Eles haviam ido almoçar no fast food favorito de todo mundo. Johnny queria um lugar mais desconhecido para tirar suas dúvidas.

- Então... O J.R. ainda existe. Por quê? – Questionou tranquilamente.

- Como eu disse, ele é promissor. Se oferecêssemos ao Governo, eles pagariam uma nota por isso. Enquanto eles trabalham na proposta, ele está sob nosso controle. Eu posso usar no que for necessário. Como foi esse caso.

- Você vai vender? Achei que você adorasse ele.

- E adoro. Mas dormiria melhor à noite sabendo que ele está prendendo os maiores bandidos e assassinos da América.

- Ele realmente é um excelente projeto. Ainda não acredito que ele perdeu para uma bola de hamster com sensor de movimento. – Resmungou Johnny, com a testa franzida.

- Era a sétima série. Não podíamos esperar muita coisa. Sem falar tudo que passamos para cria-lo.

- Ah, os velhos tempos. Mas, que “melhorias” você fez nele?

- Identifica placas de veículos, codifica mensagens criptografadas, rastreia por GPS e por rede social. Essas coisas.

- “Essas coisas”, ela diz. – Comentou Johnny, fazendo Anne rir.

Eles iam seguir a conversa quando receberam uma mensagem de Espo, com a foto e a identificação do sobrevivente: Mark Stevens.

- Johnny, por acaso não é o rapaz sentado lá no canto? – Indicou Anne a um rapaz sozinho.

- Ele mesmo. – Respondeu, comparando com a foto. – Vamos lá. Entra no meu jogo.

Eles se aproximaram devagar, fingindo uma conversa. Quando chegaram bem perto da mesa, Johnny disse, para que ele pudesse ouvir.

- Viu? Eu disse que não era ele. Mas você insiste em teimar.

- Tá certo, você ganhou. Não era mesmo. Feliz? Desculpa moço, é que de longe você me lembrou de um jogador de beisebol.

- Sem problemas, não é a primeira vez.

- Prazer, Jonathan. – Cumprimentou Johnny. – Esta é Annelise, minha namorada. Não querendo me intrometer, mas qual o seu nome?

- Mark. Mark Stevens. O prazer é meu. A que devo esta introdução?

- Bem esperto. Somos da NYPD e gostaríamos que o senhor nos acompanhasse. – Respondeu Anne. – Estamos investigando um caso do qual o senhor é a única testemunha.

- Somente depor? Minha vida não vai ficar em risco? – Perguntou, nervoso.

- Exato, somente depor. Vamos garantir que esteja seguro. Acompanhe a gente, por favor. – Pediu Johnny.

******

- Certo, temos a identidade do sobrevivente. Podemos ficar de olho pelas ruas. Vamos verificar os lugares que ele visita com... – Kate foi interrompida pelo som do elevador se abrindo, e Anne e Johnny saindo dele, com a testemunha. – Ou deixar aqueles dois trazerem a testemunha até nós.

- Onde vocês o encontraram? – Indagou Ryan, surpreso.

- Numa lancheria. – Responderam, simultaneamente.

- Assustador. Sr. Stevens, acompanhe-me, por favor. – Disse Espo.

- Muito bem. Vocês deram a maior sorte. – Comentou Ryan, indo atrás de Espo.

- Agora quem vai me dizer como o trouxeram até aqui? – Questionou Kate, sabendo que eles tinham ido longe para almoçar.

- Eu já tenho carteira. – Respondeu Johnny. – E Espo me emprestou o carro dele.

- Eu ainda acho injusto. Eu quero uma carteira. – Resmungou Anne.

- Faça 16, e terá. – Devolveu Kate.

Ela ia comentar algo, mas deixou quieto, substituindo por outro argumento.

- Vou ver se tem alguma placa para identificar no vídeo.

- Ok, isso foi estranho. – Declarou Kate. – Pode me explicar o que se passa com ela?

- Quem sabe? Ela é doida. Ficou assim quando eu questionei do J.R.

- Do quê?

- O algoritmo de hackear câmeras. O desenvolvemos juntos na sétima série. A base de muita briga. Aaaah. Agora eu entendi.

- Johnny? Eu me referia ao lance da carteira e do aniversário.

- Ah tá. Nem ideia, só sei que é semana que vem e... Aaaah. Ela pensa que esquecemos.

A única resposta que recebeu foi uma revirada de olhos.

******

- Qual é Anne, você ficou um bom tempo fora, não podia esperar que eles lembrassem. – Dizia para si mesma. – Mas poderia haver a chance... Ah, esquece. Já passou um aniversário em branco mesmo. O que é mais um?

