Aeroporto, Beijos, Avião, Conversas.

Durante a semana, o Pedro havia postado várias fotos minhas e de nós dois no instagram. Postou inclusive aquela que eu estou com a camiseta dele e com meu óculos, que ele me chamou de Pe Lanzinha, e botou exatamente essa legenda pra foto: “Minha Pe Lanzinha ♥ ”

Obviamente, as fotos causaram a “Terceira Guerra Mundial” no twitter. Pessoas dizendo que o Pedro tinha perdido o respeito e a compaixão com as fãs, e estava as magoando sem nem se importar. Outras ainda diziam que tudo estava indo rápido demais. Já algumas (poucas) diziam que a vida era dele, que as fãs não tinham que achar nada e que se eu o fazia feliz era isso que importava.

Sinceramente, se eu não fosse a namorada dele e tivesse no lugar delas, eu iria ser uma dessas que não aprovaram e acharam rápido demais. Mas fazer o quê? Eu não podia deixar o meu sonho ir embora, não podia deixar a chance de namorar o Pedro escapar. E sei que todas essas que falam mal de mim também não deixariam.

Eu não quis provocar, mas mesmo assim postei algumas fotos minhas com o Pedro e algumas só dele, que eu havia batido. Poxa, eu tinha várias fotos com meu namorado/ídolo e não poderia mostrar pra ninguém? Não me segurei.

Claro que muitas me xingaram, tanto nos comentários das fotos que eu postei quando das que o Pedro postou.

Eu ficava muito chateada.

Não por ter pessoas que falam mal e não gostam de mim, porque eu não me importava com o que os outros pensavam e falavam, eu estava feliz com o Pedro, e isso que importava.

Mas sim porque eram elas que me odiavam: as fãs, as integrantes da Família Restart.

A família que eu fazia parte, que eu amava.

Queria que elas me amassem também, ou que pelo menos me aceitassem.

Até que na sexta feira de manhã bem cedinho (pois eu mal consegui dormir de tanta ansiedade) entro no twitter, dou uma olhada nas minhas mentions e vejo um FC chamado @ApoioPeLuli pedindo que eu a mandasse um beijo.

Fiquei tão feliz que chorei. Falei com essa menina dona desse FC, agradeci muito e a segui.

Achei muito fofinho o nome que deram pro nosso namoro: PeLuli.

O Pedro postou tanta coisa no twitter com o meu apelido que acabou pegando.

Vi que esse FC tinha até bastante seguidores, pessoas que gostavam de mim, mas a maioria das pessoas a xingavam.

Fiquei mandando beijo para um pessoal que pedia, assim como eu fiz durante toda essa semana.

E vi também mensagens de pessoas me chamando de tudo quanto é nome.

Mesmo assim continuei alegre, pois pelo menos algumas pessoas me aprovavam, e esse número parecia aumentar. Tinha também as que não gostavam, mas respeitavam. Quem sabe com o tempo eu não conquisto as outras fãs, as que me odeiam?

Até que comecei a ficar muito ansiosa e decidi que iria começar a me arrumar pra ver se a ansiedade passava.

Eu já havia deixado minha mala toda pronta, então era só tomar um banho, me arrumar e ir para o aeroporto esperar o Pepo.

Eu já havia separado a roupa que eu iria: um vestidinho rosa, bem simples, mas muito bonito, que ia até um pouco acima dos joelhos. Ele tinha uma manga curta levemente bufante, na frente fechadinho, mas atrás com um pouco das costas aparecendo, mas bem pouco, porque era um look romântico. E, para fechar o look, um cinto preto com um lacinho da mesma cor na frente, bem discreto, e uma sapatinha com um saltinho mínimo (até porque eu já era um pouco maior que o Pedro, não queria ficar ainda mais) também preta, com uns brilhinhos.

Meu estilo era bem rock, mas dessa vez quis variar, surpreender meu Pepo, até porque de tanto ler revistas com entrevistas dele, eu já sabia que ele gostava de meninas com um look mais de “princesinha”, um visual mais fofo.

Tomei meu banho, me vesti, coloquei minhas lentes de contato e às seis da manhã já estava saindo. O voo do Pedro estava marcado pra chegar às sete.

Me despedi de meus pais e desci.

