Paulo narrando

Depois que deixamos Mário e Daniel sozinhos, entrei em meu quarto e procurei uma roupa mais confortável. Depois segui direto para o banheiro e tomei um bom banho pra relaxar. Todo aquele ocorrido no dia me deixou tão cansado que eu achei que precisava de um banho pra poder esfriar a cabeça e esquecer tudo.

Assim que eu saí do banheiro, Alícia também estava pronta para entrar, deixei que ela entrasse e fui pra sala preparar o almoço, mesmo que eu tivesse certeza que Marcelina e os outros três não viriam comer, mas eu estava faminto, precisava comer algo.

Já na cozinha, eu e Alícia estávamos almoçando com uma certa preocupação na demora dos quatro pra saírem daquele quarto, nem sei quanto tempo fazia desde que chegamos, mas já era pra eles terem se acertado.

–Será que eles já fizeram as pazes?- perguntou Alícia.

–Não sei, mas se fizeram, já deviam ter saído daquele quarto né?- eu disse.

–Vai ver que tudo isso que aconteceu deixou elas sem fome.

–E isso é possível?

–Bom, eu acho.

–Então tá. E como é que tá aí hein?

–Tá gostoso. Você colocou tudo no ponto certo.

–Ufa, ainda bem.

Depois que almoçamos, guardamos os pratos no devido lugar e já estávamos indo em direção ao quarto quando passamos pela sala e eu não pude deixar de olhar o meu PS3 e o GTA SA em cima dele. Encarei por alguns segundos até que vi que Alícia me encarava com um olhar desafiador, acho que ela percebeu que eu estava querendo jogar.

–Que tal uma partidinha rápida?- perguntei.

–Só se for agora.- ela disse e então eu coloquei o jogo dentro do aparelho e começamos a jogar, mas sem perder a preocupação com os meninos.

Mário narrando

Chegando na porta do quarto que eu dividia com Marcelina, já do lado de fora pude ouvir o choro intenso dela, ela estava mesmo muito triste com o ocorrido e se eu não fizesse algo, ela poderia ficar pior. Então, sem pensar duas vezes, peguei a chave reserva que está sempre comigo e destranquei a porta. Assim que entro, vejo que ela está com o rosto afundado no travesseiro. Fui até a beira da cama e me sentei sem tocá-la.

–Marcelina, por favor, me escuta.- eu comecei dizendo.

–Não quero ouvir nada! VAI EMBORA DAQUI!!!- ela gritou, mas eu continuei firme.

–Não vou sair enquanto você não me ouvir. Eu não teria vindo até aqui se não te amasse tanto.

–DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ AINDA TEM CORAGEM DE DIZER QUE ME AMA??

–Claro, porque é verdade.

–Não quero saber de nada Mário. SOME DAQUI!!

–Chega Marcelina!- dessa vez eu gritei.- Fique quieta e me ouça: você acha mesmo que eu queria aquele beijo? É claro que não, eu tentei resistir à ela, pergunte para o Daniel ou até pro Paulo que eles vão confirmar. Aquela maluca sabia que você é minha namorada, mas na hora ela ironizou: "então cadê ela?", por isso que eu acabei ficando sem ter o que falar e ela se aproveitou pra me beijar, mas eu te juro que não queria aquele beijo.

–Mas você agarrou ela!

–Sim, agarrei porque queria afastá-la de mim, não pra aproximar mais. Marcelina por favor, acredite em mim. Eu sei que está doendo mas você tem que acreditar em mim, eu nunca te trairia assim. Eu sei que quando nos conhecemos eu era um pegador, um mulherengo, mas você me mudou. Você me encantou tanto que eu decidi mudar por sua causa, é você que eu amo e nunca vai deixar de ser.

Depois que eu falei isso, percebi que posso ter acertado nas palavras, porque ela tirou os olhos do travesseiro e ficou me olhando com os olhos marejados e vermelhos no fundo dos meus. Em seguida, ainda soluçando, me abraçou forte e eu retribui. Não sabia se aquele abraço significava que ela me perdoou, mas sabia que era um bom sinal.