Ela seguia analisando o vídeo, prestando atenção na moto. Quando ela aparece na imagem, podia-se ver a placa, mas sem distingui-la.

- E se eu fizer... - Pensou, escrevendo um novo código no sistema que estava utilizando. – Aha! – Exclamou, vendo que funcionara. Agora tinham uma placa para rastrear. – Vamos ver aonde você está... – Acessou o método de rastreio para a placa detectada.

- Alguma sorte? – Questionou Kate, na porta.

- Hã? Ah, sim. Temos uma placa e estou rastreando a moto. – Respondeu, olhando para a tela. – Huh.

- O que foi?

- O sistema diz que a moto está aqui na delegacia. Acabou de estacionar.

Eles ouviram o barulho do elevador se abrindo e dele saiu... Nada além de uma fumaça de gelo seco. E uma carta amarrada num tijolo.

- Ok, isso é sinistro. Legal, mas sinistro. Tenho que aprender a fazer um dia. – Comentou Anne.

Johnny caminhou até o tijolo e pegou a carta. Abriu e leu em voz alta o que dizia.

“Olá NYPD. Vejo que estão atrás de mim. Eu poderia me revelar e acabar com isso, mas qual seria a graça? Quero ter os policiais mais experientes e habilidosos investigando este caso, descobrindo quem eu sou e sabendo que nunca vão me encontrar. E o jogo continua aonde ele começou. Vejo vocês lá em uma hora. Que os jogos comecem! Opa, fala errada.”

- Tá certo, isso foi a carta mais bizarra que eu já li. – Respondeu Johnny.

- Está bem. Quem vai ao Rockfeller? – Questionou Anne. – Eu me voluntario.

- Eu também. – Seguiu Johnny.

- Vocês estão loucos. Por que vocês querem ir? – Questionou Ryan, saindo da sala de interrogatório.

- Eu respondo? – Perguntou Anne. Johnny assentiu. – Esse cara, só pelo assassinato e o jeito de escrever, demonstrou ter um fator Joker. Sabe? O arquinimigo do Batman. Ele só quer ver o circo pegar fogo. Seria bom alguém investigar esse “convite”.

- Está bem. Vamos. – Disse Kate.

- Espera... O quê? – Indagou Anne.

- Está sonhando se acha que vou deixar vocês dois irem até lá sozinhos. Eu dirijo.

******

Eles adentraram o Rockfeller, ainda isolado e manchado com o sangue de vinte e quatro vítimas. Olharam para todos os lados da pista, porém, não tinha nada a ser encontrado.

- Certo. Ele está nos fazendo perder tempo. – Concluiu Anne. – Apareça. Saia de onde estiver. – Disse, com a arma em mãos.

Um holofote os iluminou no meio da pista, e uma voz ressoou no local.

- Bem vindos! Vamos começar mais um Show de Horror no Rockfeller Center. Os nossos convidados especiais já chegaram. Três representantes da NYPD. No entanto, show não é show sem conhecer o apresentador. Com vocês, Jack Napier.

- Jack Napier? – Indagou Johnny. – Este não é o...

- O nome do Joker do Batman de 1989. – Respondeu Anne. – Ele mesmo.

- Vocês querem me dizer que estamos atrás de um psicopata de HQs? – Questionou Kate.

- Obrigado! Obrigado. Sabem, vocês têm sido uma pedra no meu sapato. – Disse um rapaz usando o melhor cosplay de Joker que você jamais verá. De longe, jura que é o verdadeiro. – Isso não pode continuar. Quando tudo isto começou, eu esperava ganhar um Batman para me combater. Não esperava a Polícia de Gotham. Creio que essa delegacia precise de uma lição. O que acham, pessoal? – Perguntou ele, apertando um botão que fez ressoar aplausos de plateia.

- Alguém mais acha isso ridículo? – Questionou Kate. Ambos os adolescentes concordaram.

- O público quer, o público terá. Vamos ao primeiro desafio! – Começou Napier. – Paredes de fogo! Vocês têm cinco minutos para escapar daí, enquanto as paredes se aproximam do centro da pista, o que vai derreter o gelo em volta. – Anunciou, ativando um botão que criou quatro paredes em chamas, uma em cada saída do Rockfeller. – Estão prontos? Que comece o desafio!

- Agora é oficial. Estamos fritos. – Disse Johnny.

- Muito cedo, Johnny. – Comentou Anne.