- Eu não sei dizer se isso é abominável ou o melhor caso de todos. – Afirmou Anne, empolgada com a investigação.

- Certo, Castle 2. – Começou Kate. – Eu voto por abominável.

- Vinte e quatro pessoas assassinadas no Rockfeller. Eu nunca mais vou conseguir ir lá sem sentir o cheiro de sangue. – Comentou Johnny.

- Ok, mas o que me intriga é: o que levaria vinte e quatro pessoas ao Rockfeller Center em uma manhã de segunda-feira? – Indagou Kate.

- Acho que tenho a resposta. – Diz Ryan, vindo da sala de análises. – Analisamos os celulares das vítimas, todas tinham recebido mensagens dizendo ser selecionadas para gravar um comercial hoje de manhã, no Rockfeller. Diz também que era um comemorativo de natal, patrocinado por uma marca de refrigerantes, e que eles estavam na lista de consumidores.

- Isso não ajuda em nada. – Comentou Anne, lendo os dados. – Essa marca é consumida no mundo inteiro. Não tem nem como filtrar informações disso.

- No mínimo usaram esta marca como desculpa para atrair as pessoas. Mas por que eles? – Questionou Johnny.

- Precisamos verificar as vidas destas pessoas, saber o que tinham em comum. Anne, consegue ver com Lanie se temos identidades? – Pediu Kate.

- Pode deixar. – Prontificou-se e saiu.

- O que está pensando Kate? – Perguntou Johnny, ao ver ela com a testa franzida.

- Apesar de precisar de mais investigação, eu tenho quase certeza de que isto não é um homicídio com vítimas marcadas, como os que estamos acostumados.

- Você acha que pode...

- Acho que pode ser mais um caso de serial killer.

- Por isso você pediu à Anne para buscar os nomes das vítimas.

- Exato. Por mais que esteja bem melhor, creio que vai ser difícil para ela investigar esse caso.

O que Kate não sabia e Johnny havia esquecido, era que Anne tinha uma excelente capacidade auditiva.

******

- Hey Lanie, como est... Lanie? – Chamou Anne, entrando no necrotério vazio.

- No congelador. – Gritou uma voz.

- Eu deveria ficar com medo? Indagou a garota. – Pois eu não estou. Seria legal ver uns zumbis.

- Deixa de ser besta, Annelise. Sou eu. – Disse Lanie, saindo do freezer. – São vinte e quatro corpos, não posso examinar todos aqui.

- Certo. Kate me pediu para ver se já conseguiu algumas identidades.

- Consegui sim, estão ali na mesa.

- Está bem, eu vou pegar aqui as análises e... – Anne parou de falar e ficou olhando a vítima que estava na mesa de autópsia. Não percebera quanto tempo passou até Lanie repousar a mão em seu ombro, fazendo com que ela desse um salto. – Desculpe.

- Você está bem, garota? – Questionou Lanie, preocupada.

- Sim. Eu só estava pensando... Como pode? Em um momento, você acorda com toda uma rotina, uma vida planejada. Tentar aquela promoção no trabalho, passar mais tempo com seus filhos, criar coragem e pedir a mão de quem ama em casamento... Mas em um piscar de olhos, tudo acaba. Algumas vidas acabam pacificamente, no decorrer de décadas. Outras acabam quando você menos espera.

- Você acha que não vai dar conta deste? Creio que depois de tudo, seria pedir demais que você tentasse.

- Não, eu consigo. Por todos eles, eu vou trazer justiça. Obrigada pelos arquivos Lanie.

- De nada. Não se mate de trabalhar.

- Não prometo nada.

Lanie simplesmente balançou a cabeça e pensou: “Separadas só pelo sangue.”.

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Depois de notificadas as vinte e quatro famílias, eles começaram a investigar as câmeras que gravavam os arredores do Rockfeller Center. Eles viam e reviam o horário da chacina. Analisavam as pessoas caindo, uma por uma, sem esperanças de sobreviver. Até que algo chamou a atenção de Johnny.

- Espera. Volta no momento em que todos começam a correr e dá play de novo.

Ryan fez como ele pediu. Eles reviram os tiros disparados e as pessoas correndo. Quando a moto acelerou, ele esperou um segundo e pediu que pausasse.

- Ali. Esse cara estava na pista e conseguiu se abrigar. Alguma chance de conseguirmos identifica-lo?

- Usando a câmera daquela esquina. – Respondeu Kate. – Temos acesso a ela?

- Infelizmente, não. E nem podemos adquirir esse acesso. Ela pertence a uma organização anônima. – Pontuou Ryan.

- Ou pertence ao nosso serial killer. – Comentou Anne. Ao ver os olhares surpresos de Kate e Johnny, tratou de acrescentar. – Primeiro, eu não sou estúpida. Segundo, tenho excelente audição. Terceiro, criei um algoritmo para hackear câmeras. Usei-o para conseguir “vandalizar” o Rushmore. Aperfeiçoei-o com o tempo e é completamente imune a rastreio. Deixe-me tentar. – Pediu ela a Ryan. Ele prontamente liberou o computador e ela começou a ativar o algoritmo para aquela câmera específica. Depois de alguns minutos e uns “droga”, ela mostrou a filmagem daquela câmera e daquele horário. – Voilá.

Eles estavam assistindo ao fuzilamento do outro lado do Rockfeller. E agora podiam ver de perto o rosto do sobrevivente.

- Mas por que instalar uma câmera nesse lado do parque? – Indagou Johnny.

- Se eu vou fazer uma Carnificina On Ice por puro entretenimento, eu quero ter cada momento disso registrado e guardado para mim. – Esclareceu Anne. – Falando do ponto de vista do serial killer, tá? Assistir essa atrocidade várias vezes seguidas está me dando até um embrulho no estômago.

- Certo. Depois falamos dessa história de hacker aí. Vamos pedir para o C.S.U. analisar melhor e ver se conseguem detectar algo mais. – Finalizou Kate.

******

Anne aproveitou o horário do almoço para pegar um refrigerante na máquina. Já sabia do truque para conseguir de graça, mas hoje preferiu depositar a nota na máquina.

- Hey, vamos almoçar no... Você está pagando pelo refri? – Questionou Johnny.

- Sim. Não estava com vontade de bater na máquina.

- Aham. Então... O algoritmo...

- É o algoritmo J.R. Guardei porque ele é promissor.

- Claro. E porque tem mais do que liberar acesso de câmeras.

- Johnny, agora não. Deixa pra discutir isso outra hora. Outro dia. Num momento mais tranquilo, a gente senta e eu falo tudo que você quer saber. Agora, temos justiça para fazer. – Eles ficaram em silêncio por um momento. - Ainda quer almoçar fora?

Ele deu uma risada pura e sincera e respondeu.

- Eu pago.