Ao Pôr do Sol

Consertando Alguns Erros


Scarlett jogou o peso para frente, certamente ela iria bater em Ammy, assim que ela levantou a mão eu puxei-a. Mesmo que Ammy não esteja fazendo nada certo ultimamente, eu não queria que ela se machucasse. Scarlett naquele mesmo momento virou o olhar em minha direção surpresa, ela balançou os ombros para se soltar e eu a soltei, assim Ammy saiu calmamente como se nada tivesse acabado de acontecer.

– Você está louca? – eu a pergunto.

Ela dá os ombros e desce as escadas em direção ao carro, Thomas já está transpirando de tanto ficar naquele Sol mortal tentando consertar aquele carro. Assim que ele me vê se aproximando solta a chave-de- fenda no chão, suspira limpando o suor da testa com o braço e se apoiando no capô.

– O que você propõe para isso? – ele pergunta ofegante.

Eu cruzo os braços e viro-me em direção a Scarlett, percebo que está tensa porque não para por um segundo de triturar as unhas que havia ruído. Talvez ela tenha ficado tensa com a situação, afinal, ela e Ammy quase sempre se davam bem, mas Scarlett não gostava nada que falassem mal de mim. O senhor Wood, tem uma aparência de quem sabe mexer com carro, ele era calvo e tinha um bigode que vivia coçando, ainda me lembro que sempre que dormia na casa de Scarlett quando criança ele vinha nos dar um beijo na bochecha antes de dormir, além de arranhar minha bochecha coçava demais. Juro que me lembro de ver piolho naquele bigode, certa vez.

Eu me aproximei de Thomas, era mais do que obvio o que poderia ter acontecido com aquele carro. Mesmo com o carro quebrado, eu acho que eles estão com uma sorte e tanto somente por ter chegado aqui.

– Você ainda usando aquele óleo, que eu já te falei para trocar, mas sempre fala que além de ser bom é bem barato?

Ele afirmou com a cabeça, eu dei um pequeno tapa no ombro de Thomas. Ele teria muito trabalho com aquele carro. Quero dizer, eu entendo um pouco, mas claro que eu não faria nada para eles.

– Então, como eu já adverti; ele fodeu com todo o seu motor. Espero que goste ainda daquele óleo, afinal ele é bem baratinho não é?

Thomas fechou o semblante, como uma criança quando você acaba de dizer o quanto o trabalho seria difícil. Solto uma pequena risada pelo nariz e sorrio em direção a Scarlett que corresponde, sempre temos essa troca de risada e espero que as pessoas entendam um dia. Parecia que seria bem fácil passar o dia daquela forma sossegada – parecia -, assim que virei o rosto, lá estava Dylan e Ally, eu não queria os ver e tenho certeza que do jeito que Thomas havia bebido, eles já sabiam que eu os xinguei ou que quase que os odeio. Scarlett se aproximou tocando meu ombro, parecia que ela sentia no ar quando eu odiava alguém, ela aperta os olhos para conseguir vê-los diante do Sol e balança a cabeça negativamente.

– Para com isso Scarlett, é estranho – eu falo rindo.

Percebo que eles caminham em nossa direção, percebia que Dylan não parava de jogar o cabelo para trás, ele realmente estava dando encima de Scarlett. Não pude deixar de notar que ela também sorria e soprava o cabelo que caia no olho, eu já a conhecia a muito tempo para saber o seu jogo. Eles pararam ao lado de Thomas, e a cada movimento nossos olhos o seguiam. Ally o tocou e os três viraram o rosto como que montando um grupo de conversa, que me excluía – não, isso não é bom -, depois de alguns minutos de conversa eles voltam a nos encarar, Thomas dava um sorriso como se tivesse um plano inteiro armado. Ele caminha em minha direção e gruda as mãos em minha cintura e balança de jeito bobo, eu rapidamente me viro para saber o que eles estavam tramando.

– O que é dessa vez?

– Queríamos sair, aproveitar esses dias que eu passarei com vocês. Você sabe que depois disso serei um soldado, soldados são sérios tenho que aproveitar meu tempo vagabundo.

Eu afirmei com a cabeça.

– Tudo bem, podemos ir. Só quero lhe perguntar antes, aonde iremos?

Ele abriu um sorriso maléfico e me apertou um pouco mais.

– Não vai ter graça se eu falar, você precisa ver por você mesma. Seria maldade...

Eu fecho a expressão e volto a cruzar os braços, talvez ele esquecesse o que aconteceu de manhã? Mesmo assim, era irresistível não concordar com a animação que ele falava. Eu abri um pequeno sorriso e descruzei os braços e levantei os ombros, estava ainda chateada, mas chatearia ele se não fosse. Assenti e o abracei rapidamente.

– Eu vou sim, já volto.

Eu os deixei e corri em direção a cozinha, sabia que além de tudo eu deveria avisar Ammy. Eu como sempre a encontrei na cozinha, ela estava virada na bancada. Eu toquei suas costas, antes de se virar ela secou as lágrimas com o braço e finalmente virou-se. Ela abriu um sorriso amigável, e secou as mãos no avental. Eu a abracei, mesmo Ammy sendo daquele jeito a ultima coisa que eu queria era fazer algum mal para ela. Sempre que eu a via chorar, me lembrava das enfermeiras a segurando para poder cortar seus cabelos. Ela gritava desesperada e eu tentava tampar meus ouvidos para não ouvir, mas era impossível. É uma péssima memória, mas não consigo esquecer.

– Me desculpa, querida. Eu estive pensando sobre o que Scarlett disse, eu não posso deixa-la assim. Você é minha irmã, só quero que seja feliz. Independente de com quem for, Thomas não é a pessoa mais adequada, mas tudo bem – ela disse chorosa.

Assim que a soltei, eu não queria discutir sobre quem seria a pessoa melhor. Porque certamente ela diria que era Noah e então eu teria que enforcar ela, Noah não é a melhor pessoa para nada, a não ser tirar caquinha do nariz, mas essa é outra história. Eu a avisei que iria sair, ela não concordou, mas eu avisei e não pedi permissão então foda-se a opinião dela.

Que a noitada comece.