Anjos Humanos 02

3 – Lúcifer


– Lúcifer? – Disse a Madre surpresa e o medo era visível no rosto das irmãs e de Rafael.
A Estrela do Amanhecer olhava para todos com um sorriso no rosto como se fosse bem-vindo no local. Lúcifer caminhou mais um passo e Miguel segurou firme sua espada se preparado para o combate.
Outro objeto caiu do céu diretamente na mão de Gabriel. O objeto era dourado e longo parecendo um bastão. Gabriel segurou a parte inferior com a mão esquerda e com a direita segurou a parte superior e lentamente começou a erguer sua mão.
O objeto começou a exibir um pequeno brilho e logo começou a se intensificar. Gabriel terminou de retirar o objeto, era uma espada com o cabo dourado, mas a lamina era de fogo. O fogo queimava intensamente tomando lugar onde deveria estar a lamina.
– O Flagelo de Fogo? Vai usá-lo contra mim também Gabriel? – Disse Lúcifer com a voz calma.
– Se der mais um passo sim, eu irei usa-la, Estrela do Amanhecer!
– Não tem coragem de chamar pelo meu verdadeiro nome irmão?
– Você não é o meu irmão!
– Então eu fui realmente deserdado? – Lúcifer levou a mão ao peito mostrando estar ofendido e magoado com as palavras de Gabriel.
Juriciel levou uma das mãos as costas e retirou um objeto de bronze, era uma espada com o cabo e a lamina de bronze, o cabo da espada tinha o formado das asas de um anjo. O caído se posicionou para a batalha ficando na defensiva, mostrando que seu objetivo era proteger as irmãs e Rafael. - Agora fiquei magoado irmãos. – Disse Lúcifer olhando diretamente para o caído. – Dizem que eu não sou mais o seu irmão pelo fato de eu ter caído. Anjos não se misturam com caídos, mas vocês estão andando com um o que os outros iram dizer quando voltarem?

– Pare de falar bobagem! – Disse Miguel atraindo a atenção do Arcanjo sombrio.
– Bobagem? O que eu falo é a verdade meu irmão!
– Mais uma palavra e eu arranco a sua língua.
– A verdade dói não dói? Mas como eu disse não vim aqui para batalhar, mas sim por que eu estava curioso. A energia de Rafael pode ser sentida até no inferno e soube que ele morava por aqui, já que um dos meus pelotões foram destruídos por vocês assim como eu sei que... não existem mais anjos na terra além de vocês, então meus servos podem trabalhar tranquilamente.
Miguel e Gabriel morderam os lábios. Realmente ele estava certo, os dois eram os únicos anjos na terra a serviço de Deus. Lúcifer agora poderia iniciar um ataque em qualquer ponto da terra, os arcanjos levariam um tempo para chegarem até algum local afetado pelos demônios de Lúcifer.
– Rafael se foi, agora que suas suspeitas foram comprovadas dê meia volta e volte para o seu buraco!
– Meu buraco? Deveria ter mais respeito ao falar sobre a minha casa Miguel.
– Juriciel prepare-se. Se um combate se iniciar leve as irmãs e Rafael para um local seguro por favor. – Disse Gabriel na mente do caído.
– Pode deixar Gabriel, conte comigo!
– Obrigado.

Miguel continuava a encarar o arcanjo sombrio. A vontade do anjo guerreiro era partir para o ataque e acabar com Lúcifer, mas Miguel sabia que não poderia fazer isso não agora. Se iniciasse uma luta com ele a cidade inteira sentiria esse combate.
Muitos locais seriam destruídos, muitas pessoas iriam se ferir e até morrer. Miguel não gostava da presença do arcanjo sombrio no convento próximo das irmãs. Não apenas no convento, ele não gostava da presença do arcanjo sobre a terra.
– Hum? – Lúcifer olhou para a esquerda, ele olhava para o muro como se pudesse olhar através dele. Ele continuou olhando por mais um minuto e um sorriso voltou a aparecer em seu rosto. – Acho que temos companhia irmãos!
Miguel, Gabriel e Juriciel olharam para o lado na direção em que Lúcifer estava olhando e ficaram surpresos. Lúcifer voltou a olhar para os anjos com um sorriso travesso mostrando que aquela situação o estava agradando e muito.
– Gabriel consegue dar um jeito nisso sozinho? – Perguntou Miguel trazendo o seu irmão de volta a realidade.
– Sim irmão, é claro que eu posso dar conta disso sem problemas.
– Ótimo, vá e deixe as coisas aqui comigo e Juriciel.
– Entendido estou indo. – Gabriel abriu suas asas, elas eram brancas e longas como as de Miguel. Batendo suas asas o Arcanjo começou a voar para o leste. Lúcifer o observava e quando Gabriel sumiu de vista, ele voltou a olhar para Miguel que não havia desgrudado os olhos do caído. - Não acha que deveria ajuda-lo irmão? – Miguel não respondeu apenas continuava o encarando. – Gabriel pode ser poderoso mas sei que você também sentiu eles são muitos.

– Gabriel dará um jeito!

– Tem certeza disso?

– Tenho!

