Duas sombras se moveram em meio à noite, invisíveis ao se deslocar por sobre os telhados e beirais de janelas. Movimentos rápidos e fluídos tornavam quase impossível enxergar os dois homens vestidos de negro, enquanto atravessavam as sombras de Paris.

Finalmente, a mansão dos Anjou erguia-se diante de ambos. Seus muros altos, o portão de ferro, os cães policiais que corriam soltos pelo jardim, as quatro sentinelas... Não era um lugar fácil de invadir. Um dos homens, o menor e mais jovem, disse ao outro:

— Entrarei pela janela de cima e...

— Espere um pouco, garoto – disse o homem mais velho – Os cães sentirão seu cheiro e darão o alarme. – ele pegou dentro do bolso três esferas de gesso – vou cuidar dos cachorros e dos vigias. Enquanto estiverem do outro lado, ocupados, então faça sua escalada. Deixe um pedaço de corda pendurado na janela, para me mostrar qual é.

O mais jovem anuiu e, enquanto o Fantasma dava a volta na mansão por cima do muro, Renard começou a contar. Levaria cerca de três minutos para que Erik tivesse os cães e guardas distraídos, e então poderia entrar.

Erik, por sua vez, logo alcançou o outro lado do jardim; pegou uma pedrinha solta no muro, e jogou-a com toda a força contra uma das fontes do lugar, o que provocou grande ruído. Dois cães ergueram as orelhas, atentos, e rosnaram. Outra pedra, um agitar da capa para causar mais barulho, e os quatro animais se puseram a latir, farejando para tentar encontrar o possível invasor. Não tardou para que os guardas também surgissem, alertados pelos latidos. Perfeito! Estavam bem aonde o Fantasma queria!

Com um gesto rápido, Erik arremessou as esferas de gesso: uma a uma, arrebentaram-se contra o chão, liberando um pó que poria as sentinelas a dormir por alguns minutos. Como provocava amnésia, não se lembrariam de nada do que ocorrera, assumindo que tudo estava bem.

Com um sorriso quase maroto, ele retornou pelo mesmo caminho que fizera; para sua surpresa, o pó fizera efeito também sobre os animais, de modo que o caminho estava completamente livre. Agora, tinham de ser rápidos. Ele logo encontrou a janela marcada por Renard, e desceu do muro. Cruzou o terreno até a casa em passos velozes, e escalou facilmente os frontões neoclássicos de portas e janelas, até alcançar sua meta.

Renard aguardava no corredor, e indicou com a cabeça qual porta era a do quarto de Monsieur Anjou. Era uma sorte que ele ainda aderisse aos velhos hábitos de dormir em quarto separado da esposa, pois nenhum dos homens queria ter de matar a jovem senhora da qual Annika falara. Não... Seu assunto era com Derrik Anjou, e ninguém mais.

Entraram no quarto em absoluto silêncio, duas sombras que fecharam a porta e se postaram de cada lado da cama. Havia sorrisos cruéis em seus rostos. Renard olhou para seu aliado e sussurrou:

— Faça as honras, Monsieur.

Como um raio, Erik desenrolou do pulso um fino cordão negro com argolas de ferro nas extremidades e, num movimento ágil, transformou-o num laço de enforcamento, o qual passou pela cabeça do homem adormecido num golpe. Puxando com força, mas não o suficiente para matar, falou com diversão na voz:

— Hora de acordar, Monsieur.

Derrik Anjou despertou num pulo, mas seu grito de espanto foi abafado pela mão enluvada de Renard, que falou num cicio:

— Boa noite, senhor Anjou. Permita-me nos apresentar: somos seus genros, e as últimas pessoas que verá, na vida. – a vítima lutou e se debateu, mas Renard era forte, e o manteve deitado no leito. Olhando para Erik, perguntou – Almofada?

