Amor Platônico?

Biblioteca e Início De Uma Difícil Tarde


╼ Oi – falei para quebrar o gelo, enquanto eu e Luiz nos aproximávamos da mesa em que meus colegas estavam.

╼ Oi – falaram eles, ainda olhando fixo para mim.

╼ Vocês fizeram as questões? – eu disse. Parecia que se eu não falasse algo ia ficar todo mundo ali, parado olhando pra minha cara.

╼ Eu fiz – disse Maria, minha amiga

╼ Eu também, mas ainda não terminei – disse Malu.

╼ Eu não consegui fazer – disse meu amigo Paulo

╼ Terminei tudo em casa – disse Luan.

Era tão estranho, eles estavam esquisitos demais. Poxa, eram meus melhores amigos e já me olhavam assim, imagina o resto do pessoal? Tudo bem que não eram tão próximos de mim quanto Luiz, mas o jeito deles até me assustou.

Até Maria que era a mais descontraída estava toda dura, e me encarava.

Sentei-me à mesa em que eles estavam e comecei a ajudá-los nos exercícios que eles não haviam conseguido.

Mas eu não estava mais aguentando a cara de velório deles, então resolvi tocar no assunto, por mais difícil e vergonhoso que ele fosse pra mim.

╼ Vocês viram as fotos né?

Neste momento, o silêncio tomou ainda mais força. Eles estavam falando exclusivamente da matéria antes, mas agora nem uma palavra saía de suas bocas. Até que Maria falou:

╼ Eu vi sim.

╼ Eu também – disse Malu

╼ Ér... eu também vi – falou Luan

╼ Eu vi também – disse Paulo

╼ E por isso estão com essas caras né?

╼ Ah... É que... a gente não sabia como isso tá sendo pra você... A gente não sabia se você queria tocar no assunto... – falou Paulo todo cuidadoso com as palavras

╼ Eu e a Malu iríamos falar com você – disse Maria – Estávamos só esperando ficarmos a sós, sem os meninos sabe?

╼ Entendo – falei – e obrigada por terem se preocupado comigo e não terem sido indiscretos. Mas como todo mundo já viu mesmo, não tem como eu fingir que nada aconteceu né.

╼ Quem fez as fotos? – perguntou Malu

╼ Eu não sei – falei – é exatamente isso que eu quero descobrir. A pessoa que fez isso tem que pagar caro. Ser presa, sei lá. Isso é invasão de privacidade, é crime.

╼ Claro amor, você tá certa – falou Maria – Mas além dessas fotos, tem o fato de você ter conseguido realizar seu sonho né! Era “Pe Lanza” pra cá, “Pe Lanza” pra lá... Finalmente você conseguiu ficar com ele!

╼ É, isso é verdade! – falei, contente em lembrar da melhor parte de todo esse rolo – Meu Deus, até agora não acredito em tudo que está acontecendo. Ok, as fotos me deixaram magoadas, com vergonha... Mas isso não diminui minha alegria! Estou namorando com meu ídolo, o cara que eu sempre sonhei!

╼ É mesmo! – falou Malu – Eu li que ele te pediu em namoro, na frente de todo mundo, com direito a aliança e tudo! Awwwn, parabéns Luli!

╼ Awwwwwwwn, obrigada. Meu Deus, eu nunca perdi as esperanças de ser amada pelo Pedro, mas eu nunca imaginei que isso pudesse realmente virar realidade. Parece um sonho pra mim!

╼ Pois é amiga – falou Maria – e eu que achei que você nunca fosse desencalhar...

Nós rimos. Realmente, minhas amigas sempre brincavam que eu ia virar freira, porque, como eu já disse, o meu primeiro beijo foi com o Pedro, aos 17 anos. Eu nunca havia ficado com nenhum outro garoto, só pensava em estudar, na Restart e nesse “amor platônico” que eu sentia pelo Pedro.

╼ E eu que sempre achei que você fosse maluca por esperar esse cara... – falou Luan, que nunca gostou da Restart e sempre falava mal desse “tal de Pe Lanza” – pelo menos deu certo, você não esperou a toa.

╼ Verdade – falei – Viu como não era loucura minha esperar por ele? Deu certo.

Continuamos a falar sobre o meu namoro com o Pedro, agora com o clima leve. Havíamos até esquecido das fotos, só falávamos da parte boa disso tudo, que era o meu sonho , de namorar com o Pedro, que se realizou.

Mas o clima leve durou só pela manhã.

Depois de o papo devidamente colocado em dia, o trabalho de Matemática terminado, fomos cada um para sua casa.

Eu tomei banho, coloquei a blusa de uniforme, minha calça jeans e meu tênis, almocei e voltei para escola, agora para ir para aula.

No que eu chego na escola, todos os olhares se voltam para mim.

Desde os alunos mais novos até os mais velhos, faxineiras, coordenadora, inclusive os professores.

Havia chego a hora que eu mais temia.

Todos me encarando como se eu fosse uma pecadora, uma criminosa.

Uns até apontavam para mim, riam “disfarçadamente”.

Eu sabia que aquela tarde não seria nada fácil.