Amarelo- Lírio e Fogo Azul

Capítulo 2- Zero


Zero

“Competição saudável é a chave do crescimento intelectual” sempre foi um dos lemas do Instituto Newton. Aquilo nada mais era como uma desculpa para nos colocar uns contra os outros a qualquer oportunidade. Geralmente, eu era o mestre de afastar qualquer tipo de possível competição: as pessoas já tinham motivos o suficiente para implicar comigo além “ei, você foi melhor que eu em tal coisa”.

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Por isso, minha estratégia delicadamente planejada era: afastar as pessoas o suficiente para elas não acharem que eu estava dando espaço para “competição saudável” ou o quer que seja. A maioria entendia o recado.

Eros não.

O garoto era meu pior pesadelo, arrumando desculpas para puxar piadinhas comigo e convenientemente sempre aparecendo nos mesmos lugares que eu.

No meu primeiro mês lá, já fiquei em primeiro lugar na classificação das provas. Tudo era novo, eu estava feliz por ter entrado e até que orgulhoso da minha própria nota. Estava cuidando da minha vida no refeitório, com a cara enfiada nos livros de física, quando Eros veio andando na minha direção. Loiro, com um rabo de cavalo que valorizava seu rosto e o uniforme azul do IN, a blusa levemente apertada marcando seus ombros. Ele sentou do outro lado da mesa, que eu tinha empurrado o banco a fim de que minha cadeira de rodas coubesse, e esperou em silêncio até que eu levantasse o olhar.

O garoto era excepcionalmente bonito e, julgando pela arrogância em seu olhar, ele sabia.

Por meio segundo, quase me senti atraído. Até que ele abriu a boca.

—Então... você é o tal de Yan, né? O Zero Um.

Seu tom era esquisito, e, pelo seu olhar, julguei que estava tirando sarro de mim de alguma forma. Eu não estava errado.

Juntei as sobrancelhas, confuso.

—O o quê?

Ele revirou os olhos.

—Estão te chamando assim por causa da Classificação. Eu sou o Eros.

Estendeu a mão, mas seu sorriso irônico e olhos semicerrados dizia que estava sendo tudo menos amigável.

Voltei meu olhar para o livro de física e o ignorei.

—Se bem que... – ele continuou – Zero Um não combina muito com você – disse, me olhando de cima a baixo. – Eu prefiro só Zero.

Fechei o livro de física bruscamente, querendo que aquela interação esquisita acabasse, e encarei o garoto.

—Olha, talvez se você passasse mais tempo prestando atenção nas suas próprias coisas e não importunando os outros, poderia ficar em primeiro lugar também.

Ele soltou uma risada baixa, mas não parecia ofendido.

—Não se estressa não, Zero – falou, então piscou para mim e eu tinha certeza que meu rosto tinha ficado vermelho. Se foi de raiva ou de vergonha eu não saberia dizer. – Te vejo por aí – falou, e então saiu.

E foi aí que eu descobri que a única forma de fazer Eros te deixar em paz é rebater, o que começou nosso longo histórico de discussões passivo—agressivas. Eu não iria tão longe quanto a dizer que Eros era uma pessoa ruim, mas certamente era muito chato e não suportava a ideia de alguém ser melhor que ele em algo. Exatamente o tipo de pessoa que eu preferia manter distância.

Mas manter distância de Eros estava sendo uma tarefa difícil, principalmente depois da notícia que recebemos quando a coordenadora do Instituto, Luciana, chamou todos para uma reunião emergencial no auditório.

O auditório era arquitetado de forma que as cadeiras ficassem mais elevadas conforme chegavam no fundo, como um estádio. Elas eram ligadas por uma série de escadas, motivo principal para eu odiar as reuniões aqui.

Eu tecnicamente poderia subir as escadas para sentar num local decente, mas tinha 70% de certeza que desmaiaria se levantasse.

A primeira fileira de cadeiras ficava depois de dois degraus.

“Só dois degraus, Zero. Vamos” pensei comigo mesmo.

No momento que levantei da cadeira, tudo girou e eu sentei de novo imediatamente, o coração acelerado. Talvez tivesse levantado rápido demais, mas não ousei arriscar tentar de novo. Em alguns dias, eu conseguia ficar até uns 5 ou 10 minutos andando sem sentir nada, ou quase nada, e em outros só precisava de alguns segundos em pé até que acontecesse exatamente o que tinha acontecido. Minha única escolha foi achar algum cantinho embaixo e me enfiar lá.

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Um garoto do primeiro ano de matemática, Marcus, passou e esbarrou em mim bruscamente. Levantei o olhar e vi que ele estava rindo.

“Filho da puta” murmurei.