– Miguel meu irmão se acalme.

– Só vou me acalmar quando você sumir daqui!

– Já disse que não iremos lutar hoje meu irmão, eu apenas vim para ver o que tinha acontecido com Rafael apenas isso nada mais.

– Ótimo agora que viu de o fora daqui!

– Vejo que não sou bem-vindo aqui. – Suspirando Lúcifer olhou para Miguel com um olhar triste. O arcanjo não se abalou com a tristeza do seu antigo irmão e continuava o encarando, ao mesmo tempo estava pronto para qualquer tipo de truque vindo do caído.

Lúcifer novamente voltou a olhar a Juriciel, o caído tinha o olhar parecido com o de Miguel. Ele o encarava pronto para o combate mostrando não estar com medo do arcanjo sombrio.

O olhar de Lúcifer passou por cada uma das irmãs, algumas o olhavam com medo, outras fecharam os olhos e começaram a orar pedindo a proteção de Deus. Uma cena curiosa chamou a atenção de Lúcifer, algumas irmãs o olhavam atentamente com um olhar parecido com os de Miguel e Juriciel.

Mesmo sabendo quem ele era essas irmãs mostravam que não estavam com medo e o seu olhar mostrava que elas confiavam cegamente em Miguel, uma cena que o fez lembrar dos anjos a maneira como olhavam, ou se comportavam quando Miguel estava presente. Essa cena irritou Lúcifer, ele pensou por um momento em partir por ataque, atacar a todos não se importando com Miguel, mas mudou de ideia e relaxando voltou a sorrir. Seu olhar agora estava em Rafael.

– Meu jovem Nefilin... – Rafael arregalou os olhos e engoliu seco. – Na próxima vez quero ter uma conversinha em particular com você.

– Não irá falar e nem se aproximar dele! – Disse Miguel e Lúcifer voltou a olha-lo e o seu sorriso apenas aumentou.

– Você não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo irmão nem você e nem Gabriel sabe disso.

– Sim eu sei, mas mesmo assim não irá se aproximar dele, Juriciel estará com ele em nossa ausência.

– Você bota muita fé nesse caído irmão. – Lúcifer voltou a olhar para Juriciel que tinha o olhar fixo no arcanjo sombrio. – Será que tem planos para que ele volte a ganhar suas asas?

O caído e as irmãs arregalaram os olhos, Juriciel mordeu os lábios e continuava olhando para Lúcifer. As irmãs olhavam para Miguel esperando suas resposta e Lúcifer tinha o mesmo olhar e aguardava ansioso pela resposta.

– Ele resolveu cair foi uma decisão dele!

– Então realmente não pretende recruta-lo de volta? É uma pena, está vendo meu irmão querubim você só tem valor para Miguel enquanto ele estiver nessa missão, quando ele retornar ao céu as coisas serão como antes ele um príncipe e você um caído nada mais do que i... – Lúcifer parou de falar e todos o olhavam surpreso não para ele, mas sim para Miguel.

O arcanjo estava próximo a ele com a lamina de sua espada a centímetros de seu pescoço. Como ele chegou ali? Todos se perguntavam e até Lúcifer fazia a mesma pergunta. A surpresa em seu olhar revelava isso.

– Realmente não tenho a intensão recruta-lo. – Disse Miguel com calma. – Torno a dizer ele resolveu cair foi uma decisão dele... se ele quiser voltar a ter suas asas deve tomar a mesma decisão que tomou quando resolveu cair. Todo anjo sabe disso Lúcifer as portas sempre estão abertas e todos tem uma segunda chance tanto humanos como anjos.

As palavras de Miguel surpreenderam a todos inclusive ao próprio Lúcifer.

– Miguel falando como um humano? Ficar aqui embaixo está mexendo com você não é meu irmão.

– Realmente eu nunca me imaginei dizendo essas palavras, mas você sabe que o que eu digo é verdade.

– Sim eu sei que é e bom já está tarde hora de ir, mas antes. – Lúcifer voltou a olhar para Juriciel. – E você Juriciel “A Fecha Divina” também iremos conversar uma outra hora!

As irmãs o olharam chocadas, e o caído apertou firme o cabo de sua espada. Lúcifer sorriu e voltou a olhar para Miguel.

– Obrigado por me receber meu irmão e até uma outra vez. – O corpo de Lúcifer começou a queimar criando uma grande chama negra Miguel, com um movimento rápido de sua espada criou um grande vento que apagou as chamas imediatamente.

O local onde estava Lúcifer agora estava vazio e lentamente Miguel guardou a espada na bainha. O arcanjo virou-se lentamente e olhou para todos.

– Juriciel cuide de todos irei dar um apoio a Gabriel. – O caído apenas assentiu e Miguel abriu suas asas e logo começou a voar seguindo a direção que Gabriel havia tomado.

– Acabou irmãs! – Disse o caído guardando sua espada em suas costas a colocando dentro de sua camisa.

As irmãs e Rafael respiravam aliviados, Juriciel olhou atentamente na direção na qual Gabriel e Miguel se dirigiram e tornou a falar.

– Acabou...finalmente acabou!