Lúcifer estava à frente do caído o olhando com atenção. O arcanjo sombrio estava todo vestido de preto, com um terno, sapatos, camiseta, gravatas e luva da mesma cor.

– Já disse que não quero te ouvir vá embora Lúcifer! – Disse o caído enquanto encarava o arcanjo sombrio.

– Mas nem sabe o que eu tenho a lhe dizer Flecha Divina.

– Eu não tenho mais esse título!

– E por que não? É o seu título.

– Ele se foi junto com as minhas asas e ponto!

– Eu posso traze-lo para você novamente sabe que eu tenho esse poder.

– Eu sei e a resposta ainda é não!

– Por que não? E o seu orgulho de Querubim?

– Ele continua o mesmo, não faço acordo com demônios.

– Suas palavras me ofendem Flecha Divina.

– Juriciel! Apenas Juriciel e não estou nem ai se ela tem ofendem.

– Sabe que eu posso matar com um único movimento não sabe?

– Sim eu sei disso.

– Mesmo assim ainda fala comigo nesse tom?

– Sim! – Disse o caído com confiança e esse ato deixou Lúcifer furioso. – Posso ter perdido minhas asas, mas nunca iriei me aliar a você, prefiro morrer a ser um dos seus subordinados estrela do amanhecer!

– Se deseja tanto morrer então vou conceder o seu desejo.

– Que assim seja, mas não irei morrer sem lutar!

– Lutar? – Perguntou Lúcifer e logo começou a rir. – Hahaha meu caro Juriciel achas mesmo que pode me enfrentar?

– Você perguntou do orgulho de querubim e eu lhe disse que continua o mesmo. Mesmo eu tendo perdido as minhas asas nunca irei me aliar a um demônio, e essa é a mesma resposta que eu dei ao seu capanga.

– Meu capanga?

“O Carrasco Infernal”!

– Ah... – A expressão de Lúcifer mudou, a fúria em seu rosto havia desaparecido mudando para um olhar curioso. – Então foi quem matou “Dereky”? Quem diria um caído matou um dos meus melhores subordinados e eu sempre pensei que o responsável fosse Miguel, a morte dele era um mistério até hoje, a maneira, como foi morto sem deixar rastros apenas ele pode fazer isso.

– Sim, mas não foi ele e sim eu! E ainda duvidas que eu tenha coragem de te enfrentar Lúcifer?

– Não sei que não mas é uma pena ouvir isso.

– Pena? Pena do que?

– Pensa que não sei o que está tramando Juriciel?

– Eu tramando? O que estou tramando?

– Para que servir aos arcanjos? Para eles você é apenas um caído, é só assim que eles veem você e mesmo assim você os serve.

O querubim ficou em silêncio ao ouvir as palavras de Lúcifer, o arcanjo sombrio aproveitou a deixa e continuo falando tentando atingir a mente do caído.

– Acha mesmo que eles te darão as suas asas de volta quando essa missão for concluída? Acha que eles pretendem mesmo fazer você retornar para o céu?

– Não... – Disse o caído com a voz baixa.

– E então por que serve a eles? Por que protege aquelas freiras ou aquele Nefilin a mando dos arcanjos?

– Por que eu...

– Por que no fundo você tem a esperança de voltar para o céu, tem a esperança de mostrar o quanto ainda é fiel a Deus, mas os arcanjos não iram permitir isso você sabe muito bem meu caro Juriciel! – Lúcifer se aproximou alguns passos após perceber a confusão no rosto do caído. – Lembre-se, o que os arcanjos já fizeram até hoje com anjos que perderam suas asas? O quanto eles viveram e ainda vivem nesse mundo sozinhos, isolados, com a vergonha estampada em seus rostos! Você sempre foi fiel a causa celeste, sempre lutou pelo que era certo e agora aonde está? Está aqui embaixo vivendo servido a um grupo de humanos a ponto que você foi rebaixado soldado? O seu lugar não é aqui embaixo servido a freiras. O seu lugar é no campo de batalha é para isso que você nasceu para lutar! – Lúcifer agora estava próximo a Juriciel. – Lutar é para isso que você nasceu meu caro.

– É... para isso que eu nasci... – Repetiu Juriciel devagar.

– Isso mesmo.

– Não nasci para ficar aqui embaixo.

– Não mesmo não nasceu.

– Eu nasci para lutar.

– Sim para lutar.