— Não tão rápido. – havia um toque de deleite na voz do Fantasma, quando pegou a jarra de água ao lado da cama – está com sede, meu sogro? Deixe-me ajuda-lo. – ele se aproximou com a jarra, e Renard obrigou Derrik a abrir a boca, tapando-lhe o nariz, de modo que o fino filete de água que Erik deixou cair fez o homem se afogar e engasgar. Renard o deixou respirar, e quando ele estava quase recuperando o fôlego, prendeu-lhe a garganta com ambas as mãos. Agora, era Erik quem continha os braços do sogro.

— O que vocês querem? – perguntou o burguês, em pânico, já imaginando quem seriam seus algozes – eu lhes darei dinheiro, tudo o que quiserem.

— Para um homem que vai morrer de qualquer jeito, este aqui parece muito preocupado em estender a vida e o sofrimento... – ironizou Renard – Só vamos apressar o curso natural das coisas, Monsieur.

— Mas por que? Eu não os conheço, não lhes fiz nada! Levem tudo o que quiserem, mas poupem-me, por favor! – um acesso violento de tosse o acossou, e sangue espirrou de sua boca, com o esforço. Renard tornou a empurrar o sogro contra o travesseiro, segurando-o pela garganta e imobilizando-lhe as mãos.

— Mexeu com as pessoas erradas, Monsieur Anjou – disse Erik, puxando o cordão do Punjab: não com força o bastante para deixar marcas, mas forte o suficiente para quase bloquear a respiração – podia ter feito qualquer coisa, mas nunca, nunca poderia ter maltratado Annika, e ameaçado Gabi ou as crianças.

— Disse que somos assassinos... – começou o ruivo - Não pensou nisso quando ofendeu e destratou minha irmãzinha, Annie, não é? Não imaginou que dois reles vagabundos, dois proscritos, conseguiriam passar por sua bem treinada guarda e seus cães de raça?

— Devia ter se lembrado de que seus genros são assassinos, antes de ameaçar nossas esposas – completou Erik, vertendo mais água no rosto do sogro, desta vez sobre as narinas. – e sabe o que é mais irônico? As meninas vão ficar bastante satisfeitas, com isso. Livres deste verme que é você. Na verdade, até mesmo sua esposa estará melhor sem você.

— É verdade que gosta de bater em mulheres, senhor? É o que dizem a seu respeito... Que sua dama sofre com espancamentos ocasionais, quando o marido está bêbado demais e ela insiste em que pare com o vício. – Continuou Renard – mais um bom motivo para acabar com sua raça, seu imprestável.

Erik derramou um pouco mais de água no rosto do sogro, e o engasgo fez com que sangue saísse pelas narinas e boca.

— Cate! – gritou a vítima, afogada, tentando pedir por socorro, mas em gritos tão fracos que não despertariam nem mesmo alguém ao seu lado. – Não a... Não a machuquem!

— Que motivos ela teria para socorrê-lo? – perguntou Erik – continuar a ser espancada? Com sua morte, ela leva a herança e fica livre para viver dignamente.

— Ao contrário de vocês, lordes da sociedade, nós, proscritos, temos um código – disse Renard – e machucar mulheres por diversão é contra nossos princípios. Mas você machucou nossas mulheres, e vai pagar como qualquer outro que o houvesse tentado. – Ele ia esbofetear Derrik, mas Erik segurou sua mão e alertou:

— Sem marcas. Deve parecer uma morte natural. E aceleremos logo isto, antes que Annika e Gabrielle saiam à nossa procura. Queria levar este verme para meu calabouço por algumas semanas, antes de mata-lo, mas não temos todo este tempo.

— Muito bem – suspirou Renard, dando de ombros – nada de diversão, então. – os olhos do homem estavam arregalados de pavor ante aqueles dois assassinos frios, que o continham com a facilidade que teriam em conter uma criança. Não podia mover-se, tampouco gritar, ou se defender... Sentia o sangue se acumulando em sua garganta, fruto da tuberculose, mas não podia tossir, nem engoli-lo... Afogava-se lentamente no próprio sangue, enquanto os dois homens discutiam algo que já não conseguia compreender! Tão apavorado estava, que acabou urinando-se, para sua maior vergonha. Ambos os atacantes riram-se dele por isso, chamando-o de covarde e inútil.

