Estela e Perseu se dirigiram para o quarto principal, era a última noite dela em Calasir, no castelo que viveu, sobreviveu por tantas estações, coisas boas, ás vezes coisas ruins, algumas vezes perturbadoras, mas, sempre chegava um dia em que estava tudo bem. Quando toda fortaleza se silenciou, e ela conseguiu dormir sentindo a mão de Perseu sobre sua barriga e o queixo dele sobre o topo da cabeça dela, definitivamente, eles estavam nos braços de Morfeu, esse era o intuito dormir placidamente. A então Rainha-Mãe de Calasir e agora Rainha de Saphiral, dormia nos braços do Rei de Saphiral, era um encaixe perfeito, ela conseguia sentir o coração do marido, e do bebê em seu ventre batendo em uníssono junto com o seu; ela já tinha sentido o gosto de sentir-se amada, mas, a maneira que Perseu demonstrava ela não estava se acostumando, porém, precisava.

Conforme a noite corria e os insetos cantavam, Estela tinha um sono turbulento nele, o castelo estava sendo castigado por uma chuva espessa, as ondas eram agressivas e invadiam a praia, os dragões voavam enfurecidos no céu, onde raios criavam grandes teias de eletricidade, o corredor do castelo estava escuro e havia o barulho de passos. Ela abriu os olhos quando ouviu a maçaneta girando, se apoiou sobre o braço e começou a sacudir Perseu, que parecia não acordar, ela o chamava, mas, sua voz não saia, quando olhou para a porta a própria deusa Atena chutou a porta, ergueu a espada em direção a ela; no susto, Estela deu um pulo da cama gritando assustada. Perseu acordou em seguida e a segurou contra o seu peito alarmado. Primeiro, porque era inesperado ela acordar assustada assim, segundo, ele achou que poderia ser um ataque.

—Shiiuu... Calma, calma... – Ele começou a acariciar seus cabelos e suas costas simultaneamente. – Estou aqui, o que aconteceu? Estela? – Ela se virou para ele, seu corpo estava tremendo um pouco. Perseu acariciou o rosto dela suavemente, e beijou sua testa. – Está sentindo dor? Precisa de água? Alguma coisa? – Estela negou, e levou a mão na barriga. O que a assustou um pouco. Sua barriga não estava tão grande, mas, ela sentia Sísifo. Perseu inclinou a cabeça a analisando, mantinha um olhar cuidadoso e carinhoso sobre ela. Ele sempre tinha o mesmo olhar, a mesma expressão de querer entender os sentimentos, emoções e reações dos outros. – Me conta o que aconteceu...

Estela olhou para a janela, já era de manhã, o que a fez soltar um suspiro de alívio, foi um pesadelo assustador, quando ele passou a mão sobre o rosto dela, ela deitou sua cabeça sobre a mão dele.

—Tive um pesadelo horrível, tudo estava sombrio, Atena entrava no quarto e... Desferia a espada em mim. – Perseu levou um susto quando ouviu isso, mas, em seguida sorriu beijando seus lábios demoradamente.

—Não se preocupe querida, ela não vai tocar em você, nunca, eu não vou deixar; serei seu eterno escudo. – Ela sorriu carinhosamente. – O seu guerreiro em chamas... – Ele sussurrou essa última frase, o que arrancou uma risada genuína que estranhamente ecoou pelo quarto, o que a fez olhar em volta. Não havia quase mobília no local. O Rei de Saphiral percebeu e começou a fazer uma trança no cabelo dela. – Os Guardiões levaram, sabe, eu não sei o que você gostaria de levar ou não. Então, Nakumma sugeriu que fosse levado o máximo que pudessem.

—Ah, faz sentido. – Ela sorriu. – Sabe... – Estela ficou em silêncio por alguns instantes. – É impressão minha, ou está muito silencioso por aqui? – Perseu fechou os olhos para ver se conseguia ouvir alguma coisa, se concentrou, e apenas depois de uns minutos abriu os olhos.

—Eu acho que eles já estão tomando café, sabe... É um dia diferente, especial... – Ele sorriu apaixonado para ela. – Minha querida esposa, Rainha de Saphiral, minha Dama da Noite, vai morar comigo para sempre...

—Eu nem consigo acreditar... – Ela disse sem jeito, estava empolgada e sentia a empolgação de Sísifo em sua barriga. – Ele está agitado. – Perseu tocou a mão suavemente, o que fez o bebê se remexer ao sentir o toque do pai, o que incrivelmente não doeu.