Peguei um ônibus até o terminal e outro até o aeroporto.

As malas estavam bem pesadas, estava ruim de levar.

O Pedro ainda não havia chegado, então aproveitei pra fazer o check-in, todas essas coisas, para já estar pronta para viajar.

Nesse tempo, eu fiquei pensando como o Pedro era fofo, iria vir até Santa Catarina só pra me buscar e pra logo voltar pra São Paulo. Só porque não queria me deixar ir pra São Paulo sozinha.

Eu estava muito ansiosa só de pensar que eu reveria o Pedro, o beijaria, o tocaria... E ainda reveria os outros meninos da Restart! Estava com o coração saindo pela boca.

Pelo que eu consegui notar, não havia nenhuma fã do Pedro lá no aeroporto. Pelo menos não parecia ter.

Para não dar o mesmo tumulto da outra vez, desta vez o Pedro não comentou nada no Twitter, muito menos eu.

Depois de terminar o check-in e tudo que eu tinha que fazer, fui até a lanchonete, comprei um chocolate e uma água.

Com os dois em mãos, sentei perto do desembarque, para logo que o Pedro chegasse eu pudesse ver.

Eu mal conseguia comer de tanta ansiedade.

Eu ainda não tinha me acostumado com o fato de o meu ídolo é também meu namorado.

Toda a noite eu pensava nisso, nem acreditava que finalmente eu realizei meu sonho de namorar com o Pedro, sonho que muitas pessoas, inclusive eu mesma, julgava impossível.

Me sentia a pessoa mais sortuda do mundo, e eu era.

Quando eu pensava nisso antes de dormir, rolava na cama de tanta felicidade, e quando eu pensava nisso na escola ou em casa, sorria do nada, que nem uma boba, e uma descarga de felicidade e agitação descia sobre mim.

“Não, eu tenho que comer, pra aguentar bem a viagem, ter energia” eu falava párea mim mesma, já que eu ainda estava em jejum.

Até que consegui comer.

Depois de comer, fiquei mexendo em meu tablet, distraída, até que uma menina me cutuca.

╼ Ei, você é a namorada do Pedro Lanza, né? – ela falou, muito simpática. Devia ter uns 14 anos.

╼ Sou sim – falei tímida, e confesso, toda boba. Muito bom ser reconhecida como “namorada do Pedro Lanza”, namorada do meu ídolo.

╼ Ah, eu adoro ele – ela falou – Sou muito fã de Restart e ele é meu choose. Confesso que fiquei com ciúmes de você, mas você parece ser bem legal.

╼ Ah, muito obrigada amor! – falei muito feliz com o que ela havia falado, feliz por ela aumentar o número de fãs que me aprovam – Você não sabe o quanto eu fico feliz quando eu sei que uma fã do Pedrinho gosta de mim.

╼ Mas é que você é muito querida – ela continuou, muito meiga – Você é super atenciosa e fina conosco no twitter... você até já falou comigo, sabia? Nessa quarta.

╼ Que demais! – eu disse – Mas e aí, qual é seu nome?

╼ Meu nome é Débora.

Eu e Débora ficamos conversando. Aproveitei que estava com meu tablet em mãos e a segui no twitter.

Quase que eu posto que estava com ela no aeroporto, mas lembrei que muitas fãs podiam deduzir que o Pedro iria pra lá, ou iriam lá só pra me ver mesmo, então não postei para evitar confusão.

╼ Entrega isso para o Pedro, por favor? – disse Débora tirando um ursinho de pelúcia da bagagem de mão – Desculpa eu te incomodar, mas é o único jeito de ele receber esse meu presente.

╼ Não precisa pedir desculpa linda, claro que eu entrego – falei.

Achei estranho ela entregar pra mim e não esperar pra entregar pra ele, mas me lembrei de que ela não sabia que ele iria até o aeroporto. Até então ela achava que eu que iria viajar e pronto.

Continuamos conversando, mas eu não tirava o olho do desembarque, queria ver o Pedro logo que ele chegasse.

Até que, enquanto conversávamos, vi o Pedro aparecendo, saindo do desembarque.

Logo que ele apareceu eu o vi, mas ele ainda olhava para baixo, não havia me visto.