Finalmente, Erik pegou um dos travesseiros e, de modo totalmente impessoal, pressionou-o contra o rosto do sogro, com toda a sua força. Havia um sorriso selvagem no roso do Fantasma, e por um segundo Renard quase se assustou com a expressão de prezer feroz do amigo. Por cinco minutos o músico ficou ali, sentindo um mórbido prazer em ver o homem pouco mais velho do que si debater-se e agonizar, até que a morte finalmente o levasse. A sensação de poder e de vingança saciada era algo indescritível! Ergueu os olhos para Renard, que tinha o mesmo sorriso satisfeito.

Profissionais, puseram o travesseiro usado como arma sob a cabeça do cadáver, e verteram a água restante na jarra sobre a cama, pondo o recipiente vazio numa das mãos inertes. Um tuberculoso que se afogara ao beber água. O sangue que escorria pelo canto de sua boca corroboraria a impressão de morte pela tuberculose... E então, estava feito. Hora de saírem dali, antes que os cães e sentinelas despertassem.

Já fora do terreno da mansão, os dois homens trocaram um olhar cúmplice, e Erik falou, num sorriso satisfeito:

— Você é um bom aliado, raposa. Fico feliz por não tê-lo matado.

— Concordo com ambas as afirmativas, Fantasma. Ainda assim, espero que não sejamos obrigados a trabalhar juntos outra vez, tão cedo.

— Não seremos. Eu matarei o próximo que pensar em machucar Annie ou Gabi, antes que o bastardo possa agir. Isso eu garanto.

Renard anuiu, sabendo que aquela era uma promessa feita pelo amigo, e pediu:

— Cuide bem de Annie

— E você, de Gabi. – puxou melhor o capuz sobre o rosto, e preparou-se para voltar ao teatro – Até breve, raposa.

— Até breve – respondeu o jovem, mas falou ao nada, pois que Erik, qual o fantasma que fingia ser, já desaparecera na escuridão.

*

POV Annika

Eu estava desesperada: Erik saíra ao entardecer, e ainda não retornara! E já passava de duas da manhã! Ah, Deus, onde estaria meu esposo? Ou melhor, COMO ele estaria, uma vez que eu sabia muito bem o que ele fora fazer, ainda que nada me tivesse dito.

Pela milésima vez, fui até o quarto das crianças, que dormiam tranquilamente; porém, quando ia fechar a porta, Alain despertou. Pus o indicador sobre os lábios, indicando-lhe que fizesse silêncio, e sentei-me ao seu lado, acariciando seu rostinho encantador. Ele me olhou, curioso, e perguntou:

— Esta tudo bem, mamãe?

— Sim, meu amor. – respondi - Papai ainda está... Trabalhando. Estou esperando que ele volte, mas você deve dormir. Está tudo bem.

Meu pequenino sorriu, um sorriso sereno e luminoso de carinho, que me aqueceu o coração, acalmando-me da tensão que sentia pela preocupação com meu marido. Dei um sorriso, beijei-lhe a fronte e falei:

— Durma, meu amor. Mamãe ama você.

— Também te amo, mamãe. – respondeu-me ele, antes de se aconchegar melhor ao travesseiro e fechar os olhos. Logo depois, estava ressonando, e fui ver como estavam as meninas: dormindo abraçadas, como sempre. Sorri, e deixei o quarto, cuidando de fechar bem a porta, para que eventuais ruídos não os acordassem.

