Durante o percurso de volta Miguel informou a Gabriel tudo o que havia acontecido após a sua saída, ele informou ao irmão para agora ter a atenção dobrada. Gabriel informou a Miguel tudo o que aconteceu em sua luta com as figuras e o príncipe mostrou estar preocupado.

Ao chegarem ao convento as irmãs os informaram que na televisão não paravam de chegar noticiais sobre uma enorme cratera em uma montanha. Gabriel informou a todos que ele havia feito aquilo e contou sobre a sua luta com as figuras escuras.

Assistindo à televisão os arcanjos escutavam atentamente ao noticiário, o que poderia ter feito a cratera seria uma chuva de raios, uma imagem era exibida foi gravada por um cinegrafista amador. Pela qualidade um pouco ruim da imagem a cena foi gravada por um celular e mostrava uma chuva de luzes amareladas caindo sobre o topo da montanha a atingido. Quem estava gravando tentou dar um zoom para descobrir o local de onde estavam vindo os raios, mas tudo que conseguiu filmar foram algumas nuvens. Gabriel não foi gravado e agora ele entendia o por que os humanos pensavam que a causa foi uma chuva de raios.

Pelo fato de a imagem não mostrar o arcanjo ela dava a entender que os raios vinham das nuvens próximas ao local. Um especialista em meteorologia foi chamado e explicou que aquele era um fenômeno muito raro de ser visto.

– Ninguém descobriu que foi eu. – Comentou Gabriel e respirou fundo.

Ele e Miguel se dirigiram a casa de Rafael, mas não conseguiram dormir ou fingir que dormiam os arcanjos estavam preocupados com os fatos ocorridos.

– Temos muito trabalho irmão. – Comentou novamente Gabriel.

– Realmente temos, se com Rafael estava difícil de resolver agora sem ele a dificuldade só aumentou.

– O que iremos fazer?

– Temos que estar preparados e continuar tentando.

– Certo e meu irmão queria lhe dizer uma coisa.

– Pode dizer.

– Não sei mas acho que Rafael estava realmente certo.

– Sobre?

– O nosso inimigo pode ser realmente um ser pagão que não conhecemos.

– Tem certeza?

– Ainda não, mas tudo leva a crer que sim. Quando Lúcifer apareceu e após esse ser falar comigo ficou claro que ele não é responsável pelo o que está acontecendo, mas comparado aquele ser Lúcifer não é tão ameaçador quando ele e creio que nem mesmo ele seja capaz de lidar contra esse ser.

– Humm... – Miguel mordeu os lábios e refletia sobre o que irmão havia dito.

– Eu sinceramente não sei o que fazer irmão.

Relaxando os lábios Miguel soltou um longo suspiro pesado antes de retornar a falar.

– Como eu disse temos que estar preparados e continuar tentando. Iremos redobrar a nossa atenção e continuaremos procurando.

– Eu me preocupo também com as irmãs e Rafael.

– Juriciel está com eles irmão.

– Eu sei que ele é poderoso e não deixará nada acontecer a eles, mas agora Lúcifer está envolvido, eu percebi que esse ser que está mais focado em nós irmão por isso de início não me preocupei tanto, e se parar para pensar todos os ataques antes da morte de Rafael eram voltados a nós.

– Eu também já pensei nisso irmão, mas temos que confiar nele mesmo assim!

Nas semanas seguintes os arcanjos continuavam com a sua rotina, saiam de manhã e voltavam a noite e sempre relatavam que havia acontecido. Aos domingos ficavam no convento e essa rotina continuou por um mês.

Sábado após sair Gabriel estava voando pela cidade vizinha quando sentiu uma aura forte e ameaçadora e o Arcanjo sabia muito bem a quem ela pertencia.

– Metatron! – Gabriel aumentou a velocidade se dirigindo até o local onde estava Metatron se guiando pela energia liberada pelo irmão. Durante o percurso o seu corpo começou a brilhar intensamente por uns segundos e quando a luz se dissipou Gabriel estava usando sua armadura.

O arcanjo pousou em uma região rochosa e atentamente olhava para os lados. Metatron estava perto, mas ele não sabia dizer com exatidão onde ele estava.

Gabriel começou a andar devagar e com cautela até sentir a aura ficar mais forte e rapidamente desembainhou sua espada e tudo que pode fazer foi se defender do ataque de seu irmão.