—Ele parece estar feliz, animado, estou até achando que sua barriga desceu um pouco... – Estela olhou para sua barriga, de fato, ela estava um pouco mais baixa. O que fez o rosto de Perseu se iluminar. – Será que Sísifo já está agitado para nascer?

—Mais está tão cedo... – Ela sorriu acariciando a sua barriga. – Seria possível?

—Ele é um Subimortal, nada é impossível. – Perseu disse segurando o rosto dela com as duas mãos e beijando suavemente sua testa. – Você está incrivelmente belíssima hoje minha querida. Todos os dias você está linda, mas, hoje seu semblante está incrível... – O rosto de Estela esquentou, ela se corou e tocou no rosto de Perseu que a abraçou.

—Seria ruim se ele nascesse em Calasir? – Perseu negou e sorriu.

—Se ele nascer agora, tudo bem, desde que ele esteja saudável... – Ele começou a acariciar a maçã do rosto de Estela com carinho e cuidado. Sorrindo cada vez que seus dedos passavam do seu rosto, por algumas mechas dos seus cabelos. – Não precisa se preocupar, ele só está um pouco, escondido... – Ele acariciou a barriga dela e tomou seus lábios devagar e com carinho.

-Você faz as coisas parecerem um sonho... – Era uma visão muito clara, Perseu era um homem completamente diferente de todos que ela já conversou ou viu.

—Você é o brilho da minha jornada, e é o meu sonho; você merece... – Ele depositou mais um beijo em seus lábios e se levantou da cama. – Eu vou ver se Auterpe já está pronta, preciso dela para abrir o portal. Vejo você na mesa do desjejum? – Estela sorriu e assentiu docemente.

Quando Perseu se vestiu com seu traje azul, colocou sua coroa e as botas, fez uma reverência quase poética para ela, abriu a porta e se retirou do quarto, ela se sentou na cama, o chão estava frio, o que era comum, mas, ela tinha uma sensação estranha. Por ser o dia que o portal deveria abrir, era de se esperar que houvessem ao menos uma pequena agitação e barulhos; mas, claro, os Guardiões de Perseu eram rápidos, com certeza pouparam o trabalho dos outros. Ela respirou fundo, acariciou sua barriga e começou a se vestir; havia um belo vestido verde-água mais voltado para o branco, era como sempre, um vestido leve, caia bem em seu corpo, era fácil de vestir e a deixava elegante, quando ela terminou de se arrumar colocou a coroa de flores que estava em sua penteadeira, era como se combinasse com ela, era praticamente o anuncio de uma vida nova, um recomeço reconfortante. Quando ela saiu do seu quarto começou a cantarolar.

Aquela manhã mudaria sua vida para sempre, ela seria feliz ao lado de um homem que a amava, e que ela amava. Porém, mesmo com a felicidade que não cabia no peito, o castelo tinha um ar sombrio, como se escondesse um segredo, algo incomum no ar. Entretanto, ela resolveu ignorar isso; com certeza era porque, em quinze anos desde que o Portal fora aberto, aquela era a primeira vez que não precisava se preocupar em ter todos os filhos arrumados para ver a comitiva ver o navio entrar em um portal que surgia no mar e voltava depois. Era também a primeira vez que Estevão não veria o portal abrir. Porém, era a primeira vez que Perseu faria isso ao lado dela.
O que a acalmou gradualmente e a fez descer mais animada para comer o desjejum com seus filhos. Eles iam conhecer Saphiral, Ruphira, e aquilo seria perfeito. O corredor até a sala de refeições pareceu excepcionalmente longo naquela manhã e os murmúrios chegaram a seus ouvidos cada vez mais altos, mais animados e praticamente festivos.

Porém, entre eles havia uma voz conhecida, ela caminhou mais rápido, seus passos eram audíveis em seus ouvidos, quando Estela chegou à porta que levava para a sala de refeições e então seu estômago gelou; algo como uma faca invisível rompeu seu peito e tentou balbuciar algo. Era como um cenário que ela nunca viu. O cenário do castelo e até os habitantes, um medo que se tornou realidade. Na realidade, ela não conseguia descrever.

Ele. Estava ali. De pé rodeado pelos seus filhos, com Elia e Evan no colo, Eilon, Ethan, Elisa e Elora estavam abraçadas ao pai. Artemisa estava assustada, Perseu estava sem entender, e Estela encarava a cena em pânico.