–Eu te amo.- eu disse assim que ela se afastou pra me olhar nos olhos novamente.

–Eu também.- ela sussurrou e enfim, nos beijamos de novo. Puxa, eu nem acreditava que havia conseguido fazer as pazes com ela, uma garota tão sensível como ela normalmente não perdoa assim tão fácil, mas eu estava muito feliz por ter conseguido o perdão dela.

–Prometo que eu nunca mais vou fazer isso de novo. Se vier uma menina pra cima de mim, eu me afasto na hora.- eu disse em seu ouvido e ela deu um sorriso fraco, sem mostrar os dentes e me beijou de novo.

Marcelina narrando

Estava chorando em meu quarto, com o rosto afundado no travesseiro pra que ninguém escutasse meu choro, quando eu ouço alguém abrindo a porta. Droga, esqueci que ele tem a chave reserva. Agora que eu não vou me livrar dele tão cedo.

–Marcelina, por favor, me escuta.- ele começou, mas eu não deixei.

–Não quero ouvir nada! VAI EMBORA DAQUI!!!- gritei para cortá-lo, mas ele não desistiu.

–Não vou sair enquanto você não me ouvir. Eu não teria vindo até aqui se não te amasse tanto.- ele disse com firmeza. Que cara de pau, beija outra garota e ainda diz que me ama.

–DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ AINDA TEM CORAGEM DE DIZER QUE ME AMA??

–Claro, porque é verdade.

–Não quero saber de nada Mário. SOME DAQUI!!

–Chega Marcelina!- dessa vez ele gritou.- Fique quieta e me ouça: você acha mesmo que eu queria aquele beijo? É claro que não, eu tentei resistir à ela, pergunte para o Daniel ou até pro Paulo que eles vão confirmar. Aquela maluca sabia que você é minha namorada, mas na hora ela ironizou: "então cadê ela?", por isso que eu acabei ficando sem ter o que falar e ela se aproveitou pra me beijar, mas eu te juro que não queria aquele beijo.

–Mas você agarrou ela!- indaguei.

–Sim, agarrei porque queria afastá-la de mim, não pra aproximar mais. Marcelina por favor, acredite em mim. Eu sei que está doendo mas você tem que acreditar em mim, eu nunca te trairia assim. Eu sei que quando nos conhecemos eu era um pegador, um mulherengo, mas você me mudou. Você me encantou tanto que eu decidi mudar por sua causa, é você que eu amo e nunca vai deixar de ser.

Essas palavras dele foram realmente muito comoventes, ele nunca havia falado aquilo pra mim, mesmo demonstrando me amar. Eu fiquei muito impressionada na hora e senti que meu coração, que antes chorava junto comigo, agora batia mais forte. Era como se ele tivesse acreditado em tudo que o Mário dizia. Então eu me sentei na cama ao lado dele e olhei no fundo de seus olhos, eles estavam dizendo a verdade, um brilho intenso de dentro deles me fez ter certeza que era verdade. Eu precisaria de um tempo pra superar aquilo e tirar aquela imagem horrível da minha cabeça, mas antes, o abracei bem forte. Era tudo que eu precisava, um abraço forte e sincero.

–Eu te amo.- ele disse assim que o olhei nos olhos novamente.

–Eu também.- sussurrei e enfim, nos beijamos de novo.

–Prometo que eu nunca mais vou fazer isso de novo. Se vier uma menina pra cima de mim, eu me afasto na hora.- ele disse em meu ouvido e eu ri, não sabia se era um momento certo pra rir, mas não pude me segurar, era um riso de felicidade, não só pelo que ele me disse como também por eu ter feito as pazes com ele. A partir de agora, vou passar a confiar mais nele, não vou mais sair correndo se ver uma cena daquela novamente, pois eu o amo muito e acredito nele.