Quando o avistei, falei alto: “Ele chegou!”, me levantei e fui em direção a ele.

Débora me seguiu falando (ou melhor, gritando): “MEU DEUS, O PEDRO, MEU DEUS, ELE AQUI!”

Não demorou muito e o Pedro me viu, e abriu um sorriso do tamanho do mundo, o mais lindo do universo.

Mas uma vez eu estava praticamente babando só de olhá-lo.

Logo que ele saiu do desembarque, eu o abracei muito forte, e ele retribuiu. Me deu um beijo, muito apaixonado e quente.

Sua boca parecia ter sede da minha, tinha pressa, mas ao mesmo tempo era doce. Sua língua explorava cada canto da minha boca. Por alguns segundos até esqueci que estávamos em público, pois parecia que éramos só nós dois.

Depois do beijo, ele falou: “Meu Deus, que saudade que eu tava de você!” e eu respondi: “E eu então? Pensei que não aguentaria nem mais um dia sem você.”

Só depois disso que notamos que estávamos no meio do aeroporto, e todo mundo nos olhava. Estávamos até atrapalhando a passagem do pessoal que queria desembarcar.

Ao perceber isso, saímos dali e fomos mais para o canto do aeroporto. Só aí percebi que Débora ainda nos seguia, olhando para cima (para nós), quase babando, parecia estar hipnotizada.

Pedro também percebeu Débora, e logo que a viu falou com ela:

╼ Oi, tudo bem?

Ela congelou. Não falava nada. Nem se mexia. Vendo que ela estava em estado de choque, eu falei pra ele:

╼ Pedro, essa é a Débora. Ela é muito sua fã. Acabei de fazer amizade com ela aqui.

╼ Oi Débora, tudo certo? – ele falou super fofo, chegando um pouco mais perto dela e fazendo a garota quase enfartar (eu podia perceber isso pela respiração dela, que estava cada vez mais acelerada).

╼ Fala Débora – falei rindo com a reação dela – Ó, entrega você para ele – Ao dizer isso, entreguei de volta o ursinho de pelúcia a ela.

╼ Ó Pe... – falou ela, finalmente reagindo, aos poucos, mexendo só a boca, devagar, e entregando o ursinho para o Pepo – É pra você.

╼ Ela tinha pedido pra eu entregar, porque não sabia que você vinha. - eu expliquei para o Pedro.

╼ Ah sim – falou Pedro olhando para mim, e depois olhou pra Débora – Muito obrigado viu lindinha?

╼ P-Por nada – ela falou.

╼ Vem, me dá um abraço – ele falou, vendo que ela não ia ter reação se ele não fizesse algo

Ela o abraçou, e começou a chorar. Foi muito lindo, eu sabia exatamente o que ela estava sentindo naquele momento.

Ele deu autógrafo a ela.

Depois, eu tirei uma foto dos dois, e depois ela chamou a mãe dela, que estava sentada um pouco atrás junto com o marido, para ela tirar uma foto de nós três (eu, ela e o Pedro) juntos.

Isso foi o ápice da minha felicidade.

Ver que existiam fãs que gostavam de mim e me aceitavam a ponto de querer tirar a foto com o Pedro e comigo junto.

Depois, conversamos mais um pouco com ela, até que chegaram mais umas três meninas.

Depois, mais duas.

E assim foi aumentando o número de fãs, mas não passaram de dez. Desta vez não havia tumulto, estavam todas mais comportadas.

O Pedro tirou fotos, deu autógrafos e falou com todas.

Como tinham poucas fãs, nenhuma delas ousou em me xingar, mas algumas perguntaram se eu era a namorada dele. Perguntaram um pouco sobre nosso namoro, umas me ignoravam, outras queria foto comigo também.

Mas, depois de um tempo, a hora do nosso voo de volta para São Paulo estava chegando.

Nos despedimos delas e o Pedro foi fazer o check-in do voo de volta pra São Paulo.

╼ Mas Pedro – perguntei a ele – Porque você disse pra eu marcar o voo já pra agora? Tipo, você acabou de chegar e o show é só amanhã, porque a pressa de chegar em Sampa? Algo em especial?

╼ Tem algo em especial sim linda – ele falou e deu um sorrisinho – Hoje fiz meus pais faltarem o trabalho e ficarem em casa. Eu quero te apresentar a eles.