Vindo de qualquer outra pessoa, eu acreditaria que tinha sido um erro, mas, sabendo quem Marcus era, não duvidaria que tinha feito de propósito. O IN era um colégio bastante restrito, possivelmente por ser considerado o melhor do país. A maioria de nós, para entrar, precisava passar por uma avaliação do histórico escolar e uma prova um tanto difícil. Não pagávamos nada para estudar aqui. E aí tinham alguns alunos que eu poderia jurar que os pais subornaram o diretor ou algo do tipo, Marcus sendo um deles. Babaca e sem habilidade nenhuma. Coincidentemente, filho do dono de um grande banco.

Eu conseguia ver Eros na última fileira, em pé com seus amigos. Reparei que o olhar de Eros seguia Marcus conforme ele andava e me perguntei se ele teria visto o que aconteceu. Se eu e Eros havíamos passado um ano inteiro se provocando eventualmente, Eros e Marcus haviam quase se agredido diversas vezes. O ódio de Eros por esse garoto era a única coisa que tínhamos em comum. Marcus era um babaca do pior tipo, e ele tinha uma certa imunidade com a direção que o permitia fazer o que queria com quem queria e nunca receber nenhum tipo de punição.

Eros foi descendo as escadas, indo discretamente até a direção de Marcus, despreocupado. Assim que chegou perto, ele começou a andar mais rápido e esbarrou agressivamente em Marcus, e seguiu reto, sem fazer questão de fingir que não tinha sido de propósito. Não consegui evitar de rir, baixo, e o olhar de Eros encontrou o meu. Ele revirou os olhos, mas tinha um pequeno sorriso escondido no canto da boca.

Nosso meio segundo de trégua foi interrompido pelo anúncio que começaria semanas de briga.

—Alunos? – A coordenadora falou, do microfone. Todos acharam seus lugares depois de alguns segundos e ela começou a falar.

“Como vocês sabem, mês que vem é mês de Admissão de novos alunos. Isso significa que precisamos de mais dormitórios vazios. E eu sei que, devido as desistências e outros fatores, muitos de vocês estão sem colegas de quarto, por isso, decidimos realocar os alunos atuais. A realocação precisa ser feita até daqui a duas semanas, onde vocês devem estar completamente acomodados no quarto que foi designado. A lista dos quartos vai ser colada na entrada do auditório. Ela vai estar na ordem da Classificação desse mês, então o primeiro lugar fica com o segundo, o terceiro e o quarto, assim vai. Perguntas? ”

Todos fizeram silêncio. Eu sabia que, no fundo, ninguém havia gostado daquilo, mas ninguém ousaria contrariar Luciana, ou mesmo desafiá-la.

“Para facilitar a vida de vocês, eu vou ler a lista dos dormitórios e de quem vai ficar neles. Atenção, por favor.

Quarto 1, Bloco A: Yan Dias, primeiro ano de física e Leonardo Mendes, segundo ano de Artes”

Ela continuou a lista, mas não prestei atenção em mais nada.

Ok, o Eros é aturável de vez em quando e tudo mais, mas eu sabia que não aguentaria nem um dia no mesmo quarto que ele. Só a ideia me deixava ansioso. Eu também não era fácil de conviver. Minha cadeira de rodas, mesmo dobrada, ocupava espaço, o cheiro de insulina muitas vezes ficava no quarto e não era nada agradável e eu constantemente estava mal-humorado ou desmaiando, e sabia que Eros provavelmente encheria meu saco e me faria sentir mais culpado do que já me sentia normalmente. Mesmo meu colega de quarto atual, Davi, sempre sendo legal comigo, eu ainda assim me sentia mal por ele e tentava me restringir o máximo possível para não atrapalhar.

Nós praticamente morávamos nos dormitórios, e morar com Eros seria um inferno.

Procurei por Eros, mas o auditório estava cheio e eu não conseguia o achar. No cantinho, na fileira de cima, consegui ver um rabo de cavalo loiro saindo pela porta de cima, os passos rápidos. Ninguém ousava sair enquanto Luciana falava e assumi que, se aquele fosse mesmo Eros, ele estava definitivamente irritado.

Resolvi só não pensar naquilo. Ignorar os problemas era uma coisa que eu era bom em fazer. Reparei que mantive minhas mãos nas rodas da cadeira como se eu estivesse pronto para fugir ou algo do tipo. Respirei fundo algumas vezes, tentando conter a ansiedade e não pensar no futuro, ou num futuro que fosse mais longe do que daqui a 10 minutos.

Quando a reunião acabou, vi que estava atrasado para ir fazer trabalho com Diana. Fazíamos algumas matérias nas mesmas turmas e ela era uma das únicas pessoas que eu conseguia suportar. Quando cheguei na sala que havíamos combinado, Davi estava lá também. Os dois estavam conversando, sentados em uma mesa. Eu cheguei perto, encostando a cadeira do lado de Davi.