– Para lutar. – Juriciel fechou firme sua mão direita e fez um ato que surpreendeu a Lúcifer. O caído desferiu um golpe acertando em cheio a face do arcanjo sombrio.

Juriciel colocou tudo nesse soco. Sua raiva, medo, sua ira, seu orgulho de guerreiro, as irmãs, Rafael e sua amada.

Lúcifer pode sentir tudo isso ao receber esse soco. O corpo do arcanjo sombrio voou alguns metros e o mesmo parou ao abrir suas asas. Pousando no chão ele levou a mão até o local que foi acertado. A dor era imensa e a irá de Lúcifer voltou a aparecer em seu rosto e todo a sua volta começou a tremer.

– MALDITO CAÍDO AGORA VOCÊ VAI REALMENTE MORRER! – Disse o arcanjo sombrio com fúria.

– Morrer em combate é uma honra para um querubim. Não dou a mínima se os arcanjos não me derem minhas asas novamente. Não estou lutando por eles, mas sim pelas irmãs!

Quando eu precisei elas estavam do meu lado, me apoiando não me deixando desistir. Realmente os arcanjos não estavam comigo nessas horas e sim as irmãs, e é por elas que eu luto. Como Miguel disse a minha decisão foi de cair, eu escolhi isso e sei que eu posso escolher voltar. Não nego, mas no fundo eu tenho um desejo enorme de voltar para o céu, voltar para as batalhas, mas assim como tenho esse desejo eu também tenho o desejo e ficar e proteger as irmãs portando. – As mãos de Juriciel começaram a brilhar intensamente e o querubim se preparava para o combate. – Mesmo que eu morra aqui e agora, morrerei lutando Estrela do amanhecer. Você não me dá medo. Eu sei que não posso enfrentar você, mas nunca irei fugir e juro que irei dar lhe dar outro soco na cara!

– BASTA MALDITO! – Lúcifer voou como um raio na direção do caído. Juriciel se preparava para o combate, mas algo fez Lúcifer parar e olhar mais raiva na direção do caído.

– Agora entendeu o por que eu confio nele Lúcifer? – Disse Miguel surpreendendo a Juriciel.

O caído estava tão concentrando na luta que não percebeu que Miguel havia chegado.

– É essa determinação é o que me faz confiar nele. Suas palavras venenosas não fizeram efeito contra ele. Mesmo ele não sendo mais um de nós. Eu o conheço desde a sua criação, sei que ele é fiel à sua causa não importa qual seja. Um exemplo disso é a sua queda, mesmo perdendo suas asas ele continuou fiel aos céus.

– E por isso. – Gabriel começou a falar surpreendendo novamente o caído que assim como Miguel não havia percebido a sua chegada. – Com asas ou não ele continua sendo um guerreiro dos céus não só dos céus, mas sim o Guerreiro de Deus!

Juriciel ficou sem palavras. Ele não sabia o que dizer e nem mais como reagir. Uma forte luz vinda do céu encobriu o caído. Ele sentiu um forte calor que o acolhia e lhe dava forças.

Juriciel meu filho... – Disse uma voz surpreendo mais ainda o caído.

– Pa...Pai?

Sim meu filho, eu sempre estive e sempre estarei com você e com os seus irmãos que vivem na terra. Eu nunca me esqueci e nem me esquecerei dos meus filhos que partiram. Sempre estaremos juntos sempre!

– Eu sempre serei fiel ao senhor pai sempre!

Eu sei meu filho e obrigado por cuidar dos meus outros filhos.

– Sempre cuidarei delas nem que morra para isso.

Obrigado meu filho!

– Obrigado pai.

A luz se dissipou e Lúcifer continuava a olhar com fúria para Juriciel.

– Isso não ficará assim é uma promessa!

– Eu lhe darei outro soco na cara também é uma promessa!

Lúcifer lançou uma poderosa bola negra na direção do caído. Gabriel e Miguel o protegeram interceptando a energia lançada e ao perceberem Lúcifer havia sumido.

– Você está bem Juriciel? – Perguntou Gabriel preocupado.

– Sim eu estou e muito obrigado Gabriel.

– Não há de que.

– E obrigado a você também Miguel.

O Arcanjo assentiu e começou a sorrir e Juriciel sorrio em resposta.

– Vamos voltar agora para o convento e bom trabalho.

Agora era Juriciel quem assentiu e os três retornaram para o convento.