Eu estava pintando as unhas. Jace marcou de vir me buscar às 7:30 hrs. Eu tinha muita sorte de ter permissão de saída livre. Minha tia era muito legal, então não ficava me controlando. Izzy escolheu meu look e eu resolvi não contrariar. Uma Isabelle contrariada faz da vida de muita gente um inferno. Já eram 7:05 hrs, tomei um banho e me vesti. Ela tinha escolhido uma blusa azul, calças jeans e uma sapatilha preta. Passei um pouco de maquiagem e me sentei na cama, esperando Jace Chegar.

Ele não se atrasou muito. Quando abri a porta e o vi, ele estava com seu melhor sorriso cafajeste.

– Você está linda, Fray!

– Sorri pra mim desse jeito novamente que eu lavo esse sorriso a tapas. - Dei um sorriso duro. Não sei por que eu estou fazendo isso. No final de tudo, Jace vai ser sempre Jace.

– Calma, Pequena! O que aconteceu com você? Não dormiu bem, é? Eu já falei que pode ir dormir no meu...

– Cale-se Jace, antes que eu resolva voltar para minha cama e sua chance vai morrer, junto com esse seu sorriso presunçoso! - Ok, eu estava sendo ríspida demais. Tentei dar um sorriso sincero para me desculpar. Ele só ofereceu o braço, como no primeiro dia, e me guiou até o estacionamento. Ele estava sendo um perfeito cavalheiro, até abriu a porta para mim. Estávamos atrás de outro carro, parados um pouco antes dos grandes portões da Holiter. Vi Sebastian com alguns amigos parados em frente à secretaria. Ali era o "QG" da sua turma.

– Olha lá, Verlac! Aquela não é a sua Garota com o Lightwood? - Um garoto berrou. Chris, eu acho. Sebs se virou de imediato e fitou o carro, com um olhar cético. Jace riu e acenou.

– Boa noite, Verlac! - Ele disse de um modo zombeteiro. Dei um tapa em seu braço, o advertindo. Ele só deu de ombros e acelerou para a saída.

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Jace até que era legal. Ele me trouxe a uma lanchonete que mais parecia uma prisão, mas que fazia a melhor comida que eu já comi na minha vida - O Taki's. Ficamos conversando sobre nossas infâncias e ele me contou algumas histórias de como ele e Izzy culpavam Alec quando faziam algo de ruim. A mãe deles, Maryse, era uma mãe controladora e obcecada por limpesa. Já o Pai, Robert, era mais brincalhão e não exigia tanta disciplina. A noite foi bem divertida. Nós não tínhamos muito em comum, o que tornou tudo mais interessante. Também falamos sobre o pessoal da escola e Jace contou cada apelido que deu para cada ser. Ele era engraçado e as vezes até gentil. Percebí que tinha uma imagem dele em minha cabeça que era totalmente errática. " Eu julguei o livro pela capa." Acabamos de jantar e Jace pediu a conta.

– Divide, por favor. - Eu disse à Keelie, a garçonete.

– Não, eu pago. - Jace disse, decidido.

– Divide. - Falei, duramente. Mas ele só tirou o dinheiro do bolso e pagou à tal Keelie. Já saiu de lá me puxando.

– Nossa, você é tão feminista! - Ele revirou os olhos.

– E você, misógino! - Zombei.

– Vamos dar uma volta no Central Park. - Ele ainda puxava minha mão. Eu tive que correr um pouco para acompanhá-lo, até que chegamos. Andamos um pouco e continuamos conversando. Eu contei a ele sobre minha mãe e ele me olhou com pesar, antes de meu sorriso torto favorito brotar em seus lábios. Uma brisa fria me atingiu e eu estremeci.

– Está com frio? - Ele pareceu preocupado.

– Eu deixei meu casaco no carro. - Admiti. Ele tirou a jaqueta e colocou sobre meus ombros. Só me encolhi ali e senti o cheiro famliar que aquela jaqueta irradiava. Ele me contou de sua fobia de patos e eu chorei de rir. Por fim, quando voltamos ao carro e ele dirigiu no sentido da escola, eu senti algo no peito. Eu não queria que aquela noite tivesse fim. Chegamos à Holiter e ele me levou até a porta do meu quarto. Eu tirei a Jaqueta e a entreguei para ele, fitando seus olhos.

– Bom, Jace. Eu adorei a noite, acho que podemos ser amigos. - A palavra Amigos queimou a minha garganta. Eu estava mesmo ficando maluca.

– Hmm, Amigos? - Ele pareceu confuso.

– Ora, não foi para isso que você pediu essa chance? - Agora eu estava confusa. - Você não quer mais ser meu amigo? - Agora eu estava desapontada.

– Não, eu não quero ser seu Amigo! - Ele cuspiu a ultima palavra. Senti meu rosto esquentar. Jace sempre vai ser Jace!

– Então, me diz o por... - Eu não consegui terminar, ele já tinha me puxado para um beijo. Dessa vez fiquei sem reação, até que ele me soltou, com um sorriso no rosto.

– Boa noite, Fray! - Ele falou, agora indo em direção à porta.

– Boa noite. - Falei baixinho, ainda nada ciente do que tinha acabado de acontecer. Apenas entrei no quarto e desabei na cama, com a cara no travesseiro. Izzy já estava dormindo, então fui poupada de um interrogatório de uma situação totalmente confusa. Para mim.