu rio sarcasticamente, não preciso nem responder pois Dylan responde:

– Você é a única garota que consegue ficar sexy mesmo nesse estado, seu pai e sua mãe fizeram um grande trabalho.

Dessa vez Thomas leva em consideração e tenta o irritar apertando a bunda, que logo pula e depois tenta falar grosso acabando com o clima estranho:

– Cara, para de ser gay.

– É que sua bunda é muito delicia – Thomas o responde retardadamente.

Nós rimos, quando finalmente Ally me solta e começa a puxar Dylan e Holly pela praia se afastando de nós. Depois do estranho clima que ficou no ar, eu comecei a me afastar de Thomas saindo da água.

– Aonde você vai? – ele pergunta.

– Para a casa – eu o respondo sem olhar para trás.

Ele começa a correr atrás, logo passa na frente e chega ao carro primeiro destravando. Eu abro a porta e quando vou entrar no carro ele me barra:

– Você vai molhar meu banco...

– Você me jogou na água, aceite as consequências.

Eu entro no carro despreocupadamente, ele dirige até a casa de Ammy. Eu desço do carro encontrando Connor na porta, ele logo solta os dinossauros dos infernos e corre se jogando nos meus braços.

– Tia Ash – ele grita.

– Capirotinho, você voltou... – eu digo desanimada.

Thomas somente diz antes de ir:

– Acho que não dará certo aprender com você, é errado ter caso com a professora atraente.

Eu rio e entro em casa já esperando encontrar algo quebrado ou totalmente destruído.