Amarras

Capítulo 3 - Círculo de Fogo.


— Ótimo. Agora que a bruxa virou cinzas, vamos conversar sobre isso. Você não está querendo me trair outra vez, está Rebekah?

Elijah riu, mas Rebekah ficou furiosa:

— Por que a traidora tem que ser eu ? Eu só fiz isso uma vez! Uma vez!

— Na verdade, foram duas, Rebekah. — Retificou Elijah e Klaus concordou, o que a fez revirar os olhos.

— Tanto faz. Só acho que tem mais pessoas aqui que te trairia, por exemplo alguém que já ajudou em vários planos pra' tentar te matar.

Foi a vez de Caroline revirar os olhos.

— E quem nunca teve vontade de matar Klaus pelo menos uma vez na vida? Eu delimitei muito bem o meu lado nas guerras, e aquele era o meu lado naquele tempo. Do lado dos meus amigos. Eu tinha meus motivos, assim como tenho meus motivos para estar aqui hoje.

— Okay, Okay. E que tal se a gente pensar no que realmente importa, que é o problema com as bruxas? — interveio Hayley — Klaus conte-nos a história.

— Há uns cem anos eu conheci uma bruxa que era guardiã do amuleto, o nome dela era Dinya. Eu não sabia para que servia, mas tinha ciência de sua importância. Na verdade eu não interrompi o ritual por que quis, foi um acidente. Eu descobri que a bruxa tinha se aproximado de mim para conseguir uma chance de me canalizar e fazer um feitiço que redirecionaria o poder vindo do ritual centenário a ela, pelo menos por algum tempo. Se não me engano ela queria ressuscitar sua família e aquilo demandava muito poder. Para o azar dela, como eu disse antes, descobri seus planos. Ela não esperava por isso, então nem teve tempo de entregar o amuleto antes que eu a matasse. Eu a joguei no fogo e ela queimou junto com o amuleto, que estava pendurado em seu cinto. E fim. Triste história.

— As bruxas não vieram atrás de você pela morte dela? — perguntou Hayley

— Sim, mas há uma data e horário específico para o ritual. Elas esperaram Dinya chegar e como ela não apareceu começaram a procurá-la. Quando encontraram seus restos no fogo, vieram até mim atrás do amuleto. Eu disse que não sabia de nada, que provavelmente estava com ela quando eu a joguei no fogo por traição. Quando contei tudo, elas perceberam que Dinya não havia traído apenas a mim, mas a elas também com suas intenções de usar sozinha um poder que deveria ser de todas. A essa altura já tinha se passado o horário para o ritual, e como elas sabiam que só poderiam fazê-lo novamente depois de cem anos, acharam que era sandice comprar uma briga comigo por algo que não tinha mais remédios. Com certeza deixaram essa luta para as descendentes, e bem, aqui estão elas. Eu detesto bruxas.

— Você sempre às provoca, Niklaus. — Rebateu Elijah, mas o irmão apenas ignorou.

— Bem, depois dessa eu vou ver se encontro o vampiro que quer me matar e matá-lo de uma vez. Se tem uma coisa que aprendi com essa história toda é que os inimigos sempre voltam.

Dito isso, Caroline saiu em direção ao lugar onde tinha delimitado no mapa, assim como vinha fazendo todos os dias. Ela tinha montado armadilhas com estacas e verbenas no lugar, afim de que aquilo tornasse tudo mais fácil. Na verdade, a perseguição de Julian lhe tirava o sossego, de modo que precisava resolver aquilo o mais rápido possível.

Ficou um tempo por lá e já tinha perdido a esperança naquele dia. Voltaria amanhã e o esperaria novamente. Era um pouco decepcionante, já que ela fazia de tudo para que muitos soubessem sua localização para que ele também ficasse sabendo e viesse até ela. Talvez Julian estivesse com medo por causa dos Mikaelson. Só talvez.

Quando estava indo embora, ouviu um barulho. Pensou consigo mesma “que droga”, pois se era ele, aquela era uma péssima hora.

— Caroline Forbes-Salvatore. Espero que esteja feliz em me ver, pois eu estou em vê-la.

Caroline virou-se devagar e o encontrou na escada que dava acesso ao sótão do lugar. “ótimo” pensou, “há uma armadilha bem aí”.

— Já sei no que está pensando. Está pensando em todas as armadilhas que você colocou aqui, e qual delas vai acionar para me matar, aqui e agora. Eu sinto muito querida, mas eu já venho aqui há vários dias, então observei onde você colocou cada uma delas. E agora, antes de me apresentar a você, me fiz o favor de desativá-las uma a uma.

“Certo, isso é um problema” falou para si mesma. Estava começando a ficar nervosa.

— Estou em Nova Orleans praticamente desde o dia em que você chegou. Eu te segui até aqui. Não fiz nada pelo óbvio: não podia te atacar na casa dos Mikaelson. Aliás, você foi muito esperta em pedir a ajuda deles. Só não foi inteligente quando criou esse lugar ridículo para me pegar, sem a ajuda de nenhum dos Mikaelson. — Julian desceu da escada onde estava se aproximando mais da loira, que logo pegou uma estaca — Aliás, por que Klaus Mikaelson não está aqui para lutar sua luta? Me disseram que ele teve uma queda por você no passado, e você por ele. Deve estar no seu sangue se interessar por seres desprezíveis, pois Klaus Mikaelson e o Estripador Stefan Salvatore têm muito em comum.