Fiquei muito nervosa, estonteante, feliz e honrada. Finalmente eu conheceria os meus sogrinhos, aqueles que eu conheço e amo e já chamo de sogros desde meus doze anos. Ainda era inacreditável para mim que agora eles eram meus sogros de verdade.

Mas depois, a preocupação começou a tomar conta de mim.

“Será que eu estou com a roupa adequada?” “Meu Deus, o que que eu vou fazer quando chegar lá?” “Eu sou muito fã, inclusive deles, será que eles não vão gostar disso? Vão me achar pegajosa?” Pensei em tudo isso. Depois, pensei alto, falando para o Pedro:

╼ Será que eles vão gostar de mim?

╼ Claro amor, que isso, nem se preocupa – ele falou me confortando – Eles já te adoram, de tanto que eu falo de você. Já te adoram porque sabem que você me faz feliz, que você é minha alegria. E vamos combinar, você é linda, educada, simpática e inteligente. Não tem como não gostar de você.

╼ Awwwn seu lindo – falei, toda encantada e derretida com a fofura do Pedro – Você que é lindo, talentoso, simpático,inteligente, cavalheiro... Nem dá pra dizer tudo que você é. Mas eu pergunto isso porque eu gosto muito deles a muito tempo, desde que virei sua fã. E desde lá me considero parte da família sabe? Desde sempre os considero meus sogros. Agora que é verdade, tenho medo de exagerar na felicidade.

╼ Não se preocupa amor, de verdade – falou Pedro – Desde quando ser amorosa pode ser um problema? Ruim seria se você não gostasse deles.

Depois, Pedro fez o check –in e ficamos esperando o voo, já na sala de embarque, pra evitar tumultos no aeroporto.

Lá, conversamos sobre como tinha sido a semana que passamos separados, nos beijamos (mais discretamente, pois estávamos em público e agora tínhamos essa noção).

Depois de um tempo, nós podemos entrar no avião.

Fomos de primeira classe, obviamente eu e o Pedro um do lado do outro.

Ele havia comprado as passagens pra mim também.

Lá, já dentro do avião, conversamos mais e comemos o que a aeromoça nos ofereceu.

Então, depois de um tempo o avião decolou.

Durante a viagem, deitei no ombro do Pedro e ele deitou na minha cabeça.

Depois, ficamos abraçadinhos, conversando, muito fofo.

Até que o Pedro me larga um pouco, vira pra mim e diz:

╼ Só tem uma coisa que eu não estou gostando.

╼ O quê? – perguntei confusa

╼ É a segunda vez que eu faço você faltar aula na sexta feira. Não quero te prejudicar. – respondeu Pedro

╼ Awwwwn, seu bobo – falei – Sempre se preocupando comigo né? Fofo. Não precisa ficar mal, eu, modéstia à parte, sou uma boa aluna, esses dias não vão me prejudicar. Além do que, nem sexta passada teve e nem hoje terá provas ou trabalhos, e a matéria depois eu pego.

╼ Que bom então – falou Pedro mais aliviado – Mas sabe amor... Eu tava aqui pensando: Vai ser muito bom quando você se formar. Sabe, você podia vir pra São Paulo, pra ficar mais perto de mim... Quer dizer, não quero mandar em você, não quero mudar sua vida. É só porque eu queria muito te ter mais por perto sabe?

╼ Eu mudaria toda minha vida por você – falei emocionada – É bom saber que você também me quer por perto. E sobre ir pra São Paulo pra ficar perto de ti... Bem, eu já tenho isso planejado desde meus doze anos – rimos juntos – Eu penso em fazer vestibular de engenharia civil na USP, estudar muito e passar. Aí trabalhar e alugar um apartamento em Sampa.

╼ Nossa, você pensou em tudo mesmo! – Pedro falou e riu

╼ Desde sempre. Parecia que eu sempre soube que um dia te namoraria sabe? Eu não me imaginava com mais ninguém.

╼ E hoje em dia eu não me imagino mais sem você – o Pedro disse, emocionado também.

Nos abraçamos de novo, continuamos conversando, nos declarando e nos beijando (ainda mais discretamente).

Até que pousamos em São Paulo.