—Senti tanto sua falta! – A voz de Eilon ecoava por todo ambiente, era uma exclamação feliz, assim como a de Elisa.

—Estamos tão felizes que você voltou!

—Você não pode nunca mais ir embora! – A frase de Ethan parecia como um sino de tão animado que soou.

—E agora tem que voltar a ser o Rei de Calasir! – Elora segurava firme na mão do pai, ela estava incrivelmente animada.

—Sim! – Os quatro gritaram ao mesmo tempo eufóricos com a frase da irmã.

Estela parou na porta, estava imóvel com aquela cena, seus filhos estavam radiantes, animados, e Estevão, justo ele, estava ali em carne e osso, rindo, como a luas atrás quando estava vivo, antes de ser assassinado. Mas, ele não estava mais morto, estava vivo. Como? Como isso era possível? Não, seu corpo virou cinzas e o vento levou. Foi quando ele a notou.

—Amor da minha vida! – Estevão exclamou a encarando com um sorriso enorme, ela olhou para Perseu, que encarava a cena atônito, paralisado. Estevão caminhou rapidamente até ela, abraçando-a pela cintura e a levantou, depositando um longo beijo em seus lábios. Artemisa e Orion engoliram o ar de surpresa e incredulidade. – Nem Gamora e nem o Grande Dragão nos quiseram separados... – Ele sorriu antes de colocá-la de volta no chão.

—Como? – Estela se esforçou para perguntar; seus lábios que tremiam, ela estava confusa.

—Bom... Eu não sei – Coçou a nuca despreocupada – Simplesmente acordei aqui na praia, encontrei com Mandrik, que me deu roupas, me trouxe para cá. – Estevão segurou o rosto dela com as duas mãos – Eu estou tão feliz em voltar para você e para nossa família! – Auterpe olhava a cena com um sorriso de escárnio, pelo visto seu irmão não tinha muita sorte com o amor mesmo. Já William estava numa confusão de sentimentos. Ele não estava em Calasir quando seu irmão morreu, não pode vê-lo, então ele estava com uma expressão mista. Mandrik como sempre estava sorrindo aos quatro ventos, seus olhos até brilhavam de felicidade.

—Você não pode ter voltado para ela! – Perseu irrompeu ao sair do transe, se aproximando de sua esposa e segurando suavemente na mão. – Estela agora é minha esposa! – Ele disse firme, Estevão abriu a boca surpreso e virou para o Rei de Saphiral. – Não é possível que deixariam você voltar!

—Meu aliado casando com minha esposa? Mãe dos meus filhos? Rainha de Calasir? – Sorriu debochado e virou para Estela. – Querida, eu não esperava isso de você... – Ele fez menção de beijá-la, porém Estela se afastou o que fez Estevão agarrar o braço dela e a puxar para perto, forçando um beijo em seus lábios.

—Não era para você estar aqui... – Perseu tentou tocar no ombro de Estevão que se mantinha focado na expressão de Estela. Ele sorria se esquivou com facilidade do Rei de cabelos brancos o ignorando por completo.

—Tudo bem, eu posso te perdoar, a solidão é algo difícil de lidar, – Acariciou o rosto dela como se relembrasse todos os detalhes. – Oh, meu amor, eu senti tanta falta de você. – Virou para os filhos e abriu os braços, o que ocasionou uma corrida até seu corpo, os quatro o abraçaram. – De todos vocês... Cada um de vocês, minha ninhada real... – Ele apertou os filhos contra seu corpo com orgulho, e então puxou a esposa para junto. Olhou para o quarteto que o abraçava. Depois para Evan e Elia que estavam nos braços de Mandrik e William e fez uma conta mental. Sua expressão ficou séria.

Houve um silêncio. Perseu observava os movimentos de Estevão, ele não cerrou o punho, mas, Estela conseguia ver que as palmas das mãos de Perseu estavam ficando vermelhas, ele estava ficando irritado.

—O que foi Estevão? – Mandrik perguntou curioso, mas, estava incrivelmente de bom humor.

—Temos sete filhos! Está faltando um! Uma na verdade. Onde está Eveline?! – Artemisa correu para trás do pai e tentou se esconder de Estevão, Estela colocou a mão sobre o peito, a filha olhava para o chão agarrando as roupas de Perseu como se aquilo a tornasse invisível. Era um tom suave, mas, mesmo assim, era apavorante. – Aquela menina nunca aprende, ela realmente precisa de uma lição e...