Assim que cheguei, Diana sorriu enquanto mexia no piercing que tinha na sobrancelha. A coisa mais peculiar sobre Diana é que, olhando para ela, eu me sentia levemente intimidado. A garota tinha algumas tatuagens nos braços e o cabelo curto com um undercut do lado. Mas Diana era uma das pessoas mais gentis que eu já havia conhecido, e sabia exatamente como ser minha amiga e me dar espaço ao mesmo tempo.

—Reunião tensa, hein? – Ela falou.

Balancei a cabeça, bagunçando ainda mais meus cachos.

—Nem me fala disso, por favor. Davi, veio fazer trabalho também?

O garoto deu de ombros.

—Tava passando por aqui e Diana me chamou para conversar sobre nosso projeto. O das escolas.

Recentemente, havíamos começado um projeto, com ajuda do Instituto, onde íamos em escolas públicas conversar e apresentar um pouco das nossas futuras carreiras. Ás vezes, íamos em escolas ou institutos para crianças com deficiência, a meu pedido. O objetivo era fazer pessoas mais novas se interessarem por ciência, e estava indo muito bem até o momento. Todos os participantes que tínhamos eram voluntários, e os fundos que a escola disponibilizava, usávamos para doar materiais ou o que quer que o lugar que iríamos visitar estava precisando.

—O diretor veio me chamar para conversar sobre uma turma fixa – Diana comentou. Davi parecia confuso, então ela explicou. – Eles querem saber se conseguimos montar uma turma fixa, uma espécie de preparatório comunitário para as provas de admissão aqui.

Davi parecia animado, sem saber o quanto o assunto estava me estressando esses dias.

—Isso é muito legal! Eu adoraria participar! Vai acontecer mesmo?

Diana me olhou de lado e falou, baixo.

—A líder do projeto não sou eu, então... não depende de mim.

Suspirei, frustrado.

—Por que ele falou com você então? – Davi perguntou.

—Ele já tinha falado comigo – murmurei.

Ele parecia ofendido.

—O quê? E por quê você não falou comigo? A gente literalmente se vê todo dia.

Os dois me olhavam em silêncio esperando respostas e eu me senti extremamente pressionado.

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—Olha, eu tentei organizar isso, okay? Mas ninguém quer se comprometer a trabalhar voluntariamente. Eu tentei falar com um monte de alunos de diferentes cursos e não consegui ninguém além de gente que já ta no projeto, que são nós três e o André da minha turma. Vocês acham que conseguiriam manter um curso, as palestras, e continuar estudando? Porque eu não. A gente precisa de mais alunos.

Diana agora era quem parecia ofendida. Eu estava começando a ficar nervoso e senti como se fosse explodir a qualquer momento embora sabia que nada daquilo era culpa deles. Eu só estava tentando esquecer minhas tentativas frustradas de levar esse projeto para frente, esquecer que teria que mudar de dormitório, esquecer. Evitar as coisas que pareciam estar se acumulando aos poucos na minha garganta.

—Você poderia ter pedido minha ajuda! — Diana falou. — Eu faço tanta coisa aqui quanto você, Zero.

—Eu sei, Dia. Não foi o que eu quis dizer, é só que...

Ela me interrompeu.

—Tipo, eu poderia ter tentando arrumar mais gente, te ajudado a planejar. Eu odeio quando você faz tudo sozinho, como se nenhum de nós existisse! Esse projeto é importante pra mim também, Zero!

Eu sabia que estava errado e que fazia isso sempre. Mas eu também não sabia como pedir ajuda ou como trabalhar em equipe. Não tinha percebido que aquilo havia incomodado ela e agora não sabia como me sentir, só sabia que queria sair dali.

Apoiei a cabeça nos braços, respirando fundo, tentando me acalmar o suficiente para não ser grosso ou algo do tipo.

Foi quando eu percebi que minhas mãos estavam tremendo.

“Merda” murmurei, tentando murmurar a última vez que eu tinha aplicado insulina.

—Zero? – Diana chamou.

—Só um segundo – falei, enquanto mexia na minha bolsa rapidamente. – Eu já continuo essa conversa, só... espera um pouco.

Os dois conviviam comigo o suficiente para saber que aquilo significava ou “minha glicose está muito alta/ muito baixa” ou “estou prestes a desmaiar”, e que me oferecer ajuda era o equivalente a pisar num campo minado.

Eu odiava que esse tipo de coisa acontecesse no meio de algo importante, porque parecia que eu estava fugindo ou algo do tipo. Eu me sentia culpado e só queria me esconder, mas não tinha certeza que aguentaria puxar essa cadeira para outro lugar antes que eu começasse a me sentir mal, então fiz tudo ali mesmo, desde furar meu dedo para medir a glicemia até aplicar a insulina da forma mais discreta que consegui.