Sentei-me no sofá, com uma partitura em mãos, e comecei a estuda-la. Precisava distrair a mente com algo, ou acabaria ficando louca; ah, eu ia MATAR aquele Fantasma, quando ele chegasse! Sabia bem que ele havia ido matar o Sr. Anjou, e por minha cabeça passavam as mais terríveis hipóteses... E se ele fosse pego? E se os cães o atacassem? Erik não era tolo, mas algo sempre podia dar errado – e eu sabia disso por experiência própria. Foi tentando me acalmar que deixei-me perder na partitura de La Bohéme, começando a cantar “Me chiamano Mimi”. A música agiu como sempre agia, para mim, preenchendo minha alma e afastando todo o medo, pelo menos por algum tempo.

POV Erik

Desci para os túneis que conduziam a meu lar, a Casa do Lago; havia uma sensação de dever cumprido, mas havia também aquele pulsar rápido, aquela energia frenética que sempre me tomava após um assassinato. Uma agressividade e satisfação simultâneas e incompreensíveis... Ah, eu realmente gostaria que Annie estivesse dormindo, agora, pois não queria que ela visse outra vez o frenesi que me tomava, após matar alguém. Especialmente quando este alguém fora seu pai...

Estava quase chegando a minha casa quando parei, estático: uma voz pura e límpida ecoava pelas paredes da caverna, como um sino de cristal. Por um momento confuso, foi como estar de volta ao dia em que trouxera Christine a meu lar e... E isso não fazia o menor sentido! Foi só após alguns segundos que percebi: a voz não pertencia a Christine. Tinha mais corpo e volume, era menos aguda. As volaturas eram belas, porém careciam de melhor apoio respiratório, antes de se tornarem perfeitas. Era uma voz angelical, mas ainda em treinamento... Annika!

Terminei de fazer meu caminho até a casa, e foi impossível não sorrir: de camisola, sentada sobre os pés, tendo uma partitura em mãos, minha amada cantava “quando m’em vo”, também chamada de Valsa de Musetta, de Verdi. Sua voz era doce e despretensiosa, um canto feito pelo puro amor à arte... Cada nota alcançou meu coração, pondo-me em êxtase, fazendo-me sentir como se caminhasse sobre as estrelas! Ah, Annika... Onde estivera escondendo o quanto progredira em suas habilidades vocais?

Foi so´quando ela silenciou que despertei da hipnose a que sua voz me submetera; aproximei-me, vendo-a folhear a partitura, e pousei as mãos em seus ombros, dizendo:

— Belíssima. – ela suspirou, deixando a partitura de lado e inclinando a cabeça para me fitar. Seus olhos estavam aliviados e zangados a um só tempo, mas foi apenas quando ela se levantou e alcançou um castiçal sem velas que fiquei realmente preocupado. De fato, mal tive tempo de me desviar da peça, e logo vieram a imprecações de Annika, num tom irado e perigosamente baixo:

— Você tem três segundos para se explicar, Erik Destler! Sei aonde foi, e o que foi fazer, seu irresponsável! Parou para pensar que podia morrer? Que podia ser preso? – ela me alcançou e teria socado meu peito, se não segurasse seus pulsos com firmeza, usando meu olhar para prender o dela, hipnotizando-a por breves instantes. Contudo, este truque não funcionava com minha mulher, que meneou a cabeça e me empurrou (e como é forte, essa moça!).

— Nem pense em me hipnotizar, se quiser continuar vivo!

— Acalme-se, está bem? Estou bem. Estou aqui. – tentei acalmá-la, mas outro castiçal voou, passando a milímetros de minha orelha. Que bom que eu ainda era ágil!

— Você tem ideia de quanto medo eu tive? Queria sair daqui e ir atrás de você, mas não podia, por causa das crianças! Tem ideia de como foi esperar até as três da manhã, sabendo que você estava se arriscando, que podia ser morto?! Então chega, e acha que elogiar minha voz vai salvá-lo? Pois se os cães e sentinelas não o mataram, então eu mesma o farei, seu irresponsável, inconsequente, idiota! – Eu nunca a vira tão furiosa! Em outra situação, teria rido, mas cometer um assassinato, como disse, deixava-me agressivo... Mais do que eu gostaria. Avancei até minha mulher e a imobilizei com os pulsos atrás das costas, segurando com força para que não se soltasse. Mesmo compreendendo a zanga dela, estava muito irritado.