—Estevão... – Estela tentou dizer algo, mas, não conseguia dizer exatamente o que precisava. Artemisa apertou a roupa de Perseu, foi quando Eilon rompeu o silêncio.

—Ela morreu papai... – Eilon disse firmemente o interrompendo. O que fez Estevão olhar para o filho que tirou a coroa e olhar nos olhos dele. – No dia da minha coroação, e de Elisa como Rei e Rainha de Calasir; após sua morte... – Houve uma pausa, que parecia ensurdecedora. – Um assassino a matou! – Perseu passou a mão para trás e acalmou a filha, Estela conseguia ter uma boa visão dos dois. – Ronar e Tyrax devoraram o assassino, mas, Eveline morreu. – Estevão juntou as sobrancelhas confuso.

—Morreu? Porque quiseram matar ela? – Ethan apontou para Orion que se encolheu também.

—Ele queria matar o Orion, mas, Eveline estava junto, o ataque não o atingiu. – Estevão passou a mão no rosto, parecia um pouco inconformado. Elisa tocou na mão do pai o tranquilizando.

—Mas, o melhor é que o senhor está de volta! – Estevão sorriu mas, então se voltou para Estela.

—Ela se foi mesmo? Minha, a nossa filha morreu mesmo?

—Sim. – Ela disse firmemente. Perseu revirou os olhos com a menção de “nossa filha”. Aquilo só podia ser um belo espetáculo e ele deveria ser o melhor ator que tinham. – E não tentaram nada para mantê-la viva? – Antes de ele receber uma resposta, seus olhos se voltaram para a garota escondida atrás do Rei de Saphiral. – (...) Quem é essa? – Artemisa apertou a roupa do pai, Perseu se mantinha firme e Estela olhou a cena aflita.

—Artemisa! Minha filha! – Perseu disse sério sem tirar a garota de trás de si.

—Sua filha? Hãn, eu não sabia que você tinha uma filha... – Ele inclinou a cabeça para ver o rosto da garota, mas os cabelos loiros acinzentados o surpreenderam.

—Ela não tem cabelos brancos...

—Eu sei. E eu não me importo, ela é perfeita assim. – Perseu respirou fundo e tentou tocar em Estela que foi puxada contra o corpo de Estevão. – Estevão, você compreendeu que eu e Estela nos casamos?

—E você entendeu que, ela se casou comigo primeiro? – O tom dele era firme. – Eu posso ter morrido, mas, já que eu voltei, significa que nem a morte nos separou. – Perseu franziu o cenho e tentou mais uma vez puxar Estela, mas, era como se ela estivesse a metros de ser alcançada. – Você está em boa forma, vai achar uma boa esposa. Mas, não terá mais a minha... – Estevão passou os dedos nos lábios de Estela que sentiu uma pequena fisgada no útero, o que a fez tentar abaixar a cabeça, mas não conseguiu porque Estevão a segurou pelo queixo.

—Como é que você voltou? – Perseu perguntou nervoso, mas Auterpe deu um passo para frente com um sorriso divertido nos lábios.

—Quem tocou em você? – Todos olharam confusos para Auterpe, mas, a Rainha de Ruphira mantinha o sorriso de escárnio no rosto, um semblante que Estela nunca tinha visto, aliás, não tinha visto ela muito nos últimos dias. – Quem chamou seu nome? Quem foi a primeira pessoa que falou com você?

—Mandrik?! – Ele disse novamente. Auterpe negou, o que deixou o local inteiramente e estranhamente silencioso. Enquanto ainda segurava fortemente a mão de Estela, Estevão fez um barulho com a boca. – Bem... Eu não lembro bem, alguma coisa como Ikelo... – Auterpe deu um sorriso, não era um nome estranho para Estela, não sabia de onde vinha, mas, não lhe era estranho. Por algum motivo sentia que precisava se lembrar daquele nome.

—Responde muita coisa... – Auterpe se apoiou no ombro de William que ainda estava em conflito mentalmente. Foi quando houve um silêncio.

—Você chegou na hora de comer! – Evan gritou praticamente pulando no colo de Estevão que o segurou com um sorriso enorme no rosto.