Uma garota que estava sentada na mesa do lado me olhou esquisito.

—Você não pode, tipo, fazer isso em outro lugar? – Falou, baixo, mas com um olhar levemente de desprezo.

—Não se eu quiser, tipo, sobreviver – respondi, irritado, mais alto do que deveria.

Assim que terminei, guardei as coisas e fiz meu melhor para continuar a conversa como se nada tivesse acontecido, mas Diana me interrompeu:

—A gente não precisa continuar agora.

—Tá tudo bem, sério – murmurei. – Eu sinto muito por não ter te contado sobre a reunião. Dia, você é a pessoa que mais confio aqui, por favor, se sinta livre para tomar decisões envolvendo nosso projeto. Okay?

Ela concordou com a cabeça, mas não sabia se estava realmente satisfeita com o que eu disse ou só tentando não me irritar. Minhas mãos ainda tremiam e eu estava começando a ficar com sono, sabia que tinham alguns bons 20 minutos até que a insulina começasse a fazer efeito e eu estava tão frustrado.

—Diana? – Chamei, e ela se virou para mim. – A gente pode fazer esse trabalho depois?

Ela concordou, então me despedi e fui até o primeiro andar novamente, em direção a sala da psicóloga do colégio, Eva.

Quando entrei, vi que a sala estava vazia e bati na porta.

—Eva? – falei, a voz tremendo. – Tá ocupada?

Ela fez um sinal com a cabeça.

—Pode entrar.

A coisa que eu mais gostava sobre Eva era que, sendo uma psicóloga, ela não fazia efetivamente parte da minha vida. O que significava que eu poderia falar qualquer coisa e não precisava encará-la depois. O colégio disse que poderíamos procurá-la sempre que precisávamos e era isso que eu fazia toda vez que sentia que estava prestes a explodir.

A sala de Eva era grande, com uma mesa no canto e uma cadeira do outro lado, de frente para um sofá. Quando eu vinha com a cadeira de rodas, ela sempre posicionava sua cadeira para fora da direção do sofá, de forma que eu conseguisse ficar de frente para ela sem ter que levantar e ir até o sofá.

—O que te traz aqui hoje?

Eu fiz silêncio por uns segundos. Mesmo depois de um ano completo, aquilo ainda era difícil.

—Eu só... – olhei para minhas próprias mãos tremendo. – Acho que errei a dose da insulina hoje – murmurei. – Ou comi demais, não sei. Sinceramente, não lembro. E tive que ficar do lado de baixo do auditório porque não consegui subir as escadas. Eu sei que parece que tô fazendo drama. Mas isso tudo é tão frustrante às vezes.

—Você não tá fazendo drama, Yan. Seus sentimentos são válidos, não dá pra ser otimista sempre sobre tudo. Você tem muitas responsabilidades, é normal se frustrar.

Cruzei os braços, ainda um pouco irritado.

—Bom, aparentemente, o único momento que eu tinha de paz não vai existir mais. Porque agora eu vou ter que dividir um dormitório com a porcaria do Eros.

—Quem?

—Leonardo. Artes visuais, loiro, mimado como uma criança.

—O que não se dá muito bem com você?

—Esse mesmo. Se eu soubesse que teria que dividir um quarto com ele, teria ido mal na prova da Classificação de propósito. Ele não vai me deixar em paz! Esse garoto não pode me ver que começa a falar algo. Se ele já enche meu saco de longe, imagina vendo ele todo dia. E ele é tão ridiculamente mimado, como se a porcaria do mundo girasse ao redor dele. Eu não vou suportar ver a cara dele no mesmo dormitório que eu, sério, acho que não vou nem conseguir dormir.

—Você não acha possível que vocês tenham uma conversa madura para tentar resolver as diferenças antes de efetivamente se mudarem para o mesmo quarto?

Soltei uma risada irônica.

—Conversa madura? Com o Eros? Você já conversou com ele alguma vez na vida?

—Infelizmente, não. Ele nunca passou por aqui, é um dos poucos alunos que eu não realmente conheço.

—Bom, a sorte é sua.

O sinal tocou e eu me lembrei que precisava ir para a aula. Ainda estava me sentindo meio mal, fisicamente e emocionalmente, mas era o tipo de coisa que eu já havia aprendido a ignorar. Me despedi de Eva e fui até o corredor.

O corredor do primeiro andar não era muito movimentado, as salas que tinham aqui eram a da psicóloga e algumas salas vazias, por isso, não costumavam ter muitas pessoas passando lá.

A cena que vi assim que abri a porta não poderia ter me surpreendido mais: Eros, de punhos cerrados, prestes a acertar um soco no meio da cara de Marcus.