Capítulo 16.

Eu acordei com algo macio me abraçando. Eu estava aquecida e me sentia segura. Me aninhei mais ali, sentindo um cheiro muito familiar. Levantei de súbito e vi Jace, dormindo. Apoiei o rosto da mão.

– Meu Deus! O que Jace está fazendo no meu quarto? - Olhei ao redor. - Pera aí, esse não é o meu quarto! - Saí da cama e vi o que estava vestindo, uma camisa grande e vermelha, provavelmente dele.

Vi minhas roupas dobradas em cima da cômoda e me lembrei de tudo da noite passada. Eu estava com medo e ele me deixou dormir aqui. Agora ele tinha motivos o suficiente para me zoar para o resto da vida.

Fui até o banheiro e coloquei minhas roupas. Meu cabelo não estava tão ruim, então só passei os dedos por eles e ficaram até legais. Quando saí do banheiro, Jace já estava se arrumando.

– Bom dia, Pequena! - Ele sorriu, vestindo o Blaser.

– Hmm, Bom dia, Jace! - Retribuí o sorriso. Peguei as chaves do meu quarto e me preparei para sair. - Muito obrigado por ter me deixado dormir aqui. Até que você não é tão ruim quanto eu pensava. - Dei um meio sorriso. Ele estreitou o olhar, claramente ofendido. Assim que saí, ele colocou metade do corpo para fora da porta e gritou, de modo que todo o dormitório pode ouvir.

– Volte para dormir quando quiser, Clary! - E riu, maliciosamente. Eu corei e saí correndo do dormitório, indo para o meu. Assim que entrei no quarto, Isabelle estava se vestindo. Pulei e dei um abraço nela.

– Is! Já está de alta. - Dei um sorriso para Simon também, que estava sentado na minha cama, já arrumado.

– Desculpe por não ter te acordado quando fui me arrumar, Clary! - Ele disse. - Mas é que aquela cena estava bonita demais para ser estragada.

Senti meu rosto esquentar e Isabelle virou-se para mim.

– Por que Diabos você acordaria a Clary? - Ela estava desconfiada.

– É porque eu não queria que ela se atrasasse. - Ele deu um meio sorriso.

– Mas ela acordou muito cedo hoje, acho que foi até correr - Já que não estava aqui agora pouco.

– Oh, Não! Ela estava dormindo abraçada com o Jace. - Simon afirmou e eu tive vontade de matá-lo. O rosto de Izzy foi de desconfiado à divertido.

– Dormiu com o Jace? Até que enfim vocês assumiram que se amam! - Ela bateu palmas.

– O que? Não seja idiota, Is! - Fiquei estarrecida. - Eu não amo o Jace, eu só estava com medo e ele me falou que eu podia dormir lá, só isso! O Jace continua me irritando.

Ela revirou os olhos e Simon riu.

– Finja que me conta a verdade que eu finjo que acredito. - Ela debochou e eu a fulminei com o olhar. Entrei no banho e me arrumei rapidamente. Chegamos na cantina para comer algo, coisa que não era muito do nosso hábito, e fomos para a sala. Vi a figura loira e esguia se sentar ao meu lado e bufei. Tinha como o dia piorar?

– Oi, Fray! - Ele cumprimentou.

– Oi, Lightwood. - Assenti com a cabeça.

– Você esqueceu o telefone no meu quarto. - Ele falou, um pouco mais baixo e me entregou o telefone. Fiquei surpresa por ele não ter gritado. Ele estaria só aumentando a "Lista" que a escola fez. Não havia garota nenhuma na escola, fora Izzy e eu, que não teve um lance com Jace Lightwood.

– Ham... Obrigado! - Dei um meio sorriso e guardei o telefone. A hora se arrastou e a aula foi uma chatice. Como se não bastasse ter Jace do meu lado fazendo piadinhas idiotas o tempo todo, Sebastian resolveu me mandar bilhetinhos durante toda a aula. Tais bilhetes que Jace vivia interceptando e lendo em um sussurro para que só e pudesse ouvir.

" Sinto sua falta, Fray!"

" Por favor, me perdoe!"

"Jace, Você é um idiota. Pare de ler os bilhetes que eu mando para a Clary!"

" Fique longe do Lightwood, ele não presta!"

Foram tantos que eu perdi a conta, mas Jace ria e ria daqueles bilhetes. Na hora do almoço, Jace ficou andando ao meu lado. Pegou o lanche para mim, puxou a cadeira para que eu pudesse me sentar.

– O que está fazendo, Jace? Não somos amigos! - Exclamei.

– Não? Pois eu gostaria de ser! - Ele sorriu todo dentes brancos.

– Você é um idiota, Jace! - Revirei os olhos.

– Não, é sério! Eu quero pelo menos tentar ser seu... amigo. Só me dê uma chance!

– Hum, deixe-me ver! Estou com a resposta na ponta da língua... Não!

– Ah, vamos! Eu não vou parar de insistir até você aceitar! - Ele era mesmo um idiota. - Vamos, por favor. Por favor, Por favor, por favor, por favor. - Ele se ajoelhou e fez cara de cachorro que caiu da mudança. Eu fiquei envergonhada com os olhares de todo o refeitório.

– Levanta daí, Jace! - Briguei com ele.

– Só se você prometer sair comigo e me der uma chance!

– Se eu disser que sim você me deixa em paz! - Um fulgor travesso passou por seus olhos.

– Sim, eu te deixo em paz!

– Então Ok. Mas eu só vou te dar UMA Chance, hein! - balancei a cabeça em negativa. O que foi que eu fiz? Ele se levantou. - Não sei como eu te aguento!

– Hey! Me aguentar é um privilégio! - Me repreendeu. Eu só ri e ele me deu um beijo na bochecha, saindo correndo para derrubar Mike no chão.

De novo, a pergunta: O QUE FOI QUE EU FIZ?