— O que Stefan fez para que o odeie tanto?

— Ele era um desgraçado. Me entregou para ser cobaia em um experimento onde fui torturado por mais de oitenta anos. Oitenta anos, você consegue imaginar isso? Aliás, do mesmo jeito que o nojento do Damon Salvatore fez com o Lorenzo, deixando-o para trás. A diferença é que Enzo sabe esquecer. Eu não.

Em um segundo Julian derrubou Caroline no chão, em seguida despedaçou varias cadeiras de madeira do lugar, jogando nela um a um os pedaços, dos quais ela desviou.

— Tenho que admitir que sua perspicácia me admira. Quando te descobri e fiz de você o objeto de minha vingança, pensei que te mataria em menos de quinze minutos. Mas você conseguiu fugir. Mais que isso, pretendia me matar. Gosto de sua personalidade, loira. É uma pena que você tenha que morrer.

Antes que Caroline pudesse desviar, Julian cravou em sua perna uma estaca para prendê-la no chão, tomando logo em sua mão uma outra para enfiar-lhe no coração.

— Últimas palavras? Se quer saber, isso é tudo culpa de seu querido Stefan.

Caroline se preparava para xingá-lo, ao mesmo tempo em que procurava com os olhos algo que a ajudasse a sair daquela situação, mas tudo parou quando viu Julian cair para o lado, tendo a mesma estaca que antes segurava, atravessada em seu peito.

— Esqueci de perguntar se ele queria dizer as últimas palavras. — Klaus bateu as mãos uma na outra como que limpando, antes de completar — De todo modo, ninguém fazia questão mesmo.

O híbrido se aproximou dela, arrancando a estaca que a prendia no chão. Caroline não perdeu tempo:

— Klaus, essa luta era minha! Você mesmo disse que não ia interferir, que diabos!

— Por nada.

— Nem vem. Não estou lhe devendo outro favor. Não mesmo.

— Não se preocupe, amor. Não está me devendo nada a mais. Eu fiz isso pelo óbvio: se ele te matasse agora, como você me pagaria o favor que me deve? – Care revirou os olhos e ele sorriu — Eu penso em tudo, querida.

— Tá, agora já foi. Me ajuda a levar o corpo dele, vai.

— E ainda diz que não precisa de mim para o serviço... — resmungou.

Menos de uma hora depois, os dois tinham se desfeito do corpo, jogando em um lago próximo. Era o mais fácil. Se encontravam agora parados na estrada, um carro ao lado do outro, cobertos por uma noite escura e sem estrelas, mas ainda assim bonita.

— Acho que é aqui que me despeço. — começou Caroline — Agradeço pela proteção e guarida desses dias. Meu celular ainda é o mesmo, você pode ligar assim que quiser me pedir qualquer coisa.

— Foi bom ver você. — foi apenas o que ele respondeu. De modo um pouco surpreendente, a ouviu repetir:

— Foi bom ver você.

Caroline pensou em abraçá-lo. Mais que isso, talvez ela quisesse fazê-lo. Porém em vez disso, o que fez foi apresentar-lhe um sorriso discreto e entrar no carro, saindo logo em seguida para não dar vazão a arrependimentos. Ele por sua vez ficou parado onde estava, observando o carro dela se afastar devagar, quase como se estivesse receoso em ir.

Nesse momento, seu celular tocou e ao ver o nome de Elijah na tela, não demorou a atender.

— Irmão, volte agora para casa. Temos grandes problemas.

~~ ~~ ~~

Foi difícil para Klaus entender o que estava acontecendo logo de cara. Ele ouvia barulhos que pareciam de luta corporal, além de coisas se quebrando. Ao adentrar os portões entendeu melhor: vampiros por toda parte.

Elijah e Hayley lutavam contra eles e já estavam cobertos de sangue, o que denotava que já estavam há algum tempo nessa situação.

— O que tá’ acontecendo? — gritou Klaus para Elijah, ao mesmo tempo em que quebrava o pescoço de um vampiro que vinha em sua direção.

— Estão enfeitiçados. Todos eles. É um presentinho de suas amigas.

— Onde está Hope?

— Segura — foi Hayley quem respondeu.

Klaus não perdeu mais tempo e começou a ajudar Hayley e Elijah, porém antes que derrubasse uma dúzia de inimigos, de uma hora para outra, todos os vampiros pararam e ficaram imóveis, olhando para lugar nenhum com seus olhos distantes. Não demorou para que depois disso um grupo de bruxas entrasse, recitando palavras em uma língua desconhecida. Quando um círculo de fogo se ascendeu ao redor de Klaus, o entendimento chegou até eles: os vampiros eram apenas uma distração. Apenas um meio para que Klaus voltasse e parasse bem ali, exatamente naquele local.

Elijah se desesperou quando viu o quão pesado era o feitiço que estavam usando, ao observar o irmão fechar os olhos com força e comprimir o maxilar, aparentemente sem poder mexer-se. Ao tentarem ajudá-lo, Elijah e Hayley foram também parados por um feitiço de contenção, como se em sua frente houvesse um grande vidro que os impedisse de ir adiante.

— Não é nada com vocês — explicou a bruxa, que parecia jovem — mas não posso deixar que o tirem do círculo.

— Me desculpa, então. — um vulto passou, como um vento noturno. Não demoraram para entender o que tinha acontecido: alguém o tinha empurrado para fora do círculo. Uma vampira loira, mais precisamente. — Sou intrometida às vezes.