Metatron se afastou alguns centímetros e olhava com fúria, o Serafim estava usando a sua armadura completa e se preparava para ataca-lo. Ele segurava firme sua espada e o seu escudo o colocando de uma maneira que protegia completamente grande parte de seu corpo.

Gabriel ficou em posição o aguardando. Ao primeiro movimento de Metatron e o arcanjo partiria com tudo para cima de seu irmão. Gabriel sabia que não adiantaria tentar argumentar com o seu irmão já que sua mente foi totalmente tomada, e ele não queria matar Metatron, mas sim tentar salva-lo o capturando.

Metatron se preparava para atacar Gabriel quando algo o fez parar e o serafim olhou rapidamente para cima. Gabriel seguiu o seu olhar e percebeu que Miguel estava se aproximando. O seu irmão pousou atrás de Metatron. Assim como Gabriel Miguel, estava usando sua armadura e desembainhando sua espada apontava na direção de seu irmão.

– Vim o mais rápido que pude Gabriel. – Comentou Miguel sem tirar os olhos de Metatron.

– Obrigado irmão eu cheguei agora pouco.

Metatron mudou de posição ficando de costas para as rochas. Seu escudo estava voltado na direção Miguel e sua espada na de Gabriel.

Metatron olhava atentamente para os dois, seu olhar passava por Miguel e Gabriel. O arcanjo percebeu que Metatron estava confuso pelo jeito ele não havia planejado lutar contra os dois de uma vez.

Gabriel pode me ouvir? – Disse Miguel mentalmente e Gabriel assentiu e respondeu seu irmão.

Sim posso ouvir meu irmão.

Metatron está confuso.

Você também percebeu meu irmão?

Sim percebi vamos usar isso a nosso favor, vamos confundi-lo mais ainda. Ficaremos sempre nessa posição um de frente e o outro de costas para ele. Sempre iremos ataca-lo assim e se tivermos que mudar de lado sempre voltaremos a essa posição inicial um de frente e o outro atrás.

Entendi irmão estou pronto quando você estiver.

Certo.

Miguel abriu suas asas e Metatron o olhou com atenção. Gabriel repetiu os movimentos de seu irmão e isso deixou Metatron apreensivo.

Miguel apertou firme o cabo de sua espada se preparando para atacar.

3, 2.. – O arcanjo contava mentalmente. – 1... AGORAAAA! – Miguel bateu rapidamente suas asas indo em direção a Metatron. Segundos depois Gabriel também bateu suas asas e partiu para o ataque.

***

No convento Juriciel e Rafael estavam pintando os muros do lado de dentro. Os dois estavam usando apenas calça jeans e tênis velhos, suas poucas roupas e parte de seus corpos estavam sujos de tintas. Juriciel parou de pintar e olhou atentamente para o lado esquerdo.

– Aconteceu algo? – Perguntou Rafael preocupado.

– Tem algo aqui perto. – O caído se levantou e olhou para Rafael. – Vá até as irmãs e peça para elas entrarem e não saiam até eu voltar.

Rafael assentiu e correu em direção ao salão. Juriciel caminhou com calma até a portão e ao passar por ele o fechou. Olhando em volta o caído percebeu um movimento e correu até a sua direção.

– Você não vai escapar de mim! – O caído começou a correr perseguindo a sua presa. – Ele é bem rápido. – Disse o caído e continuava correndo.

Eles correram passando pelo lado morto da cidade passando, pelo posto abandonado onde Gabriel lutou com Metatron. Juriciel continuava no encalço o intruso e logo saíram da cidade.

– A parte sul da floresta? Por que ele está se dirigindo para lá?

A parte sul era uma região quase deserta, poucas árvores eram visíveis pelo local. O inimigo parou e Juriciel parou a alguns metros próximo a ele. O inimigo estava usando uma longa túnica negra cobrindo completamente o seu rosto.

– Identifique-se? – Exigiu o caído. Lentamente o inimigo levou as mãos até sua túnica e a retirou.

– Você? – Juriciel olhava chocado para o inimigo.

– Sim sou eu, queria conversar com você a sós. – Disse o inimigo com a voz calma.

– A sós?

– Isso mesmo.

– Seja o que for saiba que eu não quero falar com você Lúcifer!