—Sim, sente-se conosco papai! – Elora insistiu. – Conte tudo o que fez longe de nós. – Estela olhava para os filhos, estava apavorada, não parecia que Estevão tinha morrido, que todos viram com os próprios olhos, parecia mesmo que ele tinha ido em uma viagem muito distante, ficou fora um tempo, dado como morto, mas voltou. Era isso que a apavorava. Se Estevão voltou dos mortos, quem mais poderia voltar?

-Papai adoraria participar da refeição com vocês, mas eu e mamãe precisamos conversar á sós.

—O que vocês teriam para conversar? – Perseu deu um passo para frente. – Ela é agora minha esposa, e eu adoraria participar dessa conversa!

—Eles merecem conversar! – Ethan exclamou como se estivesse barrando a proximidade dele com a mãe, e de fato, todos os quatro pareciam uma muralha entre os dois.

Estevão levantou um pouco o queixo, tomando aquele ar de superioridade, desafio e grandeza; como se visse o outro Rei como inferior, alguém que não merecia nada além do próprio Reino e a Coroa em sua cabeça.

—Sabe? No dia que eu fui atacado, o homem disse que não viria atrás de uma filha minha, mas, sim sua. – Perseu ficou pálido. – Eu fiquei confuso, mas, me dei conta de que, ele também atacou Elisa, iria atacar Eveline e Elora, porque achava que sua filha teria cabelos brancos. E veja só, sua princesa tem belos cabelos loiros prateados. – Era um tom de deboche. – Como você pode ser tão descuidado?

Antes de Perseu responder com um belo soco, William tocou no ombro do irmão e o abraçou, naquele instante Estela conseguiu se afastar de Estevão, mas, Perseu parecia longe, porque seus filhos a puxavam para perto do pai deles, era como se eles não estivessem vendo Perseu, praticamente, as mãos de seus filhos a colocavam de volta perto de Estevão que ainda abraçava o irmão.

—Aliás... Eu me casei! Com Auterpe! – Ele mostrou a aliança em seu dedo, estava animado. Foi quando Estevão ficou animado, Auterpe também mostrou a aliança, assim que ele os dois trincaram a aliança como sempre faziam desde, que se casaram, causou uma animado entre ele e o irmão. – Sinto muito que perdeu a cerimônia.

—Não foi lá essas coisas... – Auterpe disse com calmaria, não se importava com a raiva no rosto do irmão, ou no pânico de Estela. – A primeira sim foi majestosa. Em um campo de batalha! – Estevão gargalhou.

—Eu perdi mais alguma coisa?

—Você tem dois sobrinhos... Orion e Rigel! – William contou orgulhoso. – E não é de se admirar que ele é a nossa cara! E ele é totalmente atento.

—Vocês dois sempre me surpreendem! – Foi quando Estevão puxou a mão para beijar a aliança de Estela ele a encarou por um minuto, que pareceu uma eternidade.

—Onde está nossa aliança? – Perseu tentou novamente se aproximar dela, mas, estranhamente, Artemisa o puxou para longe da Rainha-Mãe. Elisa se apressou tirando o anel que foi de Estela e colocou na mão do pai alegremente.

—Sempre será o anel da Rainha de Calasir! – A garota disse sorrindo. Estevão puxou Estela contra o seu corpo e praticamente arrancou a aliança que Perseu havia colocado em seu dedo, aliás, ambos os anéis que Perseu lhe deu, ele riu olhando para Perseu com um ar superior.

—Quantas vezes você se casou com ela? Duas? Três? Precisou de três vezes para mantê-la com você? – Estevão pegou o anel da mão de Elisa e colocou na mão de Estela para dar um beijo no anel como sempre o fez durante todo o seu casamento. Perseu o encarou e pegou os anéis Artemisa pegou do chão e o entregou para o pai.

—Ao contrário de você, eu quis ter certeza que era isso que ela queria. – Ethan riu junto com Mandrik.

—Pedindo várias vezes é melhor que Estevão aonde? – A voz de deboche de Mandrik assustou Estela. – Só mostra o quanto você foi insistente, persiste e irritante! – Foi quando até Navi e Leodak concordaram com a fala de Mandrik, o que deixou tanto Estela quanto Perseu em pânico. – Estevão agiu como um verdadeiro Rei, você ainda é inexperiente e convenhamos, age como um garoto!