— Pare de agir como criança, Annika. Acabei de cometer mais um assassinato, e não estou no meu melhor humor. – ela me fitou com aqueles olhos cor de mar, tão intensos e fortes, que jamais demonstravam medo, e me enfrentou com o olhar. Aquilo acendeu chamas fortes em mim, que nada tinham a ver com raiva... Sem controle, beijei-a possessivamente, invadindo sua boca com minha língua, um beijo profundo, voraz, que expressava um desejo puro e feroz. E ela, ao contrário do que esperava, retribuiu com a mesma intensidade.

Segurei-a pelas coxas e a ergui no ar; seus braços se cruzaram atrás de minha nuca, enquanto continuávamos a nos beijar, de um modo selvagem e quase violento, como nunca havíamos feito. Estávamos ambos com raiva, e ambos cheios de desejo... Como eu pudera encontrar alguém tão igual e, ao mesmo tempo, tão diferente de mim? Ah, Annika, você me enlouquece!

Carreguei-a para o quarto e nos joguei na cama, puxando a camisola dela para fora de seu corpo... Creio que rasguei a peça, sem querer, mas não estava me importando com isso. Foi só quando separamos nossos lábios, e fitei seus olhos, que me obriguei a recuperar o bom senso, e me levantei, percebendo que ela estourara os botões de minha camisa na tentativa de arrancá-la.

— Preciso de um banho frio... – murmurei. Ela se apoiou nos braços, confusa, e perguntou:

— O que houve?

— Não vou conseguir ser delicado, hoje, Annika... Você merece mais consideração de minha parte. – senti sua mão em meu ombro, e ela devolveu:

— E quem disse que eu preciso que você seja delicado? Também estou com raiva... Estou fervendo de raiva e desejo e, se você ousar sair desta cama por uma tolice como essa, vou arremessar um castiçal, mas para acertar de verdade.

Não consegui impedir um sorriso, que deve ter sido um tanto macabro. Agarrei-a pela cintura e colei nossos corpos, perguntando:

— É isso que você quer? Quer o assassino? O homem com sangue nas mãos?

— Eu quero você, exatamente como é. Quando o amei, amei cada parte sua, e agora eu não quero o cavalheiro: quero o assassino, pois só ele vai fazer passar a raiva que estou, por você ter desaparecido tanto tempo.

Nunca vira Annika falando assim, mas nunca havíamos estado ambos tão cheios de raiva e desejo simultâneos; os olhos dela me mostravam que era verdade, e isso foi mais do que eu podia suportar. Despi-me e agarrei-a com força, puxando-a para meu colo, mas não a deitei na cama... Empurrei-a contra a parede, sentindo as unhas dela em minhas costas enquanto unia nossos corpos de uma só vez, com força. Ela arqueou e gemeu mordendo a curva de meu pescoço, fazendo sumir o pouco controle que me restava. E uma vez que seus gemidos eram de puro prazer, enquanto ela se segurava com força, puxando-me mais para si, trocando comigo beijos famintos... O inferno era o limite para as chamas tórridas que queimavam em nós dois.

Horas mais tarde, deitados na cama, já estávamos calmos e exaustos. Abracei com carinho minha mulher, vendo os arranhões que a pedra deixara em suas costas nuas... Senti-me culpado, mas ela me beijou e sorriu, marota:

— Eu dei o troco. Suas costas não estão melhores que as minhas.

Sorri, e a beijei, completamente livre da raiva que sentira antes. Ainda não conseguia compreender como, de algum modo, pudera encontrar alguém tão diferente e tão parecido comigo. Ela me compreendia, compreendia minhas loucuras e, embora fosse sensata e controlada a maior parte do tempo, em outra vezes compartilhava de minhas insanidades. Minha amada, minha esposa, minha amante, minha musa... Minha alma-gêmea. E eu a amava com todo o meu ser.