Capitulo 66 - Segunda Temporada

Daniel narrando

Já faz dois anos que eu dormi na casa da Maria Joaquina por conta daquele tiroteio, depois disso, eu ainda consegui dormir na casa dela outras vezes, porque Dona Clara confiava em mim e percebeu que não tinha motivos para pensar coisas maliciosas sobre mim, pois eu respeitava a Maria Joaquina, jamais faria algo sabendo que ela não queria e ela sabia disso também. Mas depois desse, o outro dia que eu considero mais feliz da minha vida, foi quando me formei, estava indo para a faculdade a partir do ano seguinte.

Estava esperando chamarem meu nome para que eu fosse receber meu diploma, mas minha barriga estava mais fria que uma geladeira e meus nervos deixavam minhas veias visivelmente saltadas.

–Calma cara, a sua vez já vai chegar.- disse Gabriel, atrás de mim, ele nem parecia nervoso por estar indo tirar foto. Depois que ele disse isso, respirei fundo e decidi pensar um pouco nos melhores momentos que passei nesses últimos anos.

flashback on:

Estava na fila pra tirar a foto, eu estava lá naquele estabelecimento havia duas horas, mas queria ir embora logo, esperei tanto por aquele dia, a fila andava rápido, mas estava muito comprida. Quando finalmente chegou minha vez, eu estava tão distraído pensando sobre meus planos para depois que acabasse o Ensino Médio que tiveram que me cutucar para que eu fosse entrar.

–Boa tarde meu rapaz. Sente-se aqui.- disse o fotógrafo e eu obedeci.

Ele me mandou ficar sério, pois em foto pra habilitação, segundo o que dizem, não se pode sorrir durante a foto, o que era incômodo pra mim, que gostava de sorrir em qualquer foto. Mesmo assim, depois de tirar uma porção de fotos, finalmente ele conseguiu decidir qual ficou melhor e finalmente me entregou minha carteira. Senti meus olhos brilharem.

–Obrigado.- eu disse, sorrindo.

Ele retribuiu o agradecimento com um "de nada" e eu enfim, me retirei de lá, Mário também estava lá, logo atrás de mim, então resolvi esperar lá fora. Sentado em um banco onde foi feito o teste de estacionar o carro entre as balizas. Quando vi ele chegando, quase uma hora depois, fui ao seu encontro:

–Parabéns maninho!!!- eu gritei, o abraçando.

–Parabéns Daniel!!!- ele disse, retribuindo o abraço.

Depois que voltamos pra casa, com o carro do meu pai, fomos até a casa de Maria Joaquina, que estavam experimentando os últimos toques da beca de formatura delas.

–Amor, está ocupada?- perguntei.

–Não amor, já acabei de experimentar.- ela disse.

–Então vem aqui, quero te contar uma coisa.

Ela veio, pouco depois, junto com Marcelina, mostrei minha carteira pra ela.

–Tirei minha habilitação!!!- eu disse.

–Parabéns meu amor!- ela respondeu tão eufórica quanto eu.

Esse dia, vai ficar pra sempre em minha memória.

flashback off:

–Daniel Zapata!!!- disse a voz da diretora, me tirando dos pensamentos. Ainda um pouco nervoso e com as pernas bambas, respirei fundo e andei até lá. Quando cheguei, ela me entregou meu diploma e me abraçou. Vou te confessar que ver aquele pessoal gritando, batendo palmas, assobiando pra mim foi tão prazeroso e emocionante, aquilo foi como uma vitória pra mim. Depois, me retirei, pois não tinha feito um discurso.

Quando finalmente Mário, Maria Joaquina e Marcelina já haviam saído do palco, eu logo fui abraçar Maria Joaquina:

–Parabéns meu amor.- eu disse.

–Parabéns pra você também.- ela disse, quase chorando.

Depois, abracei Mário da mesma forma quando tiramos nossa habilitação. Em seguida, nossos pais vieram nos cumprimentar e decidiram comemorar em "grande estilo".

–Vamos à um restaurante chique aqui perto.- disse meu pai.

E aquele restaurante chique, era o mesmo que nós quatro fomos assim que nossos pais passaram um fim de semana fora, mas eles não sabiam que nós havíamos jantado lá. No meio do jantar, Dona Clara se pronunciou:

–Bom meus queridos. Eu queria aproveitar que estamos todos aqui, para darmos uma notícia importante à vocês.

–Que notícia?- perguntou Maria Joaquina.

–Nós todos aqui, sabemos as faculdades que vocês querem fazer e nós apoiamos muito, mas temos que informar que o lugar que vocês poderão fazer fica longe da nossa cidade.- disse Doutor Miguel.

–Então, nós decidimos que, para vocês não ficarem assim, tão longe, compramos um apartamento para vocês morarem.- disse Roberto, pai da Marcelina e Paulo.

–Como assim?- fiquei surpreso.

–Sim Daniel, nós decidimos que agora que vocês já são de maior e estão bem formados, poderão viver sozinhos em um apartamento mais próximo do lugar onde farão suas faculdades. Não acham uma boa ideia?- perguntou Clara.

–Eu acho uma ótima ideia mãe.

–Eu também.- disse Marcelina.

Depois, Mário e eu assentimos e no dia seguinte, descobrimos que Paulo e Alícia dividiriam o apartamento com nós quatro também, pois ela era namorada do Paulo e também tinha esse direito. No dia seguinte, meus pais levaram eu e Mário para conhecer o apartamento. Minhas expectativas sobre o apartamento eram boas, mas será que eram corretas?

Enfim, quando cheguei em casa, perguntei á Mário que faculdade ele gostaria de fazer:

–Que faculdade temos que seguir para ser veterinário?- ele perguntou.

–Cara, tá na ponta da minha língua, mas eu me esqueci.- eu disse.

–Tudo bem, depois eu vejo. Mas o que importa é que eu quero ser veterinário. E você?

–Quero fazer direito.

–Boa opção cara, gostei.

Depois, Mário foi tomar banho pra dormir e eu aproveitei para ligar pra Maria Joaquina:

–Oi amor.- eu disse.

–Oi Dani.- ela disse.

–Eu tô te ligando porque agora mesmo eu estava perguntando ao Mário que faculdade ele quer fazer, aí eu quis saber o que você quer fazer.

–Eu vou cursar moda. Quero ser uma estilista muito famosa.

–Que bom amor, aposto que você vai se dar bem com isso.

–Acha mesmo?

–Claro, seus "look's" são tão lindos, não tem dúvidas que você vai se dar bem como estilista.

–Obrigada. E o que você quer ser?

–Eu vou fazer direito.

–Ah que bom acho que você leva jeito pra isso.

–Valeu.

E ficamos assim, o resto da noite, conversando. Ela me contou que a Marcelina queria ser psicóloga, então contei que Mário queria ser veterinário. Nós tínhamos tantos gostos diferentes, mas no fundo, éramos todos iguais. Vai entender.