—Não! – Estela conseguiu gritar o que fez Estevão apertar o seu braço, aquilo apenas a fez tentar se afastar. – Perseu foi completamente gentil comigo, não é inexperiente, ele é um bom homem!

—E eu fui um marido ruim? – O rosto de Estevão estava muito próximo do que Estela, o que fez Perseu se aproximar dos dois, mas, Ethan e Eilon ficaram na frente para que ele não se aproximasse dos pais. – Talvez no começo sim, mas, eu não me tornei um ótimo pai? Um ótimo Rei? Um excelente esposo? – Estela ficou boquiaberta, não podia negar, depois um bom tempo depois, ele começou a ser uma pessoa, marido, esposo, pai excepcional.

—Estela, não! – Perseu tentou novamente alcançar ela. – Por favor... – Ela esticou o braço, para Estevão o segurou e colocou a mão dela sobre o peito dele. – Eu amo você, se afaste dele!

—Querida, olhe para mim, me responda, eu te fiz uma pergunta, eu não fui um bom pai? Um bom marido?

—Mas, Estevão... – Ela balbuciou ao tocar nele, conseguia sentir o coração dele, o calor, era ele, sem dúvidas. O que apenas a deixou completamente imóvel quando Estevão a beijou com desejo, Estela ouviu o grito que Perseu deu, mas, não conseguia se virar para ele, foi quando ela sentiu novamente Sísifo se mexer, como o corpo de ambos estavam próximos, o antigo Rei de Calasir sentiu o movimento, foi quando ele se afastou rindo.

—Está grávida! Eu não podia ter voltado em um tempo melhor. – Ele tocou a barriga dela, o que fez Perseu gritar mais, nesse instante, Estevão encarou o Rei de cabelos brancos e em seguida olhou para Mandrik que completamente entendeu o que ele queria. Guardas bem armados entraram e seguraram Perseu que continuava a gritar, tentava se soltar, mas, por algum motivo não conseguia.

—Larguem Perseu! Soltem ele, pelo Grande Dragão, o que estão fazendo?! – Ela exigia, mas, sua voz saia muito abafada, não importa se estava gritando a plenos pulmões, tudo o que ouviam era um sussurro muito baixo.

Estela conseguiu sair dos braços de Estevão, mas, antes de tocar em Perseu, Elisa e Eilon a impediram segurando em sua cintura e braços. O que fez o outro dar uma risada.

—Perseu Archi, Rei de Saphiral e meu mais antigo aliado; que me traiu no momento mais vulnerável da minha esposa, mãe dos meus filhos e Rainha de Calasir; eu te condeno a prisão por traição.

—Estevão não! – Estela se virou para ele. – Não faça isso!

—Você estava morto! – Perseu berrou enquanto os guardas o escoltavam para fora do local. – Não era para você ter voltado! Não foi traição!

—Pois bem, como eu voltei é sim traição! – Ele exclamou com autoridade. – E como você não é casado...

—Sou casado com Estela! – Ela tentava se aproximar dele, entretanto, mais e mais mãos a impediam de se aproximar dele, e ele não estava mais conseguindo ver os olhos dela.

—Não. – Estevão a segurou pela mão. – Eu sou casado com ela! – Ele olhou Estela por longos segundos e depois beijou o anel na mão dela. Artemisa tentou correr atrás do pai, mas, Navi a segurou, foi quando Estevão olhou para ela. – Não se preocupe princesa, pense que logo você será uma ótima Rainha...

—Estevão! – Estela o olhou horrorizada. – Pare, por favor; não... Não faça isso, por favor...

—Eu dei uma pretende para ele, ele não quis. E cadê a mãe dela? Provavelmente morta como as outras noivas dele, então, ela não estará sozinha. – Ele tocou no rosto dela. – Agora nós precisamos conversar. – Ele olhou para Mandrik e depois para Eilon.

—Sim! Vamos fazer uma grande festa pelo seu retorno papai! E uma coroação para o seu reinado que não deveria ter acabado tão cedo.

Estela parou de ouvir o que os dois falavam, principalmente quando Mandrik entrou na conversa, ela tentava olhar para onde tinham levado Perseu, ela tentou se afastar de Estevão, mas, foi quando seu ventre começou a queimar, sua respiração estava pausada, ela estava com medo, com dor, assustada, confusa, era para ser o melhor dia da sua vida, e não aquilo. Tudo parecia um sonho, um pesadelo. Mas, era altamente palpável, real, e pertubador.